quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Poemas em voz alta

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


Álvaro de Campos


Na voz de Luís Gaspar:

2 comentários:

Anónimo disse...

Este poema não me é totalmente estranho...e o autor não é tão desconhecido como isso, se não me engano...

Anónimo disse...

Não me parece que todas as cartas de amor sejam Ridículas.
As cartas são o espelho do amor.
O Amor não é ridículo.