quinta-feira, 5 de abril de 2007

Deitado

Deitado a dormir entre os afagos da noite
Vi o meu amor debruçar-se sobre o meu leito triste,
Pálida como a mais escura folha do lírio ou corola
De pele macia e escura, o pescoço nu para ser mordido,

Transparente de mais para corar, tão quente para ser branca,
Apenas de uma cor perfeita sem branco nem vermelho.
E os lábios abriram-se-lhe amorosamente e disseram
Nem sei bem o quê, excepto uma palavra Deleite.

E a face dela era toda mel na minha boca,
E o corpo dela todo pasto a meus olhos;
Os braços longos e lentos, as mãos quentes de fogo,

As ancas frementes, o cabelo a cheirar a Sul,
os pés leves luzentes, as coxas esplêndidas e dóceis
E as pálpebras fulgentes com o desejo da minha alma.

Algernon Charles Swinburne

Na voz de Luís Gaspar:

Sem comentários: