quarta-feira, 30 de maio de 2007

Poemas em voz alta

Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

Alberto Caeiro

Na voz de Luís Gaspar:

Feira do Livro de Lisboa

Eventos para hoje (30 de Maio):

18:30
Sessão de Autógrafos - Nuno Júdice
Publicações Dom Quixote - Pavilhões Nº 59, 61, 65, 69, 73 e 77


Livros do dia (30 de Maio):

O Poeta na Rua
Autor: António Ramos Rosa
Editora: Edições Quasi
Pavilhão: 143

Presentes de um Poeta
Autor: Pablo Neruda
Editora: ArtepluralL
Pavilhão: 146
PVP: 18,00 €
Preço de feira: 14,50 €
Preço de livro do dia: 11,00 €

Kahlil Gibran
Autor: Suheild Bushrui
Editora: Editorial Notícias - Estrela Polar
Pavilhão: 11

Cartas a jovens Poetas
Autor: Rainer Maria Rilke e Virginia Woolf
Editora: Relógio D'água Editores
Participante: Relógio D’água Editores
Pavilhão: 102

Tabacaria
Autor: Fernando Pessoa / Álvaro de Campos
Participante: Guerra e Paz, Editores, S.A.
Pavilhão: 171
PVP: 22 €
Preço de feira: 19,8 €
Preço de livro do dia: 13 €

O Amor Louco
Autor: André Breton
Editora: Estampa
Pavilhão: 63
PVP: 9,99 €
Preço de feira: 8,00 €
Preço de livro do dia: 6,00 €

100 Poemas nos cem anos de António Aleixo
Autor: Manuel Antunes Marques
Editora: Editorial Minerva
Participante: Editorial Minerva
Pavilhão: 18

terça-feira, 29 de maio de 2007

Poesia de Fernando Tordo














Terá lugar nos próximos dias:
7 Junho, pelas 17H00 na Feira do Livro do Porto
9 Junho, pelas 21h30, na Feira do Livro do Porto
a apresentação do livro de poesia de Fernando Tordo "Quando não souberes copia".
Uma edição da Campo das Letras, com coordenação de Armandina Maia.

Fernando Tordo nasceu em Lisboa, a 29 de Março de 1948.
Exerce a profissão de músico há 42 anos.
Este é o seu primeiro livro de poesia.

Isto é que me dana.
A vida em vão
o vão da vida

uma escada

uma espécie de entrada por saída.

Feira do Livro de Lisboa

Eventos para hoje (29 de Maio):

18:30
Sessão de Autógrafos - Inês Pedrosa
Publicações Dom Quixote - Pavilhões Nº 59, 61, 65, 69, 73 e 77


Livros do Dia (29 de Maio):

Lisboa nos Passos de Pessoa
Autor: Marina Tavares Dias
Editora: Quimera Editores
Pavilhão: 140
PVP: 18,5 €
Preço de feira: 14 €
Preço de livro do dia: 11 €

Poemas de Almada Negreiros
Autor: Almada Negreiros
Editora: Assirio & Alvim
Pavilhão: 60
PVP: 21 €
Preço de feira: 14 €
Preço de livro do dia: 12 €

Os Lusíadas - obra anotada
Autor: Luís de Camões / Zacarias Nascimento
Editora: Plátano
Pavilhão: 25
PVP: 10,43 €
Preço de feira: 8,34 €
Preço de livro do dia: 5,22 €

António Aleixo - O Poeta do Povo
Autor: António de Sousa Duarte
Editora: Âncora Editora
Pavilhão: 163

Textos e canções
Autor: José Afonso
Editora: Relógio D'água Editores
Pavilhão: 102

Alexandre O'neill - Uma Biografia Literária
Autor: Maria Antónia Oliveira
Editora: Publicações Dom Quixote
Pavilhão: 73

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Universidade de Coimbra vai ter residência para poetas estrangeiros

A Câmara Municipal de Idanha-a-Nova vai disponibilizar à Universidade de Coimbra (UC) uma residência para poetas, no âmbito de um protocolo assinado no encerramento do VI Encontro Internacional de Poetas.
Graça Capinha, do Grupo de Estudos Anglo-Americanos da Faculdade de Letras da UC, organizadora do encontro, explicou que «o acordo permite à Faculdade de Letras da UC trazer anualmente a Portugal dois a seis poetas estrangeiros, entre Janeiro e Março, para seminários e leituras de poesia, já a partir do próximo ano».
O protocolo estabelece que as despesas respeitantes à habitação, situada na vila de Monsanto, sejam pagas pela autarquia de Idanha-a-Nova, enquanto a universidade suporta as viagens dos poetas.
Esta era uma aspiração do Grupo de Estudos Anglo-Americanos, que desde 1992 sonhava ter um poeta-residente a colaborar com a Faculdade de Letras da Uiversidade de Coimbra.
O VI Encontro Internacional de Poetas (que tem por objectivo "divulgar a poesia portuguesa e democratizar o cânone literário com a introdução de jovens poetas") reuniu mais de quarenta de poetas de 18 países.

Feira do Livro de Lisboa

Livro do Dia (28 de Maio):

O meu primeiro Fernando Pessoa
Autor: Manuela Júdice e Pedro Proença
Editora: Publicações Dom Quixote
Pavilhão: 59

domingo, 27 de maio de 2007

Esta semana no "Da Mariquinhas"...

Estão em promoção os seguintes livros:





Novos contos do gin,
Mário-Henrique Leiria
(Editorial Estampa)










Os passos em volta,
Herberto Helder
(Assírio & Alvim)










Pena Capital,
Mário Cesariny
(Assírio & Alvim)

Feira do Livro do Porto

Eventos para hoje (27 de Maio):

17:00
O universal é o lugar sem paredes – Homenagem a Miguel Torga
Mesa Redonda onde se falará de Miguel Torga como homem e escritor

Entre outros, estarão presentes as seguintes personalidades:

• Profª. Doutora Maria do Carmo Castelo Branco, da Universidade Fernando Pessoa;
• Profª. Doutora Fátima Marinho da Faculdade de Letras da Universidade do Porto;
• Drª Maria da Assunção Anes Morais do Círculo Cultural Miguel Torga;
• Drª. Carlos Soares de Sousa (médico);
• Drª Helena Gil da Delegação Regional da Cultura do Norte;
• Dr. David Carvalho (Presidente do CCMT);
• Dr. Martinho Gonçalves (Vice-Presidente do CCMT);
• Representante da Câmara Municipal de Sabrosa;
• Sr. Mário Vilela (Pres. da Junta de Freguesia de São Martinho de Anta) e outras pessoas que conheceram e conviveram com o escritor.

Feira do Livro de Lisboa

Eventos para hoje (27 de Maio):

16:30
Sessão de Autógrafos - José Jorge Letria
Editora Ambar - Pavilhão 115


Livros do Dia (27 de Maio):

Como Quem Diz
Autor: António Torrado
Editora: Assirio & Alvim
Pavilhão: 60
PVP: 14 €
Preço de feira: 10 €
Preço de livro do dia: 7,5 €

A Odisseia de Homero adaptada para Jovens por Frederico Lourenço
Autor: Frederico Lourenço
Editora: Livros Cotovia
Pavilhão: Stand Ensaio
PVP: 14,4 €
Preço de feira: 14,4 €
Preço de livro do dia: 10,8 €

sábado, 26 de maio de 2007

Poesia Erótica









Já estreou o novo audioblog de Luís Gaspar. Trata-se de um espaço dedicado à poesia erótica e satírica. Um espaço que ainda agora nasceu, mas que promete! Abre com A Paz, do livro “Novas Cartas Portuguesas”, de Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta. Livro pelo qual Natália Correia foi processada pela responsabilidade editorial (já tinha sido condenada a três anos de prisão, com pena suspensa, pela publicação da “Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica”, por ser considerada ofensiva dos costumes, em 1966).
Um local a guardar na lista do preferidos e a visitar regularmente, aqui.

Feira do Livro de Lisboa

Livros do dia (26 de Maio):

O Medo
Autor: Al Berto
Editora: Assirio & Alvim
Participante: Assírio & Alvim II
Pavilhão: 60
PVP: 40 €
Preço de feira: 28 €
Preço de livro do dia: 24 €

Odisseia
Autor: Homero
Editora: Livros Cotovia
Participante: Edições Cotovia
Pavilhão: Stand Ensaio
PVP: 28 €
Preço de feira: 28 €
Preço de livro do dia: 21 €

sexta-feira, 25 de maio de 2007

"Les Fleurs du Mal" - 150 anos












O Instituto Franco-Português vai celebrar o 150.º aniversario da publicação de "Les Fleurs du Mal" de Charles Baudelaire, no próximo dia 31 de Maio pelas 18h30, com uma leitura encenada pela actriz Manuela de Freitas e o actor e encenador Jean-Pierre Tailhade.

O Instituto Franco-Português fica na Avenida Luís Bívar, 91, em Lisboa

Antologia Poética de Maria Valupi










Ana Marques Gastão organizou e prefaciou a Antologia Poética de uma das poetas mais doces da literatura portuguesa — Maria Valupi, editada pela Quasi Edições.
Juntamente com o sobrinho, e também ele poeta, António Osório, irão apresentar o livro ao público nos próximos dias 28 de Maio, em Lisboa, e 4 de Julho, no Porto.

Maria Valupi é o pseudónimo de Maria Dulce Lupi Cohen Osório de Castro (1905-1977), ignorada por editores e críticos da sua época. Acolhida no seu tempo por vozes como as de Jacinto Prado Coelho, Natércia Freire e João Gaspar Simões. A poeta escreve o amor, o lamento, a religiosidade, a fruição dos elementos naturais, não alheados da consciência humana, na incerteza do estabelecimento de uma fronteira entre a beleza e a dor.

28 de Maio, às 18:30h
Na Casa Fernando Pessoa
Rua Coelho da Rocha 16, Lisboa

4 de Julho, às 18:30h
Na Fundação Eugénio de Andrade
Rua do Passeio Alegre n.º584, Porto

Novidades da BOCA

Feira do Livro de Lisboa — A BOCA vai estar na Feira do Livro de Lisboa (na Tenda dos Pequenos Editores) com a A Alegria de Gostar, de Jairo Aníbal Niño.

Fermento — A BOCA junta-se à Fermento para celebrar o Dia Mundial da Criança e convida miúdinhos e miudões a vir conhecer A Alegria de Gostar, os poemas de amor para crianças de todas as idades, de Jairo Aníbal Niño. No dia 2 de Junho, Sábado, na R. do Século, nº 13, a partir das 15h00, com a presença de vários colaboradores da BOCA.

Debate sobre audiolivros na Livraria Barata — A BOCA participará neste debate organizado pela revista Os Meus Livros, que contará com a presença de editores, autores e actores ligados a este novo ramo editorial. O encontro é no dia 5 de Junho, na Livraria Barata da Av. de Roma, nº 11 A, às 19h00.

Feira Barrigas de Amor — A BOCA estará também na maior congregação de grávidas do país: a primeira edição da Feira Barrigas de Amor vai decorrer no Parque dos Poetas em Oeiras, dia 17, das 10h00 às 19h00.


Últimas edições da BOCA (audiolivros em formato mp3):




A Carta da Corcunda para o Serralheiro
Fernando Pessoa
O único texto que Fernando Pessoa assinou no feminino (Maria José).
Maria do Céu Guerra é agora Maria José, boneca com os ossos às avessas, gente sem ser gente, igual a “um vaso com uma planta murcha que ficou aqui à janela por tirar de lá”.
Pouco conhecida dos leitores, esta surpreendente personagem encarna a expressão máxima da despersonalização literária de Pessoa, da heteronomia pessoana; mas a carta de amor composta pela corcunda parece também, como defende Teresa Rita Lopes em Pessoa por Conhecer, “o auto-retrato mais acabado” do poeta enquanto “’grande alma’” que se sentia “’ninguém’”.
Voz: Maria do Céu Guerra
Sonoplastia: António J. Martins.
Conteúdo: texto em formato MP3 + capa
Duração: 12 minutos /Tamanho: 13 MBytes
Estudio: AJM
Ilustração: Susana Marques
Design: BOCA




Tabacaria
Álvaro de Campos
Lisboa, Janeiro de 1928. Álvaro de Campos, o engenheiro naval que queria ter gestos fora do corpo, está fechado em casa. Ao seu quarto chega o rumor abafado da vida lá fora, e ele vai da cadeira para a janela, da janela para a cadeira. Não sabe em que há-de pensar, mas pensa, fuma. "Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta numa parede sem porta/ E cantou a cantiga do infinito numa capoeira/ E ouviu a voz de Deus num poço tapado".
Da tabacaria do outro lado da rua alguém lhe atira para cima com o real, e o engenheiro desperta, "enérgico, convencido, humano", e acena. O universo refaz-se, mas ele, que gosta de brincar entre versos e que nos havia de "provar que era sublime", já nos avisou: mais tarde escreverá o contrário.
Maria do Céu Guerra interpreta Tabacaria, de Álvaro de Campos, um dos poemas mais célebres deste heterónimo de Fernando Pessoa, aquele cuja fala gesticulada e febril acompanhou o poeta até ao ano da sua morte.
Voz: Maria do Céu Guerra
Sonoplastia: António J. Martins
Conteúdo: 1 conto em formato mp3 + capa
Duração: 14 minutos / Tamanho 15 Mbytes
Estúdio: AJM
Ilustração: Guilherme Mendonça
Tratamento de Imagem: Tiago Cunha
Design: BOCA


Mais informações, aqui.

Feira do Livro do Porto

Eventos para 25 de Maio:

21:30
Sessão de Autógrafos - José Emílio-Nelson
Quasi Edições


Livros do Dia (25 de Maio):

O velho de Novo
Autor: A. M. Couto Viana/P. Ossião
Editora: Edições Caixotim
Pavilhão: Tenda D3
PVP: 54,50 €
Preço de feira: 28,00 €
Preço de livro do dia: 25,00 €

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Feira do Livro de Lisboa

Eventos para 25 de Maio:

17h:00
Sessão de Autógrafos - Casimiro de Brito
Quasi Edições

18:30
Sessão de Autógrafos - Inês Pedrosa
Publicações Dom Quixote

18:30
Sessão de Autógrafos - José Jorge Letria e André Letria
Publicações Dom Quixote


Livros do Dia (25 de Maio):

O. Essencial 1º Vol- L. Desasossego
Autor: Fernando Pessoa
Editora: Assirio & Alvim
Pavilhão: 60
PVP: 22,5 €
Preço de feira: 18 €
Preço de livro do dia (só hoje): 15 €

Ilíada
Autor: Homero
Editora: Livros Cotovia
Pavilhão: Stand Ensaio
PVP: 28 €
Preço de feira: 28 €
Preço de livro do dia: 21 €

quarta-feira, 23 de maio de 2007

VI Encontro Internacional de Poetas







Poesia e violência é o tema do VI Encontro Internacional de Poetas, que reúne, em Coimbra, de 24 a 27 de Maio, cerca de quatro dezenas de autores, oriundos de inúmeros países.
Organizado pelo Grupo de Estudos Anglo-Americanos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, o evento conta, este ano, com a participação de poetas dos EUA, como Forrest Gander ou C. D. Wright, da China (Xiao Kaiyu), Finlândia (Rita Dahl), Palestina (Mourid Barghouti), Israel (Yitzhak Laor) e ainda do Brasil (Cláudia Roquette-Pinto e Márcio-André).
Cabo Verde, Cuba, Angola, Alemanha, Reino Unido, Peru, Itália, Irlanda, Holanda, Canadá e Espanha também estarão representadas no encontro através dos seus criadores.
Está ainda prevista a presença de um grupo de poetas galegos que, numa actividade de extensão do encontro, se integram numa leitura de poesia marcada para 11 de Maio no Mercado Municipal, iniciativa que conta com o apoio da Plataforma Coimbra - Galiza.
Portugal faz-se representar através de Gastão Cruz, Alberto Pimenta, António Jacinto Pascoal, Regina Guimarães, João Rasteiro, Feliciano de Mira e Sandra Guerreiro.
O encontro propõe este ano sessões em locais como o Cárcere Académico, o Jardim da Sereia ou a Biblioteca Joanina, e estende-se, pela primeira vez, à Figueira da Foz, com leituras no Hotel Costa da Prata e no Palácio Sotto-Mayor.
Uma conferência por C. D. Wright, duas mesas-redondas (sobre «Poesia e Violência» e assinalando os 250 anos do nascimento de poeta inglês William Blake), a entrega do Prémio Vítor Matos e Sá e uma exposição sobre os 10 anos da Oficina de Poesia são outras as actividades do programa.
Será também lançada a antologia bilingue «Poesia do Mundo 5» e um número especial da Oficina de Poesia.
Os Encontros Internacionais de Poetas surgiram em 1992 como uma «festa da poesia», para celebrar o centenário da última edição de «Leaves of Grass», do norte-americano Walt Whitman.
Nessa altura, a prática de leitura pública de poesia era quase inexistente em Portugal e poetas como Yvette Centeno ou Fiama Hasse Pais Brandão liam, pela primeira vez, os seus textos em público, durante o primeiro encontro em Coimbra.

terça-feira, 22 de maio de 2007

4º Encontro de Poesia de Vila do Conde





O mês de Maio é o mês dedicado à poesia em Vila do Conde e, tal como em anos anteriores, a Câmara Municipal, através da sua Biblioteca, preparou um conjunto de iniciativas que terão lugar nos próximos dias 23, 24 e 25.
Dia 24 de Maio, às 17:30h, na Biblioteca Municipal José Régio, sob o tema "Eu, poeta, me apresento." os convidados Maria Teresa Horta e José Rui Teixeira são convidados a partilharem, com o público aspectos que considerem relevantes da sua biografia e da sua obra. Cada um dos intervenientes dirá poemas de sua autoria.

Sugestão da Andante para esta semana

Os apanhadores de conquilhas


Uma família inteira
.....................a apanhar conquilhas

É o pai é a mãe
.....................é os filhos é as filhas

todos acocorados
.....................na sôfrega função

O gotejar do tempo
.....................é coisa que angustia

se não conduz a nada
.....................se não enche vasilha

por isso esta família
.....................sente que cumpre o dia

se ouvir dentro do plástico
.....................o gluglu da conquilha

E eu que sempre apanhei
.....................conchas mas sem miolo

neste imenso areal
.....................desde os confins da infância

tenho que me render
.....................ao triste desconsolo:

até estas gaivotas
.....................só andam à ganância:

cada vez que mergulham
.....................trazem peixe no bico!

E pensar que cantei
.....................a esbelta liberdade

de suas brancas asas!
.....................Por hoje aqui me fico

sofrendo em solidão
.....................esta crua verdade:

Não há gestos gratuitos
.....................por mais que diga ou faça

famílias ou gaivotas
.....................a cada um seu isco

em serviço ou em férias
.....................nenhum voo é de graça

só entendem o mar
.....................se produzir marisco

Mas e eu que faço eu
.....................a pé por estas ilhas

com ar de quem levou
.....................uma pedrada na asa

senão catar também
.....................umas tristes conquilhas

estas rimas forçadas
.....................que vou levar para casa?!


Teresa Rita Lopes




Interpretado pela Andante:

Voz: Cristina Paiva, Música: Fridge, Sonoplastia: Fernando Ladeira.

O MAR será o tema do novo espectáculo da Andante a estrear em Setembro.
Para mais maresias, inspirar aqui.

Poemas em voz alta

Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra,
Ao luar e ao sonho, na estrada deserta,
Sozinho guio, guio quase devagar, e um pouco
Me parece, ou me forço um pouco para que me pareça,
Que sigo por outra estrada, por outro sonho, por outro mundo,
Que sigo sem haver Lisboa deixada ou Sintra a que ir ter,
Que sigo, e que mais haverá em seguir senão não parar mas seguir?

Vou passar a noite a Sintra por não poder passá-la em Lisboa,
Mas, quando chegar a Sintra, terei pena de não ter ficado em Lisboa.
Sempre esta inquietação sem propósito, sem nexo, sem consequência,
Sempre, sempre, sempre,
Esta angústia excessiva do espírito por coisa nenhuma,
Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida...

Maleável aos meus movimentos subconscientes do volante,
Galga sob mim comigo o automóvel que me emprestaram.
Sorrio do símbolo, ao pensar nele, e ao virar à direita.
Em quantas coisas que me emprestaram eu sigo no mundo!
Quantas coisas que me emprestaram guio como minhas!
Quanto que me emprestaram, ai de mim!, eu próprio sou!

À esquerda o casebre — sim, o casebre — à beira da estrada.
À direita o campo aberto, com a lua ao longe.
O automóvel, que parecia há pouco dar-me liberdade,
É agora uma coisa onde estou fechado,
Que só posso conduzir se nele estiver fechado,
Que só domino se me incluir nele, se ele me incluir a mim.

À esquerda lá para trás o casebre modesto, mais que modesto.
A vida ali deve ser feliz, só porque não é a minha.
Se alguém me viu da janela do casebre, sonhará: Aquele é que é feliz.
Talvez à criança espreitando pelos vidros da janela do andar que está em cima.
Fiquei (com o automóvel emprestado) como um sonho, uma fada real.
Talvez à rapariga que olhou, ouvindo o motor, pela janela da cozinha
No pavimento térreo,
Sou qualquer coisa do príncipe de todo o coração de rapariga,
E ela me olhará de esguelha, pelos vidros, até à curva em que me perdi.
Deixarei sonhos atrás de mim, ou é o automóvel que os deixa?

Eu, guiador do automóvel emprestado, ou o automóvel emprestado que eu guio?

Na estrada de Sintra ao luar, na tristeza, ante os campos e a noite,
Guiando o Chevrolet emprestado desconsoladamente,
Perco-me na estrada futura, sumo-me na distância que alcanço,
E, num desejo terrível, súbito, violento, inconcebível,
Acelero ...
Mas o meu coração ficou no monte de pedras, de que me desviei ao vê-lo sem vê-lo,
À porta do casebre,
O meu coração vazio,
O meu coração insatisfeito,
O meu coração mais humano do que eu, mais exacto que a vida.

Na estrada de Sintra, perto da meia-noite, ao luar, ao volante,
Na estrada de Sintra, que cansaço da própria imaginação,
Na estrada de Sintra, cada vez mais perto de Sintra,
Na estrada de Sintra, cada vez menos perto de mim...

Álvaro de Campos
11/5/1928

Na voz de Luís Gaspar:

77ª Feira do Livro (Lisboa e Porto)




Abrem depois de amanhã, 24 de Maio, as Feiras do Livro de Lisboa e do Porto.

A Feira do Livro de Lisboa realiza-se, como é habitual, no Parque Eduardo VII.
A Feira desceu um pouco a sua localização, aproximando-se mais da Rotunda. A disposição dos pavilhões dos expositores é semelhante à dos anos anteriores. Existe no entanto, um espaço criado especialmente a pensar nos mais novos. Aí vão estar reunidas a maior parte das editoras que se dedicam à literatura infanto-juvenil e estará disponível um espaço de lazer para os mais pequenos.
Grande parte dos eventos da Programação vão decorrer no Auditório, uma grande tenda instalada no cimo do Parque Eduardo VII. Na entrada, junto à Rotunda ficam instalados mais dois espaços cobertos: o Stand da APEL e um outro espaço mais pequeno que funcionará em complemento ao Auditório para receber alguns dos eventos.
Uma alteração, recente, do regulamento da Feira permite pela primeira vez a venda de livros em língua estrangeira. De salientar ainda que os livros com mais de 18 meses têm desconto livre pelo que os Editores vão praticar descontos de 20, 30, 40 e 50%, sem qualquer limitação regulamentar.
A Feira de Lisboa tem este ano 127 participantes e 189 stands.
Datas e Horários:
Abertura: 24 de Maio, Quinta-Feira
Encerramento: 10 de Junho, Domingo.
Horários: Todos os dias, das 16:00h às 24:00h.
No dia 1 de Junho (Sexta-Feira), Dia Mundial da Criança, abrirá às 10:00h.




A Feira do Livro do Porto realiza-se no Pavilhão Rosa Mota (este ano pela última vez).
A primeira Feira do Livro do Porto teve lugar na Praça da Liberdade em 1931. Depois de ter passado 10 anos na Rotunda da Boavista a Feira do Livro mudou-se para o Pavilhão Rosa Mota.
A Feira do Livro do Porto conta com a participação de 68 expositores e atinge, este ano, um número recorde de editoras representadas. A alteração do regulamento da Feira permite pela primeira vez a venda de livros em língua estrangeira e os livros com mais de 18 meses têm desconto livre pelo que os Editores vão praticar descontos de 20, 30, 40 e 50% sem qualquer limitação regulamentar.
O espaço da Feira foi adaptado para acolher as exposições do Museu Nacional da Imprensa, mantendo-se na zona central o Café Literário que acolherá os eventos integrados na Programação Oficial da Feira. O Auditório está reservado para as iniciativas promovidas pelos editores.
Datas e Horários:
Abertura: 24 de Maio, Quinta-Feira
Encerramento: 10 de Junho, Domingo.
Horários: Todos os dias, das 16:00h às 24:00h.
No dia 1 de Junho (Sexta-Feira), Dia Mundial da Criança, abrirá às 10:00h.

Todos os eventos relacionados com Poesia (nas duas Feiras) serão aqui noticiados.

sábado, 19 de maio de 2007

Hoje nasceu...





19 de Maio de 1890

Mário de Sá-Carneiro

Poeta português









Artigos relacionados:
Biografia
Poemas: Caranguejola ; Quase ; Último soneto ; O Lord

Mário de Sá-Carneiro

Mário de Sá-Carneiro nasceu em Lisboa no dia 19 de Maio de 1890.
Iniciou-se na poesia com doze anos. Aos quinze já traduzia Victor Hugo, e aos dezasseis, Goethe e Schiller.
Viveu a maior parte da sua vida em Paris, onde estudou Direito e onde escreveu a maior parte da sua obra. Paris sempre foi para Mário de Sá-Carneiro uma cidade de fascínio e foi nela que descobriu o cubismo e o futurismo, tal como Fernando Pessoa, seu grande amigo.
Foi com Fernando Pessoa, Luís de Montalvor, Armando Côrtes Rodrigues, Alfredo Guisado e outros, que fundou a revista Orpheu, vindo esta a ter um papel fundamental na renovação da literatura portuguesa do século XX.
Mário de Sá-Carneiro é um dos poetas mais significativos do modernismo em Portugal. A sua obra reflecte um modo de estar e de sentir repercutido numa insatisfação constante. A sua busca, a sua procura, radica num desejo estético pela sublimação do eu.
Inadaptado socialmente e psicologicamente instável, foi neste ambiente que compôs grande parte da sua obra poética e a correspondência com o seu confidente Fernando Pessoa, escrevendo-lhe cartas de uma crescente angústia, das quais ressalta não apenas a imagem lancinante de um homem perdido no seu próprio labirinto, mas também a evolução e maturidade do seu processo de escrita.
Em 1912, escreveu a sua primeira peça, Amizade, em parceira com Tomás Cabreira Júnior. Nesse mesmo ano, publicou uma colectânea de novelas, Princípio. Em 1913 A Confissão de Lúcio, e em 1915, as doze novelas Céu em Fogo.
A primeira obra de poesia foi Dispersão (1913), com doze poemas; escreveu também os Indícios de Oiro, publicados postumamente em 1937 pela Revista Presença. Foram objecto de nova edição em 1946, em conjunto com vários outros poemas avulsos, entre os quais os publicados no Orpheu.
A sua correspondência com outros membros do Orpheu foi também reunida em volumes póstumos: Cartas a Fernando Pessoa (2 vols., 1958-1959), Cartas de Mário de Sá-Carneiro a Luís de Montalvor, Cândia Ramos, Alfredo Guisado e José Pacheco (1977), Correspondência Inédita de Mário de Sá-Carneiro a Fernando Pessoa (1980).
De Sá-Carneiro existe ainda o extraordinário livro Loucura, e uma tradução da peça Les Fossiles, de François de Curel, em parceria com António Ponce de Leão.

Mário de Sá-Carneiro não soube adaptar-se à vida e foi a impossibilidade de equilíbrio emocional que o conduziu ao suicídio. Perante o fracasso do homem, o artista floresceu em beleza e frutificou. A sua obra, aquilo que realmente ele chegou a possuir, ficou e ainda vive. Suicidou-se num quarto de hotel do bairro de Montmartre em Paris, em 1916, com cinco frascos de estricnina.

"Sá-Carneiro não teve biografia: teve só génio. O que disse foi o que viveu."
Fernando Pessoa

Caranguejola

Ah, que me metam entre cobertores,
E não me façam mais nada!...
Que a porta do meu quarto fique para sempre fechada,
Que não se abra mesmo para ti se tu lá fores!

Lã vermelha, leito fofo. Tudo bem calafetado...
Nenhum livro, nenhum livro à cabeceira...
Façam apenas com que eu tenha sempre a meu lado
Bolos de ovos e uma garrafa de Madeira.

Não, não estou para mais; não quero mesmo brinquedos.
P'ra quê? Até se mos dessem não saberia brincar...
Que querem fazer de mim com estes enleios e medos?
Não fui feito p'ra festas. Larguem-me! Deixem-me sossegar!...

Noite sempre p'lo meu quarto. As cortinas corridas,
E eu aninhado a dormir, bem quentinho - que amor!...
Sim: ficar sempre na cama, nunca mexer, criar bolor -
P'lo menos era o sossego completo... História! Era a melhor das vidas...

Se me doem os pés e não sei andar direito,
P'ra que hei-de teimar em ir para as salas, de Lord?
Vamos, que a minha vida por uma vez se acorde.
Com o meu corpo, e se resigne a não ter jeito...

De que me vale sair, se me constipo logo?
E quem posso eu esperar, com a minha delicadeza?
Deixa-te de ilusões, Mário! Bom édredon, bom fogo -
E não penses no resto. É já bastante, com franqueza...

Desistamos. A nenhuma parte a minha ânsia me levará
P'ra que hei-de então andar aos tombos, numa inútil correria?
Tenham dó de mim. C'o a breca! levem-me p'rá enfermaria -
Isto é: p'ra um quarto particular que o meu pai pagará.

Justo. Um quarto de hospital - higiénico, todo branco, moderno e tranquilo;
Em Paris, é preferível, por causa da legenda...
De aqui a vinte anos a minha literatura talvez se entenda;
E depois estar maluquinho em Paris, fica bem, tem certo estilo...

Quanto a ti, meu amor, podes vir às quintas-feiras,
Se quiseres ser gentil, perguntar como eu estou.
Agora no meu quarto é que tu não entras, mesmo com as melhores maneiras.
Nada a fazer, minha rica. O menino dorme. Tudo o mais acabou.


Mário de Sá Carneiro


Na voz de Luís Gaspar:

Quase

Um pouco mais de sol — eu era brasa,
Um pouco mais de azul — eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num baixo mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho — ó dor! — quase vivido...

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim — quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo... e tudo errou...
— Ai a dor de ser — quase, dor sem fim...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se enlaçou mas não voou...

Momentos de alma que, desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...

Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol — vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...

Um pouco mais de sol — e fora brasa,
Um pouco mais de azul — e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...


Mário de Sá-Carneiro

Na voz de Carmen Dolores:

Último soneto

Que rosas fugitivas foste ali:
Requeriam-te os tapetes – e vieste...
– Se me dói hoje o bem que me fizeste,
É justo, porque muito te devi.

Em que seda de afagos me envolvi
Quando entraste, nas tardes que apareceste –
Como fui de percal quando me deste
Tua boca a beijar, que remordi...

Pensei que fosse o meu o teu cansaço –
Que seria entre nós um longo abraço
O tédio que, tão esbelta, te curvava...

E fugiste... Que importa? Se deixaste
A lembrança violeta que animaste,
Onde a minha saudade a cor se trava?


Mário de Sá-Carneiro

O Lord

Lord que eu fui de Escócias doutra vida
Hoje arrasta por esta a sua decadência,
Sem brilho e equipagens.
Milord reduzido a viver de imagens,
Pára às montras de jóias de opulência
Num desejo brumoso – em dúvida iludida...
(– Por isso a minha raiva mal contida,
– Por isso a minha eterna impaciência.)

Olha as Praças, rodeia-as...
Quem sabe se ele outrora
Teve Praças, como esta, a palácios e colunas –
Longas terras, quintas cheias,
Iates pelo mar fora,
Montanhas e lagos, florestas e dunas...

(– Por isso a sensação em mim fincada há tanto
Dum grande património algures haver perdido;
Por isso o meu desejo astral de luxo desmedido –
E a cor na minha Obra o que restou do encanto...).


Mário de Sá-Carneiro

"aguasfurtadas" n.º 10




Hoje, sábado 19 de Maio, a partir das 16 horas, apresentação da revista "aguasfurtadas" nº 10 na Livraria "Da Mariquinhas".

A revista teve uma primeira apresentação em Março, nos Espaços JUP, no Porto, no âmbito das comemorações dos 20 anos do NJAP/JU, a associação que edita a "aguasfurtadas".

Na área da literatura, inclui, entre outros, contos de António Gregório e Luís Graça, e um ensaio de Tiago Bartolomeu Costa sobre o lugar do público no teatro contemporâneo português.

Na área do ensaio, a "aguasfurtadas" 10 inclui um extraordinário texto de Manuel António Pina sobre o urso "Winnie-the-Pooh".

Na área da poesia, e como é habitual, a "aguasfurtadas" 10 inclui diversos autores. Entre eles estão Rogério Rola, Pedro Amaral, Vítor Oliveira Jorge, Gez Walsh (traduzido por Helder Moura Pereira) e Angélica Freitas.
Inclui também um texto em prosa do autor russo Óssip Mandelstam, "Achtarak", que faz parte do ciclo "Viagem à Arménia", ainda inédito em português. A tradução é da responsabilidade dos incontornáveis Nina Guerra e Filipe Guerra. Manuel Resende, por sua vez, traduziu para a "Águas Furtadas" 10 o poema "Une Negresse", de Stéphane Mallarmé, e o Soneto 57, de William Shakespeare.

Mais informações, aqui.


O Bar/Livraria "Da Mariquinhas" fica na:
Rua dos Cordoeiros, 8-10, ao Largo de Santo Antoninho, Bairro da Bica.

Poetas lêem Poetas





Nuno Júdice, Ana Luísa Amaral, Pedro Sena-Lino, Pedro Mexia e Manuel António Pina.
Hoje, 19 de Maio, pelas 21.30h
Na Casa Fernando Pessoa

quinta-feira, 17 de maio de 2007











O escritor e poeta Luís Graça vai apresentar hoje os seus três últimos livros: "De boas erecções está o Inferno cheio, King Kong Size, Edição Especial para Masturbadores" (poesia satírica), "A mulher que fazia recados às putas e mais contos perversos" (contos) e "15 desatinónimos para Fernando Pessoa" (contos).
O triplo lançamento será na Livraria Bulhosa Entrecampos, em Lisboa.
Igualmente presente estará o pessoano Riba de Castro, realizador/escritor brasileiro radicado em Espanha, que apresentará a sua curta-metragem dedicada a Fernando Pessoa "Pessoalmente". Haverá também uma mini-exposição de fotografia "Lisbon Revisited".
Não faltem!

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Semana da Cultura Galega em Lisboa “Portugalizando”

Está a decorrer em Lisboa (até 19 de Maio) a Semana da Cultura Galega “Portugalizando”, organizada pela Cátedra de Estudos Galegos da Universidade de Lisboa, o Centro de Estudos Galegos da Universidade Nova de Lisboa, o Instituto de Estudos de Literatura Tradicional da mesma Universidade e a Dirección Xeral de Creación e Difusión Cultural da Consellaría de Cultura e Deporte da Xunta de Galicia.
Este programa conta ainda com o apoio da Secretaría Xeral de Política Lingüística, da Secretaría Xeral de Emigración, (ambas da Xunta da Galiza) e da Juventude da Galiza - Centro Galego de Lisboa.
Esta semana, agendada em torno do Dia das Letras Galegas (17 de Maio), abarcará diversas vertentes da cultura galega contemporânea.
A iniciativa afigura-se da maior relevância para a divulgação da cultura galega contemporânea, e para o estreitamento das relações culturais entre Lisboa e a Galiza.

«Portugalizando» mostra-nos Galiza através de exposições, colóquios, festas para crianças, projecções de filmes, recitais de poesia e música, desfiles de gaiteiros, etc.

No que respeita à poesia, realizar-se-á quinta-feira 17 de Maio às 20:30H na Sala dos Espelhos do Palácio Foz, o Recital poético musical “Reflexos”.

Em 1963, ano do centenário da publicação do livro Cantares Gallegos de Rosalía de Castro, primeira obra-prima da literatura galega moderna, a Real Academia Galega declarou o dia 17 de Maio como “Día das Letras Galegas”, dia em que se homenageia uma figura de grande relevância para a cultura galega. Desde a sua primeira edição, dedicada a Rosalía de Castro, o Dia das Letras Galegas ultrapassou os limites do puro formalismo académico para se constituir como o dia onde se celebra a afirmação da identidade galega.

Este ano a homenageada é a poetisa María Mariño (1907-1967), “figura singular no contexto da literatura galega pela obra, pela biografia, pela recepção”, nas palavras da estudiosa da sua obra Ana Romaní. Para prestar-lhe homenagem, a cantora Uxía Senlle, acompanhada pelo pianista Paulo Borges, interpretará alguns dos seus poemas, e as poetisas Chus Pato, Helena de Carlos e María do Cebreiro, prestigiadas representantes da poesia galega actual, recitarão composições de autoria própria, numa performance de grande intensidade.

Entrada livre.


Mais informações em: http://ceg.fcsh.unl.pt/site/novidadesEventos.asp?id=43

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Poesia portuguesa em debate na SPA


A Sociedade Portuguesa de Autores promove nos próximos dias 14, 21 e 30, três debates sobre a poesia portuguesa e a sua função nos tempos que correm.

António Carlos Cortez, crítico de poesia, enquadra os movimentos e as obras ao longo dos três debates, que terão início às 18:30 na sede da SPA, em Lisboa.

No dia 14, o debate será sobre os anos 60, a poesia de Fiama Hasse Pais Brandão, Luísa Neto Jorge e Ruy Belo.
No dia 21, sobre os anos 70 e a poesia de Nuno Júdice, António Osório, Joaquim Manuel Magalhães e João Miguel Fernandes Jorge.
No dia 30, sobre os últimos 20 anos e a poesia de Luís Miguel Nava, Paulo Teixeira, Manuel Gusmão, Luís Quintais e Daniel Faria.

Ponte da Barca homenageia Miguel Torga






Miguel Torga vai ser homenageado na XIV edição da Feira do Livro de Ponte da Barca que abre amanhã, sábado e decorrerá até 20 de Maio.
Este ano, no âmbito do centenário do nascimento de Miguel Torga, foi montada uma exposição bibliográfica comemorativa, e na próxima quinta- feira será apresentada a conferência «Miguel Torga: Um Artista, Um Homem e Um Revolucionário», proferida por Isabel Ponce de Leão, uma das maiores especialistas da obra torguiana.
Como convidados da XIV edição da Feira do Livro de Ponte da Barca estarão os escritores Valter Hugo Mãe e João Pedro Mésseder.

Esta semana no "Da Mariquinhas"...

Estão em promoção os seguintes livros:





Al Berto
,
Wordsong,
Livro com cd
(101 Noites);







Bíblia
,
apresentada e comentada por Adriano Moreira, Agustina Bessa-Luís, Eduardo Lourenço, João Bénard da Costa, Jorge Sampaio, Manoel de Oliveira, Pacheco Pereira, entre outros
(Três Sinais Editores);






Licor, sabão e sapatos
,
Daniel Abrunheiro
(Imagens & Letras).




O Bar/Livraria Da Mariquinhas fica na Rua dos Cordoeiros, ao Largo de Santo Antoninho, em Lisboa.
E o blogue, é só procurá-lo aqui na lista ao lado...

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Prémio de Poesia Ibero-americana "Rainha Sofia"






A poetisa peruana Blanca Varela recebeu hoje o prémio "Rainha Sofia" de Poesia Ibero-americana, no valor de 42.100 euros. O prémio, oferecido pelo Património Nacional e pela Universidade de Salamanca, distingue a obra de um autor vivo que «pelo seu valor literário dê um contributo relevante ao património cultural comum ibero-americano e de Espanha».

Nesta edição concorreram 71 poetas de língua espanhola, inscritos por instituições académicas universitárias e culturais de Espanha, Portugal, América Latina e dos Estados unidos. O vencedor da edição passada foi José Saramago e em outras edições o prémio foi concedido, entre outros, aos chilenos Gonzalo Rojas e Nicanor Parra, ao brasileiro João Cabral de Mello Neto, ao colombiano Álvaro Mutis, ao uruguaio Mario Benedetti, e ao argentino Juan Gelman.

Blanca Varela, nascida em 1926 e definida como «uma grande figura da poesia peruana», considera que a sua obra não seria a mesma se não tivesse a ajuda do poeta e ensaísta mexicano Octávio Paz, que conheceu em Paris.
Recebeu o Prémio Octavio Paz de Poesia e Ensaio em 2001 e em 2006, o Prémio Lorca de Poesia.


Prémio Daniel Faria 2007





O Prémio Daniel Faria é um protocolo entre a Câmara Municipal de Penafiel, as Quasi Edições e os herdeiros de Daniel Faria, e é entregue anualmente durante o mês de Dezembro.
O Prémio é atribuído na modalidade de Poesia, visando estimular a criação poética e, em especial, o aparecimento de novos autores.
Podem concorrer ao Prémio trabalhos inéditos de autores com idade inferior a 35 anos no mês de apresentação dos resultados.
São admitidas a concurso exclusivamente obras inéditas em língua portuguesa, com o mínimo de 30 páginas.
O Prémio consiste na edição da obra premiada pela editora Quasi Edições e no pagamento integral dos direitos de autor dos exemplares vendidos pela editora, no valor de 10% sobre o preço de capa.

Este ano, o vencedor foi Paulo Renato Cardoso e o livro vencedor do Prémio Literário Daniel Faria 2007 já se encontra editado, com o título: Órbitas Primitivas - Fracções Futuras de um Tratado Heliocêntrico.










Dia 18 de Maio, às 21:30h, o livro será apresentado por Graça Capinha, na Biblioteca Municipal de Penafiel, terra natal de Daniel Faria.

Paulo Renato Cardoso nasceu em Leiría em 1974. Fez os estudos de filosofia e teologia, e é licenciado em psicologia na Universidade de Coimbra. Actualmente é professor de Psicologia na Universidade Lusófona do Porto.

Venceu o Prémio Literário Daniel Faria, sob o nome de Eva Ferreira

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Novidades Campo das Letras









A Campo das Letras acaba de editar "As Uvas e o Vento" de Pablo Neruda (Prémio Nobel da Literatura 1971), numa tradução de Albano Martins.

É durante os anos de exílio que Pablo Neruda escreve a maior parte dos poemas de "As Uvas e o Vento" (1950-1953).
Enquanto viaja pela Europa e pela Ásia, Pablo Neruda – como cronista do seu tempo – escreve poemas que, segundo as suas palavras, são uma contribuição para a paz num mundo dividido pela guerra. O espaço desta viagem situa-se na Europa milenar – num diálogo intimista –, na Europa de Leste e a Ásia – num registo celebrador, mais próximo do referente histórico e político – e no Oriente – num tom confessional. Ao longo de todos os poemas é o signo político que modela o signo estético da poesia.

Errante, fui cantando
entre as uvas
da Europa
e sob o vento,
sob o vento da Ásia.

O melhor das vidas
e da vida,
a doçura terrestre,
a paz pura,
fui recolhendo, errante,
recolhendo.

Com meu canto
ergui na boca
o melhor duma terra
e de outra terra:
a liberdade do vento,
a paz entre as uvas.

Pareciam os homens
inimigos,
mas a mesma noite
os cobria
e só uma claridade
os despertava:
a claridade do mundo.






A Campo das Letras vai também reeditar, de Pablo Neruda, "Cem Sonetos de Amor" (4.ª edição), também numa tradução de Albano Martins.

"A Matilde Urrutia, Senhora minha muito amada, grande foi o meu sofrimento ao escrever estes mal chamados sonetos, que bastantes dores me causaram, mas a alegria de tos oferecer é maior que um prado. (…) Assim estabelecidas as minhas razões de amor, entrego-te esta centúria: sonetos de madeira que só existem porque tu lhes deste vida." Outubro de 1959

Saberás que não te amo e que te amo
pois que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem sua metade de frio.

Amo-te para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.

Amo-te e não te amo como se tivesse
nas minhas mãos a chave da felicidade
e um incerto destino infeliz.

O meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.

Na estante de culto

"Previsão de Tempo para Utopia e Arredores"
Charles Simic
Selecção e tradução de José Alberto Oliveira

Assírio & Alvim
2002, Colecção Documenta Poética


Esta edição bilingue da Assírio & Alvim é uma selecção de poemas de Charles Simic, que atravessa toda a sua obra. O título traduz o de um livro editado em 1983 (Weather Forecast For Utopia And Vicinity).
José Alberto Oliveira dá-nos assim a conhecer o essencial da obra de um autor americano nascido em Belgrado (Jugoslávia), no seu marcante sentido de humor, na construção dos poemas com o fôlego da melhor ficção e o rigor do verso, na convicção de que a poesia é também uma conversa inteligente e inteligível, que formula perguntas, cujas respostas podem ser o silêncio mais profundo que levam o leitor a sorrir e a estremecer.
Charles Simic vive nos Estados Unidos desde os onze anos, já publicou cerca de duas dezenas de livros de poesia e toda a sua obra é escrita em inglês.
Para além de poeta é também tradutor e ensaísta.

Happy End

E depois carregaram no melão
E ouviram-no estalar
E depois comeram até rebentar
E depois o pássaro cantou oh tão docemente
Enquanto se sentavam coçando-se sem malícia
Bom disse eu pois nesse momento
Os coxos começaram a dançar dobre a mesa
Nessa noite encontrei uma espécie de anjo
Tens lume perguntou ela
Quando eu lhe desapertava o vestido
Já havia muitos deles
Que tinham trepado para o tecto
Amantes chamavam-lhes e seguravam
Rosas entre os dentes enquanto a Primavera
Prosseguia para lá das grandes janelas abertas
E até um pau usado para bater em crianças
Floriu junto à estrada tortuosa
Que um palpite me mandou seguir

Charles Simic

Nascido em Belgrado (Jugoslávia), em 9 de Maio de 1938, o poeta, tradutor e ensaísta americano Charles Simic vive nos Estados Unidos desde os onze anos. Toda a sua obra é escrita em inglês e pertence à literatura norte-americana.
Os seus primeiros poemas foram publicados em 1959, mas a sua estreia em livro deu-se em 1967, com “What The Grass Says” (O que diz a relva). Professor de inglês e poeta consagrado, Simic ganhou o prémio Pulitzer de 1990 com o livro “The World Doesn't End” (O mundo não se acaba). Como tradutor, publicou várias colectâneas de poemas traduzidos para o inglês, de idiomas como francês, sérvio, croata, macedónio e esloveno. O seu trabalho de tradutor abrange ainda a poesia sul-americana.
A infância vivida nos duros anos da Segunda Guerra Mundial representou uma experiência marcante para Simic e que certamente influencia até hoje o seu trabalho poético.
Ao longo de mais de 30 anos, Charles Simic publicou cerca de duas dezenas de livros de poesia. Existem dois resumos importantes: “Selected Poems” de 1990 e “Frightening Toys” de 1995, publicado no Reino Unido, recolhendo poemas dos quatro livros publicados após “Selected Poems”.

Hoje nasceu...




9 de Maio 1938

Charles Simic

Poeta americano


Artigos relacionados:
Biografia
Poemas: O filho mais velho ; Os prazeres da leitura ; Álgebra do início da noite ; Mecânica popular
Na estante de culto: "Previsão de Tempo para Utopia e Arredores”

O filho mais velho

A noite ainda te assusta.
Sabes que é interminável
E de dimensões desmesuradas, inimagináveis.
«É porque a Sua insónia é constante»,
Leste nalgum místico.
Será o bico do Seu compasso escolar
Que te fere o coração?

Algures estarão os amantes deitados
Debaixo dos ciprestes sombrios,
Tremendo de felicidade,
Mas aqui só a tua barba de muitos dias
E uma mariposa nocturna tiritando
Debaixo da mão que apertas contra o peito.

Filho mais velho, Prometeu
De um fogo tão frio que não consegues nomear
Pelo qual te condenaram a um tempo largo
Com o terror dessa mariposa nocturna por companhia.

Charles Simic

Tradução de José Alberto Oliveira

Os prazeres da leitura

No seu leito de moribundo o meu pai lê
As memórias de Casanova.
Eu vejo a noite cair,
Algumas janelas que se iluminam na rua.
Numa delas uma jovem lê
Junto ao vidro.
Há muito tempo que não ergue os olhos,
Mesmo com a escuridão a chegar.

Enquanto ainda há um resto de luz,
Desejo que ela levante a cabeça,
E eu consiga ver-lhe a cara
Que já consigo imaginar,
Mas o livro deve ser intrigante.
Além disso, que silêncio,
Cada vez que volta uma página,
Consigo ouvir o meu pai, que também volta uma,
Como se eles lessem o mesmo livro.

Charles Simic

Tradução de José Alberto Oliveira

Álgebra do início da noite

A louca prosseguia desenhando Xs
Com um pau de giz escolar
Nas costas de pares inadvertidos,
De mãos dadas, rumo a casa.

Era inverno. Já escurecera.
Não se conseguia ver-lhe a cara,
Embuçada como estava e furtiva.
Como se fosse levada pelo vento, com asas de corvo.

O giz ter-lhe-ia sido dado por uma criança.
Tentava descobri-la na multidão,
Esperando que fosse muito séria, muito pálida,
Com uma lasca de ardósia negra no bolso.

Charles Simic

Tradução de José Alberto Oliveira

Mecânica Popular

Os enormes problemas de engenharia
Que encontrarás ao tentar crucificar-te
Sem ajudantes, roldanas, engrenagens,
E outros dispositivos mecânicos inteligentes –

Numa sala pequena, clara e despida
Apenas uma cadeira de pernas frouxas
Para alcançar a altura do tecto –
Um só sapato para martelar os pregos,

Já p’ra não falar de estares nu para a ocasião –
De modo que cada músculo costal se exiba,
A tua mão esquerda já cravada,
Apenas a direita para limpar o suor

E ajudar-te a alcançar a beata
Do cinzeiro a transbordar,
Que não conseguirás acender –
E a noite chegando, a longa noite zumbindo.

Charles Simic

Tradução de João Luís Barreto Guimarães

terça-feira, 8 de maio de 2007

Poema em voz alta

O mostrengo

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
A roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»

«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»

Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»

Fernando Pessoa
Mensagem
9/9/1918

Na voz de Luís Gaspar:

Poemas em voz alta

Prefiro rosas, meu amor, à pátria

Prefiro rosas, meu amor, à pátria,
E antes magnólias amo
Que a glória e a virtude.

Logo que a vida me não canse, deixo
Que a vida por mim passe
Logo que eu fique o mesmo.

Que importa àquele a quem já nada importa
Que um perca e outro vença
Se a aurora raia sempre,

Se cada ano com a primavera
As folhas aparecem
E com o outono cessam?

E o resto, as outras coisas que os humanos
Acrescentam à vida,
Que me aumentam na alma?

Nada, salvo o desejo de indiferença
E a confiança mole
Na hora fugitiva.

Ricardo Reis


Na voz de Luís Gaspar:

Venham daí esses poemas eróticos!















Depois dos desafios anteriores que mereceram o vosso empenho e entusiasmo, aqui fica mais um para que me enviem poemas de vossa autoria.
Desta vez, poesia erótica!
Podem enviar-me os vossos poemas até 15 de Junho. Publicá-los-ei todos no dia 23 de Junho (sem qualquer espécie de censura, como habitualmente).
No final, também como já vem sendo hábito, seleccionarei um poema que será gravado em audio pelo locutor Luís Gaspar, e será apresentada aqui essa versão em audio.
Para além disso, entrará na rubrica "Lugar aos Outros" do audioblogue "Estúdio Raposa" de Luís Gaspar.
Já sabem: não se acanhem. Dêm largas ao erotismo e à poesia!
O e-mail para onde devem enviar os vossos poemas é: inesramos.designer@gmail.com
Boa inspiração!







Rosa Maria Martelo apresentará ao público o ensaio de poesia de Pedro Eiras - A LENTA VOLÚPIA DE CAIR (Edições Quasi), na próxima sexta-feira, dia 11 de Maio, às 21:30h, na Biblioteca Municipal de Matosinhos.
"Este livro reúne ensaios ditos em diversos lugares e editados em vários jornais e revistas, especialmente na Relâmpago, entre 2001 e 2006.
Alguns conservam ainda marcas da oralidade em que nasceram. Outros, apenas o vestígio da múltipla reescrita. Todos foram revistos para a presente edição.
Seria ocioso lembrar quantos poetas faltam aqui, por não ter acontecido a ocasião de escrever sobre eles. Este livro não quer ser um mapa completo: só o registo de algumas travessias, certamente com unidade subterrânea, mas no improviso de quem não sabe o seu próprio destino."

Pedro Eiras nasceu no Porto em 1975. É professor de literatura na Faculdade de Letras desta cidade. Desde 2001, publicou os livros de ensaio Esquecer Fausto. A fragmentação do sujeito em Raul Brandão , Fernando Pessoa, Herberto Helder e Maria Gabriela Llansol (Prémio PEN Clube Português de Ensaio) e A Moral do Vento. Ensaio sobre o corpo em Gonçalo M. Tavares , as peças de teatro Antes dos Lagartos, Passagem, Um Forte Cheiro a Maçã, Recitativo dos Livros do Deserto e As Sombras [Slow / A Última Praia antes do Farol / Uma Carta a Cassandra / O Pressentimento de Inverno / Cultura], o romance Anais de Pena Ventosa e o volume de contos Estiletes. As suas peças foram lidas e encenadas no Porto, em Lisboa, Coimbra, Bratislava, Nice, Salónica, Pont-à-Mousson e Paris. A peça Um Forte Cheiro a Maçã foi editada em França por Les Solitaires Intempestifs e lida numa emissão da rádio France Culture.

Mais informações, aqui.

Lançamentos da editora Labirinto na Casa Fernando Pessoa











Dia 11, às 18h30
Os Amantes da Neblina, de Maria do Sameiro Barroso.
Apresentação: Maria Teresa Dias Furtado.
Leitura: Isabel Wolmar.
Entrada livre.

Dia 18, às 18h30
Livro de Ritmos, de Maria Teresa Dias Furtado.
Apresentação: Teolinda Gersão.
Leitura: Isabel Wolmar.
Entrada livre.

Dia 25, às 18h30
Um Poema para Fiama (antologia organizada por Maria Teresa Dias Furtado e Maria do Sameiro Barroso)
Apresentação pelas organizadoras.
Leitura pelos poetas presentes que colaboraram no livro.
Entrada livre.

domingo, 6 de maio de 2007








Depois das antologias "Poesia 1997/2000" e "Poesia 2001/2005" de Vasco Graça Moura, editadas pela Quetzal Editores, acaba de sair "Poesia 1963/1995", completando-se assim, em 3 volumes, mais de 40 anos de poesia de Vasco Graça Moura.

Vasco Graça Moura, figura destacada da cultura e da vida pública portuguesas, autor de uma vasta obra ficcional e poética, é também ensaísta, dramaturgo, cronista e tradutor.
Nasceu em 1942 no Porto, cidade em que veio a exercer advocacia entre 1966 e 1983, e a ser membro da primeira comissão administrativa nomeada para a Câmara Municipal a seguir ao 25 de Abril.
Ocupou vários cargos institucionais, nomeadamente, os de Secretário de Estado nos IV e VI Governos Provisórios, em 1975, Deputado à Assembleia Constituinte (1975-1976), Director de Programas do Primeiro Canal da RTP, em 1978, e Administrador da Imprensa Nacional - Casa da Moeda, entre 1979 e 1989.
Além de Comissário-Geral da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses (1989-1995), foi ainda Comissário de Portugal para a Exposição Universal de Sevilha de 1992, e Comissário de Portugal para a exposição internacional «Cristoforo Colombo, il naviglio e il mare» (Génova, 1992).
Dirigiu o Serviço de Bibliotecas e Apoio à Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian, em 1996. Colabora regularmente com a televisão, a rádio, jornais e revistas. É Deputado ao Parlamento Europeu desde 1999, tendo sido reeleito em 2004.
Recebeu inúmeros prémios literários, entre os quais o Prémio Pessoa (1995), o Prémio de Poesia do PEN Clube (1997), e o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1997).
Foi galardoado em 2007 com o Prémio Vergílio Ferreira e com o prémio de poesia Max Jacob étranger.



nota sobre um autor

no seu elenco de alusões, nos seus
aspectos narrativos, ele procura
um suporte possível das veemências
que o leitor há-de, e só ele,
incutir na prosódia, a neutra

regularidade sem cadências, ou,
se preferes, o apagamento para
a respiração correcta do seu texto. não
tende para o silêncio, mas apenas
para a pausa e para os nomes de um real

esgaravatado em chão obscuro.
quando sonha ou espera está acordado
para o atravessamento de algumas
dobras do mundo. as presenças
são sempre verbais e solidárias, mesmo se apenas

perguntas tristes. e o coração é mental
e só lhe interessa na surpresa de uma
relação cerce. recupera uma alheia divisa,
poeta até o embigo, os baixos prosa.
talvez não acredite no dizível.

Vasco Graça Moura

Recitais de Poesia




O Grupo de Jograis "U...Tópico" comemora o Dia da Mãe, no Café-Restaurante Império (Av. Almirante Reis - Lisboa), ao almoço, com um recital alusivo ao evento em que dirá os seguintes poetas: Alda Lara (Angola) e os portugueses Maria Augusta Silva, Joaquim de Carvalho, Eugénio de Andrade, José Carlos Ary dos Santos, Miguel Torga, António Gedeão e Fernanda de Castro.
Marcações de mesas no local ou pelo telefone: 912 246 746

Na próxima terça-feira, 8 de Maio, vão estar em Águeda, numa iniciativa da Junta de Freguesia de Águeda, com o apoio da Câmara Municipal, onde, de manhã e à tarde darão audições de poesia para alunos da Escola Básica e Secundária.

sexta-feira, 4 de maio de 2007








Lançamento do livro de Poesia de Golgona Anghel, "Crematório Sentimental - Guia de Bem-Querer" Quasi Edições, dia 11 de Maio na Livraria Ler Devagar, (Rua da Rosa 145 - Bairro Alto), pelas 21.30 horas.
Na Capa, lustração de D. Anghel
A apresentação estará a cargo de António Guerreiro e a leitura será feita por Filipe Petronilho.
Haverá ainda um concerto de Jazz pelo Júlio Resende Trio e será servido um beberete.

Mais informações, aqui.

Poesia Italiana Contemporânea





Conferência sobre Poesia Italiana Contemporânea

Conferência por Maurizio Cucchi.
Leitura de poesia a partir das antologias "Poeti Italiani del Secondo Novecento" e "Poesie 1965-2000".
Apresentação do romance "Il Male è Nelle Cose.."
10 de Maio, às 19.00h
Na Casa Fernando Pessoa

Das Pessoas em Pessoa







"Das Pessoas em Pessoa"

Concepção, encenação e interpretação de Ricardo Bargão, a partir de textos e poemas de Fernando Pessoa.
3, 4, 10 e 11 de Maio, às 21.30h
Na Casa Fernando Pessoa









Na FNAC do Chiado, Baptista-Bastos apresentará no dia 9 de Maio pelas 18:30h, a Antologia Pessoal (1982-2007), de Amadeu Baptista: ANTECEDENTES CRIMINAIS, recentemente editada nas Quasi Edições.

Amadeu Baptista, nasceu no Porto, a 6 de Maio de 1953. Frequentou a Faculdade de Letras da Universidade do Porto. É membro da Associação Portuguesa de Escritores. No ano de 1994 integrou o Júri do Grande Prémio de Poesia APE/CTT, relativo à edição portuguesa de poesia de l993. Colaboração dispersa em jornais e revistas em Portugal. Poemas seus foram traduzidos para Castelhano, Italiano, Inglês e Francês e Romeno.
É divulgador em Portugal de poetas espanhóis e hispano-americanos, entre os quais: Amparo Amorós, Ángeles Dalúa, António Beneyto, António Gamoneda, Hector Alvarado Tenorio, Jaime Sabines, Juana Castro. Manteve na revista Letras & Letras a secção Coração Ibérico, de divulgação de Literatura Espanhola Contemporânea. Fundou e co-dirigiu (com Álvaro Holstein Ferreira e Vergílio Alberto Vieira) a publicação Babel-fascículos de poesia e co-organizou (com Egito Gonçalves) a revista Orfeu 4.

terça-feira, 1 de maio de 2007

Poemas de Amor

Conforme prometido, aqui ficam todos os poemas recebidos até ao dia 30 de Abril.



Pequena receita para ressacas de amor

(Para D., como uma lágrima a fugir do coração)­

— 1 cigarrilha Romeo y Julieta mini, de Alvarez y Garcia.
— cinco cigarros John Player Special (preto).
— 1 garrafa de mini-bar de vodka Absolut.
— 2 garrafas de mini-bar de Fonseca Porto, Tawny Port.
— 1 garrafa de mini-bar Mateus Rosé.
— 2 comprimidos Apton 20.
— algumas (muitas) lágrimas (orgulhosamente verdadeiras).


Mãos nas mãos
com o Douro em fundo
tu e eu sabemos
que tudo está dito

Mãos nas mãos
com o Douro em fundo
tu e eu sabemos
que nem tudo é fúnebre

Mãos nas mãos
com o Douro em fundo
tu e eu sabemos
que apenas custa

o singelo momento
em que os meus olhos
encontram os teus
e o teu abraço

vem de encontro a mim
enquanto os teus lábios
beijam minha face
e os teus cabelos

cheiram a promessas
feitas d’utopias
que eu sei fatais
como as armadilhas

do amor eterno
como as armadilhas
da lua velhaca
do mar traiçoeiro

E quando tu partes
eu fico a pairar
como se os meus passos
já não fossem meus

E olhos nos olhos
mas já sem te ver
preciso de ti
das tuas memórias

Caminho na rua
e fumo um cigarro
como um Romeu
órfão de Julieta

Depois fumo mais
tenho um maço preto
que tinha doirados
nos Lotus do sonho

Ando pelas ruas
sem saber porquê
e os cães que ladram
sabem que te amo

O nome da rua
é Guerra Junqueiro
como se poético
fosse o nosso amor

Por fim chego ao ‘Douro’
que já não tem água
mas um cemitério
com gatos e gente

E sem saber como
sentado na cama
como um pugilista
que não sabe o ringue

solta-se uma lágrima
que me molha os lábios
e sei que preciso
de saber de ti

Então abro a porta
do meu mini-bar
e bebo de um fôlego
um Absolut

E depois desisto
da sobriedade
e bebo dois Tawny
sem ser por maldade

E encho a banheira
d’água muito quente
deito-me lá dentro
a pensar em ti

No dia seguinte
no regresso a Lísbia
sei que vai doer
como sempre dói

Mas sei a ternura
com que me disseste
que as minhas mãos
te deram calor

E fico a pensar
que sofrer é fado
tocado ao relento
fumado ao luar

E quando me deito
anestesiado
a sonhar contigo
ainda acordado

Sei que vai ficar
tanta coisa boa
que choro com gosto
o que já vivemos

E quando sonhares
teus sonhos privados
lembra-te de mim
com saudades do vento

Porque
mãos nas mãos
com o Douro em fundo
tu e eu sabemos
que tudo está dito

Luís Graça





***




Pesadelo

Não sabia quão grande era o amor
mas ao imaginar tê-lo perdido
foi de tal modo intensa a dor,
como um buraco negro foi tão densa
que tudo à minha volta era vazio.
Sem luz, sem qualquer crença,
tudo se tornou lúgubre, frio.
A vida ficara sem sentido.

Regina Gouveia





***




Não sei…

Não sei se era amor o que sentia
Só sei que em sonhos eu te via e pressentia
que por ti tinha esperado desde sempre.
Não sei se era amor o que sentia
sei que eras a luz que mal surgia
encandeava tudo num repente
Não sei se era amor o que sentia
mas sei que ao amar-te assim tão loucamente
só poderias ser uma utopia
e que existias somente em minha mente.

Regina Gouveia





***




Pasargada

Agrilhoada a vontade
resta sempre livre o pensamento.
Com ele parto para Pasargada
em busca dum amor que não existe
ou se existe é noutro espaço e noutro tempo,
um amor despojado de ciúme
em que a paixão, sublime, porque terna
ainda que não perdure é sempre eterna

Regina Gouveia





***




Em ti sei de gestos


Em ti sei de gestos
em qualquer coisa suspensos
como luz que enleva
como lágrimas da fonte
como azul que embriaga
como ar que retém a voz
como sorrisos chorados
como dor indolor
como mar na rebentação das ondas
ou na maré que assalta o muro.

E na mão que segue trémula
digo:
em ti sei de gestos
que tombam
na entrega do Amor.


Maria Costa





***




porque me dói o coração?


trezentos dias de sonhos
havia eco em todas as letras
fantasias de vogais enamoradas
pelas consoantes mudas
assim de vez o mundo em paz
numa conversa terna, vivida
no encantamento diurno

canta-me ao ouvido,
adormecida sonho
esquecida da vida
dentro do vento misterioso,
inquietas ilusões escritas
num livro de almas, pergunto
porque me dói o coração?

Constança Lucas




***




Quem em mim se encontra


Quem em mim se encontra
nas iguarias inventadas
saboreia imensurável afecto
num construir doces perguntas
e nas respostas para matutar
nas esperas como folhas verdes
sempre a adivinhar
um cantar, um paladar

quem de ti se encanta
no teu regaço adormece
num desafio de amor
num abraço em nó

só - eu em mim me escondo
nestas tormentas de não estar
nunca onde estou

Constança Lucas



***



Só para te ouvir cantar

Só para te ouvir cantar
as palavras que valham a pena
olha-me bem no coração
não escreverei mais o meu nome
cantarei as palavras que vivem nos desenhos
e são a minha razão mais forte
no canto da noite, abraça-me,
as estrelas sabem as tuas vozes
ouvem cânticos de lua e sol,
dos nomes através de ti
nos ecos da tua ausência
não existes na natureza,
nem nas casas encantadas,
todas elas foram destroçadas
não poderei voltar
o meu maior desejo
é ouvir-te cantar
neste verão longo e quente,
as violetas dão flor sem parar

Constança Lucas



***



Pode não ser sempre assim


Pode não ser sempre assim,
nas estremecidas imagens
as minhas palavras emudecidas em ti
digo-te alto sempre estás longe
não quero teus segmentos verbais
cheios de raciocínios isentos
quero ouvir o canto próprio
nestes corações afluentes
delirantes nas águas dos oceanos
quero-te sem certezas
neste instante, dentro das palavras
essas nem sempre seguras
mas certamente cordiais

Pode não ser sempre assim
nas lembranças de abraços apagados
as minhas cantigas ecoam no vento
digo-te cada letra bem devagar
não quero os teus silêncios
cheios de razões profundas e vagas
quero seguir caminhos impróprios
nestes dizeres de sangue
delirantes nos desapontamentos
neste instante não te quero comum
essas camadas de silêncios tortos
mas cheios de falares avulsos

Pode não ser sempre assim

Constança Lucas





***




Sonho-te
que sonhando-me
sonhas-me,
em teus braços,
mil beijos
sussurrados

Sonho-te
e sonhando-me
amo-te
no rasgar da pele
buscando
carícias longas
entregando-me

Sonho-te
no abraço incontido
corpo entregue
vencido
em noites de vendaval

E esse perfume errante
- seiva quente -
dá vida dá alento
mesmo que não passando
de ilusão,
que se desfaz em nada,
tal qual nuvem
em tarde de Verão.

Sonho-te
que sonhando-me
sonhas-me...

amando-te…

Menina Marota





***



E, finalmente, o poema que foi escolhido para ser gravado em audio pelo Luís Gaspar:


Conto de Fadas

O que te dizer quando nos olhos, como lágrimas se desprende
o que sinto por ti?
O que te escrever quando as palavras estão enfermas de erros
e enganos, e não afastam esta solidão que cresce dentro de mim?
resta-me este silêncio que sei incapaz de me trair, e que colho às mãos
cheias como no verão o jasmim, escrevo-te longas cartas que rasgo
logo a seguir, nados mortos em envelopes azuis por abrir.
um anão de vão de escada sorri, e um mandarim de pau na mão
certifica-se que não adormeci na vida que se projecta diante de mim
na alva parede que se fecha sobre os sonhos da minha infância,
onde outrora pintei um sol amarelo graffiti confiante e sorridente.
refugiam-se nas tocas os coelhos, bolas de pêlo saltitante de nariz fremente
e hesitante, como se a cada instante fosse necessário abalar a fugir.
provavelmente terão a sua razão, e pelo sim pelo não
telefono ao tubarão que me guia pela noite, num deslizar de águas mansas
tépidas e límpidas como cristal, recolho então as estrelas
e os cristais que Neptuno me oferece
e sou feliz enquanto não amanhece
e o despertador me atira da cama com um grito de urgência
e sou eu de novo adulto responsável
incapaz de verter uma lágrima ou de soltar um sentimento que não seja
picar o ponto e bater num teclado qwert que diante de mim boceja.
e ainda há quem não veja, que a felicidade se esconde por detrás de um
funcionalismo público que de um prédio dos subúrbios espreita
e que o poder de compra se vende em quiosques, estampado em revistas
de fundo cor de rosa, recheados com conselhos de uma madame de Cascais
ou na tinta suja dos jornais em letras gordas e garrafais. e os lustrosos
senhores do capital dizem-nos que temos de viver mal
para que a engrenagem não emperre, e a vida avança por entre prateleiras
de hipermercado devidamente embalada e pronta a consumir, que o tempo
escasseia e é preciso produzir, sempre a sorrir, sempre satisfeito
que se o humano não é perfeito, as máquinas inventaram-se para o corrigir.
atribuo-te um número binário, um cálculo matemático e hermético
para aferir o quanto gosto de ti, mas o sistema encravou e é preciso
reiniciar para prosseguir, salva-se o que se pode e digo-te baixinho:
amo-te princesa dos contos de fadas da minha infância
e de armadura reluzente armo-me com a espada do rei Artur
e vou caçar dragões para me distrair, da doença do mundo
que consiste em não saber sonhar ou sequer sorrir.


Frederico Hartley




Os meus sinceros agradecimentos a Luís Graça, Regina Gouveia, Maria Costa, Constança Lucas, Menina Marota e Frederico Hartley.