Poèmes au secret
Bruno Doucey
Prefácio de René Depestre
Le nouvel Athanor, Paris, 2008
Chemins du vent
Carnets nomads
Dans l’attente
de l’éblouissante splendeur minérale
face aux rivages de la nuit
je pense à vous
et me rejoins
Calligraphie du vent
sur la page des dunes
sur la page des dunes
Je ne connais de l’autre
que l’étendue du soir
et le peu de sa nuit
mais l’autre me regarde et me parle
à travers une forêt de gestes et de larmes
que le vent de l aplaine assèche
Dans l’échancrure des lointains
avant le sable
si proche enfin de la lumière
avant le sable
si proche enfin de la lumière
Traces de l’autre
trace des larmes
dans la poussière des lendemains
Calligraphie des dunes
Sur la page du vent
Sur la page du vent
Que
Le serpente
Des mots
S’enroule
Dans le sable
Et s’y dévore
Le serpente
Des mots
S’enroule
Dans le sable
Et s’y dévore
***
Caminhos do vento
Cadernos nómadas
Na espera
do ofuscante esplendor mineral
diante das margens da noite
eu penso em vós
e junto-me convosco
Caligrafia do vento
Sobre a página das dunas
Sobre a página das dunas
Eu não conheço outra coisa
que a extensão da tarde
e o pouco da sua noite
mas o outro olha-me e fala-me
através de uma floresta de gestos e de lágrimas
que o vento da planície seca
Na baía do longínquo
antes da areia
tão próximo enfim da luz
antes da areia
tão próximo enfim da luz
Vestígios do outro
Vestígio das lágrimas
Na poeira dos amanhãs
Caligrafia das dunas
Sobre a página do vento
Sobre a página do vento
Que
A serpente
Das palavras
Se enrole
Na areia
E aí se devore
A serpente
Das palavras
Se enrole
Na areia
E aí se devore
(Tradução de Maria João Cantinho)
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