sexta-feira, 30 de setembro de 2011

ParadoXos



Já conhecem a poesia visual do Heduardo Kiesse? Não? Então visitem o blogue dele, aqui.

LEIRIA: Lançamento do livro de Paulo José Costa

No próximo dia 14 de Outubro, vai ter lugar na Loja FNAC do Leiria Shopping, o lançamento do livro de poesia "Sopro da voz" de Paulo José Costa.
Trata-se de uma colectânea de cerca 70 poemas, da colecção “Poesia Novos Talentos”, da Editora Textiverso (de Leiria).

Gulbenkian organiza conferências sobre Ruy Belo

Ruy Belo: Homem de palavra[s]
Colóquio Internacional

3 e 4 de Novembro de 2011, das 10H00 às 19H00, no Auditório 2 da Fundação Calouste Gulbenkian

Celebrando o cinquentenário da publicação de Aquele Grande Rio Eufrates (1961), este colóquio destina-se a homenagear a obra de um dos poetas centrais da segunda metade do século XX. Aberto a estudiosos da obra de Ruy Belo, mas também a especialistas da poesia portuguesa do século XX e da teoria e crítica literária, este encontro pretende pôr em relevo os múltiplos problemas que a sua poesia coloca, os universos de referência e o seu lugar no panorama da poesia contemporânea.

Mais informações aqui.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

VILA REAL: Amadeu Baptista recebe hoje o Prémio Literário António Cabral

O poeta Amadeu Baptista recebe hoje em Vila Real, numa cerimónia que terá lugar no Auditório da Biblioteca Municipal Dr. Júlio Teixeira, pelas 21H00, o Prémio Literário “António Cabral” que venceu com o livro original «Sistina».

Eis o poemas de abertura:

ARQUITECTURA

Estas paredes levantam-se para o céu
para que a casa de Deus tenha as medidas
da Sua omnipotência
e seja o templo alicerçado nas alturas,
entre as nuvens e o silêncio,
entre a pálpebra azul do firmamento,
e um rarefeito cômputo de passos,
porventura de homens, porventura
do que do divino aos homens
se aproxima, e os cinge
à Sua imagem e semelhança,
haja ou não haja remissão ou indulgência.

O céu é indiviso, e indivisas as luzes,
os seus enigmas, a sua arquitectura.
E monolíticos são os arcos que o suportam,
as suas sombras e anjos,
o seu farfalhar magnífico e aterrador,
sob o qual tudo arde, de repente,
sobrevindo ao infinito da casa,
na sempre eterna solidão salvífica
o princípio de tudo e o seu fim.

É esta casa ampla, como é amplo
Deus, e omnipotente, tal como serão
os homens que O olham desde o chão,
de súbito altíssimos, mas prenhes
de humildade e indefesos, inacabados,
assim que a Sua Voz lhes sulca
o coração, ou Deus prolonga o silêncio
no Seu verbo, que os calcina.

Felizes os cativos, felizes
os que se devotam aos rumores do templo,
felizes os que põem as mãos na sua ara,
os que confrontam a matéria
e pelo sonho aguardam, os que fendem
a terra e colocam pedras nos Seus furos,
e amassam nas mãos o Seu cimento,
a Sua argila cálida, a Sua água ardente,
o Seu fermento. Felizes os que levantam
andaimes nas paredes, os que usam
a roldana, a grua, o cabrestante, felizes
os que suam, os que usam vigas de cedro
na casa do Senhor, e Lhe propõem
um tecto e uma cama, e lhe dão uma porta
para que nunca parta.

É esta casa alta porque ao cimo
se constroem as casas onde Deus mora,
onde vivem os vivos que imploram
que ao seu templo se una outro templo
mais afeito à claridade que aos enigmas,
fulgente, porque nele embebe Deus
os homens em sabedoria, enquanto
ao seu redor as calamidades grassam
e os profetas erguem ao sol as suas mãos
secas como palha e escutam trombetas
no deserto, sangrando dos ouvidos,
e balbuciam a vinda do que há-de vir
e em Jerusalém, pressagiam, será o templo
caído e levantado num pestanejar.

Felizes os que sabem escutar os rumores
do templo, os que sobem escadas,
os que gizam esboços, os que preparam
as tábuas, e os que talham arestas,
os que abrem compassos e adestram réguas,
os que moldam o ferro, os que manejam
garlopas, e goivas, e espátulas,
os que afinam o gesso, os que limpam
as pedras, e os que carregam baldes,
e carros, e mosaicos,
e blocos de mármore, e gamelas
de reboco, e os que afagam soalhos,
e aplicam ladrilhos, e os que apertam os tornos,
os que puxam o fogo e instalam as águas,
os que estabelecem as cordas
e, no estaleiro, dormem ao relento,
os que debuxam, os que montam,
os que revestem, os que limpam,
os que vazam, os que cozinham, os que rebitam,
os que laminam, os que esculpem,
e os que rezam no fim, pela obra feita.

É esta casa o esplendor de Deus, lugar
de guardar as arcas e os mistérios,
e de recolher os homens
e os clarões que o escuro desvanece,
a casa onde as sombras iluminam
por intervenção divina,
e se abriga a paz que há-de reinar para todo o sempre,
porque é próprio da paz poder reinar,
mesmo que Sisto IV no templo se reveja
como Deus proibiu, tal como a David
proibiu Deus de construir na eira, porque
era esse um lugar sangrento
e só Deus sabe o preço que há no sangue,
o tanto que o sangue subverte,
o nosso sangue,
o sangue das ovelhas e dos pastores,
o sangue dos canteiros e dos pintores,
o sangue dos que sofrem e dos pacíficos.

Ah, felizes os que sabem escutar os rumores
do templo, sob a espessa pálpebra do firmamento.

Amadeu Baptista

LISBOA: Private Z(oo)M - Tempo de Bichos no Museu de São Roque


Integrando a programação AFRICANDO da semana Africana no Museu São Roque em Lisboa, Mito Elias & Trio Majina apresentam Private Z(oo)M - Tempo de Bichos - Celebrando a Poesia de Arménio Vieira, uma performance dedicada ao animalário na poesia de Arménio Vieira.

«Eis o incansável exercício de todo o percurso artístico do engenhoso e perspicaz artista Mito Elias. “Private Z(oo)m, Tempo dos Bichos” ou 15 poemas de Arménio Vieira, não lidos nem recitados, mas representados, 10 Mantras Sonoras ou então um pouco disto e daquilo da tradição musical universal, 400 Imagens fotográficas a que Mito chamaria recolha selectiva da poluição visual das urbes. 1 Vídeo, claro. Um vídeo que é um golpe de sorte… embora para se ter sorte, diria o outro, é preciso estar no momento certo por onde ela passa. Esse vídeo é, em suma, Arménio Vieira autobiogrando-se numa entrevista por telefone no dia em que recebeu a notícia de ter sido galardoado com o prémio Camões. Tudo isto é muito, mas mesmo assim perguntamo-nos sem pudor: que nome dar à performance de Mito Elias. VIDEOPHONEMA, responde ele mesmo. Neste caso em homenagem ao nosso prémio Camões e às cidades povoadas de sinais, marcos, texturas e… arte.»
Abraão Vicente


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Nota: Assisti a uma performance do Mito Elias, aqui na Praia (em Cabo Verde) na semana passada e o que vos posso dizer é: não percam!

LISBOA: Curso de Poesia na CFP

Vai decorrer, na Casa Fernando Pessoa, a segunda parte de um Curso de Poesia orientado por António Carlos Cortez, desta vez Poesia Contemporânea:
Datas das sessões: 17 e 24 de Outubro; 7, 14, 21 e 28 de Novembro e 5, 12 e 19 de Dezembro
Dia da semana: segundas-feiras
Horário: das 18H00 às 19H30
Custo de inscrição: 40 euros
Inscrições: de 28 de Setembro a 15 de Outubro, na Casa Fernando Pessoa
Mínimo de inscrições: 30
Máximo de inscrições: 80

Mais informações aqui.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

LISBOA: Lançamento na Buchholz

Dia 29 de Setembro, pelas 22H00, lançamento do livro de poesia “O Ouro do Céu” do autor grego Ares Alexandrou (editora Salamandra) na livraria Leya na CE Buchholz (Rua Duque de Palmela, 4 - Lisboa).
O livro inclui um CD com poesia interpretada por Michales Loukovicas.
No lançamento haverá um momento musical assegurado pelo autor e por Amélia Muge (autora da tradução, a partir da versão inglesa dos textos).
A apresentação estará a cargo de Eugénio Lisboa e Nuno Pacheco.

Prémio Literário Maria Amália Vaz de Carvalho

Instituído pela Câmara Municipal de Loures, a 10.ª edição do Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho distingue obras inéditas de poesia de autores portugueses, com um prémio de três mil euros.
O prazo de entrega dos trabalhos concorrentes termina no dia 3 de Dezembro de 2011.
Mais informações aqui.

Prémios de Revelação APE/BABEL 2010

Os Prémios de Revelação, a atribuir pela Associação Portuguesa de Escritores, com o patrocínio da Babel, distinguem, este ano, obras inéditas de autores portugueses em duas modalidades: poesia e ensaio literário.
Os Prémios – até ao máximo de três, em cada modalidade – traduzem-se na garantia de publicação das respectivas obras, pelo grupo de editoras que os patrocina, o qual também pagará os direitos de autor.
As obras deverão ser entregues entre 21 de Setembro e 25 de Novembro de 2011.
Mais informações aqui.
Se ainda não conhecem, vão lá espreitar.
Um blogue livre de estilo, onde 4 poetas escrevem com fúria.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Novo livro de Nuno Dempster



Nuno Dempster acaba de editar um novo livro de poesia, pelas Edições Sempre-em-Pé.
Tem o título "Pedro e Inês: Dolce Stil Nuovo" e estará em breve nas livrarias.


Eis o poema de abertura:

Posso ver, inclinados sobre Inês,
os vultos que na noite de outro tempo
escreviam com forma e tom diversos,
porque deste futuro não sabiam
o modo e sua cor, nem o ruído
de máquinas velozes a marcar
a urgência da denúncia que me bate
nas têmporas, aviso para a luz
nascente das palavras irreais
do palimpsesto, em cujo pergaminho
os vultos escreviam sem ter dúvidas,
pois nada se mudava nos seus anos.

Novo livro de Tatiana Faia

As Edições Artefacto acabam de editar um livro de poesia de Tatiana Faia.
Chama-se «Lugano» e terá a sua primeira sessão de apresentação no próximo dia 15 de Outubro, pelas 18H00, na Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul (Av. D. Carlos I, n.º 61 - 1º, em Lisboa).
O livro será apresentado por Fernando Guerreiro.



PAROS
There is a great heart-break in an evening sea
Lawrence Durrell, "Finis"
I
paros noite caída no mármore
um rumor de mar intranquilo e preso
à sua profundidade silenciosa e salgada
luzes morrendo de um estrépito contra a água
na baía recurva que lembra nau ou sabre
queria que tivesses visto paros o claro
mar de paros e suas brancas ruas arquíloco
de paros em paros mas nada só silêncio

II
paros e as suas ruas claras de agosto
onde fixamente se recorda a tua
austeridade felina cortada por
branco brinco de pérola esquecido entre
o negro dos cabelos noite no mármore
descalço no saibro sandálias da mão pendendo
não um homem apenas o apontamento
de uma hora uma canção bêbada
a mesquinhez quase meiga que guardamos
para estarmos vivos e fechados do mundo
surdos na noite de paros quase ilesos
os cabelos restolhando nos ramos baixos
das oliveiras queria que tivesses visto paros

III
a pobreza de uma ilha fechada na noite
e fechada no mar a sua apolínea face
um rosto de estátua que um gesto de mão
dizendo de ternura talvez pudesse amparar
se um lugar nos pudesse guardar amparo
se o merecêssemos o conquistássemos sem
a frieza amarga de um golpe de garras seria
paros e o seu sorriso de sabre junto ao mar

IV
na íris de azul e púrpura da primavera
perduram os lugares a sul da tempestade
com seus cântaros de barro em limiares
de paredes de cal tenho espera
posta à chuva e há-de encontrar-te
em qualquer estrada distante
um café onde entres a tempestade entre
as oliveiras em paros repete a cena do filme
de ermanno olmi uma cabine de telefone
e algumas moedas a alegria de estar vivo
é uma coisa dispersa se a quiséssemos
enumerar nem tudo seria recordado

V
porque pensámos que seria errado
à vida querer cobrar alguma coisa
mas a verdade é que cobramos sempre
pequenas coisas a tua voz assobia
entre pedras e é um fio cortante
alguém no meio do caminho te chama
e tu viras o rosto pertences a cada coisa
que seja um laço nas cidades da noite
já muito longe do mar contra a tua fronte
quebra-se a distância desarticulada
o que está entre nós e entre nós e as coisas

VI
longa noite no manto da cidade sobre
os ombros estendido algo que está
sobre a mesa uma caneta
esquecida numa lata de chá um livro
um copo vazio na janela coada luz de
azul e prata te traz seguro pela raiz
dos cabelos assim mais uma vez
fitarás a aurora de homero, a de róseos
dedos que em pétalas as horas entreabrem
e o teu olhar mais interrogativo fixa-se
aos pilares da manhã à ideia da primeira
palavra que te força a abrir
as mãos o gesto que falasse de uma pobreza
clara e simples esse desprendimento que
apenas ao de leve nos une ao mundo

LISBOA: Poéticas Contemporâneas na FCSH

POÉTICAS CONTEMPORÂNEAS
1º Encontro:
Revistas literárias do século XXI

Moderador: António Guerreiro
Com a participação de:
Ana Salomé (GOLPE D’ASA)
André Simões (ÍTACA)
Fernando Guerreiro (PIOLHO)
Gastão Cruz (RELÂMPAGO)
Manuel de Freitas (TELHADOS DE VIDRO)
Mariana Pinto dos Santos (INTERVALO)
Paulo Tavares (ARTEFACTO)

30 de Setembro • 18H00
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - Edifício ID (Lisboa)

Atenção, poetas!

Uma nova editora acaba de nascer. Chama-se Hariemuj e já está a mexer!
Contou-me um grilo falante que, como primeira obra, a Hariemuj está prestes a editar uma antologia de poesia. Mas sobre isso, aqui falarei um destes dias.
Dirigida por Maria Quintans e Vítor Marques da Cruz, esta nova editora tem como objectivo a publicação de obras originais de poesia, prosa poética, ficção e ensaio, nacionais e estrangeiras.
Visitem-na aqui.

Luís Felício vence Prémio Literário Cidade de Almada

“A Sombra dos Lugares”, da autoria de Luís Felício, foi o original premiado na edição 2011 do Prémio Literário Cidade de Almada (modalidade de Poesia). O vencedor foi conhecido no passado dia 22 de Setembro, no Fórum Municipal Romeu Correia, em Almada.
A decisão do júri, constituído por Liberto Cruz, em representação da Associação Portuguesa dos Críticos Literários, José Correia Tavares, vice-presidente da Associação Portuguesa de Escritores, e Fernando Pinto do Amaral, em representação da Câmara Municipal de Almada, foi tomada por unanimidade.
A este prémio, no valor de cinco mil euros, concorreram 219 originais.

TROFA: Poesia no Café

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


Poèmes au secret
Bruno Doucey
Prefácio de René Depestre
Le nouvel Athanor, Paris, 2008






Chemins du vent
Carnets nomads

Dans l’attente
de l’éblouissante splendeur minérale
face aux rivages de la nuit
je pense à vous
et me rejoins

Calligraphie du vent
sur la page des dunes

Je ne connais de l’autre
que l’étendue du soir
et le peu de sa nuit
mais l’autre me regarde et me parle
à travers une forêt de gestes et de larmes
que le vent de l aplaine assèche

Dans l’échancrure des lointains
avant le sable
si proche enfin de la lumière

Traces de l’autre
trace des larmes
dans la poussière des lendemains

Calligraphie des dunes
Sur la page du vent

Que
Le serpente
Des mots
S’enroule
Dans le sable
Et s’y dévore

***

Caminhos do vento
Cadernos nómadas

Na espera
do ofuscante esplendor mineral
diante das margens da noite
eu penso em vós
e junto-me convosco


Caligrafia do vento
Sobre a página das dunas

Eu não conheço outra coisa
que a extensão da tarde
e o pouco da sua noite
mas o outro olha-me e fala-me
através de uma floresta de gestos e de lágrimas
que o vento da planície seca

Na baía do longínquo
antes da areia
tão próximo enfim da luz

Vestígios do outro
Vestígio das lágrimas
Na poeira dos amanhãs

Caligrafia das dunas
Sobre a página do vento

Que
A serpente
Das palavras
Se enrole
Na areia
E aí se devore

(Tradução de Maria João Cantinho)

domingo, 25 de setembro de 2011

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


Bio grafia
António Ferra
Europress, 2010







6.

Em certos sábados, atirava a bola contra a parede e esperava o ricochete para lhe acertar de novo com o pé esquerdo. Mas ao fim de três ou quatro toques, desistia desse jogo repetido.
Preferia interrogar as aves, soltar o cão do cadeado e correr com ele para aprisionar o arvoredo, nas mãos pequenas onde guardava o segredo de um ninho violado.

sábado, 24 de setembro de 2011

Novo livro de Amélia Vieira


GABRIEL

Amélia Vieira
Cavalo de Ferro, 2011







«Para que servem poetas em tempo de indigência? Talvez evitem o despenhar nas costas, os naufrágios abruptos, talvez desviem as rotas das tormentas – Faroleiros Vigilantes – e, se evitarem um que seja, a sua participação já é válida.»
Amélia Vieira (da Introdução)


Depois de "Fim" (2004) a Cavalo de Ferro volta a editar poesia de Amélia Vieira com "Gabriel", um conjunto de poemas escritos entre 2009 e 2010, em que a autora pressente no século XXI uma passagem conturbada e em colapso, mas para a qual antevê um futuro redentor.

(...)
“...............Olha então Babel, a dinastia, o pranto, olha o engano, olha a vontade. Olha. Como foi tanto!

Quero uma casa à beira dos abismos onde possa tanger a minha lira.
E um efebo em cio, na tarde quente, todo por dentro, sabendo a mirto.

Uma força sem hábito. Um nu. Um nada que chegue e que cumpra a natureza.
Tal qual deus a fez, e seja, o cumpridor cego da presa.
O ser que vou comendo
Durante o tempo, sempre por dentro. E,

Indefesa.

PORTO: Lançamento na Poetria

A Livraria Poetria promove no dia 8 de Outubro, sábado, às 18H00, uma sessão de apresentação poética do livro “O Céu sobre Berlin”, de Danyel Guerra.
A publicação será apresentada por Ana Catarina Marques que, juntamente com Susana Guimarães, lerá poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen, Hilda Hilst, Ana Cristina César, Friedrich Hölderlin, Miguel Torga e Jorge Luís Borges.
A sessão realiza-se nas instalações da Poetria, à Rua de Sá de Noronha,157, Porto.

Nesta coletânea de “road stories” Danyel Guerra evoca a sua travessia a pé do Muro de Berlin, misturando uma realidade pungente com uma fabulação luminosa. O livro integra ainda mais nove (pré)textos de viagens, crónicas encenadas em cidades espanholas como Getaria, terra natal do estilista Cristobal Balenciaga. E ainda uma ode poética à escritora brasileira Hilda Hilst.

PORTO: Lançamento do livro de José Maria Almeida

Auditório do Clube Literário do Porto,
24 de Setembro, pelas 21H30:
Lançamento do livro de poesia “Amo um Anjo”, de José Maria Almeida.
Apresentação a cargo de Rui Fonseca.
Recital de Harpa.

LISBOA: Lançamento do livro de João Silveira

Lançamento do livro de poesia Dever/Haver, de João Silveira
24 de Setembro • 18H30
Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul
Av. D. Carlos I, n.º 61 - 1.º andar, Lisboa

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Amanhã há livros à borla


Amanhã, sábado 24 de Setembro, vão ao Miradouro da Penha de França, levem livros de poesia e tragam outros livros de poesia. Está lá (mais uma vez) o José Mário Silva com a banquinha montada...

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

ESTORIL: Poesia Republicana

Uma viagem panorâmica pelos últimos 200 anos da história política e cultural de Portugal à luz da poesia militante da causa republicana, que desde cedo entendeu fazer dela uma das principais armas do seu combate ideológico.

Dia 23 de Setembro, pelas 18H00, no Espaço Memória dos Exílios (polo cultural da Câmara Municipal de Cascais): Av.ª Marginal, 7152-A, Estoril (antigo edifício da Estação dos Correios, frente à Estação de comboios).

Coordenação de David Zink e Isabel Lousada.
Leitura de poemas: Antónia Pereira, Estefânia Estevens, Francisco José Lampreia, Jorge Castro, Júlia Lello e Rita Soares.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


As Raízes Diferentes
Fernando Guimarães
Relógio d'Água, 2011 








JARDIM DO MUSEU PEGGY GUGGENHEIM EM VENEZA

Refiro-me à tranquilidade que existe nos jardins. Sem pressa,
principiamos agora a caminhar pelos passeios que separam
os tufos das plantas, os arbustos. Podíamos dizer que eles se tornaram
semelhantes ao tempo, à água que corre perto. Sentíamos
mais o seu movimento que o nosso, porque estamos cansados,
e, próximos de um portão de ferro, tínhamos ao entrar recebido
o seu peso. Depois seguimos pelos corredores, atravessamos
as salas. As paredes eram como fendas, delicadamente cercadas
por molduras. Dentro delas cabiam as imagens
que passavam a ser como os nossos olhos. Era assim que a luz
vinha ter connosco só para ensinar-nos que a sua origem
estava lá fora, misturada com as flores entreabertas, as folhas
caídas, os arbustos que foram tocados levemente pelo vento
ou o que podia ser ali uma recordação: os cães. Eles tinham percorrido
outrora as mesmas salas, as escadarias, os caminhos com saibro,
as lajes. Era aí que esperavam pacientemente que a sua dona
os viesse alagar. Agora já não existem. Mas à volta há-de sentir-se ainda
os odores que eles conheciam, a maneira como o espaço se tornou
mais vazio. Estão nos canteiros espalhadas as suas cinzas.

LISBOA: Uma exposição diferente

LINK é o título de uma exposição que reúne obras de três artistas que praticam uma forma de abstracção baseada em símbolos, letras ou expressão escrita:

Ana Hatherly, artista plástica, poeta e ensaísta, pioneira na combinação do desenho com a escrita, com obra reconhecida internacionalmente.

Fernando Aguiar, que trabalha com poesia experimental e visual desde 1976 associada à pintura, instalações e performances.

ISU, um robô criado por Leonel Moura, em 2006, que gera pinturas com letras e palavras.

Esta exposição estabelece uma relação entre a obra de artistas, poetas visuais e letristas, com a produção de máquinas capazes de gerar uma expressão pictórica com base na inteligência artificial.

Inauguração: 22 de Setembro, pelas 18H30. Patente até 23 de Outubro.
No Robotarium da LxFactory (Rua Rodrigues Faria, 103, H02, Lisboa)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

RÉGUA: Poesia à la carte

A Andante vai apresentar mais uma performance poética "Poesia à la carte" no próximo dia 20 de Setembro, pelas 21H30, na Feira do livro da Régua.

Textos: Vários autores de língua portuguesa
Encenação, pesquisa e selecção de textos: Cristina Paiva e Fernando Ladeira
Textos ditos por: Cristina Paiva
Produção: Andante Associação Artística
Performance construída a partir de uma ideia original de Rosetta Martellin e da sua Jukebox di Poesia
Mais informações aqui: http://www.andante.com.pt/a_la_carte.html

VILA FRANCA DE XIRA: Lorca e Manuel da Fonseca

Lançamento do livro «Garcia Lorca e Manuel da Fonseca. Dois poetas em confronto.» de Manuel G. Simões (edição Assírio & Alvim), com a presença do autor.
Dia 24 de Setembro, pelas 16H00, no Auditório do Museu do Neo-Realismo (Rua Alves Redol, nº 45, Vila Franca de Xira).

Piolho: e vão 6!

Acaba de sair mais uma revista de poesia PIOLHO, editada pelas Edições Mortas e Black Son Editores.
Este sexto número, coordenado por Sílvia C. Silva, Meireles de Pinho (capa e arranjo gráfico), Fernando Guerreiro e A. Dasilva O., traz textos de Inês Dias, Golgona Anghel, Marta Chaves, Ana Dias, Mariana Pinto dos Santos, Oliveira Martins Roxo, Renata Correia Botelho, A. Maria de Jesus, Sílvia C. Silva, Rui Caeiro, José Carlos Soares, Miguel Martins, Vitor Nogueira, António Barahona, manuel a. domingos, Fernando Guerreiro, Diogo Vaz Pinto, Rui Miguel Ribeiro, Jorge Roque, Luís Manuel Gaspar, A. Pedro Ribeiro, António S. Oliveira, Pedro Calcoen, Rui Pires Cabral, Rui Azevedo Ribeiro, Ricardo Álvaro, Manuel de Freitas e Charles Bukowski.
As ilustrações são de Sandra Filipe.

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


Vida de um Homem
(escolha poética)
Giuseppe Ungaretti
Tradução de Luís Pignatelli
Hiena Editora, 1987 







NUMA GALERIA

Um olho de estrelas
nos espia daquele tanque
e filtra a sua gelada bênção
dentro deste aquário
de sonâmbulo tédio

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

LISBOA: Lançamento do livro de Helder Macedo

Poemas Novos e Velhos
de Helder Macedo
Lançamento na Casa Fernando Pessoa, no dia 23 de Setembro, pelas 18H30

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


Kaubersu
Tinudu
Dada Editora
Cabo Verde, Novembro 2010






Vadu

Vadu
nha lágua pa bo
sen txoru, sen kor, má xeiu di dor
disprindan d'odju

n modja nha dedu na el
n skrebeu es omenaji

kabuverdi txora
di riba kutelu ti dixi rubera
lágua ta kori
ta kanba baxu

Vadu
lua ta soma
la riba seu
ta trazebu lus
pa limiau kaminhu di seu

lua ta soma
sol raia
speransa na manhan

ta fika ku nos, bu armun kabuverdianu

***

Vadu

Vadu
As minhas lágrimas por ti
Sem choro, sem cor, mas com muita dor
Desprendem-se dos meus olhos

Com ela molhei os dedos
Para escrever esta homenagem

Cabo Verde chora
Do alto do monte até às ribeiras
As lágrimas correm
Até se perderem nos seus leitos

Vadu
A Lua está aí
No céu
Para te trazer luz
E iluminar o caminho

Está aí a Lua
O Sol nasceu
Esperança no amanhã
Fica connosco, teu irmão cabo-verdiano

(Tradução de Vlademiro Osvaldo Marçal)

domingo, 18 de setembro de 2011



“Onde os Desejos Fremem Sedentos de Ser” é o novo livro de poesia de Álvaro Giesta, editado pela Corpos Editora (Colecção World Art Friends XII).





Mordo estes momentos de loucura
sem os enredos subtis da lua cheia
nem as tramas cruzadas das águas ácidas
clarividentes
de loucura e demência.

LISBOA: Diálogo entre Pessoa e Sophia na CFP

Novo livro de Miguel Martins

"Lérias" é o mais recente livro de Miguel Martins e tem já uma data para lançamento: dia 24 de Setembro, pelas 18H00, no bar do Teatro A Barraca (Largo de Santos, Lisboa).
"Lérias" foi editado pela Averno, por Inês Dias e Manuel de Freitas, a capa é do Rui Pires Cabral e o grafismo de Inês Mateus.

Palinopsia de Pedro S. Martins

Pedro S. Martins acaba de publicar, pelas Edições 50kg, o livro de poesia «Palinopsia», com uma tiragem de 150 exemplares numerados e assinados pelo autor.
A capa é uma reprodução de uma aguarela de Ana Ulisses. O livro é composto em tipografia de caracteres móveis.



Da janela
observo o homem
que passeia
pelo Boulevard du Montparnasse
em roupão.

Sobressaltado
fuma cachimbo como
se tivesse
uma seara

de fogo à frente
dos olhos.

Desaparece entre
o espelhar

da Gare e o algodão
do céu da minha boca.
Sempre fui eu
a única figura
que reconheço

nestas alucinações
líricas.

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


La Neuvaine D'Amour
Bruno Doucey
Éditions de l’Amandier, Paris 2010







6.

Femme des antipodes et des marées secrètes
Femme du loup-cervier et des pierres d’alun

Femme qui viens le soir ravauder le silence
Et livrer ton tumulte aux neiges boréales
Femme des baies sauvages et des battements d’ailes
Que les forêts primaires en ont fleuré l’haleine

Je suis le grand nómade qui traverse tes nuits
Tandis qu’un feu dévore son arrière-pays

***

6.

Mulher dos antípodas e das marés secretas
Mulher lince e de pedras lunares

Mulher que chegas pela noitinha consertar o silêncio
E entregar o teu tumulto às neves boreais
Mulher das baías selvagens e do batimento de asas
Mulher cujo tesouro veio de tão longe
Que as florestas primárias lhe floriram o hálito

Eu sou o grande nómada que atravessa as tuas noites
Enquanto o fogo devora o país que deixou para trás

(Tradução de Maria João Cantinho)

sábado, 17 de setembro de 2011

LISBOA: Nemésio homenageado no CCB

Vitorino Nemésio será homenageado no Centro Cultural de Belém, no dia 18 de Setembro, com um programa que inclui um debate, a projecção de um documentário e uma leitura da sua "Última Lição".
Vitorino Nemésio (1901-1978), nasceu na ilha Terceira, nos Açores, e foi poeta, ficcionista, biógrafo, ensaísta, cronista, professor universitário, conferencista, homem da rádio e da televisão.

Outro Testamento

Quando eu morrer deitem-me nu à cova
Como uma libra ou uma raiz,
Dêem a minha roupa a uma mulher nova
Para o amante que a não quis.

Façam coisas bonitas por minha alma:
Espalhem moedas, rosas, figos.
Dando-me terra dura e calma,
Cortem as unhas aos meus amigos.

Quando eu morrer mandem embora os lírios:
Vou nu, não quero que me vejam
Assim puro e conciso entre círios vergados.
As rosas sim; estão acostumadas
A bem cair no que desejam:
Sejam as rosas toleradas.
Mas não me levem os cravos ásperos e quentes
Que minha Mulher me trouxe:
Ficam para o seu cabelo de viúva,
Ali, em vez da minha mão;
Ali, naquela cara doce...
Ficam para irritar a turba
E eu existir, para analfabetos, nessa correcta irritação.

Quando eu morrer e for chegando ao cemitério,
Acima da rampa,
Mandem um coveiro sério
Verificar, campa por campa
(Mas é batendo devagarinho
Só três pancadas em cada tampa,
E um só coveiro seguro chega),
Se os mortos têm licor de ausência
(Como nas pipas de uma adega
Se bate o tampo, a ver o vinho):
Se os mortos têm licor de ausência
Para bebermos de cova a cova,
Naturalmente, como quem prova
Da lavra da própria paciência.

Quando eu morrer. . .
Eu morro lá!
Faço-me morto aqui, nu nas minhas palavras,
Pois quando me comovo até o osso é sonoro.

Minha casa de sons com o morador na lua,
Esqueleto que deixo em linhas trabalhado:
Minha morte civil será uma cena de rua;
Palavras, terras onde moro,
Nunca vos deixarei.

Mas quando eu morrer, só por geometria,
Largando a vertical, ferida do ar,
Façam, à portuguesa, uma alegria para todos;
Distraiam as mulheres, que poderiam chorar;
Dêem vinho, beijos, flores, figos a rodos,
E levem-me - só horizonte - para o mar.


Vitorino Nemésio

Interpretado pela Andante:

Voz: Cristina Paiva; Música: Dirty Three; Sonoplastia: Fernando Ladeira

LISBOA: Lançamento do livro de Fernando Esteves Pinto

No próximo dia 23 de Setembro, vai ter lugar na livraria Leya da CE Buchholz, pelas 18H30, o lançamento do livro de prosa poética "Identidade e Conflito - Estudos para uma Poética Negativa" de Fernando Esteves Pinto (Editora Lua de Marfim).
A apresentação do livro estará a cargo de Tiago Nené.
Leitura de textos por Gisela Ramos Rosa.
Será servido um porto de honra.

A Livraria Leya da CE Buchholz fica na Rua Duque de Palmela, 4, em Lisboa.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Revista Culturas ENTRE Culturas dedicada a Fernando Pessoa

O n.º3 da revista Cultura ENTRE Culturas é dedicada a Fernando Pessoa e inclui um dossiê especial de 72 páginas com inéditos do espólio do poeta.
Inclui ainda Os Orientes de Fernando Pessoa, de Jerónimo Pizarro, Patricio Ferrari e Antonio Cardiello, um desenho inédito de António Ramos Rosa, poesia inédita de Casimiro de Brito e a fotografia de Mariis Capela, além de ensaios de António Cândido Franco, Luiz Pires dos Reys e Paulo Borges, entre muitas outras colaborações nacionais e internacionais.

A apresentação será no dia 20 de Setembro, pelas 18H30, na Casa Fernando Pessoa, e estará a cargo de Miguel Real e António Cândido Franco. Estarão presentes Paulo Borges, director da revista, e Luiz Reys, director artístico.

A Casa Fernando Pessoa fica na R. Coelho da Rocha, 16, em Lisboa.

epipiderme 20

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


Cancioneiro da Trafaria
Nunes da Rocha
&etc, 2008








DO GRAÇA, O ORFEU DA REBOLEIRA, EM 26/11/06

Já não lembro a musa
(Quando noite havia
À conversa com o Pessanha,
Anha, anha,
Pedrinhas, conchinhas...),
Entre Chinas e Pavias.

Com o Cinatti lembro mais,
E era sempre noite
(O vinho, os excessos de tabaco
E o St.º Agostinho,
"Poesia há só uma", podes ir embora).

Já o Mário,
O Cesariny,
E o Vasconcelos,
Conheci cada um deles à vez,
E era muita & variada a poesia.
(Volta sempre,
Quando voltar o dia).

Se algum deles morreu, isso não sei.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

PORTO: Lançamento


Lançamento do livro "Por que se desloca o homem para o afrontamento do abraço", de Francisco Vinhas (edição Cosmorama), no próximo dia 17 de Setembro, pelas 16H00, no Palacete Balsemão - Praça Carlos Alberto, Porto.
O livro será apresentado por Fernando de Castro Branco.

Atenção, autores

Nasceu uma nova editora, com sede na Nazaré.
Chama-se volta d'mar e o blogue fica aqui.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

CASCAIS: Noites com Poemas


Vai ter lugar mais uma Noite com Poemas, no próximo dia 16 de Setembro (sexta-feira), pelas 21H30, na Biblioteca Municipal de Cascais, em São Domingos de Rana, com Manuel Freire.

LISBOA: Agenda poética da CFP para Setembro











15 Setembro • 18H30

Inauguração da exposição de fotografia Orphelia Reclinada de Caseirão.

20 Setembro • 18H30
Miguel Real apresenta o Nº 3 da revista ENTRE Culturas dedicado a Fernando Pessoa.

23 Setembro • 18H30
Eduardo Lourenço apresenta Poemas Novos e Velhos (ed. Presença) de Helder Macedo.

27 Setembro • 18H30
2ª sessão de Pessoa em Diálogo com Eunice Muñoz e Pedro Lamares e dedicada a Pessoa & Sophia.

A Casa Fernando Pessoa fica na Rua Coelho da Rocha, 16, em Lisboa.