quarta-feira, 30 de junho de 2010

Prémio Literário Casino da Póvoa 2011

Foi aberto o período de candidatura para o Prémio Literário Casino da Póvoa 2011, no âmbito do Encontro de Escritores de Expressão Ibérica Correntes D' Escritas, cuja edição de 2011 decorrerá entre 23 e 26 de Fevereiro. As candidaturas devem ser feitas até dia 30 de Agosto e a modalidade deste ano será Poesia.
O regulamento do prémio pode ser consultado aqui.

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


Antonio Gómez
Aula Literaria Jesús Delgado Valhondo
AEEX, Asociación de Escritores Extremeños, 2010







I
ncrustado en la memoria,
el pasado -como un lastre-
desafiante azuza.
Desandar lo andado,
buscar sosiego,
rescoldos de ternura
bálsamo, virtudes,
refugios,
miradas diáfanas
y puertas sin llave.

Mis manos abiertas,
tendidas, limpias
y vacías.

terça-feira, 29 de junho de 2010

EKPHRASIS - 2, 3 e 4 de Julho, 21H45
Museu Nogueira da Silva, Braga
Organização: Sindicato de Poesia

"Uma viagem (guiada) por uma espécie de instalação poética performada, criada nalgumas das zonas menos acessíveis ao Museu. Quando, finalmente, os “habitantes animados da instalação” e as “guias dançantes” se reúnem no salão nobre, estação intermédia da viagem, consuma-se o corpo principal do recital.
Ekprasis resulta da soma de várias reflexões poéticas sobre outros tantos objectos pictóricos. É poesia inspirada na pintura, ou o discurso poético que produz comentário e reflexão a partir de algumas obras maiores da pintura.
E há um fado. E uma canção sobre uma fotografia de um pintor. E uma canção sobre a viagem."

Participam: Ana Gabriela Macedo, Ana Arqueiro, Carolina Losa, Daniel Pereira, Gabriela Barros, Gaspar Machado, João Figueiredo, Lara Franco, Luís Barroso, Manuela Martinez, Paulo Pereira, Sandra Andrade, Susana Cerqueira e Vânia Gonçalves. Direcção: António Durães.

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


A Fome da Pele
Jorge Fragoso
Palimage, 2004








Morada


retorno à casa esquecida
encosto aos umbrais das salas
o corpo gasto de caminho

as varandas abrem-se remotas
e o dia é de cinza

entra-me pelo olhar
a lonjura imensa dos navios

mais longe
na amurada
flutua uma neblina
como a capa cúmplice
de um livro

só uma evocação
o silêncio enorme abrupto

a casa é o peito

segunda-feira, 28 de junho de 2010

A Musa ao Espelho



PATHOS - Pequena antologia quase inédita de poesia contemporânea portuguesa

A Musa ao Espelho apresentou no dia 24 de Julho de 2006 na Casa da Música, no Porto, um espectáculo intenso e eclético com leitura de poemas originais. No dia 27 de Novembro do mesmo ano, repetiu o mesmo espectáculo na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, com a apresentação da antologia Pathos (livro+CD+DVD), edição da Gailivro. O CD e o DVD são o resultado da gravação ao vivo no dia 24 de Julho na Casa da Música.
Os poemas são interpretados por José Carlos Tinoco e acompanhados por Juca Rocha (piano), Ianina Khmelik (violino), Vanessa Pires (violoncelo) e Fátima Santos (acordeão).
Os temas compostos ou adaptados para cada um dos poemas acentuam a ambiência do texto, transportando o espectador através de uma viagem imaginária, visitando diferentes espaços físicos e emocionais.
Poetas: Ana Luísa Amaral, António Maria Lisboa, Bénédicte Houart, Carlos Poças Falcão, Daniel Jonas, Daniel Maia-Pinto Rodrigues, Eduarda Chiote, Filipa Leal, Helga Moreira, Humberto R., João Luís Barreto Guimarães, João Rios, Manuel António Pina, Rosa Alice Branco e Rui Lage.

(no vídeo, interpretação do poema "Últimos Heróis" de Humberto R.)

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


disrupção
Jorge Melícias
Cosmorama, 2008








A ferida entre o torno.

O dom circunscrito,

a trave levedando
sobre o caule.

Por baixo
o eixo
do fogo,

os dedos em volta
como um verbo murado.

domingo, 27 de junho de 2010

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


Ayer Vendrá
Poemas Escogidos (1935-1984)
Luis Rosales
Junta de Andalucía, 2010







Larga es la ausencia


Tu soledad, Abril, todo lo llena,
colma de luz la espuma y la corriente,
aurora niña con su sol reciente,
toro en golpe de mar como mi pena.

La soledad del corazón resuena
desierto ya como un reloj viviente,
como un reloj que late porque siente
la marcha de tu pie sobre la arena.

Y así vas caminando sangre adentro,
sangre hacia arriba, hacia el primer encuentro,
sangre hacia ayer en la memoria mía;

¡ay, corazón, donde me pisas tanto!,
¡qué soledad sin ti, cierva de llanto!,
qué soledad de luz buscando el día.

sábado, 26 de junho de 2010

Videopoema

Circle from Rodolfo Franco on Vimeo.


Videopoema de Rodolfo Franco e Bruno Reis.

Outras sugestões para os próximos dias


28 de Junho (segunda-feira):

LISBOA – Fundação Mário Soares
Apresentação da colecção Alberto de Lacerda, dirigida por Luís Amorim de Sousa, edição da Assírio & Alvim.
Dia 28 de Junho, segunda-feira, às 18 horas, no Auditório da Fundação Mário Soares (Rua de São Bento, 160, Lisboa).
Serão lidos poemas de Alberto de Lacerda, por Maria de Jesus Barroso e Luís Lucas.
Será servido um beberete.

.............................................................................

30 de Junho (quarta-feira):

LISBOA – Livraria Círculo das Letras
Lançamento de "Perceptos - Poemas da adolescência e da Juventude" de Mário Nascimento (Virgilio Amaral), edição do autor.
30 de Junho, 18H45: Lançamento/Sessão de Poesia.
Apresentação - Helder Soares (ed. ovni) e Jorge Morais (escritor);
Personagens apresentadas por Luis Paiva;
Declamação poética - Mário Nascimento.
CÍRCULO DAS LETRAS: Rua Augusto Gil, 15 B - Lisboa


PORTO - Bar Livraria Labirintho
O Mito de Salomé dando Voz à Poesia. O erotismo e a morte vistos por vários poetas dos dois séculos que nos antecedem: William Wilde, Gottfried Keller, Jean Lorrain, Arsène Houssaye, Pierre Louÿs, Albert Samain, Antoine Sabatier, Tristan Klingsor, Gérard d´Houville, Robert de Montesquiou e Mário de Sá-Carneiro.
Antologia, recolha e tradução de Renata Maria Parreira Cordeiro.
Apresentação por Danyel Guerra; Leitura de Nuno Meireles.
Dia 30 de Junho, às 21h30, no Labirintho (Rua N. Sra. de Fátima, n.º 334 – Porto).

LISBOA - Sociedade Portuguesa de Autores
"Lembrar Vladimir Maiakovsky" - Sessão evocativa e recital.
Dia 30 de Junho, na Sociedade Portuguesa de Autores (Av. Duque de Loulé, 31 - Lisboa), pelas 18 horas.
Participação: António José Borges - ensaísta e Maria Helena Serôdio - professora universitária.
Leitura de poemas de Maiakovsky: Fernanda Lapa e Jorge Cabral.
Participação especial: Fernando Miguel Bernardes.
Organização: Associação Iúri Gagárin.


LISBOA - Chapitô
Sessão de música palavras e poesia com: Tiago Gomes - voz; Zé Lencastre - sax alto: Helena Marcigot - sax tenor e clarinete; Luís Vicente - trompete; Miguel Soares - guitarra.
Apresentação do livro Obra Poética, edição em Português e Castelhano da autoria de Tiago Gomes, editado em Espanha pela Editora Baile del Sol.
30 de Junho, pelas 23 horas, no Chapitô: Rua Costa do Castelo - Lisboa.

.............................................................................


1 de Julho (quinta-feira):

LISBOA - Livraria Ler Devagar
1 de Julho, 5ª feira, 19H00:
Lançamento do livro "O Primeiro Gomo da Tangerina", edição de Planeta Tangerina, com Sérgio Godinho (em directo e ao vivo), a cantar à guitarra “O Primeiro Gomo da Tangerina”.
"O Primeiro Gomo da Tangerina" é um poema (e uma música) de Sérgio Godinho que faz parte do álbum Tinta Permanente, editado em 1993.
Madalena Matoso transformou o poema em imagens, neste álbum ilustrado que continua a ter um pouco de álbum musical.

LISBOA - Fábrica Braço de Prata
Lançamento do livro "Ficar só assim." de Sofia Pinto Correia: poema único, com ilustrações, de edição limitada, totalmente elaborado artesanalmente pela autora.
Dia 1 de Julho, pelas 19H30, na sala Prado Coelho da Fábrica de Braço de Prata, com inauguração da exposição dos desenhos e momento musical por Vasco Agostinho.
Sofia Pinto Correia Melo editou em 2007 o seu primeiro livro de poesia, “Casa Grande”, pelas Quasi Edições.
Rua da Fábrica do Material de Guerrra, nº1, Lisboa.

.............................................................................

2 de Julho (sexta-feira):

LOUROSA - Casa de Cultura
A convite do artista plástico Paulo Fontes, a autora Alexandra Malheiro irá apresentar o seu livro “Luz Vertical”, prefaciado por Pedro Abrunhosa, dia 2 de Julho, pelas 21H30 na Casa de Cultura de Lourosa (R. dos Fontanários).
A apresentação está integrada num vasto programa cultural associado à exposição colectiva “Paulo Fontes & Friends” a decorrer entre 18 de Junho e 11 de Julho, aos fins-de-semana, no mesmo local.
Na apresentação estarão presentes a autora e Carlos Lopes (editor), precedida de uma performance poética multimédia com Celeste Pereira (diseuse) e Pedro Lopes (músico).

VISEU - Lugar do Capitão
Espectáculo de SpokenWord pelo grupo “Agência de Viagens” baseado em textos de vários autores como Tiago Gomes, Philip Larkin, Jack Kerouac, Bob Kaufman e Nathalie Sarraute, no Lugar do Capitão, em Viseu, no dia 2 de Julho, às 23h00.
Miguel Soares (guitarra) e Luís Vicente (trompete) ilustram com música as palavras que Tiago Gomes vai lendo, improvisando, sussurrando, cantando.
Vão estar também disponíveis as revistas "Bíblia" e o livro "Auto-Ajuda", colectânea de poemas de Tiago Gomes.
O Lugar do Capitão: Rua Gonçalinho, 84 - Viseu.


PORTO – Museu Soares dos Reis
Lançamento do livro de poesia “Gatafunhos” de Mário Correia (ed. Temas Originais) no Museu Soares dos Reis, Porto, no dia 2 de Julho, pelas 18H30.
Obra e autor serão apresentados por Xavier Zarco.




.............................................................................

3
de Julho (sábado):

ÉVORA – Évora Hotel

Apresentação do livro de Poesia “Foz Sentida” de António MR Martins (ed. Temas Originais) no Évora Hotel, Rua Túlio Espanca, no dia 3 de Julho, pelas 15H00.
Obra e autor serão apresentados por Antónia Ruivo.

Mais logo, em S. Pedro de Sintra

II Festival Silêncio!

Destaque para hoje:

26 de Junho . 24h00 . Poetry Slam
"Há um júri, um cronómetro, classificações e prémios. É um concurso. Mas não é um qualquer: trata-se de vanguarda em Portugal. O que se propõe é reunião de poesia e performance em palco, com um público que reage às palavras, ao movimento e à interpretação, enfim, é a defesa de um texto atirado às panteras da urbanidade. Este palco é uma arena e é na aparente solidão de cada artista, de cada insegurança ou improviso que surge o espectáculo irrepetível da poesia em trânsito, entre gente, saindo pelos corredores. O concurso vai depurando a noite dos seus artistas até ser escolhido o vencedor, de facto (no ano passado, primeira edição, Biru foi o escolhido). E no entanto é o processo artístico em carne viva que pontifica este concurso, responsável pelo incentivo em Lisboa a um tipo de produção artística tão cara aos grandes centros culturais contemporâneos – a poetry slam."
Espectáculo / Spoken Word
Local: Musicbox (8€ Bilhete válido para todos os espectáculos da noite).

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


ciclo do mar
José Oliveira
Edição do Autor, 1984







PRIMEIRA POLIPHONIA

Invento a fria silhueta da noite
quando as aves recolhem, aluadas.
Tento alcançar a sombra
que desenfreada corre na face do rio.
Em vão.
Habitante da memória,
apenas deixou um fino traço de nevoeiro
sobre o mar.
Frágil é, pois, a navegação.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

II Festival Silêncio!

Destaque para hoje:

25 de Junho . 23h30 . João Peste
"A vanguarda tem muitos nomes, embora uns maiores do que outros. Eis João Peste, o responsável pela epidemia Pop Dell’Arte, que desde meados de 1980 anda a botar futuro no mundo artístico, ou a fazer funambulismo entre a genialidade e a farsa, como se gosta de dizer. A banda está prestes a lançar Contra Mundum, a 14 de Junho, oito anos depois de So Goodnight. O regresso aos originais é a forma encontrada para comemorar os 25 anos de carreira. Mas o que aqui traz João Peste são outras andanças: é um espectáculo de poetry slam em que se faz acompanhar por Paulo Monteiro (que integra os Pop Dell’Arte desde 1993). Trata-se de uma proficuidade criativa do mestre vanguardista que não se encontra amiúde. A referência em que se tornou – com razões sérias – permite antever um certo gáudio de o ver em palco, num momento cruzado, que não será alheio à agonia da imprevisibilidade que lhe exigimos."
Local: Musicbox

25 de Junho . 24h20 . Saul Williams
"O público português conhece Saul Williams desde 1999, pelo menos, quando o Fantasporto exibiu Slam – estávamos de sobreaviso: o filme tinha sido premiado em Cannes e Sundance. O norte-americano escreveu e interpretou a estória de um rapaz com talento inato para a poesia, mas de classe social baixa. A segunda metade dos 1990 foi bastante frutífera para o escritor e nela compôs uma obra que, entre a poesia e a música, o colocou como nome cimeiro da poetry slam. Trabalhou com poetas da nata da sublevação: Allen Ginsberg, Sonia Sanchez. Desde então, acompanhou digressões de Nine Inch Nails e The Mars Volta. Williams explora sobretudo a tradição oral da poesia – e não se coíbe de invocar os mais antigos gregos ou os contadores de estórias africanos, que o servem como princípio e fim, de onde sobeja todo o espaço criativo para a edificação de uma filosofia aventureira de carácter inspirador."
Espectáculo / Slam
Local: Musicbox (12€ Bilhete válido para todos os espectáculos da noite).

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


Labirinto Incendiado
Xosé Lois García
Edições do Tâmega, 1989







NA RUA DA SAUDADE


Naquela janela há uma face
acompanhada de lamentos
e duma sombra, azul, que dança na cal.
São as cores da noite
que sobem rua acima.

Ninguém pode ouvir litanias
mas a solidão do ar.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Novidades Sulscrito

Antologia da indiferença
Sulscrito 3
Revista de literatura
Direcção editorial: Fernando Esteves Pinto
4 Águas, Julho 2010


"(...) Aberto o círculo, o sulscrito segue em frente: em linha recta – em diálogo com autores de outras linhas. Numa nova fase, o sulscrito será também cruzamento, margem, ponte, estrada, bar, cidade e viagem. O sulscrito será visto e sentido onde houver realização, pessoas e ideias. Este é o conceito que melhor define um projecto ligado à literatura. Fazer acontecer com atitude e vontade colectiva, como uma ideia que encontra no tempo o espírito da escrita e da arte, ou como uma consciência que, numa acção de aliança, permita a liberdade de chegar, permanecer e partir, promovendo-se desta forma um projecto sempre em movimento. "

Fernando Esteves Pinto

(do Prefácio)

Colaboram neste número:
Adão Contreiras
Amadeu Baptista
Casimiro de Brito
Dinis H. G. Nunes
Eduardo Graça
Eduardo Montepuez
Fernando Cabrita
Gabriela Rocha Martins
Gisela Ramos Rosa
Henrique Manuel Bento Fialho
Inês Ramos
João Bentes
José Bivar
José Carlos Barros
José Félix
Manuel Almeida e Sousa
Manuel Madeira
Manuel Neto dos Santos
Maria do Sameiro Barroso
Maria Luísa Francisco
Miguel Godinho
Nuno Dempster
Pedro Jubilot
Rui Almeida
Rui Costa
Rui Dias Simão
Vítor Cardeira
Xavier Zarco

Okupemos o coreto

II Festival Silêncio!

Destaque para hoje:

24 de Junho . 18h00 . Master Class com Saul Williams
"Um dos percursores do movimento Slam, Saul Williams é hoje uma das mais reputadas figuras de spoken word a nível internacional. Formado em filosofia e em teatro pela Universidade de Nova Iorque, foi o protagonista do filme Slam do realizador americano Marc Levin (Caméra d’or 98 em Cannes). Autor de diversos ensaios sobre spoken word e poetry slam a convite do Festival Silêncio irá proporcionar um master class sobre os novos movimentos em torno da palavra dita."
Local: Faculdade de Letras da UL – Anfiteatro III (Entrada livre).

24 de Junho . 21h30 . Saul Williams, Kalaf, José Luís Peixoto
Moderador: Rui Miguel Abreu
"Quando um especialista em spoken word se encontra com um poeta-músico, um músico-poeta e um romancista apaixonado por música é inevitável que a conversa rode em torno… da música e da palavra. Tendo em conta os percursos dos artistas convidados, as misturas de influências, as fusões entre estilos musicais e os cruzamentos da poesia com o romance também poderão fazer parte da ementa."
Local: Instituto Franco-Português.

24 de Junho . 23h30 . Großraumdichten
"…Temos um minuto para encontrar a árvore que nos guarda a sombra exclusiva de um dia demasiado luminoso, um artifício natural, a noite sob sol, uma janela para vermos a máquina que levamos dentro de nós, mais ou menos como a meninice. Um minuto para nos satisfazer o processo simbiótico que vagueia pelos livros – as folhas que não sangram, a seiva é outra, sintetizada a braço, pela tecnologia gráfica de ponta, sob as ondas cerebrais de quem tem o que dizer, de quem pensa alto no papel e de quem tem material de diálogo. O processo criativo de Grossraumdichten é tão ambíguo quanto quisermos que a contemporaneidade seja: complexo a montante, ultra-fino a jusante. O ideário maquinal que conferem às palavras – e exercitam por via da electrónica – serve a delicadeza de quem tem o encontro como objectivo último, entre eles próprios e com o que os envolve e acrescenta…
Formado pelos poetas alemães Pauline Fug e Tobias Heyel e pelo compositor Ludwig Berger, este projecto apresenta ao vivo uma performance de spoken word aliada à música electrónica."

Local: Musicbox.

24 de Junho . 24h59 . Ghostpoet
"A invisibilidade é um conceito curioso para exercitar sobre um coração em funcionamento. Verteria o sangue para onde o vital músculo da armada humana? Esta poesia é deveras concreta: vai o vermelho pela aorta e sobe enegrecido pela cava, num jogo de empurra feito espectáculo de lençol translúcido, ramificações espessas, pulsantes, presentes na impossibilidade fantasma. (Vamos obliterar todos os órgãos restantes.) E todavia não é ficção, não há casacos de detectives fumados: é a imagem que surge, pungente mas constante, das palavras em compassos, síncopes reais e decididas. O choque é possível, embora caiba melhor em Ghost Rider o ofício de cultivador de sensibilidades, de doseador de texturas, das nuances exactas a que uma batida pode aspirar. Fá-lo numa deambulação entre o rap e o experimentalismo. Um fantasma é um desafio à ciência, uma alma em riste – afinal, como a poesia."
Espectáculo / Spoken word
Local: Musicbox (8€ Bilhete válido para todos os espectáculos da noite).

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


Amantes da Neblina
Maria do Sameiro Barroso
Labirinto, 2007







Roseira anónima

Num corpo de flâmulas brilhantes, com o rosto mergulhado
nas cinzas, direi que todo o sangue já se esvaiu,
no coro exangue das borboletas sem norte.

Numa palavra intermitente, entre os mapas, direi apenas
a embriaguez que me cerca, um solo fértil,
na solidão de um caminho antigo,
onde há um movimento que aspira sem cessar.

Nos trilhos presos, um punhado de palavras desconexas,
recolhidas nas galáxias, pode conter os cedros,
o perfume, as razões que são outras, no orvalho que cintila,
pela caminhada breve.

Há que distinguir o silêncio e as golfadas de palavras,
onde a luz, em sua nudez assoma.
Há que distinguir, no som das trevas, na viseira da insónia,
entre o negro e a volúpia, o ardor da morte,
em seu clamor de chamas perfiladas.

Nos trilhos errantes, cumpro a minha vida: os pés brilhantes,
os cabelos obscuros.
Tudo quero dizer, como uma roseira anónima:
o corpo, o sangue, a língua brusca,
coordenadas vagarosas soerguendo-se dos lugares interiores,
invocando a mímica e o silêncio,
nas fontes nocturnas,

coroadas de loureiros sagrados.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

II Festival Silêncio!

Destaque para hoje:

23 de Junho . 23h00 . Poesia Concreta
"POESIA CONCRETA é um espectáculo visual musical e visual construído a partir de poemas deste movimento, também designado por poesia experimental ou visual, dos seguintes autores portugueses: Alberto Pimenta, Alexandre O’Neill, Almada Negreiros, Ana Haterly, António Aragão, Avelino Rocha, Carlos Wallenstein, E. M. de Melo e Castro, Fernando Aguiar, Helberto Hélder, Jaime Salazar Sampaio, JoséLuís Luna, Luís Pignatelli e Salette Tavares.Esta poesia conceptual, mais do que procurar um sentido poético para a interpretação do mundo, caracteriza-se por explorar aspectos visuais, gráficos, rítmicos, fonéticos e lúdicos da escrita poética. Os poemas que são ditos, cantados ou projectados em vídeo, são acompanhados por uma composição musical original constante, próxima do rock ou da pop, criando uma atmosfera festiva e de concerto, proporcionando uma experiência artística rara pelo contacto com um universo poético singular."
Espectáculo / Spoken word. Voz: José Wallenstein; Guitarra: João Eleutério; Teclados: Paulo Abelho; Vídeo: Paulo Américo.
Local: Musicbox (8€ Bilhete válido para todos os espectáculos da noite).

23 de Junho . 23h40 . Agência de Viagens
"Quatro músicos e um poeta – numa garagem dias a fio com livros, instrumentos musicais, criatividade e improvisação. Tiago Gomes é o poeta de que se fala, Luis San Payo (bateria), José Lencastre (saxofone), Luís Aires (baixo) e Luís Vicente são os músicos que acompanham os textos de Philip Larkin, Jack Kerouac, Bob Kaufman, Nathalie Sarraute e do próprio Tiago Gomes, mentor do projecto Bíblia que aqui espalha o evangelho da poesia. A música de alma experimental dá um encontrão, aqui e ali, ao jazz. A palavra reporta viagens, dias, alterações de humor, variações da alma sintética e anestesiada. Agência de Viagens esteve um ano em maturação, é um projecto novo mas vale sentir no couro o que estes senhores têm para nos dizer. Só vale corrigir a alma com o ensinamento dos mestres e esta noite, senhores, esta noite é de purificação."
Espectáculo / Spoken word
Local: Musicbox (8€ Bilhete válido para todos os espectáculos da noite).

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


A Estrada e a Voz
Orlando da Costa
«Cancioneiro Geral», Centro Bibliográfico, 1951







AS MÃOS E AS MÃOS


A polpa secreta
Das tuas mãos
Espero-a inteira
Espero-a inteira
Como frutos à beira
Da fome de alguém
Espero-a inteira
Nesta fome que vem
Só das tuas para as minhas mãos

Minhas mãos geladas
Minhas mãos suadas
Em rebentos de cada esforço
Descarnadas mãos
De que já riu a ferrugem das grades

Minhas mãos abertas para que creias
Mãos suadas e novamente suadas
Mãos capazes de enxertar veias

A polpa secreta
Das tuas mãos
Espero-a inteira inteira

terça-feira, 22 de junho de 2010

II Festival Silêncio!

Destaque para hoje:

22 de Junho . 21h30 . Word Cut – BEST of ZEBRA Poetry Film Festival
"De Jean Cocteau a Peter Handke, passando por Man Ray ou ainda Tim Burton, são muitos os cineastas para os quais um poema serviu como ponto de partida para a experiência cinematográfica. Numa altura em que a poesia ganha novas formas de expressão artística em cruzamento com as outras artes, O Festival Silêncio associa-se ao Festival de Cinema de Poesia ZEBRA e recupera essa ligação entre cinema e poesia.
Nascido no âmbito do Festival de Poesia de Berlim, em cooperação com Literaturwerkstatt Interfilm e com o apoio financeiro do Hauptstadtkulturfonds e do Goethe-Institut, o ZEBRA Poetry Film Festival é hoje o maior fórum internacional de cinema e poesia. Oferecendo aos cineastas e poetas de todo o mundo a oportunidade de trocar ideias e consolidar uma base para criações futuras, este festival tem vindo a consagrar-se como uma plataforma única para a exibição e produção de curtas-metragens que encontram na poesia a base para o desenvolvimento estético e formal de uma visão cinematográfica. Com periodicidade bienal, este ano, o 5º Festival Zebra irá decorrer em Berlim entre 14 e 17 de Outubro. Em jeito de antevisão, e como forma de incentivar a produção de curtas-metragens que tenham a palavra e a poesia como mote, o Festival Silêncio criou a mostra Word Cut na qual, em associação com o Festival ZEBRA, se propõe uma pequena mostra dos filmes vencedores das anteriores edições deste festival berlinense."

Mostra de film poetry: 19h (1ªsessão) 21h30 (2ªsessão) Word Cut – BEST of ZEBRA Poetry Film Festival (apresentação pelo director do Zebra no início da 1ª sessão)
Local: Cinema Nimas (Entrada Livre)

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


Para nada
Violeta C. Rangel
Tradução de Augusto Oliveira Mendes
Asociación Cultural Crecida, 1999 / apoio: Luz Lunar Editora





SEI, sei que estou em maré de sorte:
convidam-me para um sarau (cinco gatos,
contando o assessor e dois parceiros)
e a meio da leitura o gajo dos óculos
levanta-se e cospe direito a mim:

depois de Auschwitz, menina ou lá o que for,
é uma vigarice a poesia, e assim, por favor
deixe de nos chatear com os chungosos e as suas balelas,
já chega de bakalao e de cheiro de sovaco

O tipo põe os óculos
e começa a andar à John Wayne,
mexendo os ombros, disposto a usar o colt
se alguém se mover.

Volto-me para o assessor e para os seus colegas
foda-se, sigo? paro? Acendo um cigarro
bebo o brandy de um gole, respiro fundo.

Hey, John Wayne!
deixas o isqueiro, a ruiva, a laca e o cavalo!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Paulo da Costa Domingos apresenta...

&etc
Documentário de Claúdia Clemente
Na FNAC-Chiado, terça-feira, dia 22, pelas 19 horas
Apresentação por Paulo da Costa Domingos

«A &etc foi criada em 1973. A pequena editora tornou-se uma referência no panorama nacional, conhecida pelas personagens que publicam, tais como João César Monteiro, Adília Lopes ou Alberto Pimenta, alguns dos autores mais alternativos da actualidade. Vítor Silva Tavares e Rui Caeiro recordam aqui alguns episódios ao longo das três décadas de funcionamento desta editora.»

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


Metamorfoses do corpo
Eduardo Montepuez
Temas Originais, 2010







Trago na máscara diária o meu Carnaval
E nos dias a minha folia de ventos quentes
Sou muito mais quando consigo ser todo
Até nas horas das noites desertas
Ainda e muito, caminho de pé
Vertical aos meus sentidos – único modo
Onde a paz transpira e respira
Porque também é vida
Eis os meus passos – de pegadas longas
Em ritmos desenhados
Expostos na minha passagem.

domingo, 20 de junho de 2010

Chama Poética na Casa das Rosas

Outras sugestões para os próximos dias


21 de Junho (segunda-feira):

LISBOA – Livraria Buchholz
Apresentação do livro “Santo Asinha e Outros Poemas” de Frederico Lourenço (editorial Caminho).
A obra será apresentada por José Tolentino de Mendonça.
Leitura de poemas por Beatriz Batarda.
21 de Junho, às 18H30.
CE Buchholz (antiga Livraria Buchholz): Rua Duque de Palmela, 4 – Lisboa.


...............................................................................

22 de Junho (terça-feira):

FARO - Pátio Bar do Pátio de Letras
Dia 22 de Junho:
Recital de Poesia Moçambicana, com início pelas 21 horas, acompanhado por musica tradicional (marrabenta, dzukuta, pandza, etc.).
Integrado nas comemorações do 35º Aniversário da Independência de Moçambique.
Rua Dr. Cândido Guerreiro, 26-30, FARO.



...............................................................................

23 de Junho (quarta-feira):

FARO - Pátio Bar do Pátio de Letras
Dia 23 de Junho:
Recital de Poesia Moçambicana, com início pelas 21 horas, acompanhado por musica tradicional (marrabenta, dzukuta, pandza, etc.).
Integrado nas comemorações do 35º Aniversário da Independência de Moçambique.
Rua Dr. Cândido Guerreiro, 26-30, FARO.



LISBOA – Casa Fernando Pessoa
Estudos Pessoanos e uma Ode apresentados em edições italianas no dia 23 de Junho pelas 19h00, na Casa Fernando Pessoa.
Studi su Fernando Pessoa contém onze “estudos”, dos quais oito já apareceram na revista Letteratura – Tradizione, sendo incluídos no Speciale: Pessoa (1888-1935), unicità e molteplicità, também organizado por Brunello De Cusatis, por forma a homenagear Fernando Pessoa nos setenta anos da sua morte. Os onze autores deste livro, alguns dos maiores conhecedores de Pessoa do mundo, trabalham em vários centros de pesquisa de diferentes países, desde a “Equipa Pessoa” de Lisboa até algumas universidades portuguesas, italianas, brasileiras e americanas. A apresentação deste título contará com as presenças de José Blanco, Ivo Castro, Alfredo Margarido, Fernando J. B. Martinho, Jerónimo Pizarro, Manuel Simões, Brunello Natalle De Cusatis (organizador) e Marco Bucaioni (Edizioni dell’Urogallo).
Na mesma ocasião será também apresentado o volume Fernando Pessoa, Alla memoria del Presidente-Re Sidónio Pais, uma ode exemplar de toda a sua produção poética mítico-exotérica.
Casa Fernando Pessoa: R. Coelho da Rocha, 16 - Lisboa.

...............................................................................

24 de Junho (quinta-feira):

AVEIRO – Hotel Moliceiro
Apresentação do livro de poesia “Foz Sentida” António MR Martins (edição Temas Originais) no Hotel Moliceiro, Rua João Mendonça / Barbosa de Magalhães, 15/17, em Aveiro no dia 24 de Junho, pelas 21H00.
Obra e autor serão apresentados por Elvira Almeida e nesta sessão servir-se-á um Porto de Honra.

...............................................................................

25 de Junho (sexta-feira):

LISBOA– Espaço Sou
No dia 25 Junho a Andante apresenta o Recital Manuel da Fonseca incluído no Cacharolete de contos, promovido pelos Contabandistas de Estórias, no Espaço Sou às 21H30.
O Recital Manuel da Fonseca é um recital de poesia feito exclusivamente com a obra poética de Manuel da Fonseca, onde o olhar luminoso do poeta sobre a infância, a planície alentejana, as questões fundamentais da justiça, da bondade, da beleza, nos traz a cor que o Portugal do Estado Novo não deixava ver. A dignidade dos homens na claridade da poesia de Manuel da Fonseca.
Rua Maria nº73 (à Forno do Tijolo) em Lisboa.

...............................................................................

26 de Junho (sábado):

PORTO – CC Dolce Vita
Cinco anos sem Eugénio de Andrade - Tributo por ocasião do 5º aniversário da morte do Poeta.
Amigos e admiradores de Eugénio de Andrade prestam-lhe homenagem numa sessão em que serão abordadas questões como o estado actual da preservação e divulgação da sua obra e as dificuldades financeiras por que passa a Fundação Eugénio de Andrade.
Dia 26 de Junho pelas 17H00 no Dolce Vita Porto (piso 2):
Arnaldo Saraiva (ensaísta, presidente da Fundação Eugénio de Andrade);
Manuel António Pina (escritor e jornalista);
António Barbedo (poeta);
José Emílio-Nelson (poeta e crítico literário).
Organização: Sérgio Almeida.

LISBOA – Auditório Campo Grande
Lançamento do livro de Poesia “Breviário Lamentoso” de Jacob Kruz (edição Temas Originais) no Auditório do Campo Grande, 56, em Lisboa, no dia 26 de Junho, pelas 16H00.
Obra e autor serão apresentados por Gonçalo B. de Sousa.
Lançamento do livro de Poesia “Metamorfose do Corpo” de Eduardo Montepuez (edição Temas Originais) no Auditório do Campo Grande, 56, em Lisboa, no dia 26 de Junho, pelas 19H00.
Obra e autor serão apresentados por Carlos Teixeira Luís.

...............................................................................

27 de Junho (domingo):

LISBOA – Palácio Galveias
Uma iniciativa da Associação Portuguesa de Poetas:
Dia 27 de Junho, das 15h30 às 18h30.
Tertúlia poética no PALÁCIO GALVEIAS (Campo Pequeno).
Entrega de prémios aos vencedores dos Jogos Florais (só para associados da APP), tendo como tema os Santos Populares, com a presença do Júri.