terça-feira, 22 de junho de 2010

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


Para nada
Violeta C. Rangel
Tradução de Augusto Oliveira Mendes
Asociación Cultural Crecida, 1999 / apoio: Luz Lunar Editora





SEI, sei que estou em maré de sorte:
convidam-me para um sarau (cinco gatos,
contando o assessor e dois parceiros)
e a meio da leitura o gajo dos óculos
levanta-se e cospe direito a mim:

depois de Auschwitz, menina ou lá o que for,
é uma vigarice a poesia, e assim, por favor
deixe de nos chatear com os chungosos e as suas balelas,
já chega de bakalao e de cheiro de sovaco

O tipo põe os óculos
e começa a andar à John Wayne,
mexendo os ombros, disposto a usar o colt
se alguém se mover.

Volto-me para o assessor e para os seus colegas
foda-se, sigo? paro? Acendo um cigarro
bebo o brandy de um gole, respiro fundo.

Hey, John Wayne!
deixas o isqueiro, a ruiva, a laca e o cavalo!

1 comentário:

Anónimo disse...

...ui,ui,ui, só lá falta a bosta do cavalo do John Wayne!Hey
é uma vigarice a poesia-um grande verso