quarta-feira, 2 de agosto de 2006
Fernando Pessoa por Nuno Miguel Henriques
O Teatro Azul – Companhia Profissional, apresenta em todo o país, a sua nova produção de Teatro Poético, intitulada «Fernando Pessoa por Nuno Miguel Henriques».
Trata-se de um espectáculo que reúne alguns dos textos mais emblemáticos de Pessoa em cruzamento com os seus heterónimos Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Bernardo Soares.
Além dos textos interpretados no decorrer da sessão, são introduzidas notas biográficas, quer por meios vocais, ou com recurso a imagens visuais projectadas, adereços e indicações cénicas.
Nuno Miguel Henriques apresenta nesta peça uma estética artística, muito distinta da que o tornou conhecido como “actor/diseur” de poesia portuguesa, ao longo dos 19 anos de trabalho consecutivo, nos palcos, nas televisões, rádios e nas edições de CD’s.
Explora novas valências na “arte de dizer”, captando leituras abertas das mensagens e da semântica dos autores.
E procura com este novo espectáculo, criar um renovado público, para uma abordagem singular na concepção Pessoana.
Em breve será apresentado um CD, com o mesmo roteiro de textos e igualmente intitulado «Fernando Pessoa por Nuno Miguel Henriques».
Mais informações no site do Teatro-Azul ou pela Linha Azul da Companhia: 808 20 16 13.
Deixo-vos com o poema “Liberdade”, de Fernando Pessoa,
dito pelo Nuno Miguel Henriques.
“Liberdade”
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada.
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa
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