Louvor do esquecimento
Bom é o esquecimento.
Senão como é que
O filho deixaria a mãe que o amamentou?
Que lhe deu a força dos membros e
O retém para os experimentar.
Ou como havia o discípulo de abandonar o mestre
Que lhe deu o saber?
Quando o saber está dado
O discípulo tem de se pôr a caminho.
Na velha casa
Entram os novos moradores.
Se os que a construíram ainda lá estivessem
A casa seria pequena de mais.
O fogão aquece. O oleiro que o fez
Já ninguém o conhece. O lavrador
Não reconhece a broa de pão.
Como se levantaria, sem o esquecimento
Da noite que apaga os rastos, o homem de manhã?
Como é que o que foi espancado seis vezes
Se ergueria do chão à sétima
Pra lavrar o pedregal, pra voar
Ao céu perigoso?
A fraqueza da memória dá
Fortaleza aos homens.
Bertolt Brecht
(tradução de Paulo Quintela)
Interpretado pela Andante:
Voz: Cristina Paiva; Sonoplastia: Fernando Ladeira
Próximos espectáculos da Andante:
14 Novembro de 2008
“Às escuras, o amor”
Biblioteca Municipal de Elvas
Cine S. Mateus, às 21H30
16 Novembro de 2008
“A ver o mar”
Dia Nacional do Mar
Padrão dos Descobrimentos - Lisboa, às 16H00
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Sugestão da Andante para esta semana
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