quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


A Irresistível Voz de Ionatos
Victor Oliveira Mateus
Labirinto, Março 2009







A mulher da loja em frente traz consigo
algo das antigas deusas. Das possuídas
sibilas. E, com seu olhar flamejante
senta-se num banco esconso, como

quem ordena o mundo: quinquilharia,
pedaços pintados de moluscos, lascas
envernizadas de crustáceos. Depois.
Bem... depois reforça o ódio que nos tem

com epigramas mal amanhados
num enegrecido papel de embrulho.
Reforça a perigosidade dos poetas
sempre a infectar gentes, ilhas, rotas

ancestrais. E que o bem houvera sim,
na ditadura dos generais, onde a ordem
fora ordem, sem abcessos a estorvar
o destino. Nem o jovem e belo rei,

Cosntantino, tão jovem e tão rei,
abraçara tal imprudência, quanto
mais este viver com laivos
de altivez e foros de demência.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Novo livro de Fernando Esteves Pinto


Acaba de sair, pela editora Lua de Marfim, o livro de prosa poética "Identidade e Conflito - Estudos para uma Poética Negativa" de Fernando Esteves Pinto.
Datas de lançamento ainda não há, mas estão para breve...

Foi há... 25 anos

Revista "Sobreviver" – revista mensal do livro e da cultura, dirigida por José Antunes Ribeiro e editada pela Ulmeiro.
Fernando Aguiar recorda aqui o nº3 da II série, Fevereiro de 1986 (com Alberto Pimenta e E.M. de Melo e Castro na capa, no lançamento de “POEMOGRAFIAS – Perspectivas da Poesia Visual Portuguesa”, na Sociedade Nacional de Belas-Artes e com o fantástico título «Agitadores ocupam Belas-Artes»).

LOURES: Poesia à la carte

A Andante vai apresentar mais uma performance poética "Poesia à la carte" no próximo dia 4 de Setembro, pelas 16H00, no Parque da Cidade, em Loures.
Um evento "Livros no Parque", integrado no 10º aniversário da Biblioteca José Saramago.

Textos: Vários autores de língua portuguesa
Encenação, pesquisa e selecção de textos: Cristina Paiva e Fernando Ladeira
Textos ditos por: Cristina Paiva
Produção: Andante Associação Artística
Performance construída a partir de uma ideia original de Rosetta Martellin e da sua Jukebox di Poesia
Mais informações aqui: http://www.andante.com.pt/a_la_carte.html

LISBOA: Jantares com livros, poesia e às vezes música

Dia 3 de Setembro, na livraria/alfarrabista na Av. do Uruguai, 13A, em Benfica, a partir das 19H00.
O autor convidado será António Ferra, escritor, poeta e artista plástico.
Nasceu no Porto, em 1947, e vive em Lisboa. Publicou várias obras nas áreas da pedagogia e da literatura para crianças. No campo da ficção escreveu "Crónicas dos Novos Feitos da Guiné" e narrativas curtas, como "O Vermelho e o Negro", "Olhar o Silêncio", "Água e Fogo", "Silêncios Comprados", entre outras.
Representado em várias Antologias, em 2002 publicou o seu primeiro livro de poesia, "Com a cidade no corpo", seguindo-se em 2006, "A Palavra Passe", e em 2011, "Marias Pardas". Tem colaboração dispersa em jornais e revistas.
Manteve sempre a sua actividade como artista plástico, numa articulação possível com on trabalho de escrita.
Publicou na Ulmeiro e participou em Exposições de Arte na Galeria desta mesma Livraria.

Preço do jantar: 18,00€ (está incluído um livro que na mesma ocasião poderá ser autografado pelo autor).
Marcações: folioexemplar@gmail.com

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia



Entre a Vinha
Gonçalo Salvado
Desenhos de Rico Sequeira
Prefácio de Fernando Paulouro

Portugália Editora, Julho 2010





O vinho perfumado

Teu umbigo é uma taça redonda
a verter vinho perfumado.
Como bebê-lo
se apenas só de ver-te
meu sangue incandesce embriagado?

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


Amanhecem nas Rugas Precipícios
Alberto Pereira
Prefácio de Pedro Sena-Lino
Edium Editores, Maio 2011






Amanhecem nas rugas precipícios

Amanhecem nas rugas precipícios.
Pesam os dias empinados no vazio,
o tempo é fogo coado
a narrar o escaldar da neve.

A ocidente do coração
a juventude atrelada ao sangue.
No olhar o selim sedoso
onde se sentam ainda as mulheres
que despiam o paraíso.
Vêm devagar, tenebrosas,
com a distância em combustão.

Amanhecem nas rugas precipícios.
Espreitam na escotilha corporal,
migalhas luminosas enamoradas de sombra.

Já nada tosquia as cicatrizes.

A memória é um rebanho
de arame farpado
e a eternidade
o único tempo que morre.

domingo, 28 de agosto de 2011

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia



Tambor
Daniel Medina
Edição do autor, Março 2010







11.


O pau sondava o tambor
O tambor seduzia o pau
.........Com o véu a encobrir o arco-íris
.........Música vibrante do seu arco
.........Coxas latejantes
.........No feitiço de emprenhar som e fantasia
No ritual propósito de gerar
.........Fecundar
..................Crescer
...........................Revoltar
....................................Soltar-se

No apelo para a dança
O pau vergava sob a ânsia
Do tambor
A fêmea era a Terra
Alimentadas as mãos do homem
Umbigos arfantes
Aspirando sémen e suor e sangue e música
Nos espasmos
Contracções da terra
Expelindo lava
Sugando o poema primeiro
Continuando nos gestos que iriam renascer
Na ansiedade de novas descobertas.

sábado, 27 de agosto de 2011

MÉXICO: EDITA XXI

EDITA-MÉXICO - XXI Encontro Internacional de Editores Independentes

Editores, leitores, escritores e performers vão reunir-se em mais um EDITA, este ano no México.
O EDITA já se realizou em Espanha (Punta Umbría) e na Colombia (Medellín) e este ano será no México, em Coyoacán, no Museo Casa de Leon Trotsky, nos dia 3, 4 e 5 de Novembro de 2011.

Serão 3 dias repletos de apresentações, mesas redondas, lançamentos de livros, mostras de vídeos, leituras de poesia, performances, concertos, exposições, instalações...

Mais informações aqui: http://editamexico.wordpress.com/2011-2

Em Setembro, as Edições 50kg irão apresentar o livro de poesia «Palinopsia» de Pedro S. Martins, numa tiragem de 150 exemplares numerados e assinados pelo autor.
A capa é uma reprodução de uma aguarela de Ana Ulisses. Composto em tipografia de caracteres móveis.

LISBOA: Lançamento do livro de Pedro Tiago

(clicar para ampliar)

LISBOA: Lançamento do livro Z a ZERO de Wilmar Silva


na Livraria LER DEVAGAR
R. Rodrigues Faria, 103, Edifício G, na LXFactory (Alcântara)

dia 7 de Setembro pelas 19h00

Apresentação de Fernando Aguiar

No posfácio de "Z a ZERO", editado pela Anome Livros, de Belo Horizonte, Fernando Aguiar escreveu: "Com uma temática conceptual que não retira nada à sua essência, estes poemas são trabalhados de uma forma rigorosa nos conceitos que referi: têm uma estrutura poderosíssima, um som muito próprio, no aspecto estético são poemas concebidos pela repetição de cada letra por cada uma das vinte e seis que constituem o alfabeto, integrando ainda a ambiguidade conferida pelo registo descritivo da numeração com a correspondente supressão das vogais que, embora abstratizando no início, estimulam uma abordagem activa por parte do leitor na interpretação do corpo daquela construção consonântica, para que cada verso de cada soneto seja entendido na sua totalidade."

Wagner Moreira, poeta e professor, no texto publicado no "Suplemento Literário de Minas Gerais" sobre "Z a ZERO", refere o seguinte: "Outra inferência possível sobre esses poemas de exceção é a que alude a uma solução gráfica para se manter o padrão visual do conjunto poético, o que fortalece a organicidade sistêmica do livro em sua face imagética. Veja-se a capa e já terá o leitor a sensação vertiginosa sobre qual lado deverá prevalecer para o ato da interação receptiva da obra. O grande "Z" que ali figura faz girar os sentidos possíveis de abertura do objeto livro e, guarda, com leveza estranha, uma vizinhamça com a letra ene, homônima do poema eixo que põe em fuga o excesso de racionalidade expressada pelo poeta."

O poeta e crítico Leonardo de Magalhaens afirma que "Aqui o Poeta vem desfazer a própria poética. Ainda mais se lembramos que o poeta Wilmar Silva é o autor de obras diametralmente opostas, mais líricas, ainda que ásperas. “ANU” e “Cachaprego” são os exemplos mais polêmicos deste fenômeno. Obras que confundem pelo expressionismo, pela palavra-alada oralizada ainda que graficamente segmentada, truncada, mesclada, embolada. Tanto ANU quanto Cachaprego são gráfico-e-sonoridade, Concretismo e Poesia Sonora ao mesmo tempo. "


WILMAR SILVA, Rio Paranaíba, Minas Gerais, Brasil, 30/04/1965. Poeta, performer, editor, curador, artista visual e sonoro. Ensaísta/criador/curador do projeto de pesquisa de poesia de línguas neolatinas PORTUGUESIA MINAS ENTRE OS POVOS DA MESMA LÍNGUA, ANTROPOLOGIA DE UMA POÉTICA (Anome Livros/MG/Brasil, 2009), contraantologia em livrodvd com 101 poetas de Portugal, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Brasil (Minas Gerais). Fundador/editor da Anome Livros, prêmio Jabuti/2009. Curador do projeto de leitura, vivência e memória de poesia Terças Poéticas (Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais/Palácio das Artes/Belo Horizonte/MG/Brasil). Diretor/roteirista/apresentador do programa Tropofonia (prêmio Roquette-Pinto/2010), rádio educativa 104,5 UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Poesia traduzida e publicada em espanhol, inglês, francês, italiano, alemão, finlândes, húngaro. Ecoperformances de poesia biosonora apresentadas no Brasil e América, Europa e África.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

"África e Africanidades" produz antologia de poesia contemporânea cabo-verdiana

Saiu recentemente, em formato digital, uma antologia de poesia contemporânea cabo-verdiana, organizada por Ricardo Riso, disponível para acesso e download no sítio da revista académica África e Africanidades (ISSN 1983-2354), edição nº 13, ano IV.
Com 146 páginas, esta antologia reúne 76 poemas de 13 poetas cabo-verdianos: António de Névada, Carlota de Barros, Danny Spínola, Dina Salústio, Filinto Elísio, José Luis Hopffer C. Almada, Margarida Fontes, Maria Helena Sato, Mario Lucio Sousa, Oswaldo Osório, Paula Vasconcelos, Vasco Martins e Vera Duarte.
As ilustrações são da autoria dos artistas plásticos Abraão Vicente e Mito Elias.

APRESENTAÇÃO
A presente antologia pretende contribuir para a melhor divulgação da poesia contemporânea de Cabo Verde, ainda de tímida exposição no Brasil. Esse panorama contrapõe-se à excelente qualidade dos poetas revelados com o país independente, tendência que seria ampliada e consolidada nas últimas duas décadas configurando o amadurecimento da poesia cabo-verdiana, com seus agentes demonstrando pluralidades estético-formais, variedade temática e a busca incessante por um verbo depurado.
Organizar uma antologia expõe os riscos oriundos da seleção de quem a produziu, sendo inevitáveis algumas lacunas em razão das escolhas tanto dos poetas quanto dos poemas. Com isso, o critério que norteou a antologia foi o de que os poetas estivessem vivos, fossem reconhecidos por suas produções – principalmente as realizadas nos últimos vinte anos, com publicações próprias ou participações em antologias. Por outro lado, e apesar da boa inserção das obras de Dina Salústio e Vera Duarte no meio acadêmico brasileiro, houve a preocupação de oferecer maior representatividade de vozes femininas, pois é notório o predomínio masculino na poesia cabo- verdiana.
Um nome obteve especial atenção na antologia. Trata-se de Oswaldo Osório, agente histórico da poesia cabo-verdiana, poeta estreante ao lado de Mário Fonseca e Arménio Vieira em “Seló – Página dos Novíssimos”, no ano de 1962. Oswaldo Osório é o único dentre os antologizados que publicou no período colonial e permanece mantendo produção de elevado nível, como atesta o recente “A Sexagésima Sétima Curva” (2007, Dada Editora).
Com isso, a presente antologia deseja dar a conhecer, ainda que de forma breve, alguns desses poetas, artífices da linguagem, e assim estimular um olhar mais atento do público brasileiro para a recente produção poética cabo-verdiana.
Para encerrar, meu sincero agradecimento à Nágila Oliveira, idealizadora da revista África e Africanidades, que desde o primeiro momento abraçou o projeto da antologia. Agradeço a fundamental orientação e contribuição de José Luis Hopffer C. Almada, a valorosa ajuda da Profª Drª Simone Caputo Gomes. Agradecimento especial aos poetas participantes e aos artistas plásticos, Mito Elias e Abraão Vicente. E não poderia deixar de mencionar as Profas Dras que tanto contribuíram e contribuem no meu aprendizado: Norma Lima, Carmen Lucia Tindó Secco, Sonia Santos e Maria Teresa Salgado.

Ricardo Riso


Na edição 14 (agosto/2011), será publicada Moçambique Hoje: antologia da novíssima poesia moçambicana, também organizada por Ricardo Riso, com a participação de Alex Dau, Andes Chivangue, Armando Artur, Chagas Levene, Domi Chirongo, Manecas Cândido, Mbate Pedro, Rinkel, Rogério Manjate, Sangare Okapi, Tânia Tomé. Com ilustrações de João Paulo Quehá.

"África e Africanidades": http://www.africaeafricanidades.com

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


reflexões à boca de cena
João Ricardo Lopes
Bilingue (português/inglês)
Tradução para o inglês de Bernarda Esteves
Posfácio de Daniel Gonçalves
Labirinto, 2011






Rápida e indolor

rápida e indolor, uma espada de vento
corta-me a cabeça. e depois?
depois o coração continua no seu dolo obstinado.
dá para rir?
dá sim, um borrachão com a língua de fora
meio enterrado em madeixas de malmequeres
e gerânios municipais.
se te amo?
mas que raio de pergunta essa.
os cães vasculham a noite, voltam-na do avesso, mas
não hão-de intrometer-se, está visto, em
lâminas tão limpas assim, ensanguentadas de
memória.
vê como o vento em nós acorda uma loucura
de labareda azuldourada.
nunca por um segundo da minha vida o duvidei.
nunca, meu bem

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


Frescos
João Sevivas
Edição do autor
Braga, 2006






A panela ao lume
Salta nas artérias do sossego
Acrescenta-se o que se tira
O Inverno é deste tempo
Agasalhos são a ternura
Solidificada em púcaros de solidão cozinhada
Aguardamos o pão e o silêncio outra vez
Aqueles olhos, aquelas mãos
Esse verão que nunca mais vem
Esperamos e nada fazemos pelo sol
O frio só vem de nós

sábado, 6 de agosto de 2011

Foi há... 66 anos

A ROSA DE HIROSHIMA

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atómica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada.

Vinicius de Moraes

PORTIMÃO: Encontro com Fernando Cabrita

No próximo dia 12 de Agosto, pelas 22H00, na Feira do Livro de Portimão, o poeta algarvio Fernando Cabrita vai estar presente para um encontro com o público e para apresentação do seu recente livro ODE À LIBERDADE, que recebeu o Prémio Internacional de Poesia Palavra Ibérica 2010.

PORTO: Agenda de Agosto do CLP

:: Dia 7 | domingo
Piano bar, 18h00-20h00
Musicalidade Poética
Org.: José M. Silva

:: Dia 13 | sábado
Auditório, 22h00
Lançamento do livro de poesia "por eu me lembrar de ti" do Eng. Nuno Guimarães, Escritor e Adido Cultural na Embaixada de Portugal na Lituânia
Apresentação da obra a cargo de Pedro Baptista

Declamação por Angelo Vaz

:: Dia 16 | terça-feira
Piano bar, 21h30
Sessão de Poesia
Participação de actores portuenses
Org.: aPorto

:: Dia 23 | terça-feira
Piano bar, 21h30
Sessão de Poesia
Participação de actores portuenses
Org.: aPorto


Clube Literário do Porto:
Rua Nova da Alfândega, nº 22 - Porto