A noite ainda te assusta.
Sabes que é interminável
E de dimensões desmesuradas, inimagináveis.
«É porque a Sua insónia é constante»,
Leste nalgum místico.
Será o bico do Seu compasso escolar
Que te fere o coração?
Algures estarão os amantes deitados
Debaixo dos ciprestes sombrios,
Tremendo de felicidade,
Mas aqui só a tua barba de muitos dias
E uma mariposa nocturna tiritando
Debaixo da mão que apertas contra o peito.
Filho mais velho, Prometeu
De um fogo tão frio que não consegues nomear
Pelo qual te condenaram a um tempo largo
Com o terror dessa mariposa nocturna por companhia.
Charles Simic
Tradução de José Alberto Oliveira
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