terça-feira, 1 de agosto de 2006

Poemas em voz alta

Se passares pelo adro
No dia do meu enterro,
Dize à terra que não coma
Os anéis do meu cabelo.
Já não digo que viesses
Cobrir de rosas meu rosto,
Ou que num choro dissesses
A qualquer do teu desgosto;
Nem te lembro que beijasses
Meu corpo delgado e belo,
Mas que sempre me guardasses
Os anéis do meu cabelo.
Não me peças mais canções
Porque a cantar vou sofrendo;
Sou como as velas do altar
Que dão luz e vão morrendo.
Se a minha voz conseguisse
Dissuadir essa frieza
E a tua boca sorrisse!
Mas sóbria por natureza
Não a posso renovar
E o brilho vai-se perdendo ...
- Sou como as velas do altar
Que dão luz e vão morrendo.

António Botto


Na voz de Luís Gaspar:

3 comentários:

Anónimo disse...

Este pequeno excerto de Vivaldi também é conhecido por "Mini-concerto para Broca D'Água".

bolas de sabão disse...

:-)música muito boa, sim senhora. e por falar nisso, este poema cantado pela mariza fica ainda mais bonito...

Menina Marota disse...

Um poeta que ainda muitos desconhecem, dito por uma voz cada vez mais conhecida... :)))

Um excelente momento que nesta tarde de feriado desfrutei...

Bj ;)