sábado, 29 de setembro de 2007

Poesia caboverdiana na Casa Fernando Pessoa


Numa iniciativa da Embaixada de Cabo Verde, da Casa Fernando Pessoa e do autor João Lopes Filho terá lugar no próximo dia 2 de Outubro, pelas 18h30, na Casa Fernando Pessoa, a apresentação do livro "Imigrantes em Terra de Emigrantes” (Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro), sobre o qual falarão Beatriz Rocha-Trindade e César Monteiro.
A obra "debruça-se sobre a corrente migratória de caboverdianos para Portugal, que se iniciou ainda durante o período colonial e continuou, com fluxos altos e baixos, até ao presente, tentando fornecer uma panorâmica geral dessa comunidade".
No final da sessão terá lugar um recital de poesia caboverdiana.
A Casa Fernando Pessoa fica na Rua Coelho da Rocha, nº 16, Lisboa (Campo de Ourique).

Filo-Café no Clube Literário do Porto


5 de Outubro de 2007 - 6ª feira, pelas 21:30h
No Piano-Bar do Clube Literário do Porto

Filo-Café: As Imagens e as Coisas
Com:
Alberto Augusto Miranda (inc),
Alexandre Teixeira Mendes (pensamento),
Amilcar Mendes (teatro),
António Pedro Ribeiro (poesia),
Ana Isabel Miranda (doc),
Carlos Marques (curta-metragem),
Elizabeth Monteiro (pintura),
Fernando Soares (teatro),
João Neiva (curta-metragem),
Luis Martins (curta-metragem),
Pedro Teixeira (curta-metragem),
Salviano Ferreira (teatro).

Versos Nus





Terá lugar no próximo domingo 29 de Setembro, pelas 16 horas, no Magnolia Caffe (Praça de Londres - Lisboa) a apresentação pública do livro de poesia "Versos Nus", de Tiago Nené, jovem jurista e escritor de Faro, com a presença do Grupo de Teatro da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa.

Mais informação sobre este autor, aqui.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Venham daí esses poemas com cheiro a maresia!

Desta vez o mote é... o mar. Ouçam as ondas, soltem o olhar na linha do horizonte. Nestes primeiros dias de Outono, vão encontrar-se com o mar e escrevam.
Podem enviar-me os vossos poemas até 31 de Outubro, para o e-mail: inesramos.designer@gmail.com
No dia 4 de Novembro aqui estarão todos. E, como de costume, um deles gravado em áudio pelo locutor Luís Gaspar.


Inscrição

Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Sophia em Sines



Sophia de Mello Breyner tem sido recordada este mês na Biblioteca Municipal Raul Brandão (Sines) na exposição “Sophia - Uma obra exemplar” que pode ainda ser vista até ao dia 30 de Setembro.
Nesta exposição divulga-se a vida e a obra da poetisa. A exposição contém uma selecção de artigos recolhidos em periódicos, testemunhos de diversas personalidades da cultura portuguesa sobre a autora, alguns poemas e excertos de contos, etc.
No dia 27 de Setembro passará um documentário sobre a vida e a obra de Sophia, pelas 18h00.
Mais informações, aqui.

Recital na Casa Fernando Pessoa


O COPO - Poesia de Entretenimento Científico (Nuno Moura e Paulo Condessa) apresentam, no próximo dia 3 de Outubro, pelas 21h30, na Casa Fernando Pessoa: "Salada de Trutas".

A Casa Fernando Pessoa fica na Rua Coelho da Rocha, nº 16, Lisboa (Campo de Ourique).

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Revista “Contemporânea” (1922-1926)




O primeiro número da revista Contemporânea (já anunciado em 1915) aparecia em Maio de 1922, sob a direcção de José Pacheco.
A nova revista escandalizava a mentalidade provinciana da Lisboa dos anos 20, com o arrojado modernismo gráfico e literário de Almada Negreiros, Jorge Barradas, Eduardo Viana, Fernando Pessoa e José Pacheco, acolhendo os resultados da revolução estética dos anos futuristas da geração de Orfeu.
A Contemporânea foi publicada regularmente em 1922 e 1923 (apareceu ainda em 1924 e 1926) e conseguiu agitar e convergir todos os que se interessavam pela arte em Portugal e pelos movimentos vanguardistas da Europa.


O site da Hemeroteca Municipal disponibiliza aqui, a partir de agora, o acesso aos números desta revista, uma das mais importantes do modernismo português, acompanhados por sumários electrónicos que possibilitam o acesso directo aos textos e ilustrações.



Poemas de Paris (Mário de Sá-Carneiro)

domingo, 23 de setembro de 2007

Na estante de culto






“O Poeta Nu”

Jorge de Sousa Braga
[Poesia reunida]
Assírio & Alvim, 2007


Jorge Sousa Braga nasceu em 1957, em Vila Verde, é médico e vive no Porto. Os seus cinco primeiros livros de poesia, publicados nos anos oitenta, foram reunidos em “O Poeta Nu” (editora Fenda) em 1991 e em 1999 (2ª edição).
Este “O Poeta Nu” publicado este ano, suprime da primeira edição “Herbário” (1999) e acrescenta um livro de inéditos.
É sempre com prazer que se lê Jorge de Sousa Braga. Pela nota irónica e surrealista. Pela provocação. Pelas palavras que parecem violentas mas que mais não são do que uma enorme ternura perante o mundo. A sua poesia sempre revelou uma criatividade notável, desde o primeiro livro “De Manhã Vamos Todos Acordar Com Uma Pérola No Cu”, (1981). Não é à toa que Jorge de Sousa Braga tem vindo a ser a grande referência de muitos jovens poetas (e menos jovens também).
Jorge Sousa Braga, para além de poeta, traduziu para português poemas de Jorge Luís Borges, Matsuo Bashô, Li Po e Appolinaire.
Organizou também a antologia “ O Vinho e as Rosas” (1995).


Portugal

Portugal
Eu tenho vinte e dois anos e tu às vezes fazes-me sentir
como se tivesse oitocentos
Que culpa tive eu que D. Sebastião fosse combater os infiéis ao norte de África
só porque não podia combater a doença que lhe atacava os órgãos genitais
e nunca mais voltasse
Quase chego a pensar que é tudo mentira, que o Infante
D. Henrique foi uma invenção do Walt Disney
e o Nuno Álvares Pereira uma reles imitação do Príncipe Valente.
Portugal
Não imaginas o tesão que sinto quando ouço o hino nacional
(que os meus egrégios avós me perdoem)
Ontem estive a jogar póker com o velho do Restelo
Anda na consulta externa do Júlio de Matos
Deram-lhe uns electrochoques e está a recuperar
aparte o facto de agora me tentar convencer que nos espera um futuro de rosas
Portugal
Um dia fechei-me no Mosteiro dos Jerónimos a ver se contraía a febre do Império
mas a única coisa que consegui apanhar foi um resfriado
Virei a Torre do Tombo do avesso sem lograr encontrar uma pétala que fosse
das rosas que Gil Eanes trouxe do Bojador
Portugal
Se tivesse dinheiro comprava um Império e dava-to
Juro que era capaz de fazer isso só para te ver sorrir
Portugal
Vou contar-te uma coisa que nunca contei a ninguém
Sabes
Estou loucamente apaixonado por ti
Pergunto a mim mesmo
Como me pude apaixonar por um velho decrépito e idiota como tu
mas que tem o coração doce ainda mais doce que os pastéis de Tentugal
e o corpo cheio de pontos negros para poder espremer à minha vontade
Portugal estás a ouvir-me?
Eu nasci em mil novecentos e cinquenta e sete e Salazar estava no poder nada de ressentimentos
O meu irmão esteve na guerra tenho amigos que emigraram nada de ressentimentos
Um dia bebi vinagre nada de ressentimentos
Portugal depois de ter salvo inúmeras vezes os Lusíadas a nado na piscina municipal de Braga
ia agora propor-te um projecto eminentemente nacional
Que fossemos todos a Ceuta à procura do olho que Camões lá deixou
Portugal
Sabes de que cor são os meus olhos?
São castanhos como os da minha mãe
Portugal
gostava de te beijar muito apaixonadamente
na boca

Jorge Sousa Braga


Na voz de Luís Gaspar:

sábado, 22 de setembro de 2007

Parabéns à Truca!


A Truca do locutor Luís Gaspar fez esta semana (19 de Setembro) 10 anos!
O site foi iniciado a 19 de Setembro de 1997 e ao fim de uma semana tinha 20 visitantes. Dez anos depois, a Truca tem hoje cerca de 6.000 visitantes por semana.
Das Fofocas da Semana do mundo da publicidade e da cultura em geral, às Histórias da Publicidade, passando pela Agenda Cultural semanal, pela Página da Poesia, pelos Postais do Óscar, pelas Crónicas do José António Baço, pelo "Imaginário" do José Matos Cruz, pelas "Mentes Livres" e "Energias Livres" do Artur Tomé, pelos magníficos textos do Manuel Peres, pelas Regras do Português, pelas Polémicas, pela BD do País dos Cágados, enfim, por uma variedade imensa de páginas interessantes onde todos nos deliciamos semanalmente, a Truca tem sabido manter e até aumentar semana após semana o interesse por este site que é também uma tertúlia.
Parabéns também pelos seus audioblogues "Estúdio Raposa” (onde dá voz aos poetas — consagrados e desconhecidos) e "Poesia Erótica”.
Fica também o meu agradecimento pela locução de tantos poemas que tanto tem enriquecido este meu espaço de poesia.
Viva a Truca, Viva... Pim!

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

São 21 horas. O meu amigo escritor e poeta Luís Graça (neste momento em Boticas, para assistir ao evento "Os Dias da Criação" que aqui noticiei no passado dia 23 de Agosto), acabou de me ligar informando-me de que morreu mais um grande amigo dele e pedindo-me para fazer aqui uma homenagem em seu nome. Trata-se do actor Pedro Alpiarça. O Luís, desta vez, não pôde fazer um poema. Aqui fica a homenagem dele (e minha), e os nossos pêsames aos familiares do Pedro Alpiarça.

Na Guilherme Coussoul. Pedro Alpiarça, Joaquim Paulo Nogueira e Luís Graça. Verão de 2003


Na Wikipédia, neste momento, pode ler-se este texto:

"Pedro Alpiarça (n. 1958 f. 2007), actor português.
Inicia-se no teatro universitário da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, em cujo grupo teatral começa a trabalhar, entre 1984 e 1990. Integra o Teatro A Barraca (1989-1994) sob a direcção de Hélder Costa, em peças como Liberdade em Bremen de Rainer Werner Fassbinder, O Avarento de Moliére, Floresta de Enganos de Gil Vicente ou A Cantora Careca de Ionesco e com Maria do Céu Guerra em O Último Baile do Império de Josué Montello, entre outros. Passou ainda pelas companhias Teatro Veredas (onde trabalhou com Adriano Luz), O Nariz - Teatro de Grupo e Teatroesfera, onde encenou o espectáculo O Erro Humano (1999). É co-fundador do Teatro Mínimo (2002), onde tem desenvolvido trabalho juntamente com José Boavida.
Actor regular na televisão, tem integrado o elenco de variadas séries e sitcoms (1993 - Ideias com História, 1995 - Nico D'Obra, 1998 - Os Malucos do Riso, 1999 - Não És Homem Não És Nada, 2001 - Fábrica das Anedotas, 2004 - Os Batanetes, 2005 - Maré Alta e O Prédio do Vasco).
Estreou-se no cinema em Glória de Manuela Viegas (1999), participando depois em filmes de Carlos Braga e Vítor Candeias.

O actor faleceu a 20 de Setembro de 2007. Suicidou-se saltando do quinto andar do Hospital de Santa Marta em Lisboa. É hoje, dia 21 de Setembro de 2007, velado na Sociedade Guilherme Cossoul em Lisboa."

Parabéns!


10º ANIVERSÁRIO DO GRUPO O CONTADOR DE HISTÓRIAS
Sexta-feira, 21 de Setembro de 2007, 21.00 h
Casa dos Cubos – Tomar
Entrada livre

• Inauguração da exposição “Isso não se pode mostrar em público!”
• Apresentação do livro infantil “A história do Zeca Garro”
• Recital “Saudação ao Outono”

Foi com um recital intitulado “Saudação ao Outono” que, em Setembro de 1997, Filipe Lopes, João Sampaio, Nuno Garcia Lopes e Nuno Graça Dias deram início, em Tomar, ao grupo O Contador de Histórias. Dez anos depois, com várias mudanças de elenco de que se destacam as entradas de João Patrício e Arlindo Marques, e perto de um milhar de espectáculos e acções de formação efectuados por todo o país, O Contador de Histórias volta a saudar o Outono, convidando muitos dos que já por lá passaram. Será no dia 21 de Setembro, sexta-feira, a partir das 21 horas, na Casa dos Cubos, em Tomar, com a inauguração da exposição “Isso não se pode mostrar em público!”, um olhar divertido e surpreendente sobre a poesia a partir de um conjunto de poemas que o grupo tem trabalhado. Segue-se uma apresentação do mais recente livro com a chancela do colectivo tomarense, “A história do Zeca Garro”, obra para crianças com as habituais preocupações pedagógicas do grupo, e que marca também a estreia de Filipe Lopes como autor. O essencial do serão vai ser preenchido pelo recital comemorativo que recupera o nome do primeiro espectáculo do grupo. Aproveitando as potencialidades cénicas deste novo edifício cultural tomarense, onde a arquitectura tem um valor muito especial, “Saudação ao Outono” será um passeio pela literatura guiado por um conjunto de vozes que têm contribuído ao longo desta década para fazer chegar a poesia mais perto de milhares de portugueses. Um passeio em que, fazendo jus às características do grupo O Contador de Histórias, não vão faltar surpresas, momentos de tensão dramática, mas também de refinado humor.
O grupo O Contador de Histórias foi formado em 1997, no seio do núcleo cultural com o mesmo nome, por um conjunto de amigos tomarenses que tinham em comum a paixão pela poesia e o prazer de partilhar com os outros os textos de que mais gostavam.
Filipe Lopes e Nuno Garcia Lopes vinham da experiência pioneira de um programa de rádio (“Papoilas do Hospício” na Rádio Hertz) em que os textos literários coexistiam em harmonia com músicas alternativas e muito humor. Seguiram-se vários recitais de aprendizagem até que a ocasião do lançamento da “Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa” coordenada por Pedro Mexia, no âmbito dos encontros Setembro Poesia em Tomar, serviu de estreia para o grupo. E todos perceberam que não era mais um grupo de jograis ou de declamadores convencionais quando, perante uma plateia bem exigente, os quatro elementos começaram por dizer “Nós pimba”, a letra politicamente incorrecta de uma cançoneta de Emanuel, com o vigor e a entoação da melhor poesia. Estavam lançados os dados para uma carreira em que a ironia e a irreverência têm andado sempre de mãos dadas com o objectivo primeiro do colectivo: promover a leitura. Os anos que se seguiram incluíram um crescendo de recitais em Tomar e um equívoco determinante para o futuro: por causa de um nome que parecia óbvio mas não pretendia sê-lo, os elementos do grupo foram confundidos com contadores de histórias, actividade que dava os primeiros passos em direcção à pujança que tem hoje no país. E essa confusão levou a que começassem a surgir convites para sessões de conto… cuja insistência obrigou a uma inesperada especialização do grupo, então já constituído pelo seu núcleo duro – João Patrício, Filipe Lopes e Nuno Garcia Lopes. Foi a partir daí que, quando se percebeu que havia um trabalho consistente, O Contador de Histórias admitiu sair do aconchego da terra natal e começar a andarilhar pelo país. Seguiram-se anos de crescimento bem alicerçado. A qualidade do trabalho que apresentava levou a que o grupo começasse a ser presença regular em bibliotecas e escolas dos vários graus de ensino de todo o país. Entidades de relevo convidaram-no para o estabelecimento de parcerias: a Fundação do Gil, o Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, a Associação de Professores de Português, a Associação de Profissionais de Educação e Infância, entre outras. A experiência dos seus elementos conduziu a convites para a participação nalguns dos principais encontros nacionais, bem como em instituições de ensino superior. E a percepção de que essa experiência era útil levou à criação de oficinas para pais e professores, que se revelaram um sucesso.
Hoje, 21 de Setembro de 2007, o grupo O Contador de Histórias vai fazer mais um recital como se fosse a primeira vez.

Site e Blogue.

Novidades Caixotim



No próximo dia 28 de Setembro (19 h) será apresentado o livro-álbum "Diário – Douro", publicado pela Edições Caixotim em parceria com a Direcção Regional da Cultura do Norte, com texto de Miguel Torga, fotografia de Paulo Magalhães e prefácio de Francisco José Viegas.
A apresentação do livro (que já se encontra nas livrarias) será feita por José Carlos Seabra Pereira. Do programa consta igualmente a leitura de poemas de Miguel Torga pelo actor Fernando Soares e a projecção de fotografias incluídas no livro e de outras da região transmontana e alto-duriense. Esta iniciativa terá lugar no Auditório da Biblioteca Almeida Garrett (Jardins do Palácio de Cristal), Porto.




Acaba de sair o III tomo das “Obras Completas de Bocage”, sob o título "Apólogos ou Fábulas Morais, Epigramas, Poesia Anacreôntica, Endechas, Elegias, Epicédios". Este volume foi organizado e prefaciado por Daniel Pires, responsável pela nova e definitiva edição das obras de Bocage, investigador e presidente do Centro de Estudos Bocagianos. Em Outubro será editado o tomo IV, ficando assim reunidos em cinco volumes os escritos autógrafos de Manuel Maria Barbosa du Bocage. Prevê-se para essa data — e em Setúbal — a apresentação pública destes volumes. Os dois últimos, a publicar em 2008, reúnem as traduções de obras de autores estrangeiros feitas pelo poeta.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Poesia de Xavier Zarco




Vai ter lugar no próximo dia 29 de Setembro, pelas 15h30, no Auditório do Clube Literário do Porto, o lançamento do livro de poesia "Variações sobre tema de Vítor Matos e Sá: Invenção de Eros" de Xavier Zarco (Edium Editores), distinguido com o Prémio de Poesia Vítor Matos e Sá - 2007.
A apresentação da obra será feita pela poetisa Ana Maria Costa e pelo poeta Luís Monteiro da Cunha. Integrado neste evento haverá um espectáculo de dramatização, bailado e música.
O Clube Literário do Porto fica na Rua Nova da Alfândega, 22 (Porto).

Centenário do nascimento de Guilherme de Faria





Entre 6 de Outubro de 2007 (dia que assinala o centenário do nascimento do poeta) e 4 de Janeiro de 2009 a Cosmorama Edições e a Saudade Minha (associação divulgadora da vida e obra de Guilherme de Faria) irão desenvolver uma série de eventos com o objectivo de evocar a memória do poeta e a divulgação da sua poesia.
Entre eles destacam-se a reedição da antologia "Saudade Minha" (editada pela primeira vez em 1929) que integra 100 poemas escolhidos pelo próprio Guilherme de Faria, com uma introdução que contextualiza a vida e a obra do poeta.

As apresentações desta antologia estão já agendadas para as seguintes datas:

Lisboa - 28 de Setembro, 18h30:
CASA FERNANDO PESSOA
Rua Coelho da Rocha, 16
Intervenções de António Cândido Franco e José Rui Teixeira.

Leitura de poemas.


Guimarães - 6 de Outubro, 18h:
IGREJA DE S. FRANCISCO
Largo de S. Francisco
Intervenção de José Rui Teixeira e leitura de poemas.
Concerto coral.


Porto - 6 de Outubro, 21h30:
CAPELA DE FRADELOS
Rua Guedes de Azevedo, 50
Intervenção de José Rui Teixeira.
Leitura de poemas.

Poesia de Jorge Casimiro







O novo livro de poesia de Jorge Casimiro "Murmúrios Ventos" (edição Pássaro de Fogo) será apresentado no próximo dia 27 de Setembro, pelas 18h30, na Casa Fernando Pessoa.
A apresentação estará a cargo de Francisco José Viegas. Serão lidos poemas por Lúcia Palminha, Tânia Leonardo, António Jorge Marques, Jorge Castro e Pedro Laranjeira.
Os interlúdios musicais serão da responsabilidade de João Lucas (piano) e António Jorge Marques (flauta transversal).
A Casa Fernando Pessoa, já sabem que fica na Rua Coelho da Rocha, 16 (Campo de Ourique - Lisboa).

Nova livraria em Lisboa

Encontro Poético no Palácio Galveias











A Associação Portuguesa de Poetas vai realizar no próximo dia 29 de Setembro, entre as 19h e as 20h30, mais um Encontro Poético no Palácio Galveias (Campo Pequeno – Lisboa).
O poeta homenageado este mês será Miguel Torga.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

PARA O ROLAND DE OLIVEIRA
AO JEITO DE JORGE SOUSA BRAGA

As tuas fotos nunca usaram gravata




In memoriam de Roland Carlos de Oliveira, falecido há dias, aos 87 anos (1920-2007).
Publicou no jornal do Benfica entre 1942 e 2003.

Roland de Oliveira era um decano dos foto-jornalistas portugueses, ligado durante décadas ao jornal do Benfica, o seu clube de sempre. Vestia aprumadamente, com uma elegância fidalga, de casaco e gravata, mas na sua cabeça não havia gravatas. Havia camaradagem. Foram 20 anos de convívio com ele. Vai juntar-se a Nuno Ferrari (A BOLA), António Capela (RECORD), Óscar Saraiva (GAZETA DOS DESPORTOS), Carlos Vidigal (O DIÁRIO).
Que equipa, meu Deus! E que saudades!

Alberto Miguéns faz-lhe uma bela evocação no jornal BENFICA de 14 de Setembro.

À família, amigos e a todos os benfiquistas, os meus sentidos pêsames.

Luís Graça, 19 de Setembro de 2007

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

UM CACHO COM SABOR DE MEL

Patético, Rui!
Despediste-te à francesa
sem dizer nada aos amigos

E já lá estás
à sombra, a sorrir
como quem pede desculpa

Andarás à procura do outro
do outro Rui, teu grande amigo
o Belo, das palavras imponentes

Tenho-te perto de um falo de bronze
nos jardins da Fundação Gulbenkian
mais o Zé Correia, o Julião e o Grade

Nessa foto, todos os poetas brilham
e tu, grande escritor, tímido
a dizeres que eu é que sim

Tu é que sim, como Homem
poeta e dono desse sorriso tão puro
que tem garrafa privada no meu coração

Luís Graça

In memoriam.


Rui Cacho era membro da Tertúlia de Poetas Rio de Prata, que se reúne semanalmente, às quintas-feiras, no restaurante que agora se chama Gran Caffé. Foi uma tertúlia fundada pelos poetas Ulisses Duarte e António Manuel Couto Viana nos primórdios dos anos 90. Rui Cacho sempre se associou aos livros da tertúlia com as suas prosas finíssimas, o seu sentido de humor terno e humilde, a sua personalidade dadivosa e extremamente social. Era um homem bom e um grande escritor. E as minhas lágrimas são sempre bem gastas em homens como ele.

Grande contista, cronista e homem atento a tudo o que o rodeava. Rui Cacho foi um dos dois elementos da Tertúlia Rio de Prata contemplado com bolsas de criação literária, curiosamente no mesmo ano. O outro foi o meu grande amigo e excelente poeta Avelino de Sousa.

Ouvir Rui Cacho falar da sua amizade com Ruy Belo era uma delícia, pelas lições de fraternidade, vida e poesia que encerrava.

Era um homem alto, extremamente magro, moreno, de óculos com lentes grossas, voz grave e amigável, um sorriso que desarmava qualquer um. Se todos os homens fossem como ele, não havia guerras.

À família e amigos, o meu grande abraço. Dizer que nunca te esquecerei é apenas uma banalidade que te mereceria uma resposta do estilo: "Oh! pá, podes esquecer-me à vontade. Não fiz nada para ser lembrado".

O corpo de Rui Cacho pode ser velado a partir de hoje à tarde, segunda-feira, 17 de Setembro, na Igreja do Monte Abraão (Massamá).
Presume-se que o funeral seja realizado amanhã de manhã.

Luís Graça, 17 de Setembro de 2007

sábado, 15 de setembro de 2007



Um professor de inglês do colégio de Gresham (condado de Norfolk) indentificou recentemente, numa publicação estudantil, três poemas de W.H. Auden escritos quando este tinha quinze anos: "Evening and Night in Primrose Hill" (Tarde e Noite em Primrose Hill), "Enchanted" (Encantado) e "To a tramp met in the holidays in Mounmouthshire" (A um vagabundo que conheci nas férias em Monmouthshire).
W.H. Auden frequentou este colégio entre 1920 e 1925.
A descoberta acontece no ano do centenário do nascimento do poeta.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Na estante de culto




Natália Correia

Antologia Poética
Organização de Fernando Pinto do Amaral
Publicações D. Quixote, 2002 Colecção Biblioteca de Bolso

Uma selecção de poemas de Natália Correia organizada por Fernando Pinto do Amaral, numa edição de bolso da D. Quixote (em parceria com a FNAC), tendo como base a edição da Poesia Completa de Natália Correia (1999), da mesma editora.
Apesar de ser uma edição de bolso, apresenta uma boa representatividade dos diversos períodos da escrita de Natália Correia, facultando aos leitores uma visão de conjunto da sua poesia.
Já sabemos que para os portugueses, o sucesso de um livro pode ser uma questão de tamanho, ao contrário do que se passa noutros países europeus.
Pensemos assim: um livro não é apenas o tamanho, o papel, ou a lombada. É o que tem dentro. E este, tem o essencial de Natália, com a vantagem de poder chegar ao "bolso" de todos.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Natália Correia

Natália de Oliveira Correia nasceu na ilha de São Miguel – Açores, no dia 13 de Setembro de 1923.
Veio, ainda criança, estudar para Lisboa, iniciando muito cedo a sua actividade literária.
Importante figura da cultura portuguesa da segunda metade do século XX, notabilizou-se como poetisa, ensaísta, romancista, passando pelo teatro e pela investigação literária, Natália foi também uma figura destacada da luta contra o fascismo. Vários livros seus foram apreendidos pela censura, tendo sido condenada a três anos de prisão com pena suspensa, por abuso de liberdade de imprensa. Foi também deputada depois do 25 de Abril e também nesse papel foi uma figura marcante e inesquecível.
Colaborou com frequência em diversas publicações portuguesas e estrangeiras.
A sua obra está traduzida em várias línguas.
Obras poéticas: "Rio de Nuvens" (1947), "Poemas" (1955), "Dimensão Encontrada" (1957), "Passaporte" (1958), "Comunicação" (1959), "Cântico do País Imerso" (1961), "O Vinho e a Lira" (1966), "Mátria" (1968), "As Maçãs de Orestes" (1970), "Mosca Iluminada" (1972), "O Anjo do Ocidente à Entrada do Ferro" (1973), "Poemas a Rebate" (1975), "Epístola aos Iamitas" (1976), "O Dilúvio e a Pomba" (1979), "Sonetos Românticos" (1990), "O Armistício" (1985), "O Sol das Noites e o Luar nos Dias" (1993), "Memória da Sombra" (1994).
Ficção: "Anoiteceu no Bairro" (1946), "A Madona" (1968), "A Ilha de Circe" (1983).
Teatro: "O Progresso de Édipo" (1957), "O Homúnculo" (1965), "O Encoberto" (1969), "Erros meus, má fortuna, amor ardente" (1981), "A Pécora" (1983).
Ensaio: "Poesia de arte e realismo poético" (1958), "Uma estátua para Herodes" (1974).
Obras várias: "Descobri que era Europeia" (1951 viagens), "Não Percas a Rosa" (1978 diário), "A questão académica de 1907" (1962), "Antologia da Poesia Erótica e Satírica" (1966), "Cantares Galego Portugueses" (1970), "Trovas de D. Dinis" (1970), "A Mulher" (1973), "O Surrealismo na Poesia Portuguesa" (1973), "Antologia da Poesia Portuguesa no Período Barroco" (1982), "A Ilha de São Nunca" (1982).
Faleceu em Lisboa em 1993.

Hoje nasceu...





13 de Setembro de 1923

Natália Correia

Poetisa portuguesa








Artigos relacionados:
Biografia
Poemas: Falavam-me de Amor ; A Alma ; Ode à Paz ; Auto Retrato ;
Arquivo audio: A Defesa do Poeta; Queixa das almas jovens censuradas
Estante de Culto: Natália Correia – Antologia Poética


Falavam-me de Amor

Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,

menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.

Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.

O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.

Natália Correia

A Alma

Votada ao fogo obediente ao perigo
feroz do amor ser muito e o tempo pouco,
Chegas ébrio de sonho, ó estranho amigo
E eu não sei se por mim és anjo ou louco.

Num beijo infindo queres morrer comigo.
Nesse extremo és sagrado e eu não te toco.
Esquivo-me: o teu sonho mais instigo.
Fujo-te: a tua chama mais provoco.

A incêndio do teu sangue me condenas
E com ciumentas ervas te envenenas
Dizendo às nuvens que só tu me viste.

Bebendo o vinho de amantes mortos queres
Que eu seja a mais prateada das mulheres.
E de ser tão amada eu fico triste.

Natália Correia

Ode à Paz

Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,
Pelas aves que voam no olhar de uma criança,
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
pela branda melodia do rumor dos regatos,
Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego, dos pastos,
Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos aromas maduros de suaves outonos,
Pela futura manhã dos grandes transparentes,
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra,
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna,
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz,
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,
Abre as portas da História,
deixa passar a Vida!

Natália Correia

Queixa das almas jovens censuradas

Dão-nos um lírio e um canivete
e uma alma para ir à escola
E um letreiro que promete
Raízes, hastes e corola.

Dão-nos um mapa imaginário
Que tem a forma duma cidade
Mais um relógio e um calendário
Onde não vem a nossa idade.

Dão-nos a honra de manequim
Para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos o prémio de ser assim
Sem pecado e sem inocência.

Dão-nos um barco e um chapéu
Para tirarmos o retrato.
Dão-nos bilhetes para o céu
Levado à cena num teatro.

Penteiam-nos os crânios ermos
Com as cabeleiras dos avós
Para jamais nos parecermos
Connosco quando estamos sós.

Dão-nos um bolo que é a história
Da nossa história sem enredo
E não nos soa na memória
Outra palavra para o medo.

Temos fantasmas tão educados
Que adormecemos no seu ombro
Somos vazios, despovoados
De personagens do assombro.

Dão-nos a capa do evangelho
E um pacote de tabaco.
Dão-nos um pente e um espelho
Para pentearmos um macaco.

Dão-nos um cravo preso à cabeça
E uma cabeça presa à cintura
Para que o corpo não pareça
A forma da alma que o procura.

Dão-nos um esquife feito de ferro
Com embutidos de diamante
Para organizar já o enterro
Do nosso corpo mais adiante.

Dão-nos um nome e um jornal,
Um avião e um violino.
Mas não nos dão o animal
Que espeta os cornos no destino.

Dão-nos marujos de papelão
Com carimbo no passaporte.
Por isso a nossa dimensão
Não é a vida. Nem é a morte.

Natália Correia


Na voz de José Mário Branco:

Auto Retrato

Espáduas brancas palpitantes:
Asas no exílio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
Para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vozes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
Embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
Presa na teia dos seus ardis.

Natália Correia
(1955)

A Defesa do Poeta

Senhores jurados sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto.

Sou um vestíbulo do impossível um lápis
de armazenado espanto e por fim
com a paciência dos versos
espero viver dentro de mim.

Sou em código o azul de todos
(curtido couro de cicatrizes)
uma avaria cantante
na maquineta dos felizes.

Senhores banqueiros sois a cidade
o vosso enfarte serei
não há cidade sem o parque
do sono que vos roubei.

Senhores professores que pusestes
a prémio minha rara edição
de raptar-me em crianças que salvo
do incêndio da vossa lição.

Senhores tiranos que do baralho
de em pó volverdes sois os reis
sou um poeta jogo-me aos dados
ganho as paisagens que não vereis.

Senhores heróis até aos dentes
puro exercício de ninguém
minha cobardia é esperar-vos
umas estrofes mais além.

Senhores três quatro cinco e sete
que medo vos pôs por ordem?
que pavor fechou o leque
da vossa diferença enquanto homem?

Senhores juízes que não molhais
a pena na tinta da natureza
não apedrejeis meu pássaro
sem que ele cante minha defesa.

Sou um instantâneo das coisas
apanhadas em delito de perdão
a raiz quadrada da flor
que espalmais em apertos de mão.
Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever
Ó subalimentados do sonho!
a poesia é para comer.

Natália Correia


Na voz de Natália Correia:

Fiz um conto para me embalar

Fiz com as fadas uma aliança.
A deste conto nunca contar.
Mas como ainda sou criança
Quero a mim própria embalar.

Estavam na praia três donzelas
Como três laranjas num pomar.
Nenhuma sabia para qual delas
Cantava o príncipe do mar.

Rosas fatais, as três donzelas
A mão de espuma as desfolhou.
Nenhum soube para qual delas
O príncipe do mar cantou.

Natália Correia

quarta-feira, 12 de setembro de 2007


A Andante vai apresentar no próximo dia 21 Setembro, a estreia do seu novo espectáculo "A ver o Mar", no Fórum Cultural de Alcochete, pelas 22 horas.

A Ver o Mar é um espectáculo de poesia sobre o mar, com poemas (entre outros) de Matilde Rosa Araújo, Carlos Drummond de Andrade, José Jorge Letria, Teresa Rita Lopes...

"Portugal é um país de marinheiros, diz-se, e, um espectáculo de poesia sobre o MAR parece ter a obrigação de reflectir essa dita propensão. Nós resolvemos «baralhar e voltar a dar»."

Ficha técnica do espectáculo:

Textos: Vários
Encenação: Fernando Ladeira e Cristina Paiva
Pesquisa: Cristina Paiva e Fernando Ladeira
Interpretação: Cristina Paiva
Sonoplastia: Fernando Ladeira
Cartaz: Carlos Pequito
Produção: Andante Associação Artística
Apoio: Câmara Municipal de Alcochete

Para mais informações sobre este e outros espectáculos da Andante, espreite aqui.

Quintas de Leitura


A Cidade Líquida
Sessão dedicada ao último livro de Filipa Leal.

Poesia: Filipa Leal (poeta convidada)
Apresentação: Inês Pedrosa
Leituras: Inês Veiga de Macedo, Susana Menezes, Pedro Lamares e Filipa Leal
Fotografia: Mafalda Capela
Performance: Tânia Carvalho (apresenta "Com a Voz me Enganas)
Vídeo: David Bonneville
Música: MEME
Ana de Deus e Marta Bernardes (voz)
Rui Lima e Sérgio Martins (guitarra)
Nuno de Sousa (guitarra e teclados)

No Teatro do Campo Alegre
22 de Setembro de 2007, pelas 22 horas
Mais informações, aqui.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

A MORTE CONVIDOU-TE P'RA DANÇAR
MAS TU É QUE ESCOLHESTE O RITMO

O dia está cinzento
como cinzentos podem ser
os dias em Setembro

Mas nesta alma eu sinto
o negro de um corvo
com cara de bastardo

E um bico voraz
afiado, canalha
à espera da tua carne

Disseram-me assim
como quem encolhe os ombros
que tinhas partido há três ou quatro dias

Certamente a rir, como sabias rir
sorriso a flutuar por entre nuvens de fumo
e o gozo muito teu de seres quem eras

Dizem que o tabaco te matou
mas o cigarro era muito mais que vício
era poema, era o amigo, o confidente

Os médicos ameaçavam-te fraternos
e tu, trocista, ouvias e sorrias
e dizias que não ligavas pevas ao assunto

Olhaste a morte nos olhos e disseste-lhe
"Aqui estou, minha puta, vem buscar-me
há muito tempo que estou à tua espera"

E partiste sentado no lugar que escolheste
em 1ª Classe, no Expresso do Oriente
com paragem na Biblioteca de Alexandria

Obviamente, num compartimento
exclusivamente destinado a fumadores
e a homens com sentido de humor



Em memória do meu amigo Álvaro Garcia Fernandes, tradutor, dicionarista, homem de letras, e um grande ser humano. Nasceu no Porto, num dia 24 de Abril, morreu na alvorada de Setembro de 2007.
Morava na Rua do Bom Sucesso e era paragem obrigatória nas minhas visitas ao Porto.
A última das quais em Março. Do Hotel Douro à sua casa (Rua do Bom Sucesso, na Boavista) era um pulinho. Até por isso escolhi ficar na Boavista. Para estar perto dele e do Holmes Place do Bessa.
Sei que levaste contigo alguns dos livros que te dei. Isso me deixa feliz.


Homenagem de Luís Graça,
10 de Setembro de 2007

Vida e obra de Miguel Torga na Biblioteca Nacional

Inaugura hoje, pelas 18 horas, uma exposição com grande parte do espólio de Miguel Torga, na Biblioteca Nacional em Lisboa, no âmbito das comemorações do centenário do nascimento do poeta, que se prolongam até ao final do ano.
Promovida pela Direcção Regional de Cultura do Norte e comissionada por Carlos Mendes de Sousa, esta exposição, que percorrerá várias cidades de Portugal e Espanha, é um dos elementos mais importantes do programa nacional de comemorações do centenário do nascimento de Torga.
Esta exposição apresenta objectos, fotografias, raros manuscritos de poemas e algumas primeiras edições de obras que Torga assinou ainda com o seu nome (Adolfo Rocha), doados pela filha do poeta à Casa-Museu, inaugurada este ano em Coimbra.
Na Covilhã, a Biblioteca Municipal recorda também Miguel Torga com uma exposição de poesia, romance, diários e contos.
A Biblioteca Nacional fica no Campo Grande, 83, em Lisboa, e a exposição estará patente até 12 de Outubro de 2007.
Programa das comemorações, aqui.

domingo, 9 de setembro de 2007

Os vossos poemas

© Fernando Gabriel


Desta vez, os gatos...


No passado dia 27 de Junho fiz-vos um desafio para que me enviassem os vossos poemas sobre gatos, prometendo-vos que seriam todos publicados hoje, 9 de Setembro, e que um deles seria escolhido para ser gravado em áudio pelo locutor Luís Gaspar.
O poema gravado em áudio será incluído num programa do audioblogue Estúdio Raposa de Luís Gaspar. Todos os poemas serão publicados também no blogue “queridos gatos”.
Aqui ficam então todos os poemas recebidos, para vossa apreciação, com o meu agradecimento pela colaboração e com a promessa de voltar a organizar brevemente outro “espaço aberto”:


Eu sou um Gato

Eu sou um Gato, um Senhor Gato,
Dono de minha felina vaidade,
E do meu território emprestado,
Que é a casa onde eu moro,
Com a minha querida dona,
Sempre em boa companhia.
Passo assim a apresentar-me,
Devo fazê-lo primeiro,
Para não parecer indelicado.
Mas, antes quero avisar,
Que não desperto a desgraça,
Que é um sentimento muito feio.
Matando a vossa curiosidade,
Sem intenção de alguma ironia,
Sou negro, da cor da noite,
Não faço mal a ninguém,
Pois, essa coisa de mal olhado,
É no meu entender de gato,
Um pretexto, que utiliza,
Gente, muito pouco sadia.
Tenho bigodes muito longos,
Que apenas são meu património,
Não empresto a nenhum título,
A um humano ou companheiro,
Mesmo que por caridade,
Pois ficava sem qualquer jeito.
Quanto a divinas e divas gatas,
Só em tempos que lá vão,
Pois agora já tenho idade,
E não consigo ser Don Juan.
Os olhos, esses, são verdes,
Têm a cor da uva branca,
Quando está amadurecida.
E agora que me apresentei,
Lembrem-se com carinho,
Dos gatos que como eu,
Existem no vosso Mundo,
Pois apesar de sermos gatos,
Saibam que também somos donos,
De alguma sabedoria.
Eu sou o Gato de nome Milu,
Ela é a minha Dona Bea.

Só nos resta enviar-vos,
Um grande abraço,
Daqueles que vos desejam,
Boa sorte para a vida!

Beatriz Barroso


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Sou gato.
Que terror!
Faça lá o favor,
De não ser fatalista!
Sou gato.
Gato preto, bem preto.
E vivo como um senhor,
Neste mundo,
Que a todos, nos desafia...

Sou gato.
Gosto muito de minha cor,
Quando de toda a ninhada,
Minha mãe a viu pintada,
No terceiro gato que dela nascia,
Deu-me com todo o amor,
Uma inesquecível lambidela,
Que na minha memória de gato,
Me ficou ela gravada,
Para o resto de minha vida!

Sou Gato Preto.
Assumido.
Que presunção,
É a minha!
Mas se vos intimida a cor.
Olhem-me para os olhos,
Que vos espreitam agora,
De forma tão tranquila.
São vivos,
Atentos,
Em permanente expectativa.
A cor?
O Verde da esperança,
Já viram?
Tenho a certeza que vos inspira,
Muito mais autoconfiança.

E neste instante de partilha,
Faço eu meu auto-retrato,
Que por princípio, eu não queria.
Sou gato.
Mas que mistério...
Tanto silêncio me vem desse lado,
Fale-me agora de si,
Pois eu sou como todo o gato,
Que se preza de o ser,
Muito curioso.
Venha daí agora com muita auto- estima,
Aquilo que de si também me fala,
Sua bela fisionomia!

Beatriz Barroso


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De uma ninhada
Me vi nascida.
Numa mãe gata,
Me vi transformada.
Sou agora gata idosa,
Mas muito bem conservada.
Sou gata e tenho uma dona,
Sou sua leal companheira.
Não ando pelos telhados,
Não sou gata vira-latas,
Levo uma vida prazenteira.

Sou gata que vive em casa,
Assaz bonita e arejada.
Quando quero, ainda corro,
Numa alegre brincadeira,
Com os miúdos cá da casa.
Sou gata, muito estimada,
Ainda vaidosa,
De meus felinos atributos.
E cá do meu íntimo, vos confesso
Ainda me mantenho romântica.
Gosto de ver a Lua a crescer,
Quando a noite chega sorrateira,
E eu sonho,
Sonho ser uma gata nova,
Para poder namorar...
Mas não gosto de todos os gatos,
Principalmente dos adúlteros.
Que saudade eu trago do tempo,
Em que um rom-rom eu ouvia,
Do gato por quem me perdi,
Que amiúde me fazia,
Ir de visita à janela.
Dar-lhe uma espreitadela.
Acenava-lhe eu com a cauda,
Enquanto ele da rua,
Seus enormes bigodes estendia,
Com que prometendo tudo,
Só para me ver nua.

Mas como tenho sete vidas
Dizem os mais entendidos,
Espero ainda poder viver
Muitas horas felizes,
Antes de minha partida...

Beatriz Barroso


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Ron-Rons

No regresso a casa, mais ou menos tardio,
De um dia mais ou menos sombrio,
Sou recebida sempre com muito calor,
Com muito miminho...
Por quem não se cansa de dar,
Nem sequer de esperar
Por mim.
Enterneço-me na sua companhia,
Animo-me na sua alegria,
Aconchego-me no seu carinho
E digo baixinho — obrigada por estarem sempre aqui!

Carla Mondim


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Gatos

Que graça quando se movem,
Que olhar tão puro.
Quão dócil o seu chamego,
Quando me acarinham
Mostrando-me o seu apego.
Sempre presentes,
Sempre fieis,
Sempre verdadeiros.
São os primeiros
A sentir o que me vai na alma,
E a transmitir-me a calma,
Que me amacia,
Que me adoça.
O que de mim seria,
Sem o seu miminho,
Tão quentinho,
Quando preciso de calor,
Para me afagar o coração
Suplicante, e
ávido de amor.
Que alegria,
Quando regresso a casa.
O espaço enche-se de luz,
De vida, de cor.
Sim, são os meus gatos,
Que me aliviam da dor,
Que me preenchem a alma,
Dos dias vazios,
Das noites frias,
E das vigílias, sem fim.
Ai, mas um olhar vosso,
Tão doce e sincero,
É tudo o que quero,
Para voltar a mim.

Carla Mondim


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Não há maior doçura na maldade
Que a auto-sustentada verdade
Cartesiana
Deste réptil de pêlo laranja,
Unhas retrácteis, gestos fáceis e nervos como luz.
Não há maior doçura noutros dedos,
Se forem dedos como estes:
Como facas. Como fuzis.
Com ausência de ardis
Na sua plena sinceridade de emboscada.
Desliza com augúrios de avidez
E traz no olhar, espelhada em prata,
A própria doçura da escuridão.
Desliza com a doçura da maldade
Da sua negra iniciativa
Própria de certas aparições
Que imprimem em carne viva
A marca ocre de quem brinca à morte,
Com a mais escura das seduções.

Manuel Anastácio


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E finalmente, o poema que foi escolhido para ser gravado em áudio:


Templo de Luxor

Sei agora que o gato tem espírito,
um dom poético, uma expressão
reveladora, perante o fogo
é um brilho, sobre a água
uma forma de ser que subtilmente
usa os sentidos alerta para falar
o idioma principal, esse mistério
de prevalecer na crença
da invocação egípcia, uma presença
divina entre o silêncio, a vertigem
e a intensidade que emerge do espaço
e avassala as colunas, a impressiva
modulação dos arcos, os blocos
inclinados para dentro
para que a rapidez inclua nos testículos
uma parte devoradora e outra felina,
uma parte excessiva e outra ágil
nas sete mortes
que antecedem o admirável suicídio.

Amadeu Baptista

Na voz de Luís Gaspar:




O meu agradecimento “especial” ao poeta Amadeu Baptista que teve a amabilidade de participar neste desafio.
E o meu "obrigada, pá!" ao locutor Luís Gaspar, que mais uma vez não se escusou a aderir às minhas iniciativas e brindar-nos com a sua voz inconfundível.

Até breve,
Inês Ramos

sábado, 8 de setembro de 2007

Sugestões para a próxima semana

Com a entrada de Setembro, recomeçam também os eventos literários.
Aqui ficam algumas sugestões para a próxima semana:


LISBOA - Um olhar sobre Fernando Pessoa

A Associação de Estudantes da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa expõe na Casa Fernando Pessoa uma série de trabalhos inspirados em Fernando Pessoa. Uma variedade de perspectivas que acentuam facetas particulares do poeta, da sua vida, de trechos de obras suas, caracterizadas através da ilustração, da banda-desenhada e do cartoon.
A exposição estará patente desde 13 de Julho e pode ser vista até 20 de Setembro no espaço-galeria do terceiro andar da Casa Fernando Pessoa.
Entrada livre.
A Casa Fernando Pessoa fica na Rua Coelho da Rocha, 16, em Lisboa, e o site, aqui.


LISBOA – Fábrica Braço de Prata (Ler Devagar/Eterno Retorno)


Na próxima quarta-feira 12 de Setembro, pelas 21h30, na Sala Visconti: "Mediafreedom in Zimbabwe".
Poesia, Concerto, Conferência, Projecção de documentários.
A Fábrica de Braço de Prata fica junto ao Poço do Bispo, e o site, aqui.




PORTO – Universos Paralelos no CLP


Também na quarta-feira 12 de Setembro, pelas 21h30, no Piano-bar do Clube Literário do Porto: Universos Paralelos: dedicado a António Gedeão.
Por António Domingos
O Clube Literário do Porto fica na Rua Nova da Alfândega, 22, e o site, aqui.


LISBOA – Convívio Poético no Martinho da Arcada

Os Convívios Poéticos do Círculo Nacional d'Arte e Poesia no Martinho da Arcada, continuam todas as quintas, até 27 de Dezembro, entre as 16 e as 18 horas.
O Café Martinho da Arcada fica na Praça do Comércio, 3, em Lisboa.


LISBOA - Encontros na Libreria Italiana



Todas as Sextas, encontro de Leitura às 11h 30m.
Entrada livre.
A Libreria Italiana fica na Rua do Salitre, 166 B.


LISBOA – Lançamento na Casa Fernando Pessoa


Lançamento do livro "A/c, m.a.(i.)", de Salvato Telles Menezes (Campo da Comunicação),
no dia 13 de Setembro, na Casa Fernando Pessoa (Rua Coelho da Rocha, 16 – Lisboa), às 18:30h.
A apresentação será feita por Teolinda Gersão.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Brinde Fúnebre

Ó tu, fatal emblema de nossa alegria!

Saudação à demência e libação sombria,
Não creias que à fé mágica no corredor
Ergo a taça vazia com um monstro de ouro e dor!
Tua aparição não me será suficiente:
Pois em local de pórfiro te pus jacente.
Pelo rito, que a tocha seja apagada
Contra o ferro espesso das portas de entrada
Da tumba — sabe-se, eleito à discreta
Celebração pela ausência do poeta,
Que o belo monumento o encerra inteiramente.
É apenas o ofício de glória ardente,
Até a hora das cinzas, a comum e vil,
No vitral em que clara, alta noite caiu,
Que retorna às flamas do puro sol mortal!

Magnífico, inteiro e solitário, tal
Treme o falso orgulho humano em assomos.
A multidão feroz anuncia: Nós somos
A triste opacidade de espectros futuros.
Mas, o brasão dos lutos nos inúteis muros,
O lúcido horror de uma lágrima esqueço
Quando, ao sagrado verso, surdo e avesso,
Um passante, hóspede de mortalha vazia,
Soberbo e cego e mudo eis se convertia
Em um virgem herói de póstuma espera.
Vendaval de palavras que ele não dissera
À densa bruma traz o vórtex desmedido,
O nada para este Homem ontem abolido:
"Lembranças de horizontes, diz, a Terra é o quê?
"Urra o sonho; e, voz cuja luz não se vê, —
"Não sei!" — é o grito com que brincam os espaços.

O Mestre, com um olho agudo, em seus passos,
Apaziguou do éden a surpresa inquieta
Cujo tremor final, em sua só voz, inquieta
Para a Rosa e o Lis o mistério de um nome.
Deste destino nada resta, tudo some?
Esquecei, todos vós, uma crença tão turva.
O esplêndido, eterno gênio, nada o turva.
Eu, a vosso desejo atento, quero ver,
A quem desmaia, ontem, no ideal dever
Pelos jardins deste astro assim a nós imposto,
Sobreviver em honra do desastre posto
Solene agitação de palavras pelo ar,
Ébria púrpura e claro cálice invulgar,
Que o diáfano olhar, chuva e diamante,
Preso a essas flores de viço constante,
Isola entre a hora e o brilho do dia!
É de nossos veros jardins toda a estadia,
Onde o poeta puro tem o gesto largo
De atar o sonho, inimigo do encargo:
Para que na manhã do repouso leal,
Quando, para Gautier, a morte imemorial
É os olhos sagrados fechar, e calar,
Surja, da alameda ornamento ancilar,
Sólida tumba onde jaz o que arrefeça,
E o avaro silêncio e a noite espessa.

Stéphane Mallarmé
(tradução de Júlio Castañon Guimarães)


(Os meus agradecimentos ao poeta, crítico e tradutor brasileiro Júlio Castañon Guimarães)