sexta-feira, 29 de setembro de 2006

Carlos Drummond de Andrade



Aparição amorosa


Doce fantasma, por que me visitas
como em outros tempos nossos corpos se visitavam?
Tua transparência roça-me a pele, convida
a refazermos carícias impraticáveis: ninguém nunca
um beijo recebeu de rosto consumido.

Mas insistes, doçura. Ouço-te a voz,
mesma voz, mesmo timbre,
mesmas leves sílabas,
e aquele mesmo longo arquejo
em que te esvaías de prazer,
e nosso final descanso de camurça.

Então, convicto,
ouço teu nome, única parte de ti que não se dissolve
e continua existindo, puro som.
Aperto... o quê? a massa de ar em que te converteste
e beijo, beijo intensamente o nada.
Amado ser destruído, por que voltas
e és tão real assim tão ilusório?
Já nem distingo mais se és sombra
ou sombra sempre foste, e nossa história
invenção de livro soletrado
sob pestanas sonolentas.
Terei um dia conhecido
teu vero corpo como hoje o sei
de enlaçar o vapor como se enlaça
uma ideia platónica no espaço?

O desejo perdura em ti que já não és,
querida ausente, a perseguir-me, suave?
Nunca pensei que os mortos
o mesmo ardor tivessem de outros dias
e no-lo transmitissem com chupadas
de fogo aceso e gelo matizados.

Tua visita ardente me consola.
Tua visita ardente me desola.
Tua visita, apenas uma esmola.

Carlos Drummond de Andrade

Leituras Encenadas em Sines

















Amanhã, sábado, pelas 22 horas, o actor Rui Penas, acompanhado por um músico, vai ler uma selecção de poemas sobre a Guerra Civil de Espanha, na Biblioteca Municipal de Sines, numa iniciativa que assinala os 70 anos do início da Guerra Civil de Espanha.

A Biblioteca Municipal de Sines fica na Praça Ramos Costa.

quarta-feira, 27 de setembro de 2006

M. Andrews

A dor nos olhos
Escorre para a Alma
Como a chuva nos beirais
Lânguida e sofredora
A gritar na invernia interior

Palavras lêem-se
Não se falam
E a dor jorra no sangue
Inundando o corpo

Numa angústia dolorosa
Que aperta a garganta
E os pingos saem lentamente
Pele abaixo rumo ao queixo

O olhar esconde-se
De vergonha e em desleixo
Pelo peso da alma
Que se mostra sem querer

Não chores assim
Diz o vento lá fora
Mas a Alma grita

Este peso
Não vai embora...

M. Andrews

Na voz de Luís Gaspar:



M. Andrews tem 32 anos e desde os 17 que escreve "para a gaveta".
Espero que um destes dias ela encontre uma editora que "lhe tire da gaveta" os poemas, que mais merecem a montra de uma livraria.

terça-feira, 26 de setembro de 2006

Atenção diseurs!











O Bar A Barraca, a partir deste mês, todas as últimas terças-feiras, terá o palco aberto para quem quiser declamar, ler, dizer, urrar poemas, versos, obras épicas, recadinhos de amor, enfim... tudo e mais alguma coisa.

Aproveitem esta oportunidade. Quem sabe se não anda por aí um grande diseur por descobrir?

Portanto, já hoje, 26 de Setembro (terça-feira) a partir das 23.30 horas, o palco... é vosso!

domingo, 24 de setembro de 2006

Minhau

De onde vim?
Queres saber de mim?
Cheio de ego absurdo,
sou altivo e peludo;
como chamam por mim?
Tareco ou Moisés?
Miiinhão! Que o caminho é dos pés,
e se aterro num quintal
é a comida que é igual
à fome dura que me fez!

Noutro dia chamei "pechincha"
a uma gatinha que reliiiincha,
quando sente em sua sela o manto
do meu trote bravio e manso!

Mas miiiinhaaaaau...
Sou um gatinho fedorento...
sou um gatinho pachorrento!
Paciente com a vida,
inconsciente da saída!
E se noutra vida não for gato não sei...
se não serei de uma selva humana
El-Rei!

Rui Diniz

E na voz de Luís Gaspar:


Este poema é do livro "Corte d'El Rei" de Rui Diniz, uma edição que é acompanhada de um CD (mp3) onde se podem ouvir todos os textos incluídos no livro, lidos por Luís Gaspar, acompanhados ao piano por Justin Bianco.
Mais informações sobre este livro: http://cortedelrei.blogspot.com

Na estante de culto








"Assinar a Pele"
é uma antologia de poesia contemporânea sobre gatos, da Assírio & Alvim, organizada pelo poeta João Luís Barreto Guimarães, com tradução, entre outros, de João Barrento, José Bento, Ana Luísa Amaral e Fernando Pinto do Amaral.

São 57 poemas sobre gatos, escritos por Charles Baudelaire, João de Deus, Lewis Caroll, Friedrich Nietzsche, Paul Verlaine, W. B. Yeats, Rainer Maria Rilke, Guillaume Appolinaire, Umberto Saba, William Carlos Williams, Ezra Pound, Manuel Bandeira, Fernando Pessoa, T. S. Eliot, Jean Cocteau, Irene Lisboa, Jorge Guillén, Paul Eluard, Bertold Brecht, Jorge Luis Borges, Yorgos Seferis, Rafael Alberti, Carlos Drummond de Andrade, Pablo Neruda, W. H. Auden, E. Guillevic, Elizabeth Bishop, Nicanor Parra, Jorge de Sena, György Somlyó, Sophia de Mello Breyner Andresen, Egito Gonçalves, Mário Cesariny, Eugénio de Andrade, Alexandre O'Neill, Ingeborg Bachmann, Thom Gunn, Fernando Echevarría, Hans Jürgen Heise, Ted Hughes, Ruy Belo, António Osório, Luiza Neto Jorge, Vasco Graça Moura, Inês Lourenço, João Miguel Fernandes Jorge, Manuel António Pina, Al Berto, Nuno Júdice, Ana Luísa Amaral e Pedro Paixão.

Esta é uma oportunidades para conhecer alguns poemas pouco divulgados de, por exemplo, Friedrich Nietzsche ou Egito Gonçalves.
Para aqueles que, como eu, gostam de gatos...

Aqui fica um poema de Pessoa, também pouco conhecido, que faz parte desta antologia.


Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,

Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.


Bom servo das leis fatais

Que regem pedras e gentes,

Que tens instintos gerais

E sentes só o que sentes.


És feliz porque és assim,

Todo o nada que és é teu.

Eu vejo-me e estou sem mim,

Conheço-me e não sou eu.


Fernando Pessoa
(1931)
(Cancioneiro)

Na voz de Luís Gaspar:

sábado, 23 de setembro de 2006

Encontro Poético














Hoje, 23 de Setembro, das 18h15 às 20h00, tem lugar o habitual Encontro Poético realizado pela Associação Portuguesa de Poetas, no Palácio Galveias.
A Associação Portuguesa de Poetas existe como associação cultural, desde 1985, e tem por objectivo difundir a Poesia em língua portuguesa, proporcionar o convívio, o diálogo e a interajuda entre os seus associados e informá-los de toda a actividade poética existente. Esta associação está aberta a todos os poetas de língua portuguesa.
A Associação realiza dois Encontros Poéticos mensais: um no Palácio Galveias (com uma palestra sobre o Poeta do Mês) e outro no Restaurante Vá-Vá (dedicado à poesia dos associados). Realiza também palestras culturais na Livraria-Galeria Verney, em Oeiras, edita um Boletim trimestral gratuito e uma Antologia Poética anual com poemas dos associados, organiza Jogos Florais e tem um Grupo de Jograis que, gratuitamente, actua em diversos eventos. Realiza, ainda, anualmente, uma homenagem a Luís de Camões no Mosteiro dos Jerónimos no dia 10 de Junho.
A Associação tem associados em Espanha, Luxemburgo, Alemanha, Angola, Brasil, EUA e Canadá.
Mais informações, aqui.

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Que fazer logo à noite?

















Quem estiver em Tavira, pode dar um pulinho à Biblioteca Municipal para ouvir "Palavras de Álvaro de Campos".

Hoje (22 de Setembro) e amanhã, às 21.30 horas, o Grupo AL-MaSRAH Teatro - Companhia de Teatro e Artes do Espectáculo, apresenta este espectáculo, que tem o apoio da Câmara Municipal de Tavira.

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Lançamento duplo





















É já amanhã (21 de Setembro), às 18.30 horas, o lançamento dos livros "Andrómaca" de Jean Racine (traduzido por Vasco Graça Moura), e "Poesia 2001/2005" de Vasco Graça Moura.
A sessão terá lugar no átrio do Teatro Nacional D. Maria II e a apresentação das obras estará a cargo de Maria Alzira Seixo.
Seguidamente, Beatriz Batarda e Vasco Graça Moura irão ler excertos das obras.

Venham lá ter comigo, que esta sessão promete!

Deixo-vos com um "cheirinho" do livro "Poesia 2001/2005":



a consistência das sombras


é esta a consistência das sombras.

a sombra do teu cabelo

a modelar-te a cara,

como a das palmas

das minhas mãos.


a sombra da casa e das árvores

na longa anamorfose

das horas sob a luz.

a sombra de um voo,

rápida, a atravessar


o solo de areão grosso.

a sombra de uma arcada

estirando-se em pintura

inquieta e metafísica.

mas a sombra de uma voz,


a de um lamento,

a de um olhar,
a de uma dúvida,

são da matéria da metáfora

e da sonoridade do tempo,


são representações

que dão outro sentido

à melancolia, aos vãos que há

entre as pregas do mundo,

dos sentimentos, da razão.


Vasco Graça Moura


"Andrómaca" de Jean Racine é uma edição da Bertrand e "Poesia 2001/2005" de Vasco Graça Moura (que dá seguimento ao "Poesia 1997/2000" editado em 2000) é uma edição da Quetzal Editores.
As fotografias do Vasco Graça Moura (da capa do livro de Poesia e do cartaz) são do fotógrafo Rodrigo Cabral.

terça-feira, 19 de setembro de 2006

Parabéns à Truca!!!















A Truca do Luís Gaspar faz hoje 9 anos!
O site foi iniciado a 19 de Setembro de 1997 e ao fim de uma semana tinha 20 visitantes.
Nove anos depois, a Truca tem hoje cerca de 13.000 visitantes por semana.
Das
Fofocas da semana do mundo da publicidade e da cultura em geral, às Histórias da Publicidade, passando pela Agenda Cultural semanal, pela Página da Poesia, pelos Postais do Óscar, pelas Crónicas do José António Baço, pelo "Imaginário" do José Matos Cruz, pelas "Mentes Livres" e "Energias Livres" do Artur Tomé, pelos magníficos textos do Manuel Peres, pelas Regras do Português, pelas Polémicas, pela BD do País dos Cágados, enfim, por um sem número de páginas interessantes onde todos nos deliciamos semanalmente, a Truca tem sabido manter e até aumentar semana após semana o interesse por este site que é também uma tertúlia.
Parabéns ao Luís e parabéns também pelo seu audioblog
"Estúdio Raposa" onde se dá voz aos poetas (consagrados e desconhecidos).
Viva a Truca, Viva... Pim!

Ruy Belo na Casa Fernando Pessoa






No próximo dia 21 de Setembro, pelas 18h30, terá lugar na Casa Fernando Pessoa um recital de poesia de Ruy Belo dita pelo poeta Manuel Cintra.
Manuel Cintra declamará os poemas longos de Ruy Belo, nomeadamente os poemas do livro "Toda a Terra".

A Casa Fernando Pessoa fica, como todos sabem, na Rua Coelho da Rocha, n.º 16, em Lisboa (Campo de Ourique).

E o blogue, em http://mundopessoa.blogspot.com

Frente a frente

Nada podeis contra o amor,
Contra a cor da folhagem,
contra a carícia da espuma,
contra a luz, nada podeis.

Podeis dar-nos a morte,
a mais vil, isso podeis
— e é tão pouco!

Eugénio de Andrade


Interpretado pela Andante:

(Este poema faz parte do espectáculo "Às escuras o Amor")

Às escuras o amor





















Estreia esta semana o espectáculo da Andante "Às escuras o Amor", (no próximo dia 23, às 21.30H), no Fórum Municipal de Alcochete.

Ainda antes desta data, a Andante estará em Beja, nas Palavras Andarilhas, no dia 21 pelas 23.00H.
“Às escuras, o amor” (que é também o título de um poema de David Mourão Ferreira), terá textos de vários autores (maioritariamente portugueses).
A Andante corre o país de lés a lés desde 1999 com espectáculos, recitais, ateliês, leituras em voz alta... procurando sempre novos públicos para a poesia e para a prosa e especialmente para o teatro, através dos princípios da curiosidade e do prazer.


ÀS ESCURAS O AMOR

Às escuras o amor é inventar de novo
as iluminações de vogar à deriva

É sequestrar o dia É caminhar de noite
numa rua de Roma a comer melancia

É fazer explodir um palácio barroco
É durante a explosão cair numa armadilha


David Mourão-Ferreira




"Às escuras o Amor"

Textos : Vários

Encenação: Rui Paulo

Pesquisa: Cristina Paiva e Fernando Ladeira

Interpretação: Cristina Paiva

DJing: DJ grandE

Sonoplastia: Fernando Ladeira

Concepção Plástica: Maria Luiz

Fotografia: Carla d'Almeida Lopes e Vítor M. M. Costa

Produção: Andante Associação Artística

Apoio: Câmara Municipal de Alcochete

Lançamento da Labirinto













A editora
Labirinto vai apresentar o livro
«Máquina Royal - diário (2003-2004)» da autoria de Pompeu Miguel Martins, no próximo dia 21 de Setembro, pelas 21h.30m, na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva em Braga.
A apresentação da obra será efectuada pelo escritor e ensaísta Carlos Vaz.

A Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva fica na Rua de S. Paulo, n.º1, em Braga.

Arquivo de efemérides

Janeiro
8 de Janeiro: Paul Scheerbart
15 de Janeiro: Mihai Eminescu
19 de Janeiro: Eugénio de Andrade
20 de Janeiro: Nâzim Hikmet
25 de Janeiro: Judith Teixeira
30 de Janeiro: Antonio Colinas

Fevereiro
1 de Fevereiro: Fernando Assis Pacheco
3 de Fevereiro: Georg Trakl
9 de Fevereiro: Josep Carner
10 de Fevereiro: Bertold Brecht
11 de Fevereiro: Else Lasker-Schüller
18 de Fevereiro: André Breton
19 de Fevereiro: Paul Zech
20 de Fevereiro: António Salvado
27 de Fevereiro: Ruy Belo

Março
8 de Março: Ruy Cinatti
27 de Março: Affonso Romano de Sant'Anna
30 de Março: Paul Verlaine

Abril
5 de Abril: Algernon Charles Swinburne
8 de Abril: Egito Gonçalves
19 de Abril: E. M. de Melo e Castro
29 de Abril: Nuno Júdice

Maio
6 de Maio: Amadeu Baptista
8 de Maio: Ana Hatherly
9 de Maio: Charles Simic
19 de Maio: Mário de Sá-Carneiro
23 de Maio: Johannes R. Becher
31 de Maio: Walt Whitman

Junho
7 de Junho: Firmino Rocha
10 de Junho: Nicolás Guillén
13 de Junho: Fernando Pessoa

Julho
21 de Julho: Mohammed Dib
22 de Julho: Emma Lazarus
23 de Julho: Elio Vittorini
24 de Julho: Alphonsus de Guimarães
26 de Julho: Antonio Machado
29 de Julho: August Stramm
30 de Julho: Emily Brontë

Agosto
5 de Agosto: Ivar Aasen
10 de Agosto: António Gonçalves Dias
12 de Agosto: Miguel Torga
15 de Agosto: Bernardo Guimarães; Fiama Hasse Pais Brandão
24 de Agosto: Jorge Luis Borges
26 de Agosto: Julio Cortázar

Setembro
1 de Setembro: Blaise Cendrars
4 de Setembro: Vicent Andrés Estellés
7 de Setembro: Camilo Pessanha
8 de Setembro: Ludovico Ariosto
9 de Setembro: Juan Luis Panero
10 de Setembro: Franz Werfel
13 de Setembro: Natália Correia
14 de Setembro: Mario Benedetti
15 de Setembro: Bocage
17 de Setembro: Guerra Junqueiro

Outubro
12 de Outubro: João Rui de Sousa
15 de Outubro: Manuel da Fonseca
17 de Outubro: António Ramos Rosa
19 de Outubro: Vinicius de Moraes
20 de Outubro: Jean Arthur Rimbaud
27 de Outubro: Sylvia Plath
31 de Outubro: Luís Graça

Novembro
2 de Novembro: Jorge de Sena
6 de Novembro: Sophia de Mello Breyner Andresen
16 de Novembro: José Saramago
24 de Novembro: António Gedeão
28 de Novembro: William Blake

Dezembro
2 de Dezembro: Teixeira de Pascoaes
3 de Dezembro: Cândido Guerreiro
7 de Dezembro: Ary dos Santos
8 de Dezembro: Florbela Espanca

19 de Dezembro: Alexandre O'Neill

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Livrarias de culto



Fez este mês um ano que a Ler Devagar foi desalojada do seu antigo espaço, na Rua de S. Boaventura (no Bairro Alto), depois de seis anos que a colocaram no roteiro cultural de Lisboa como uma das grandes livrarias de culto.

Neste momento, a Ler Devagar está num espaço da Galeria Zé dos Bois, também no Bairro Alto, numa versão em miniatura adaptada ao novo espaço, mas com o espírito de sempre, tentando recriar ali uma pequena Ler Devagar fiel à original.

A Ler Devagar foi desalojada do espaço da Rua de São Boaventura (para ser transformado num condomínio o imóvel onde estava instalada), e esteve com os livros e os móveis espalhados por vários armazéns de Lisboa, até à chegada deste convite da Galeria Zé dos Bois.
Esta mudança para a Galeria Zé dos Bois teve lugar em Fevereiro deste ano e acarretou algumas adaptações, não só ao espaço, bastante mais pequeno, mas também à própria filosofia da Galeria Zé dos Bois, uma galeria direccionada para as artes performativas. Por isso a Ler Devagar tem agora mais livros de arquitectura, design, música, teatro, dança, performance e pensamento contemporâneo, à semelhança do que sucede na Cinemateca, onde a Ler Devagar também tem um espaço, com maior oferta de títulos sobre cinema.
Nesta versão concentrada da Ler Devagar, não falta a cafetaria, um piano e duas bancas de CD’s de jazz, música clássica, brasileira e africana.

Centrada em títulos sobre arte e pensamento contemporâneo, e interessada em colmatar uma carência do mercado português para se distinguir da oferta das outras livrarias, a Ler Devagar recorre sobretudo à importação, nomeadamente de livros ingleses, americanos e franceses.

Entretanto, a livraria está em negociações com a Câmara Municipal de Lisboa para um espaço na Rua da Rosa, onde pretende abrir uma nova loja, dedicada à poesia, literatura e livros infantis.


Aqui ficam os contactos da Ler Devagar:

Morada: Rua da Barroca, 59 – Lisboa (Bairro Alto)

Telefone: 213430205

Horário: Quarta a sábado das 18h00 às 00h00

Site: http://www.lerdevagar.com

domingo, 17 de setembro de 2006

Vértice




A revista "Vértice", da Editorial Caminho, é uma revista de cultura em sentido amplo que une a atenção à criação literária, artística, filosófica e científica, e a atenção à realidade económica e social e política do país.

Eis o índice de conteúdos da última revista "Vértice" (n.º 127 - Mar/Abr 2006):

Ruy Luís Gomes - vida e obra, de Natália Bebiano
Albert Einstein cidadão e cientista, de Rui Namorado Rosa
O Legado de Einstein: Um universo de novos horizontes, de António A. da Costa
O Marechal Costa Gomes, defensor da paz, de Silas Cerqueira
O trágico em Deleuze ou o irrepresentável corpo sem órgãos, de Rafael Godinho
Crítica da Razão Consensual (3.ª Parte) Ideologia e Cultura, de Nozes Pires
Apontamentos sobre o nascimento do Orpheu, de Ricardo Daunt
Uma introdução à leitura da obra de Maria Eugénia Cunhal, de José António Gomes
O Mundo é uma paisagem devastada pela harmonia, de Luís-Cláudio Ribeiro
A Comuna de Paris e Portugal: revisitação de Alberto Vilaça, de Urbano Tavares Rodrigues
A história secreta dos Protocolo dos Sábios de Sião, de Beja Santos

Guerra Junqueiro

A água de Lourdes

Se ergueis uma capela à água milagrosa,
Esse elixir divino,
Então erguei também um templo à caparrosa
E outro templo ao quinino.

Se a água faz milagres, o que eu vos não discuto,
E por isso a adorais,
Ajoelhemos então em face do bismuto
e doutras drogas mais.

Façamos da magnésia e clorofórmio e arnica
As hóstias do sacrário;
Transformemos o templo enfim numa botica,
E Deus num boticário

Que a vossa água opere imensas maravilhas
Eu não duvido nada:
É o Espírito Santo engarrafado em bilhas,
É o milagre à canada.

Desde que se espalhou pelo universo o eco
Do milagre feliz,
Tartufo nunca mais encheu o seu caneco
Em outro chafariz

Guerra Junqueiro


Na voz de Luís Gaspar:



Abílio de Guerra Junqueiro nasceu em Freixo de Espada à Cinta (Trás-os-Montes) em 17 de Setembro de 1850.
Os pais deram-lhe uma educação religiosa e, aos 16 anos, Guerra Junqueiro matriculou-se na faculdade de Teologia, na universidade de Coimbra. Percebendo que não tinha nenhuma vocação religiosa, desistiu deste curso e matriculou-se em Direito, licenciatura que concluiu em 1873.
Iniciou a sua carreira literária no jornal literário “A Folha” dirigido pelo poeta João Penha. Aqui criou grandes relações de amizade com alguns dos melhores escritores e poetas do seu tempo (Geração de 70).
Influenciado por Baudelaire, Victor Hugo, Proudhon e Michelet, a sua obra poética tinha o intuito de, pela crítica, renovar a sociedade portuguesa da época.
É o mais típico representante da chamada Escola Nova. Poeta panfletário, as suas poesias ajudaram a criar o ambiente revolucionário que conduziria à República. Talvez o poeta mais popular da sua época. Não deve esquecer-se o que há de original e poderoso na sua obra: o extraordinário sentido de caricatura, a capacidade de exprimir as ideias em símbolos vivos e, ainda, a riqueza verbal e de imagens com que contribuiu para a renovação do verso português.
Morreu em Lisboa, na madrugada de 7 de Julho de 1923.

Obra:
Vozes sem Eco - 1867
Baptismo de Amor - 1868
A Morte de D. João - 1874
Musa em Férias - 1879
A Velhice do Padre Eterno - 1885
Finis Patriae - 1890
Pátria - 1896
Oração ao Pão - 1902
Oração à Luz - 1904
Poesias Dispersas - 1920

Hoje nasceu...



17 de Setembro de 1850


Guerra Junqueiro


Poeta português





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sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Mário Cesariny em Madrid



Vai ser inaugurada, no próximo dia 20 de Setembro no Círculo de Bellas Artes em Madrid, a
exposição “Navio de Espelhos” de Mário Cesariny.
Baptizada com o nome de um poema de Cesariny “O Navio de Espelhos”, esta exposição é uma parte da que esteve patente no Museu das Cidades em Lisboa, e que passou depois por outras zonas de Portugal em versão reduzida.

Esta iniciativa do Circulo de Bellas Artes é constituída pelo núcleo central da obra de Cesariny (pintura, desenhos e alguma biografia), integrando as obras mais antigas de produção plástica e de desenho de Cesariny, no período entre 1946 e a década de 50.

A mostra será complementada por um catálogo bilingue, onde são reproduzidas as obras que não vão estar presentes nesta exposição, e duas antologias, uma poética e uma de textos de Cesariny sobre artes plásticas.

As obras foram traduzidas por Perfecto E. Cuadrado, docente da Universidade de Palma de Maiorca.

A exposição vai estar patente até Novembro e terá uma exibição, no dia 28 de Setembro, do documentário “Autografia”, sobre Cesariny, realizado por Miguel Gonçalves Mendes.

Bocage

Manuel Maria Barbosa du Bocage nasceu em Setúbal, a 15 de Setembro de 1765.
Entrou no Regimento de Infantaria de Setúbal com 16 anos e, aos 18, alistou-se na Marinha, embarcando depois para Goa como oficial. Passou pela Índia, pela China e por Macau.
Viveu dois anos em Goa e regressou a Lisboa aos 25 anos.
A partir dessa data viveu a boémia lisboeta entre botequins e tertúlias literárias.
Em 1791 publicou o seu primeiro tomo das Rimas (publicou os dois seguintes em 1798 e em 1804).
No início da década de noventa, aderiu à "Nova Arcádia", local onde adoptou o pseudónimo de Elmano Sadino e onde sempre teve uma postura crítica, chegando mesmo a atacar a Nova Arcádia com contundência, nos seus versos, quando se afastou.
Em 1797 foi preso na sequência de uma rusga policial, por lhe terem sido encontrados panfletos apologistas da revolução francesa e o poema erótico e político "Pavorosa Ilusão da Eternidade", também conhecido por "Epístola a Marília".
Foi encarcerado no Limoeiro, tendo sido depois transferido para o mosteiro de S. Bento e, de seguida, para o Hospício das Necessidades, para ser "reeducado". Foi libertado em 1798.
Em 1800 iniciou a sua profissão de tradutor para a Tipografia Calcográfica do Arco do Cego.
Morreu em 1805 com 40 anos, pobre e doente, e foi sepultado na Igreja das Mercês.

Hoje nasceu...




15 de Setembro de 1765


Bocage


Poeta português




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quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Labirinto dá à estampa o seu primeiro "livro de bolso"



Afectos é o título da mais recente publicação da Labirinto, um pequeno livro de bolso (o primeiro da editora) que reúne poemas e fotografias de treze autores contemporâneos, interseccionando ao longo de 28 páginas "diferentes sensibilidades de um diálogo poético, tão mais rico quanto o facto de nos convocar para o acto de amar o pequeno enorme gesto da amizade", pode ler-se no intróito. Os poetas António Ramos Rosa, Artur Coimbra, Carlos Vaz, Daniel Gonçalves, Gisela Ramos Rosa, João Ricardo Lopes, Juliana Miranda, Koi-Hui Sio, Maria do Sameiro Barroso, Maria Teresa Dias Furtado e Pompeu Miguel Martins vêm os seus textos ilustrados pela objectiva dos fotógrafos João Artur Pinto e José Pedro Fernandes. O resultado é uma "pequena pérola de que a Labirinto muito se orgulha", declara João Artur Pinto, presidente da editora, que acrescenta: "trata-se de um formato pensado para que a poesia possa ser levada no bolso e lida enquanto tomamos um café ou nos distraímos na viagem de autocarro para o trabalho". Recorde-se que a editora lançou já várias antologias de inéditos, promovendo e sensibilizando dessa forma o afecto pela poesia, ao mesmo tempo que vem cultivando o diálogo entre as diversas gerações de escritores. Afectos assim o confirma.

Corazón Coraza

Porque te tengo y no
porque te pienso
porque la noche está de ojos abiertos
porque la noche pasa y digo amor
porque has venido a recoger tu imagen
y eres mejor que todas tus imágenes
porque eres linda desde el pie hasta el alma
porque eres buena desde el alma a mí
porque te escondes dulce en el orgullo
pequeña y dulce
corazón coraza

porque eres mía
porque no eres mía
porque te miro y muero
y peor que muero
si no te miro amor
si no te miro

porque tú siempre existes dondequiera
pero existes mejor donde te quiero
porque tu boca es sangre
y tienes frío
tengo que amarte amor
tengo que amarte
aunque esta herida duela como dos
aunque te busque y no te encuentre
y aunque
la noche pase y yo te tenga
y no.

Mario Benedetti



Coração couraça

Porque te tenho e não
porque te penso
porque a noite está de olhos abertos
porque a noite passa e digo amor
porque vieste recolher a tua imagem
e és melhor que todas as tuas imagens
porque és linda dos pés à alma
porque és boa da alma a mim
porque te escondes doce no orgulho
pequena e doce
coração couraça

porque és minha
porque não és minha
porque te olho e morro
e mais que morro
se não te olho amor
se não te olho

porque tu existes sempre em qualquer parte
mas existes melhor onde te amo
porque a tua boca é sangue
e tens frio
tenho que te amar amor
tenho que te amar
ainda que esta ferida doa como duas
ainda que te procure e não te encontre
e ainda que
a noite passe e eu não tenha
e não.

(tradução de António Costa Santos)

Mario Benedetti

Mario Benedetti nasceu no Uruguai, em 14 de Setembro de 1920.
Viveu a adolescência na Argentina e regressou ao Uruguai depois da Segunda Guerra Mundial.
Estudou no Colégio Alemão de Montevideu, tendo depois exercido várias profissões, até se tornar conhecido como jornalista.
Em 1949 publicou "Esta mañana", o seu primeiro livro de contos, e um ano mais tarde, os poemas de "Sólo mientras tanto". Em 1953 editou o seu primeiro romance, "Quien de nosotros...".
Até hoje, editou mais de 60 livros. Com "La Tregua", de 1960, foi reconhecido internacionalmente. O romance teve mais de cem edições em espanhol e foi traduzido para 19 línguas.

Em 1973, teve de abandonar o país por razões políticas, dando início a um longo período de exílio na Argentina, Perú, Cuba e Espanha, até ao seu regresso ao Uruguai com a restauração da democracia no país, em 1985.
Autor de uma vasta obra literária, que inclui praticamente todos os géneros, desde letras de canções, poesia, ensaio, teatro e romance, como “Primavera rota con una esquina rota”, que recebeu o Prémio “Chama de Ouro” da Amnistia Internacional, em 1987.
A sua obra poética está recolhida em "Inventario Uno" (1950-1985), "Inventario Dos" (1986-1991) e "Inventario Tres" (1995-2002).

Hoje nasceu...




14 de Setembro de 1920


Mario Benedetti


Poeta uruguaio



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domingo, 10 de setembro de 2006

Quando o teu andar…

Quando o teu ser me enlevava em comoções
E eu em ti me extasiava no infinito,
Não viveu esse dia tanto ser aflito,
E os oprimidos, num inferno de milhões?

Quando o teu andar me punha em febril estado,
Outros trabalhavam; na Terra eram ruídos.
E havia o vazio, Homens sem Deus, despidos,
Nascia e morria tanto ser desgraçado.

Quando, prenhe de ti, me evolava em essência,
Havia tantos outros arfando em pedreiras,
Minguando à secretária, suando em caldeiras.

Vós, que arquejais em ruas e nos rios da vida,
Se há equilíbrio no mundo e na existência,
Como irá esta minha culpa ser remida?

Franz Werfel
1913
(tradução de João Barrento)



Franz Werfel
, um dos vultos do expressionismo, nasceu em 10 de Setembro de 1890 em Praga, onde frequentou o liceu. E é da sua época no liceu que datam as suas primeiras tentativas poéticas. Estudou também em Hamburgo.
Em 1912 foi para Leipzig, onde se associou à editora de Kurt Wolff. Aí conheceu Walter Hasenclever e Kurt Pinthus. Os três formaram o pólo de concentração dos poetas da geração expressionista. Entre 1915 e 1917, Franz esteve na frente de batalha. Casou em Viena com Alma Mahler e viveu em Breitenstein e Veneza. Depois, viajou pelo Próximo Oriente.
Em 1921 recebeu o Prémio Schiller e em 1925 o Prémio Grillparser. Em 1924 publicou o romance “Verdi”, que deu início ao ciclo dos grandes romances pós-expressionistas.

Quando a Áustria caiu nas mãos do exército alemão, os Werfels deixaram Viena e fugiram para França. Em 1940 o casal fugiu pelos Pirinéus em direcção a Espanha. Queriam deixar a Europa e ir para os Estados Unidos, conseguindo-o finalmente a bordo do Nea Hellas, o último barco que partia de Lisboa.
Nos últimos anos da sua vida, Franz Werfel viveu em Beverly Hills / Hollywood, onde morreu em 1945, com 55 anos, depois de dois ataques cardíacos.

Hoje nasceu...





10 de Setembro de 1890


Franz Werfel


Poeta austríaco



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sábado, 9 de setembro de 2006

Juan Luis Panero

Mensagem de António a Cleópatra

Elogiem outros
a tua beleza adormecida,
a suavidade da tua pele em repouso,
a medida perfeição dos teus membros.
Não foi para isso que vim,
vim tão somente penetrar-te
pelo peito e pelo dorso,
como um punhal atravessa
a água transparente
e se funde e se transvia
no poço sombrio


Mensagem de Cleópatra a António

Não aplaudas a minha beleza,
outros já o fizeram.
Penetra-me pelo peito e pelo dorso
faz-me pulsar a vida na cintura
e que enlaçados, o teu e o meu corpo,
possam deter o furor bárbaro do tempo.
Mas, se chegar o dia em que o tempo nos detém,
não te lamentes, oh meu estúpido beberrão,
e cai com valor – já Cavafis o escreveu –
nesse poço sombrio

Juan Luis Panero
(Antes que chegue a noite)


Juan Luis Panero nasceu em Madrid em 9 de Setembro de 1942 e estudou em Londres.
Filho de Leopoldo Panero (o poeta “oficial” do franquismo) e irmão de Leopoldo Maria Panero, também poeta.

Viajou por vários países da América Latina onde foi conhecendo escritores como Octavio Paz, Jorge Luis Borges e Juan Rulfo. Editou o seu primeiro livro, “A través del tiempo”, em 1968. Com “Antes que llegue la noche”, de 1985, obteve o Prémio Cidade de Barcelona e em 1988, com “Galerias y fantasmas”, conquistou o Prémio Internacional de Poesia da fundação Loewe. Em 2003, parte considerável da sua poesia foi reunida num só volume, numa selecção a cargo de Felipe Benítez Reyes.
Trabalhou no mundo editorial em Madrid, Londres, Bogotá, Barcelona e México, onde também foi professor de literatura. Colaborou assiduamente em publicações periódicas de Espanha e dos Estados Unidos. Preparou antologias de poetas como Leopoldo Panero, Pablo Neruda e Octavio Paz. Reuniu selecções de Poesia Colombiana (1880-1980) e Poesia Mexicana Contemporânea.
Juan Luis Panero é um dos nomes mais significativos da geração de 50 da poesia espanhola. Desde 1985 que vive em Girona.

Obra:
Poesia:
A través del tiempo (1968).
Los trucos de la muerte (1975).
Desapariciones y fracasos (1978).
Juegos para aplazar la muerte (Poesia 1966-1983) (1984).
Antes que llegue la noche (1985).
Galería de fantasmas (1988).
Los viajes sin fin (1993).
La memoria y la piedra. Antologia (1996).
Poesía Completa (1968-1996) (1997).
Enigmas y despedidas (1999).
Antología (1968-2003) (2003). Selecção de Felipe Benítez Reyes.

Outros:
Los mitos y las máscaras (1994).
Sin rumbo cierto, memorias conversadas con Fernando Valls (2000).

Prémios:
1985: “Premio Ciudad de Barcelona” por “Antes que llegue la noche”.
1988: “Premio Loewe de Poesía” por “Galería de fantasmas”.
2000: “XII Premio Comillas de Biografía”.

Hoje nasceu...




9 de Setembro de 1942


Juan Luis Panero

Poeta espanhol



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"Anáfora", de Ana Salomé








Foi esta sexta-feira (8 de Setembro) apresentado ao público, na Livraria Centésima Página, o livro "Anáfora", de Ana Salomé, editado pela Pena Perfeita.

Um livro na esteira do género literário da narrativa poética ou poesia em prosa.

A apresentação esteve a cargo do Dr. Jorge Pimenta, docente da Universidade do Minho.
A Livraria Centésima Página fica na Casa Rolão (Av. Central n.º 118-120) em Braga.

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

O amor é loucura

Quem pisa do Amor a linha pura,
não aceita uma asa, retira-a prudente,
pois não é verdadeiro Amor, mas loucura,
o juízo do destino e a sábia gente.

Tal como Roldão não chega à ventura
a sua fúria há-de mostrar-se noutro acidente
senão, vede o sinal para enlouquecer
por bem querer outro e se perder.

Diversos são os efeitos, mas a loucura
uma, pois perde-os sempre
é como numa selva espessa, escura,
onde qualquer um erra o seu caminho
e aqui ou lá o extraviado passo procura.

Digo, a concluir, que é sobejamente digno
o que envelhece amando, outra grande pena
a ter perene o cepo que nos condena.

Hão-de falar: “Vós sois garboso
ensinando o outro a andar em erro cego.”

Entendo, respondo confuso,
agora que vejo claro o falso jogo.

Bem o procuro e julgo ter repouso,
fugir quero do erro e do acerbo fogo,
mas não acabarei assim o caso,
pois o mal me penetrou até ao osso.

Ludovico Ariosto

(tradução de Jorge Henrique Bastos)

Hoje nasceu...




8 de Setembro de 1474


Ludovico Ariosto


Poeta italiano





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O amor é loucura

Poesia e Fotografia em Castro Verde





Durante a iniciativa Planície Mediterrânica 2006, a decorrer em Castro Verde de 7 a 10 de Setembro, terá lugar a apresentação ao público do livro “Os Sulitários” da autoria de Paulo Barriga e João Vilhena, um "poema em imagens" que desvenda o Alentejo “para lá dos lugares comuns”, editado e lançado pela Fundação Alentejo-Terra Mãe.

A sessão de apresentação da obra “Os Sulitários” está marcada para as 18h30 de hoje (8 de Setembro), integrando o programa do 2º dia do certame a decorrer em Castro Verde no âmbito da rede cultural do Festival Sete Sóis Sete Luas, e terá lugar na “Taberna do Bravo”, contando com a participação de “Os Ganhões” de Castro Verde.

“Os Sulitários” é um livro de poesia e fotografia, criação colectiva do jornalista Paulo Barriga e do fotógrafo João Francisco Vilhena.
O livro assume-se como um “poema em imagens” em torno de um Alentejo menos convencional e muito para lá dos lugares-comuns que erradamente enunciam as planícies do Sul, a terra dos Sulitários".
Fala do homem do Sul e do Sol. Fala do tempo e do espaço. Fala da fertilidade e da morte. Fala da revolta e da cisma. Fala do mar e dos desertos e é a primeira edição da Fundação Alentejo-Terra Mãe.

O site da Fundação Alentejo-Terra Mãe fica aqui.

Ciclo "Fernando Pessoa" na Galeria Matos Ferreira



















A Galeria de Arte Matos Ferreira organiza dias 8, 9 e 10 de Setembro um programa de palestras e uma sessão de poesia declamada com acompanhamento musical, em torno de Pessoa e de alguns dos seus interesses:

Hoje, dia 8 de Setembro, às 21h30:

Palestra “Fernando Pessoa e a Astrologia”

Proferida por Rui Faustino
Amanhã, dia 9 de Setembro, às 21h30:

Palestra “Fernando Pessoa – Templarismo e Jesuitismo”
Proferida por Jorge de Matos
Domingo, dia 10 de Setembro, às 16 horas:
Poesia com acompanhamento ao vivo:
“A Poesia em Fernando Pessoa”

Declamador: Paulo Anes

Piano: Sara Costa


A Galeria de Arte Matos Ferreira fica no Bairro Alto, na Rua Luz Soriano, 14 e 18, Lisboa.

quinta-feira, 7 de setembro de 2006

Curso Breve de Literatura

"Cinco momentos centrais na literatura portuguesa do Século XX"
De 18 a 22 de Setembro das 17 às 20 horas

Na Biblioteca Municipal de Oeiras

Com o objectivo de alargar os níveis de conhecimento da comunidade sobre literatura e cultura portuguesas, e de sensibilizar para temáticas culturais essenciais para a compreensão do nosso século, as Bibliotecas Municipais de Oeiras trazem até si este curso ministrado por Fernando Manuel Cabral Martins.

Programa:

• A VANGUARDA e as suas rupturas : Almada Negreiros, Mário de Sá-Carneiro, Amadeo de Souza-Cardoso e Santa Rita Pintor

• O UNIVERSO DE FERNANDO PESSOA e os seus jogos: Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro e Bernardo Soares

• A PRESENÇA e as suas contradições: José Régio, Miguel Torga, Branquinho da Fonseca e Florbela Espanca

• O NEO-REALISMO e as suas circunstâncias: Mário Dionísio, Soeiro Pereira Gomes, Manuel da Fonseca e Carlos de Oliveira

• O SURREALISMO e os seus mundos: Edmundo de Bettencourt, Mário Cesariny, Alexandre O'Neill e Mário Henrique Leiria.


Informações e inscrições:

21 440 63 40 - Sector de Adultos - Biblioteca Municipal de Oeiras

Uma parceria com o IPLB (Instituto Português do Livro e da Bibliotecas)
Fonógrafo

Vai declamando um cómico defunto.
Uma plateia ri, perdidamente,
Do bom jarreta... E há um odor no ambiente
A cripta e a pó, — do anacrónico assunto.

Muda o registo, eis uma barcarola:
Lírios, lírios, águas do rio, a lua.
Ante o seu corpo o sonho meu flutua
Sobre um paul, — extáctica corola.

Muda outra vez: gorgeios, estribilhos
Dum clarim de oiro — o cheiro de junquilhos,
Vívido e agro! — tocando a alvorada...

Cessou. E, amorosa, a alma das cornetas
Quebra-se agora orvalhada e velada.
Primavera. Manhã. Que eflúvio de violetas!

Camilo Pessanha


Camilo Pessanha nasceu em Coimbra em 1867, mas foi em Macau que viveu a maior parte da sua vida. Escrevia os poemas em folhas soltas que oferecia a amigos, muitos desses poemas, perderam-se definitivamente.

De toda a maneira lembrava-se de todos esses poemas e foi assim que, ao ditar alguns deles de memória a João de Castro Osório, foi publicado o livro "Clepsidra" no ano de 1920.
Camilo Pessanha teve uma forte influência no modernismo português, como por exemplo no lirismo de Fernando Pessoa, que nutria por ele grande admiração.
Morreu em Macau em 1926.

Pode ouvir-se aqui
o poema "Interrogação" de Camilo Pessanha, na voz de Luís Gaspar.

Hoje nasceu...




7 de Setembro de 1867


Camilo Pessanha


Poeta português




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terça-feira, 5 de setembro de 2006

Que fazer logo à noite?




Que tal dar um pulinho ao Bar "A Barraca" depois do jantar para assistir a um recital de poesia?
Hoje, às 23.30 horas, Changuito lê poemas de amor, maus fígados, exaustão muscular e descrença na democracia.

A entrada é livre e o bar "A Barraca" fica no
Largo de Santos, n.º2, em Lisboa.

Arquivo Audio

Pode aqui aceder a todos os ficheiros audio deste blogue.

Poetas cantados:

Bertold Brecht:
“Mack the knife" , na voz de Louis Armstrong

Fernando Pessoa:
“Do vale à montanha..." (Cavaleiro Monge), na voz de Mariza
“No comboio descendente..." , na voz de José Afonso

Florbela Espanca:
“Ser poeta" , interpretado pelos Trovante

José Afonso:
“Balada do Outono", na voz de José Afonso
“Era um redondo vocábulo", nas vozes de Cristina Paiva, Teresa Silva Carvalho e José Afonso

Manuel Alegre:
“Trova do Vento que Passa", interpretado por LJS & Pacman

Natália Correia:
“Queixa das Almas Jovens Censuradas", na voz de José Mário Branco

Paul Verlaine:
“Chanson d'automne”, na voz de Léo Ferré

Pedro Homem de Mello:
“Sei de um rio”, na voz de Camané

Pierre Delanoë:
“Et maintenant...”, na voz de Gilbert Bécaud




Poemas em voz alta:

Albano Martins:
“O nome da ausência”, na voz de Luís Gaspar
“Poema para habitar”, interpretado pela Andante

Al Berto:
“Escrevo-te”, na voz de Luís Gaspar

Alexandre O’Neill:
“Daqui, desta Lisboa compassiva...”, na voz de Luís Gaspar
“Fala”, na voz de Luís Gaspar
“Poema pouco original do medo”, interpretado pela Andante
“Um adeus português”, na voz de Luís Gaspar

Algernon Charles Swinburne:
“Deitado”, na voz de Luís Gaspar

Almada Negreiros:
“Centenário das Palavras”, interpretado pela Andante
“Manifesto Anti-Dantas”, na voz de Almada Negreiros

Almeida Garrett:
“As minhas asas”, na voz de Luís Gaspar

Álvaro Magalhães:
“Fala a preguiça”, interpretado pela Andante
“O Limpa-Palavras”, interpretado pela Andante

Amadeu Baptista:
“Templo de Luxor”, na voz de Luís Gaspar

Ana Hatherly:
“Balada do país que dói ”, interpretado pela Andante
“Sem Amor ”, interpretado pela Andante

Ana Luísa Amaral:
“Silogismos”, na voz de Luís Gaspar

António Botto:
“Curiosidades estéticas”, interpretado pela Andante
“Se passares pelo adro...”, na voz de Luís Gaspar

António Gedeão:
“A um ti que eu inventei”, na voz de Luís Gaspar
“Aurora boreal”, interpretado pela Andante
“Calçada de Carriche”, na voz de Luís Gaspar
“Dez reis de esperança”, interpretado pela Andante
“Dia de Natal”, interpretado pela Andante
“Máquina do Mundo”, na voz de Luís Gaspar
“Pedra Filosofal”, na voz de Luís Gaspar

António Lobo Antunes:
“Rigoroso do pescador da Marginal”, na voz de Luís Gaspar

António Ramos Rosa:
“A Palavra”, na voz de Luís Gaspar
“Um caminho de palavras...”, na voz de Luís Gaspar

Ary dos Santos:
“A Cidade”, na voz de Diogo Santos
“Cantiga de Amigo”, na voz de Luís Gaspar
“Meu amor, meu amor...”, na voz de Vítor de Sousa

Beatriz Barroso:
“Invento-me...”, na voz de Ana de Sousa

Bertold Brecht:
“Louvor do esquecimento”, interpretado pela Andante
“O vosso tanque, General, é um carro forte...”, na voz de Luís Gaspar

Boris Vian:
“Quero uma vida em forma de espinha”, interpretado pela Andante

Camilo Pessanha:
“Interrogação”, na voz de Luís Gaspar

Carlos Drummond de Andrade:
“Receita de Ano Novo”, na voz de Luís Gaspar

Chico Buarque:
“Tanto Mar”, interpretado pela Andante

Daniel Abrunheiro:
“és / ás”, interpretado pela Andante

Eduarda Chiote:
“Cantiga de Amor”, interpretado por A Musa ao Espelho

Edson Bueno de Camargo:
“Anespirais”, na voz de Luís Gaspar

E. M. de Melo e Castro:
“Poética pícara”, interpretado pela Andante

Eugénio de Andrade:
“Adeus”, na voz de Luís Gaspar
“As Palavras”, na voz de Luís Gaspar
“Frente a frente”, interpretado pela Andante
“Matéria solar”, interpretado pela Andante
“Não quero, não”, interpretado pela Andante
“Sem memória”, interpretado pela Andante

Eugenio Montale:
“A poesia (em Itália)”, interpretado pela Andante

Federico García Lorca:
“Búzio”, interpretado pela Andante

Fernanda Botelho:
“As coordenadas líricas”, interpretado pela Andante

Fernando Assis Pacheco:
“Seria o Amor Português (Variações Sobre Um Fado)”, na voz de Luís Gaspar

Fernando Pessoa:
“Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra...” (Álvaro de Campos), na voz de Luís Gaspar
“As bolas de sabão que esta criança...” (Alberto Caeiro), na voz de Luís Gaspar
“Autopsicografia” (Fernando Pessoa), na voz de Luís Gaspar
“Dobrada à moda do Porto” (Álvaro de Campos), na voz de Luís Gaspar
“Estou cansado, é claro...” (Álvaro de Campos), na voz de Luís Gaspar
“Gato que brincas na rua...” (Fernando Pessoa), na voz de Luís Gaspar
“Liberdade” (Fernando Pessoa), na voz de Luís Gaspar
“Liberdade” (Fernando Pessoa), na voz de Nuno Miguel Henriques
“Lisbon Revisited” (Álvaro de Campos), na voz de Luís Gaspar
“Não digas nada!...” (Fernando Pessoa), na voz de Luís Gaspar
“Na sombra Cleópatra jaz morta...” (Fernando Pessoa), na voz de Luís Gaspar
“Num meio-dia de fim de primavera......” (Alberto Caeiro), na voz de Luís Gaspar
“O menino da sua mãe” (Fernando Pessoa), na voz de João Villaret
“O menino da sua mãe” (Fernando Pessoa), na voz de Luís Gaspar
“O mostrengo” (Fernando Pessoa), na voz de Luís Gaspar
“Paira à tona de água...” (Fernando Pessoa), na voz de Luís Gaspar
“Prefiro rosas, meu amor, à pátria...” (Ricardo Reis), na voz de Luís Gaspar
“Quando vier a Primavera...” (Alberto Caeiro), na voz de Luís Gaspar
“Que noite serena!...” (Álvaro de Campos), na voz de Luís Gaspar
“Se sou alegre ou sou triste?...” (Fernando Pessoa), na voz de Luís Gaspar
“Sou um evadido...” (Fernando Pessoa), na voz de Luís Gaspar
“Tabacaria” (Álvaro de Campos), na voz de Luís Gaspar
“Tenho dó das estrelas” (Fernando Pessoa), na voz de Luís Gaspar
“Tenho uma grande constipação...” (Álvaro de Campos), na voz de Luís Gaspar
“Todas as cartas de amor...” (Álvaro de Campos), na voz de Luís Gaspar

Firmino Rocha:
“Deram um fuzil ao menino”, na voz de Luís Gaspar

Florbela Espanca:
“Amar!”, na voz de Sofia Aparício
“Amiga”, na voz de Carmen Dolores
“Eu...”, interpretado pela Andante
“Supremo enleio”, na voz de Carmen Dolores

Francisco Quevedo:
“A um homem com um grande nariz”, interpretado pela Andante

Gabriel Celaya:
“Biografia”, interpretado pela Andante

Guerra Junqueiro:
“A água de Lourdes”, na voz de Luís Gaspar

Hermann Hesse:
“O homem de cinquenta anos”, na voz de Luís Gaspar

Ingeborg Bachmann:
“Coloca uma palavra”, interpretado pela Andante

Irene Lisboa:
“Outro dia”, na voz de Luís Gaspar

Jacques Prévert:
“Paris at night”, interpretado pela Andante

João de Deus:
“Grammatica Rudimentar”, interpretado pela Andante

Jorge de Sena:
“ Carta aos meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya”, interpretado por Mário Viegas
“Requiem de Mozart”, interpretado pela Andante

Jorge de Sousa Braga:
“A erva daninha”, interpretado pela Andante
“Portugal”, na voz de Luís Gaspar

Jorge Luis Borges:
“Elegia da lembrança impossível”, interpretado pela Andante
“Um livro”, interpretado pela Andante

José Carlos de Vasconcelos:
“O poema canivete suíço”, interpretado pela Andante

José Gomes Ferreira:
“Areia XXXII”, interpretado pela Andante

José Régio:
“Adeus”, na voz de Luís Gaspar

José Saramago:
“Poema à boca fechada”, interpretado pela Andante

Judith Teixeira:
“Minha vida!”, na voz de Luís Gaspar
“O meu chinês”, na voz de Luís Gaspar
“Podes ter os amores que quiseres...”, na voz de Luís Gaspar
“Quando, não sei...”, na voz de Luís Gaspar
“Volúpia”, na voz de Luís Gaspar

Luís Graça:
“Afectos”, na voz de Luís Gaspar
“Sémen de Poeta sabe a arco íris”, na voz de Luís Gaspar

Luiz Vaz de Camões:
“Alma minha gentil, que te partiste”, na voz de Luís Gaspar

M. Andrews:
“A dor nos olhos...”, na voz de Luís Gaspar

Manuel Alegre:
“Breve poema da hora vã", interpretado pela Andante
“Correio", na voz de Frederico Hartley
“Trova do Vento que Passa", na voz de Manuel Alegre

Manuel António Pina:
“Coisas que não há que há”, interpretado pela Andante
“Na biblioteca”, interpretado pela Andante

Manuel Bandeira:
“Sonho de uma terça feira gorda", interpretado pela Andante

Manuel da Fonseca:
“Aldeia”, interpretado pela Andante
“Canção de maltês”, interpretado pela Andante
“Coro dos empregados da câmara”, interpretado pela Andante
“Domingo”, na voz de Mário Viegas
“Noite de Verão”, interpretado pela Andante
“Partir!...”, interpretado pela Andante
“Segundo (poemas da infância)”, interpretado pela Andante

Maria Azenha:
“cercou-se de luz e cântaros”, na voz de Maria Azenha

Maria do Rosário Pedreira:
“13”, interpretado pela Andante

Mário Cesariny:
“Exercício Espiritual”, interpretado pela Andante

Mário de Sá-Carneiro:
“Caranguejola”, na voz de Luís Gaspar
“Quase”, na voz de Carmen Dolores

Miguel Torga:
“Evocação”, na voz de Aurelino Costa

Natália Correia:
“A Defesa do Poeta”, na voz de Natália Correia

Nicolás Guillén:
“Palavras fundamentais”, na voz de Luís Gaspar

Nuno Júdice:
“Cidade Universitária”, na voz de Frederico Hartley
“Primavera”, na voz de Luís Gaspar
“Semiologia”, interpretado pela Andante

Otília Martel:
“Cálida”, na voz de Luís Gaspar

Pablo Neruda:
“Ode ao vinho”, na voz de Luís Gaspar
“Sobre uma poesia sem pureza (excerto)”, interpretado pela Andante

Rainer Maria Rilke:
“Mas se tentasses...”, interpretado pela Andante

Russel Edson:
“A mama”, interpretado pela Andante
“O banho”, interpretado pela Andante

Ruy Belo:
“E tudo era possível”, interpretado pela Andante
“Um dia não muito longe não muito perto”, interpretado pela Andante

Ruy Cinatti:
“Lembranças”, na voz de Luís Gaspar

Rui Diniz:
“Minhau”, na voz de Luís Gaspar
“Ode aos declamadores”, na voz de Luís Gaspar

Sidónio Muralha:
“A caminhada”, interpretado pela Andante
“A Pátria, de olhos sem fundo...”, interpretado pela Andante

Sophia de Mello Breyner Andresen:
“25 de Abril”, interpretado pela Andante
“Ausência”, interpretado pela Andante
“Esta gente”, interpretado pela Andante
“O Dia”, interpretado pela Andante

Teresa Rita Lopes:
“Os apanhadores de conquilhas”, interpretado pela Andante

Umberto Saba:
“O poeta”, interpretado pela Andante

Vasco Graça-Moura:
“blues da morte de amor”, na voz de Luís Gaspar

Vinicius de Moraes:
“Mar”, na voz de Luís Gaspar

Vitorino Nemésio:
“Outro Testamento”, interpretado pela Andante

Vítor Oliveira Jorge:
“Linha férrea”, na voz de Paulo Rato