Nascido em Belgrado (Jugoslávia), em 9 de Maio de 1938, o poeta, tradutor e ensaísta americano Charles Simic vive nos Estados Unidos desde os onze anos. Toda a sua obra é escrita em inglês e pertence à literatura norte-americana.
Os seus primeiros poemas foram publicados em 1959, mas a sua estreia em livro deu-se em 1967, com “What The Grass Says” (O que diz a relva). Professor de inglês e poeta consagrado, Simic ganhou o prémio Pulitzer de 1990 com o livro “The World Doesn't End” (O mundo não se acaba). Como tradutor, publicou várias colectâneas de poemas traduzidos para o inglês, de idiomas como francês, sérvio, croata, macedónio e esloveno. O seu trabalho de tradutor abrange ainda a poesia sul-americana.
A infância vivida nos duros anos da Segunda Guerra Mundial representou uma experiência marcante para Simic e que certamente influencia até hoje o seu trabalho poético.
Ao longo de mais de 30 anos, Charles Simic publicou cerca de duas dezenas de livros de poesia. Existem dois resumos importantes: “Selected Poems” de 1990 e “Frightening Toys” de 1995, publicado no Reino Unido, recolhendo poemas dos quatro livros publicados após “Selected Poems”.
quarta-feira, 9 de maio de 2007
Hoje nasceu...

9 de Maio 1938
Charles Simic
Poeta americano
Artigos relacionados:
Biografia
Poemas: O filho mais velho ; Os prazeres da leitura ; Álgebra do início da noite ; Mecânica popular
Na estante de culto: "Previsão de Tempo para Utopia e Arredores”
O filho mais velho
A noite ainda te assusta.
Sabes que é interminável
E de dimensões desmesuradas, inimagináveis.
«É porque a Sua insónia é constante»,
Leste nalgum místico.
Será o bico do Seu compasso escolar
Que te fere o coração?
Algures estarão os amantes deitados
Debaixo dos ciprestes sombrios,
Tremendo de felicidade,
Mas aqui só a tua barba de muitos dias
E uma mariposa nocturna tiritando
Debaixo da mão que apertas contra o peito.
Filho mais velho, Prometeu
De um fogo tão frio que não consegues nomear
Pelo qual te condenaram a um tempo largo
Com o terror dessa mariposa nocturna por companhia.
Charles Simic
Tradução de José Alberto Oliveira
Sabes que é interminável
E de dimensões desmesuradas, inimagináveis.
«É porque a Sua insónia é constante»,
Leste nalgum místico.
Será o bico do Seu compasso escolar
Que te fere o coração?
Algures estarão os amantes deitados
Debaixo dos ciprestes sombrios,
Tremendo de felicidade,
Mas aqui só a tua barba de muitos dias
E uma mariposa nocturna tiritando
Debaixo da mão que apertas contra o peito.
Filho mais velho, Prometeu
De um fogo tão frio que não consegues nomear
Pelo qual te condenaram a um tempo largo
Com o terror dessa mariposa nocturna por companhia.
Charles Simic
Tradução de José Alberto Oliveira
Os prazeres da leitura
No seu leito de moribundo o meu pai lê
As memórias de Casanova.
Eu vejo a noite cair,
Algumas janelas que se iluminam na rua.
Numa delas uma jovem lê
Junto ao vidro.
Há muito tempo que não ergue os olhos,
Mesmo com a escuridão a chegar.
Enquanto ainda há um resto de luz,
Desejo que ela levante a cabeça,
E eu consiga ver-lhe a cara
Que já consigo imaginar,
Mas o livro deve ser intrigante.
Além disso, que silêncio,
Cada vez que volta uma página,
Consigo ouvir o meu pai, que também volta uma,
Como se eles lessem o mesmo livro.
Charles Simic
Tradução de José Alberto Oliveira
As memórias de Casanova.
Eu vejo a noite cair,
Algumas janelas que se iluminam na rua.
Numa delas uma jovem lê
Junto ao vidro.
Há muito tempo que não ergue os olhos,
Mesmo com a escuridão a chegar.
Enquanto ainda há um resto de luz,
Desejo que ela levante a cabeça,
E eu consiga ver-lhe a cara
Que já consigo imaginar,
Mas o livro deve ser intrigante.
Além disso, que silêncio,
Cada vez que volta uma página,
Consigo ouvir o meu pai, que também volta uma,
Como se eles lessem o mesmo livro.
Charles Simic
Tradução de José Alberto Oliveira
Álgebra do início da noite
A louca prosseguia desenhando Xs
Com um pau de giz escolar
Nas costas de pares inadvertidos,
De mãos dadas, rumo a casa.
Era inverno. Já escurecera.
Não se conseguia ver-lhe a cara,
Embuçada como estava e furtiva.
Como se fosse levada pelo vento, com asas de corvo.
O giz ter-lhe-ia sido dado por uma criança.
Tentava descobri-la na multidão,
Esperando que fosse muito séria, muito pálida,
Com uma lasca de ardósia negra no bolso.
Charles Simic
Tradução de José Alberto Oliveira
Com um pau de giz escolar
Nas costas de pares inadvertidos,
De mãos dadas, rumo a casa.
Era inverno. Já escurecera.
Não se conseguia ver-lhe a cara,
Embuçada como estava e furtiva.
Como se fosse levada pelo vento, com asas de corvo.
O giz ter-lhe-ia sido dado por uma criança.
Tentava descobri-la na multidão,
Esperando que fosse muito séria, muito pálida,
Com uma lasca de ardósia negra no bolso.
Charles Simic
Tradução de José Alberto Oliveira
Mecânica Popular
Os enormes problemas de engenharia
Que encontrarás ao tentar crucificar-te
Sem ajudantes, roldanas, engrenagens,
E outros dispositivos mecânicos inteligentes –
Numa sala pequena, clara e despida
Apenas uma cadeira de pernas frouxas
Para alcançar a altura do tecto –
Um só sapato para martelar os pregos,
Já p’ra não falar de estares nu para a ocasião –
De modo que cada músculo costal se exiba,
A tua mão esquerda já cravada,
Apenas a direita para limpar o suor
E ajudar-te a alcançar a beata
Do cinzeiro a transbordar,
Que não conseguirás acender –
E a noite chegando, a longa noite zumbindo.
Charles Simic
Tradução de João Luís Barreto Guimarães
Que encontrarás ao tentar crucificar-te
Sem ajudantes, roldanas, engrenagens,
E outros dispositivos mecânicos inteligentes –
Numa sala pequena, clara e despida
Apenas uma cadeira de pernas frouxas
Para alcançar a altura do tecto –
Um só sapato para martelar os pregos,
Já p’ra não falar de estares nu para a ocasião –
De modo que cada músculo costal se exiba,
A tua mão esquerda já cravada,
Apenas a direita para limpar o suor
E ajudar-te a alcançar a beata
Do cinzeiro a transbordar,
Que não conseguirás acender –
E a noite chegando, a longa noite zumbindo.
Charles Simic
Tradução de João Luís Barreto Guimarães
terça-feira, 8 de maio de 2007
Poema em voz alta
O mostrengo
O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
A roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»
Fernando Pessoa
Mensagem
9/9/1918
Na voz de Luís Gaspar:
O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
A roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»
Fernando Pessoa
Mensagem
9/9/1918
Na voz de Luís Gaspar:
Poemas em voz alta
Prefiro rosas, meu amor, à pátria
Prefiro rosas, meu amor, à pátria,
E antes magnólias amo
Que a glória e a virtude.
Logo que a vida me não canse, deixo
Que a vida por mim passe
Logo que eu fique o mesmo.
Que importa àquele a quem já nada importa
Que um perca e outro vença
Se a aurora raia sempre,
Se cada ano com a primavera
As folhas aparecem
E com o outono cessam?
E o resto, as outras coisas que os humanos
Acrescentam à vida,
Que me aumentam na alma?
Nada, salvo o desejo de indiferença
E a confiança mole
Na hora fugitiva.
Ricardo Reis
Na voz de Luís Gaspar:
Prefiro rosas, meu amor, à pátria,
E antes magnólias amo
Que a glória e a virtude.
Logo que a vida me não canse, deixo
Que a vida por mim passe
Logo que eu fique o mesmo.
Que importa àquele a quem já nada importa
Que um perca e outro vença
Se a aurora raia sempre,
Se cada ano com a primavera
As folhas aparecem
E com o outono cessam?
E o resto, as outras coisas que os humanos
Acrescentam à vida,
Que me aumentam na alma?
Nada, salvo o desejo de indiferença
E a confiança mole
Na hora fugitiva.
Ricardo Reis
Na voz de Luís Gaspar:
Venham daí esses poemas eróticos!

Depois dos desafios anteriores que mereceram o vosso empenho e entusiasmo, aqui fica mais um para que me enviem poemas de vossa autoria.
Desta vez, poesia erótica!
Podem enviar-me os vossos poemas até 15 de Junho. Publicá-los-ei todos no dia 23 de Junho (sem qualquer espécie de censura, como habitualmente).
No final, também como já vem sendo hábito, seleccionarei um poema que será gravado em audio pelo locutor Luís Gaspar, e será apresentada aqui essa versão em audio.
Para além disso, entrará na rubrica "Lugar aos Outros" do audioblogue "Estúdio Raposa" de Luís Gaspar.
Já sabem: não se acanhem. Dêm largas ao erotismo e à poesia!
O e-mail para onde devem enviar os vossos poemas é: inesramos.designer@gmail.com
Boa inspiração!

Rosa Maria Martelo apresentará ao público o ensaio de poesia de Pedro Eiras - A LENTA VOLÚPIA DE CAIR (Edições Quasi), na próxima sexta-feira, dia 11 de Maio, às 21:30h, na Biblioteca Municipal de Matosinhos.
"Este livro reúne ensaios ditos em diversos lugares e editados em vários jornais e revistas, especialmente na Relâmpago, entre 2001 e 2006.
Alguns conservam ainda marcas da oralidade em que nasceram. Outros, apenas o vestígio da múltipla reescrita. Todos foram revistos para a presente edição.
Seria ocioso lembrar quantos poetas faltam aqui, por não ter acontecido a ocasião de escrever sobre eles. Este livro não quer ser um mapa completo: só o registo de algumas travessias, certamente com unidade subterrânea, mas no improviso de quem não sabe o seu próprio destino."
Pedro Eiras nasceu no Porto em 1975. É professor de literatura na Faculdade de Letras desta cidade. Desde 2001, publicou os livros de ensaio Esquecer Fausto. A fragmentação do sujeito em Raul Brandão , Fernando Pessoa, Herberto Helder e Maria Gabriela Llansol (Prémio PEN Clube Português de Ensaio) e A Moral do Vento. Ensaio sobre o corpo em Gonçalo M. Tavares , as peças de teatro Antes dos Lagartos, Passagem, Um Forte Cheiro a Maçã, Recitativo dos Livros do Deserto e As Sombras [Slow / A Última Praia antes do Farol / Uma Carta a Cassandra / O Pressentimento de Inverno / Cultura], o romance Anais de Pena Ventosa e o volume de contos Estiletes. As suas peças foram lidas e encenadas no Porto, em Lisboa, Coimbra, Bratislava, Nice, Salónica, Pont-à-Mousson e Paris. A peça Um Forte Cheiro a Maçã foi editada em França por Les Solitaires Intempestifs e lida numa emissão da rádio France Culture.
Mais informações, aqui.
Lançamentos da editora Labirinto na Casa Fernando Pessoa

Dia 11, às 18h30
Os Amantes da Neblina, de Maria do Sameiro Barroso.
Apresentação: Maria Teresa Dias Furtado.
Leitura: Isabel Wolmar.
Entrada livre.
Dia 18, às 18h30
Livro de Ritmos, de Maria Teresa Dias Furtado.
Apresentação: Teolinda Gersão.
Leitura: Isabel Wolmar.
Entrada livre.
Dia 25, às 18h30
Um Poema para Fiama (antologia organizada por Maria Teresa Dias Furtado e Maria do Sameiro Barroso)
Apresentação pelas organizadoras.
Leitura pelos poetas presentes que colaboraram no livro.
Entrada livre.
domingo, 6 de maio de 2007

Depois das antologias "Poesia 1997/2000" e "Poesia 2001/2005" de Vasco Graça Moura, editadas pela Quetzal Editores, acaba de sair "Poesia 1963/1995", completando-se assim, em 3 volumes, mais de 40 anos de poesia de Vasco Graça Moura.
Vasco Graça Moura, figura destacada da cultura e da vida pública portuguesas, autor de uma vasta obra ficcional e poética, é também ensaísta, dramaturgo, cronista e tradutor.
Nasceu em 1942 no Porto, cidade em que veio a exercer advocacia entre 1966 e 1983, e a ser membro da primeira comissão administrativa nomeada para a Câmara Municipal a seguir ao 25 de Abril.
Ocupou vários cargos institucionais, nomeadamente, os de Secretário de Estado nos IV e VI Governos Provisórios, em 1975, Deputado à Assembleia Constituinte (1975-1976), Director de Programas do Primeiro Canal da RTP, em 1978, e Administrador da Imprensa Nacional - Casa da Moeda, entre 1979 e 1989.
Além de Comissário-Geral da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses (1989-1995), foi ainda Comissário de Portugal para a Exposição Universal de Sevilha de 1992, e Comissário de Portugal para a exposição internacional «Cristoforo Colombo, il naviglio e il mare» (Génova, 1992).
Dirigiu o Serviço de Bibliotecas e Apoio à Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian, em 1996. Colabora regularmente com a televisão, a rádio, jornais e revistas. É Deputado ao Parlamento Europeu desde 1999, tendo sido reeleito em 2004.
Recebeu inúmeros prémios literários, entre os quais o Prémio Pessoa (1995), o Prémio de Poesia do PEN Clube (1997), e o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1997).
Foi galardoado em 2007 com o Prémio Vergílio Ferreira e com o prémio de poesia Max Jacob étranger.
nota sobre um autor
no seu elenco de alusões, nos seus
aspectos narrativos, ele procura
um suporte possível das veemências
que o leitor há-de, e só ele,
incutir na prosódia, a neutra
regularidade sem cadências, ou,
se preferes, o apagamento para
a respiração correcta do seu texto. não
tende para o silêncio, mas apenas
para a pausa e para os nomes de um real
esgaravatado em chão obscuro.
quando sonha ou espera está acordado
para o atravessamento de algumas
dobras do mundo. as presenças
são sempre verbais e solidárias, mesmo se apenas
perguntas tristes. e o coração é mental
e só lhe interessa na surpresa de uma
relação cerce. recupera uma alheia divisa,
poeta até o embigo, os baixos prosa.
talvez não acredite no dizível.
Vasco Graça Moura
Recitais de Poesia

O Grupo de Jograis "U...Tópico" comemora o Dia da Mãe, no Café-Restaurante Império (Av. Almirante Reis - Lisboa), ao almoço, com um recital alusivo ao evento em que dirá os seguintes poetas: Alda Lara (Angola) e os portugueses Maria Augusta Silva, Joaquim de Carvalho, Eugénio de Andrade, José Carlos Ary dos Santos, Miguel Torga, António Gedeão e Fernanda de Castro.
Marcações de mesas no local ou pelo telefone: 912 246 746
Na próxima terça-feira, 8 de Maio, vão estar em Águeda, numa iniciativa da Junta de Freguesia de Águeda, com o apoio da Câmara Municipal, onde, de manhã e à tarde darão audições de poesia para alunos da Escola Básica e Secundária.
sexta-feira, 4 de maio de 2007

Lançamento do livro de Poesia de Golgona Anghel, "Crematório Sentimental - Guia de Bem-Querer" Quasi Edições, dia 11 de Maio na Livraria Ler Devagar, (Rua da Rosa 145 - Bairro Alto), pelas 21.30 horas.
Na Capa, lustração de D. Anghel
A apresentação estará a cargo de António Guerreiro e a leitura será feita por Filipe Petronilho.
Haverá ainda um concerto de Jazz pelo Júlio Resende Trio e será servido um beberete.
Mais informações, aqui.
Poesia Italiana Contemporânea
Das Pessoas em Pessoa

Na FNAC do Chiado, Baptista-Bastos apresentará no dia 9 de Maio pelas 18:30h, a Antologia Pessoal (1982-2007), de Amadeu Baptista: ANTECEDENTES CRIMINAIS, recentemente editada nas Quasi Edições.
Amadeu Baptista, nasceu no Porto, a 6 de Maio de 1953. Frequentou a Faculdade de Letras da Universidade do Porto. É membro da Associação Portuguesa de Escritores. No ano de 1994 integrou o Júri do Grande Prémio de Poesia APE/CTT, relativo à edição portuguesa de poesia de l993. Colaboração dispersa em jornais e revistas em Portugal. Poemas seus foram traduzidos para Castelhano, Italiano, Inglês e Francês e Romeno.
É divulgador em Portugal de poetas espanhóis e hispano-americanos, entre os quais: Amparo Amorós, Ángeles Dalúa, António Beneyto, António Gamoneda, Hector Alvarado Tenorio, Jaime Sabines, Juana Castro. Manteve na revista Letras & Letras a secção Coração Ibérico, de divulgação de Literatura Espanhola Contemporânea. Fundou e co-dirigiu (com Álvaro Holstein Ferreira e Vergílio Alberto Vieira) a publicação Babel-fascículos de poesia e co-organizou (com Egito Gonçalves) a revista Orfeu 4.
terça-feira, 1 de maio de 2007
Poemas de Amor
Conforme prometido, aqui ficam todos os poemas recebidos até ao dia 30 de Abril.
Pequena receita para ressacas de amor
(Para D., como uma lágrima a fugir do coração)
— 1 cigarrilha Romeo y Julieta mini, de Alvarez y Garcia.
— cinco cigarros John Player Special (preto).
— 1 garrafa de mini-bar de vodka Absolut.
— 2 garrafas de mini-bar de Fonseca Porto, Tawny Port.
— 1 garrafa de mini-bar Mateus Rosé.
— 2 comprimidos Apton 20.
— algumas (muitas) lágrimas (orgulhosamente verdadeiras).
Mãos nas mãos
com o Douro em fundo
tu e eu sabemos
que tudo está dito
Mãos nas mãos
com o Douro em fundo
tu e eu sabemos
que nem tudo é fúnebre
Mãos nas mãos
com o Douro em fundo
tu e eu sabemos
que apenas custa
o singelo momento
em que os meus olhos
encontram os teus
e o teu abraço
vem de encontro a mim
enquanto os teus lábios
beijam minha face
e os teus cabelos
cheiram a promessas
feitas d’utopias
que eu sei fatais
como as armadilhas
do amor eterno
como as armadilhas
da lua velhaca
do mar traiçoeiro
E quando tu partes
eu fico a pairar
como se os meus passos
já não fossem meus
E olhos nos olhos
mas já sem te ver
preciso de ti
das tuas memórias
Caminho na rua
e fumo um cigarro
como um Romeu
órfão de Julieta
Depois fumo mais
tenho um maço preto
que tinha doirados
nos Lotus do sonho
Ando pelas ruas
sem saber porquê
e os cães que ladram
sabem que te amo
O nome da rua
é Guerra Junqueiro
como se poético
fosse o nosso amor
Por fim chego ao ‘Douro’
que já não tem água
mas um cemitério
com gatos e gente
E sem saber como
sentado na cama
como um pugilista
que não sabe o ringue
solta-se uma lágrima
que me molha os lábios
e sei que preciso
de saber de ti
Então abro a porta
do meu mini-bar
e bebo de um fôlego
um Absolut
E depois desisto
da sobriedade
e bebo dois Tawny
sem ser por maldade
E encho a banheira
d’água muito quente
deito-me lá dentro
a pensar em ti
No dia seguinte
no regresso a Lísbia
sei que vai doer
como sempre dói
Mas sei a ternura
com que me disseste
que as minhas mãos
te deram calor
E fico a pensar
que sofrer é fado
tocado ao relento
fumado ao luar
E quando me deito
anestesiado
a sonhar contigo
ainda acordado
Sei que vai ficar
tanta coisa boa
que choro com gosto
o que já vivemos
E quando sonhares
teus sonhos privados
lembra-te de mim
com saudades do vento
Porque
mãos nas mãos
com o Douro em fundo
tu e eu sabemos
que tudo está dito
Luís Graça
***
Pesadelo
Não sabia quão grande era o amor
mas ao imaginar tê-lo perdido
foi de tal modo intensa a dor,
como um buraco negro foi tão densa
que tudo à minha volta era vazio.
Sem luz, sem qualquer crença,
tudo se tornou lúgubre, frio.
A vida ficara sem sentido.
Regina Gouveia
***
Não sei…
Não sei se era amor o que sentia
Só sei que em sonhos eu te via e pressentia
que por ti tinha esperado desde sempre.
Não sei se era amor o que sentia
sei que eras a luz que mal surgia
encandeava tudo num repente
Não sei se era amor o que sentia
mas sei que ao amar-te assim tão loucamente
só poderias ser uma utopia
e que existias somente em minha mente.
Regina Gouveia
***
Pasargada
Agrilhoada a vontade
resta sempre livre o pensamento.
Com ele parto para Pasargada
em busca dum amor que não existe
ou se existe é noutro espaço e noutro tempo,
um amor despojado de ciúme
em que a paixão, sublime, porque terna
ainda que não perdure é sempre eterna
Regina Gouveia
***
Em ti sei de gestos
Em ti sei de gestos
em qualquer coisa suspensos
como luz que enleva
como lágrimas da fonte
como azul que embriaga
como ar que retém a voz
como sorrisos chorados
como dor indolor
como mar na rebentação das ondas
ou na maré que assalta o muro.
E na mão que segue trémula
digo:
em ti sei de gestos
que tombam
na entrega do Amor.
Maria Costa
***
porque me dói o coração?
trezentos dias de sonhos
havia eco em todas as letras
fantasias de vogais enamoradas
pelas consoantes mudas
assim de vez o mundo em paz
numa conversa terna, vivida
no encantamento diurno
canta-me ao ouvido,
adormecida sonho
esquecida da vida
dentro do vento misterioso,
inquietas ilusões escritas
num livro de almas, pergunto
porque me dói o coração?
Constança Lucas
***
Quem em mim se encontra
Quem em mim se encontra
nas iguarias inventadas
saboreia imensurável afecto
num construir doces perguntas
e nas respostas para matutar
nas esperas como folhas verdes
sempre a adivinhar
um cantar, um paladar
quem de ti se encanta
no teu regaço adormece
num desafio de amor
num abraço em nó
só - eu em mim me escondo
nestas tormentas de não estar
nunca onde estou
Constança Lucas
***
Só para te ouvir cantar
Só para te ouvir cantar
as palavras que valham a pena
olha-me bem no coração
não escreverei mais o meu nome
cantarei as palavras que vivem nos desenhos
e são a minha razão mais forte
no canto da noite, abraça-me,
as estrelas sabem as tuas vozes
ouvem cânticos de lua e sol,
dos nomes através de ti
nos ecos da tua ausência
não existes na natureza,
nem nas casas encantadas,
todas elas foram destroçadas
não poderei voltar
o meu maior desejo
é ouvir-te cantar
neste verão longo e quente,
as violetas dão flor sem parar
Constança Lucas
***
Pode não ser sempre assim
Pode não ser sempre assim,
nas estremecidas imagens
as minhas palavras emudecidas em ti
digo-te alto sempre estás longe
não quero teus segmentos verbais
cheios de raciocínios isentos
quero ouvir o canto próprio
nestes corações afluentes
delirantes nas águas dos oceanos
quero-te sem certezas
neste instante, dentro das palavras
essas nem sempre seguras
mas certamente cordiais
Pode não ser sempre assim
nas lembranças de abraços apagados
as minhas cantigas ecoam no vento
digo-te cada letra bem devagar
não quero os teus silêncios
cheios de razões profundas e vagas
quero seguir caminhos impróprios
nestes dizeres de sangue
delirantes nos desapontamentos
neste instante não te quero comum
essas camadas de silêncios tortos
mas cheios de falares avulsos
Pode não ser sempre assim
Constança Lucas
***
Sonho-te
que sonhando-me
sonhas-me,
em teus braços,
mil beijos
sussurrados
Sonho-te
e sonhando-me
amo-te
no rasgar da pele
buscando
carícias longas
entregando-me
Sonho-te
no abraço incontido
corpo entregue
vencido
em noites de vendaval
E esse perfume errante
- seiva quente -
dá vida dá alento
mesmo que não passando
de ilusão,
que se desfaz em nada,
tal qual nuvem
em tarde de Verão.
Sonho-te
que sonhando-me
sonhas-me...
amando-te…
Menina Marota
***
E, finalmente, o poema que foi escolhido para ser gravado em audio pelo Luís Gaspar:
Conto de Fadas
O que te dizer quando nos olhos, como lágrimas se desprende
o que sinto por ti?
O que te escrever quando as palavras estão enfermas de erros
e enganos, e não afastam esta solidão que cresce dentro de mim?
resta-me este silêncio que sei incapaz de me trair, e que colho às mãos
cheias como no verão o jasmim, escrevo-te longas cartas que rasgo
logo a seguir, nados mortos em envelopes azuis por abrir.
um anão de vão de escada sorri, e um mandarim de pau na mão
certifica-se que não adormeci na vida que se projecta diante de mim
na alva parede que se fecha sobre os sonhos da minha infância,
onde outrora pintei um sol amarelo graffiti confiante e sorridente.
refugiam-se nas tocas os coelhos, bolas de pêlo saltitante de nariz fremente
e hesitante, como se a cada instante fosse necessário abalar a fugir.
provavelmente terão a sua razão, e pelo sim pelo não
telefono ao tubarão que me guia pela noite, num deslizar de águas mansas
tépidas e límpidas como cristal, recolho então as estrelas
e os cristais que Neptuno me oferece
e sou feliz enquanto não amanhece
e o despertador me atira da cama com um grito de urgência
e sou eu de novo adulto responsável
incapaz de verter uma lágrima ou de soltar um sentimento que não seja
picar o ponto e bater num teclado qwert que diante de mim boceja.
e ainda há quem não veja, que a felicidade se esconde por detrás de um
funcionalismo público que de um prédio dos subúrbios espreita
e que o poder de compra se vende em quiosques, estampado em revistas
de fundo cor de rosa, recheados com conselhos de uma madame de Cascais
ou na tinta suja dos jornais em letras gordas e garrafais. e os lustrosos
senhores do capital dizem-nos que temos de viver mal
para que a engrenagem não emperre, e a vida avança por entre prateleiras
de hipermercado devidamente embalada e pronta a consumir, que o tempo
escasseia e é preciso produzir, sempre a sorrir, sempre satisfeito
que se o humano não é perfeito, as máquinas inventaram-se para o corrigir.
atribuo-te um número binário, um cálculo matemático e hermético
para aferir o quanto gosto de ti, mas o sistema encravou e é preciso
reiniciar para prosseguir, salva-se o que se pode e digo-te baixinho:
amo-te princesa dos contos de fadas da minha infância
e de armadura reluzente armo-me com a espada do rei Artur
e vou caçar dragões para me distrair, da doença do mundo
que consiste em não saber sonhar ou sequer sorrir.
Frederico Hartley
Os meus sinceros agradecimentos a Luís Graça, Regina Gouveia, Maria Costa, Constança Lucas, Menina Marota e Frederico Hartley.
Pequena receita para ressacas de amor
(Para D., como uma lágrima a fugir do coração)
— 1 cigarrilha Romeo y Julieta mini, de Alvarez y Garcia.
— cinco cigarros John Player Special (preto).
— 1 garrafa de mini-bar de vodka Absolut.
— 2 garrafas de mini-bar de Fonseca Porto, Tawny Port.
— 1 garrafa de mini-bar Mateus Rosé.
— 2 comprimidos Apton 20.
— algumas (muitas) lágrimas (orgulhosamente verdadeiras).
Mãos nas mãos
com o Douro em fundo
tu e eu sabemos
que tudo está dito
Mãos nas mãos
com o Douro em fundo
tu e eu sabemos
que nem tudo é fúnebre
Mãos nas mãos
com o Douro em fundo
tu e eu sabemos
que apenas custa
o singelo momento
em que os meus olhos
encontram os teus
e o teu abraço
vem de encontro a mim
enquanto os teus lábios
beijam minha face
e os teus cabelos
cheiram a promessas
feitas d’utopias
que eu sei fatais
como as armadilhas
do amor eterno
como as armadilhas
da lua velhaca
do mar traiçoeiro
E quando tu partes
eu fico a pairar
como se os meus passos
já não fossem meus
E olhos nos olhos
mas já sem te ver
preciso de ti
das tuas memórias
Caminho na rua
e fumo um cigarro
como um Romeu
órfão de Julieta
Depois fumo mais
tenho um maço preto
que tinha doirados
nos Lotus do sonho
Ando pelas ruas
sem saber porquê
e os cães que ladram
sabem que te amo
O nome da rua
é Guerra Junqueiro
como se poético
fosse o nosso amor
Por fim chego ao ‘Douro’
que já não tem água
mas um cemitério
com gatos e gente
E sem saber como
sentado na cama
como um pugilista
que não sabe o ringue
solta-se uma lágrima
que me molha os lábios
e sei que preciso
de saber de ti
Então abro a porta
do meu mini-bar
e bebo de um fôlego
um Absolut
E depois desisto
da sobriedade
e bebo dois Tawny
sem ser por maldade
E encho a banheira
d’água muito quente
deito-me lá dentro
a pensar em ti
No dia seguinte
no regresso a Lísbia
sei que vai doer
como sempre dói
Mas sei a ternura
com que me disseste
que as minhas mãos
te deram calor
E fico a pensar
que sofrer é fado
tocado ao relento
fumado ao luar
E quando me deito
anestesiado
a sonhar contigo
ainda acordado
Sei que vai ficar
tanta coisa boa
que choro com gosto
o que já vivemos
E quando sonhares
teus sonhos privados
lembra-te de mim
com saudades do vento
Porque
mãos nas mãos
com o Douro em fundo
tu e eu sabemos
que tudo está dito
Luís Graça
***
Pesadelo
Não sabia quão grande era o amor
mas ao imaginar tê-lo perdido
foi de tal modo intensa a dor,
como um buraco negro foi tão densa
que tudo à minha volta era vazio.
Sem luz, sem qualquer crença,
tudo se tornou lúgubre, frio.
A vida ficara sem sentido.
Regina Gouveia
***
Não sei…
Não sei se era amor o que sentia
Só sei que em sonhos eu te via e pressentia
que por ti tinha esperado desde sempre.
Não sei se era amor o que sentia
sei que eras a luz que mal surgia
encandeava tudo num repente
Não sei se era amor o que sentia
mas sei que ao amar-te assim tão loucamente
só poderias ser uma utopia
e que existias somente em minha mente.
Regina Gouveia
***
Pasargada
Agrilhoada a vontade
resta sempre livre o pensamento.
Com ele parto para Pasargada
em busca dum amor que não existe
ou se existe é noutro espaço e noutro tempo,
um amor despojado de ciúme
em que a paixão, sublime, porque terna
ainda que não perdure é sempre eterna
Regina Gouveia
***
Em ti sei de gestos
Em ti sei de gestos
em qualquer coisa suspensos
como luz que enleva
como lágrimas da fonte
como azul que embriaga
como ar que retém a voz
como sorrisos chorados
como dor indolor
como mar na rebentação das ondas
ou na maré que assalta o muro.
E na mão que segue trémula
digo:
em ti sei de gestos
que tombam
na entrega do Amor.
Maria Costa
***
porque me dói o coração?
trezentos dias de sonhos
havia eco em todas as letras
fantasias de vogais enamoradas
pelas consoantes mudas
assim de vez o mundo em paz
numa conversa terna, vivida
no encantamento diurno
canta-me ao ouvido,
adormecida sonho
esquecida da vida
dentro do vento misterioso,
inquietas ilusões escritas
num livro de almas, pergunto
porque me dói o coração?
Constança Lucas
***
Quem em mim se encontra
Quem em mim se encontra
nas iguarias inventadas
saboreia imensurável afecto
num construir doces perguntas
e nas respostas para matutar
nas esperas como folhas verdes
sempre a adivinhar
um cantar, um paladar
quem de ti se encanta
no teu regaço adormece
num desafio de amor
num abraço em nó
só - eu em mim me escondo
nestas tormentas de não estar
nunca onde estou
Constança Lucas
***
Só para te ouvir cantar
Só para te ouvir cantar
as palavras que valham a pena
olha-me bem no coração
não escreverei mais o meu nome
cantarei as palavras que vivem nos desenhos
e são a minha razão mais forte
no canto da noite, abraça-me,
as estrelas sabem as tuas vozes
ouvem cânticos de lua e sol,
dos nomes através de ti
nos ecos da tua ausência
não existes na natureza,
nem nas casas encantadas,
todas elas foram destroçadas
não poderei voltar
o meu maior desejo
é ouvir-te cantar
neste verão longo e quente,
as violetas dão flor sem parar
Constança Lucas
***
Pode não ser sempre assim
Pode não ser sempre assim,
nas estremecidas imagens
as minhas palavras emudecidas em ti
digo-te alto sempre estás longe
não quero teus segmentos verbais
cheios de raciocínios isentos
quero ouvir o canto próprio
nestes corações afluentes
delirantes nas águas dos oceanos
quero-te sem certezas
neste instante, dentro das palavras
essas nem sempre seguras
mas certamente cordiais
Pode não ser sempre assim
nas lembranças de abraços apagados
as minhas cantigas ecoam no vento
digo-te cada letra bem devagar
não quero os teus silêncios
cheios de razões profundas e vagas
quero seguir caminhos impróprios
nestes dizeres de sangue
delirantes nos desapontamentos
neste instante não te quero comum
essas camadas de silêncios tortos
mas cheios de falares avulsos
Pode não ser sempre assim
Constança Lucas
***
Sonho-te
que sonhando-me
sonhas-me,
em teus braços,
mil beijos
sussurrados
Sonho-te
e sonhando-me
amo-te
no rasgar da pele
buscando
carícias longas
entregando-me
Sonho-te
no abraço incontido
corpo entregue
vencido
em noites de vendaval
E esse perfume errante
- seiva quente -
dá vida dá alento
mesmo que não passando
de ilusão,
que se desfaz em nada,
tal qual nuvem
em tarde de Verão.
Sonho-te
que sonhando-me
sonhas-me...
amando-te…
Menina Marota
***
E, finalmente, o poema que foi escolhido para ser gravado em audio pelo Luís Gaspar:
Conto de Fadas
O que te dizer quando nos olhos, como lágrimas se desprende
o que sinto por ti?
O que te escrever quando as palavras estão enfermas de erros
e enganos, e não afastam esta solidão que cresce dentro de mim?
resta-me este silêncio que sei incapaz de me trair, e que colho às mãos
cheias como no verão o jasmim, escrevo-te longas cartas que rasgo
logo a seguir, nados mortos em envelopes azuis por abrir.
um anão de vão de escada sorri, e um mandarim de pau na mão
certifica-se que não adormeci na vida que se projecta diante de mim
na alva parede que se fecha sobre os sonhos da minha infância,
onde outrora pintei um sol amarelo graffiti confiante e sorridente.
refugiam-se nas tocas os coelhos, bolas de pêlo saltitante de nariz fremente
e hesitante, como se a cada instante fosse necessário abalar a fugir.
provavelmente terão a sua razão, e pelo sim pelo não
telefono ao tubarão que me guia pela noite, num deslizar de águas mansas
tépidas e límpidas como cristal, recolho então as estrelas
e os cristais que Neptuno me oferece
e sou feliz enquanto não amanhece
e o despertador me atira da cama com um grito de urgência
e sou eu de novo adulto responsável
incapaz de verter uma lágrima ou de soltar um sentimento que não seja
picar o ponto e bater num teclado qwert que diante de mim boceja.
e ainda há quem não veja, que a felicidade se esconde por detrás de um
funcionalismo público que de um prédio dos subúrbios espreita
e que o poder de compra se vende em quiosques, estampado em revistas
de fundo cor de rosa, recheados com conselhos de uma madame de Cascais
ou na tinta suja dos jornais em letras gordas e garrafais. e os lustrosos
senhores do capital dizem-nos que temos de viver mal
para que a engrenagem não emperre, e a vida avança por entre prateleiras
de hipermercado devidamente embalada e pronta a consumir, que o tempo
escasseia e é preciso produzir, sempre a sorrir, sempre satisfeito
que se o humano não é perfeito, as máquinas inventaram-se para o corrigir.
atribuo-te um número binário, um cálculo matemático e hermético
para aferir o quanto gosto de ti, mas o sistema encravou e é preciso
reiniciar para prosseguir, salva-se o que se pode e digo-te baixinho:
amo-te princesa dos contos de fadas da minha infância
e de armadura reluzente armo-me com a espada do rei Artur
e vou caçar dragões para me distrair, da doença do mundo
que consiste em não saber sonhar ou sequer sorrir.
Frederico Hartley
Os meus sinceros agradecimentos a Luís Graça, Regina Gouveia, Maria Costa, Constança Lucas, Menina Marota e Frederico Hartley.
sexta-feira, 27 de abril de 2007
Encontro de Poetas Eslovenos e Portugueses
Doze Naus
Encontro Poético no Palácio Galveias
quarta-feira, 25 de abril de 2007
25 de Abril
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Sophia de Mello Breyner Andresen
Interpretado pela Andante:
Voz: Cristina Paiva; Música: José Afonso; Sonoplastia: Fernando Ladeira
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Sophia de Mello Breyner Andresen
Interpretado pela Andante:
Voz: Cristina Paiva; Música: José Afonso; Sonoplastia: Fernando Ladeira
Liberdade

Fotografia de Sérgio Guimarães
No dia 25 de Abril de 1974 Portugal terminava definitivamente meio século de opressão, medo e atraso.
Houve duas senhas. A primeira, às 22.55h do dia 24 de Abril de 1974, para o início das operações militares a desencadear pelo Movimento das Forças Armadas, foi dada por João Paulo Dinis aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa:
«Faltam cinco minutos para as vinte e três horas. Convosco, Paulo de Carvalho com o Eurofestival 74, E Depois do Adeus ...».
E Depois do Adeus*
Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.
Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder
Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci
E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...
E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós.
A 2ª senha foi dada pela canção “Grândola, Vila Morena”, de José Afonso (composta em homenagem à "Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense", onde José Afonso tinha actuado, no dia 17 de Maio de 1964), gravada por Leite de Vasconcelos e posta no ar por Manuel Tomás, no programa Limite da Rádio Renascença, às 0.20h do dia 25, sendo antecedida pela leitura da sua primeira quadra. Foi o sinal para o arranque das tropas mais afastadas de Lisboa e a confirmação de que a revolução ganhava terreno.
Grândola, Vila Morena**
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade
Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade
Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Depois, fez-se a leitura de poemas da autoria de Carlos Albino, jornalista do República e colaborador naquele programa, que, a pedido de Álvaro Guerra e do comandante Almada Contreiras, tinha ficado incumbido de enviar senhas para sincronizar o golpe do MFA.
Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 04:20h
Aqui Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas.
As Forças Armadas Portuguesas apelam para todos os habitantes da cidade de Lisboa no sentido de recolherem a suas casas, nas quais se devem conservar com a máxima calma. Esperamos sinceramente que a gravidade da hora que vivemos não seja tristemente assinalada por qualquer acidente pessoal para o que apelamos para o bom senso dos comandos das forças militarizadas no sentido de serem evitados quaisquer confrontos com as Forças Armadas. Tal confronto, além de desnecessário, só poderá conduzir a sérios prejuízos individuais que enlutariam e criariam divisões entre os portugueses, o que há que evitar a todo o custo.
Não obstante a expressa preocupação de não fazer correr a mínima gota de sangue de qualquer português, apelamos para o espírito cívico e profissional da classe médica, esperando a sua acorrência aos hospitais, a fim de prestar a sua eventual colaboração que se deseja, sinceramente, desnecessária.
Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 14:30h
Aqui Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas.
Pretendendo continuar a informar o País sobre o desenrolar dos acontecimentos históricos que se estão processando, o Movimento das Forças Armadas comunica que as operações iniciadas na madrugada de hoje se desenrolam de acordo com as previsões, encontrando-se dominados vários objectivos importantes de entre os quais de citam os seguintes:
- Comando da Legião Portuguesa
- Emissora nacional
- Rádio Clube Português
- Radiotelevisão Portuguesa
- Rádio Marconi
- Banco de Portugal
- Quartel-General da Região Militar de Lisboa
- Quartel-General da Região Militar do Porto
- Instalações do Quartel-Mestre-General
- Ministério do Exército, donde o respectivo Ministro se pôs em fuga
- Aeroporto da Portela
- Aeródromo Base n.º 1
- Manutenção Militar
- Forte de Peniche
S. Ex.ª o Almirante Américo Tomás, S. Ex.ª o Prof. Marcelo Caetano e os membros do Governo encontram-se cercados por forças do Movimento no quartel da Guarda Nacional Republicana, no Carmo, e no Regimento de Lanceiros 2 tendo já sido apresentado um ultimato para a sua rendição.
O Movimento domina a situação em todo o País e recomenda, uma vez mais, a toda a população que se mantenha calma. Renova-se, também, a indicação já difundida para encerramento imediato dos estabelecimentos comerciais, por forma a não ser forçoso decretar o recolher obrigatório.
Viva Portugal!
* Música: José Calvário; Letra: José Niza
** Música e Letra: José Afonso
domingo, 22 de abril de 2007
Lisboa Cidade do Livro 2007

Lisboa assinala o Dia Mundial do Livro, a 23 de Abril, como ponto de partida para uma série de iniciativas em redor da leitura, do livro e dos autores, com lançamentos de livros, encontros com escritores, conferências, colóquios, exposições, ciclos de cinema, iniciativas de rua e vendas de livros a baixo custo.
Lisboa Cidade do Livro antecede a 77ª Feira do Livro de Lisboa (de 24 de Maio a 10 de Junho, no Parque Eduardo VII).
Programação para a próxima semana:
Exposição Possibilidades
Trabalhos de António Gonçalves.
12 de Abril a 20 de Maio
Galeria Galveias
Microclima: bd e ambiente
A partir do visionamento de curtas-metragens de animação sobre as questões do ambiente será construído um atelier de banda desenhada.
17 de Abril a 5 de Maio
10.30h e 14.30h
Bedeteca de Lisboa
Leituras Soltas
Performances a partir de textos seleccionados de obras literárias.
23 de Abril, 16.30h
Biblioteca Municipal (BM) Central
BM Orlando Ribeiro
Exposição de Câmara Leme, Pavia e Manuel Lapa
Exposição dos trabalhos destes três capistas famosos.
23 a 27 de Abril, 10.00h às 18.00h
Clube Português de Artes e Ideias
Improvisos de Poesia
Percurso pela Poesia Portuguesa com João Loy e Paulo Espírito Santo.
23 de Abril, 21.30h
BM Orlando Ribeiro
Macroclima: bd e ambiente
Comemoração do Dia Mundial do Livro e do 11.º aniversário da Bedeteca.
Atelier de bd em fim-de-semana.
21 e 23 de Abril, 16.00h
Bedeteca de Lisboa
O Futuro dos Jornais
Mesa-redonda sobre o futuro dos jornais, das revistas e das hemerotecas na era dos jornais digitais e das revistas electrónicas.
Participantes: Joaquim Vieira (Observatório da Imprensa) e Rita Espanha (Obercom/Observatório da Comunicação)
23 de Abril, 18.00h
Hemeroteca Municipal de Lisboa
Feira de Jornais e Revistas Antigas
Em colaboração com os alfarrabistas do Bairro Alto.
23 de Abril
Hemeroteca Municipal de Lisboa
Exposição Lisboa Luanda Maputo
Reúne trabalhos de artistas plásticos portugueses, angolanos, moçambicanos.
Até 24 de Abril
Cordoaria Nacional – Galeria do Torreão Nascente
Os livros do Carmo e da Trindade
Venda de livros manuseados e de livros em saldo.
23 a 29 de Abril
Segunda, Terça, Quinta e Sexta-feira – das 15.00h às 23.00h
Quarta-feira e Sábado – das 10.00h às 23.00h
Domingo – das 10.00h às 15.00h
Largo Trindade Coelho
Comemoração do Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor
Oferta de um livro, ou de uma colecção de marcadores de livros aos utilizadores do Serviço de Leitura deste equipamento. Apresentação do novo site do GEO.
23 de Abril
Gabinete de Estudos Olisiponenses
Rua do Livro
Feira do Livro na Rua Augusta.
23 de Abril, 10.00h às 20.00h
Rua Augusta
Megasaldos do Dia Mundial do Livro
23 de Abril, 10.00h às 24.00h
Casa Fernando Pessoa
Teatro de Marionetas Rapunzel
23 de Abril
Bedeteca de Lisboa
BM de Belém
Workshop "O Projecto de digitalização no Arquivo Municipal de Lisboa"
Workshop sobre o projecto de Digitalização no Arquivo Municipal de Lisboa, um sistema que garante a total segurança e integridade dos documentos, evitando a manipulação dos originais e facilitando o acesso à informação electronicamente.
23 de Abril, 18.00h
Arquivo Municipal de Lisboa
Arquivos Histórico e Intermédio
Workshop de Autobiografia
Dirigido por Alexandre Nave
24 de Abril, 19.00h
Casa Fernando Pessoa
Exposição virtual de documentos da Divisão de Gestão de Arquivos
Exposição virtual de documentos dos pólos do Arquivo Municipal de Lisboa relacionados com o tema Lisboa, Cidade do Livro.
24 de Abril a 30 de Maio
Portal do Arquivo Municipal de Lisboa
O Livro em Saldo
Venda de catálogos e monografias editados pela Divisão de Gestão de Arquivos a preço de conveniência.
24 de Abril a 30 de Maio
Arquivos Histórico e Intermédio: das 09.00h às 17.00h
Arquivo Fotográfico: das 10.00h às 18.30h
Arquivo da Arco do Cego
Montras bibliográficas
Mostra de livros com referências a documentos pertencentes ao acervo do Arquivo Municipal de Lisboa.
24 de Abril a 30 de Maio
Arquivo Municipal de Lisboa
O fascismo nunca existiu?
Debate animado por Júlio César Reis a partir do livro de Eduardo Lourenço
26 de Abril, 21.30h
Livraria Fábula-Urbis
Lançamento do romance "Niassa" de Francisco Camacho
Apresentado por José Eduardo Agualusa
26 de Abril, 18.30h
Casa Fernando Pessoa
Livros em Desassossego: Para que servem os prémios literários?
Debate com Baptista-Bastos, Dulce Maria Cardoso, Mafalda Lopes da Costa, Eduardo Pitta e Carlos da Veiga Ferreira. Moderação de Carlos Vaz Marques.
26 de Abril, 21.30h
Casa Fernando Pessoa
Lançamento de CD de Poesia de Cabo Verde
Apresentação do CD de Afonso Dias sobre Poesia de Cabo Verde e sete poemas de Sebastião da Gama.
27 de Abril, 18.30h
Casa Fernando Pessoa
Leitura do Sermão da Sexagésima do Padre António Vieira
Com a participação de José Manuel Mendes
27 de Abril, 21.00h
Igreja de S. Roque
Visita ao Teatro da Trindade
28 de Abril, 11.00h
Teatro da Trindade
Teatro de Robertos Português
Espectáculo de rua.
28 de Abril, 16.00h
Largo Trindade Coelho
Grupo de batuque Finka Pé
Espectáculo de rua.
28 de Abril, 18.00h
Largo Trindade Coelho
Exposição Entre a Palavra e a Imagem
Reúne trabalhos de artistas plásticos portugueses, espanhóis e brasileiros
Até a 29 de Abril
Museu da Cidade (Pavilhão Preto e Pavilhão Branco)
Sugestão da Andante para esta semana
Semiologia
Digo: o amor. Há palavras que parecem sólidas,
ao contrário de outras que se desfazem nos dedos.
Solidão. Ou ainda: medo. As palavras, podemos
escolhê-las, metê-las dentro do poema como
se fosse uma caixa. Mas não escondê-las. Elas
ficam no ar, invisíveis, como se não precisassem
dos sons com que as dizemos.
Nuno Júdice
Interpretado pela Andante:
Voz: Cristina Paiva; Música: Sétima Legião; Sonoplastia: Fernando Ladeira
Próximos espectáculos da Andante:
23 Abril de 2007
Às escuras, o amor
Biblioteca Municipal de Caldas da Rainha, 15.00h
24 Abril de 2007
Às avessas
Biblioteca Municipal de Alpiarça, 09.30h e 14.30h
25 Abril de 2007
Às escuras, o amor
Biblioteca Municipal de Mértola
Cine-Teatro Marques Duque, 21.30h
26 Abril de 2007
Às escuras, o amor
Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira, 15.30h
27 Abril de 2007
Às escuras, o amor
Biblioteca Municipal de Tábua, 22.00h
Digo: o amor. Há palavras que parecem sólidas,
ao contrário de outras que se desfazem nos dedos.
Solidão. Ou ainda: medo. As palavras, podemos
escolhê-las, metê-las dentro do poema como
se fosse uma caixa. Mas não escondê-las. Elas
ficam no ar, invisíveis, como se não precisassem
dos sons com que as dizemos.
Nuno Júdice
Interpretado pela Andante:
Voz: Cristina Paiva; Música: Sétima Legião; Sonoplastia: Fernando Ladeira
Próximos espectáculos da Andante:
23 Abril de 2007
Às escuras, o amor
Biblioteca Municipal de Caldas da Rainha, 15.00h
24 Abril de 2007
Às avessas
Biblioteca Municipal de Alpiarça, 09.30h e 14.30h
25 Abril de 2007
Às escuras, o amor
Biblioteca Municipal de Mértola
Cine-Teatro Marques Duque, 21.30h
26 Abril de 2007
Às escuras, o amor
Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira, 15.30h
27 Abril de 2007
Às escuras, o amor
Biblioteca Municipal de Tábua, 22.00h
sábado, 21 de abril de 2007
Praça com Livros

A "Praça com Livros" está a decorrer em Mem Martins, das 12.30h às 20.30h, no Átrio Chaby (perto da estação do comboio).
Esta mostra de poetas e escritores tem apresentações de livros e sessões de autógafos todos os dias, até ao seu encerramento que será no dia 23.
Uma iniciativa do Centro Comercial Atrium Chaby, com o apoio da Casa das Cenas - Educação Pela Arte.
BiblioFesta'07

A BiblioFesta'07 dedicada à Poesia, encerra hoje, sábado, com Manuel Alegre e a actuação do Grupo de Intervenção Poética PIM!, da Associação Cultural Conflito Estético, na Biblioteca Municipal de Oeiras.
A partir das 21:30h, na sessão «Café com Letras» o jornalista Carlos Vaz Marques entrevistará o poeta Manuel Alegre e de seguida, o Grupo de Intervenção Poética PIM! promete provocar «furor desconcertante» com a «performance Volte-Face», uma exibição que integra declamação, música ao vivo, projecção de vídeos e dança contemporânea.
sexta-feira, 20 de abril de 2007
Na estante de culto

Pequena Antologia da Poesia Palestiniana Contemporânea
Selecção e tradução de Albano Martins
Com um desenho de Alberto Péssimo
Edições ASA
(Colecção: Pequeno Formato)
1ª edição de Fevereiro de 2004
“É raro que uma poesia tome assim forma entre o céu e a terra. O que quer dizer quanto a tarefa dos poetas palestinianos é complexa, quase inédita. Eles não podem escrever senão com o que lhes foi usurpado. A sua poesia é a de ferida aberta, de uma memória que está sempre em risco de se romper, de uma fascinação pela morte, caminho necessário da ressurreição”.
É assim que Abdellatif Laâbi vê a poesia palestiniana contemporânea. E alguns dos seus momentos mais dilacerantes, mais líricos, mais trágicos, mais dignos da grande tradição da poesia árabe encontram-se nestas páginas escolhidas e traduzidas por um notável poeta português – Albano Martins.
Os amantes
Ninguém acredita nos amantes
Enquanto estão vivos, os cafés fecham à hora
e os táxis são raros depois da meia-noite
A própria noite não acredita neles
e retira-se cedo dos jardins públicos
para invadir os quartos de dormir
onde as paredes gemem sob o peso das coisas
E, quando morrem, os seus caixões são estreitos
como os dos outros
Khayri Mansur
Pessoa em voz alta
Tenho dó das estrelas
Tenho dó das estrelas
Luzindo há tanto tempo,
Há tanto tempo...
Tenho dó delas.
Não haverá um cansaço
Das coisas,
De todas as coisas,
Como das pernas ou de um braço?
Um cansaço de existir,
De ser,
Só de ser,
O ser triste brilhar ou sorrir...
Não haverá, enfim,
Para as coisas que são,
Não a morte, mas sim
Uma outra espécie de fim,
Ou uma grande razão
Qualquer coisa assim
Como um perdão?
Meus pensamentos de mágoa,
Como, no sono dos ventos,
As algas, cabelos lentos
Do corpo morto das águas.
Boiam como folhas mortas,
À tona de águas paradas.
São coisas vestindo nadas,
Pós remoinhando nas portas
Das casas abandonadas.
Sono de ser, sem remédio,
Vestígio do que não foi,
Leve mágoa, breve tédio,
Não sei se pára, se flui;
Não sei se existe ou se dói.
4/8/1930
Fernando Pessoa
Cancioneiro
Na voz de Luís Gaspar:
quinta-feira, 19 de abril de 2007
Recital em Queluz

Este sábado, 21 de Abril, no Espaço Lavadouro (em frente ao Palácio Nacional de Queluz), pelas 16 horas, o Grupo de Jograis U... Tópico vai homenagear Fernando Lopes Graça, enquanto escritor, por ocasião do 100.º aniversário do seu nascimento. Com coordenação e apresentação de Maria de Lurdes Esteves, e colaboração de Maria Dinah na leitura de dois poemas, o Grupo de Jograis lerá pequenos excertos de trechos escritos por Fernando Lopes Graça e dirá cinco poetas da geração da "Presença" (João José Cochofel, José Régio, Carlos de Oliveira, Miguel Torga e José Gomes Ferreira).
segunda-feira, 16 de abril de 2007
Traz outro amigo também!...

A Câmara Municipal de Cascais convida para a Homenagem a José Afonso, que terá lugar no próximo dia 20 de Abril, às 21h00, na Biblioteca Municipal de Cascais (Rua das Travessas, Bairro Massapés, Tires - São Domingos de Rana).
Programa:
- Abertura da Exposição José Afonso, Poeta, Andarilho, Cantor
- Conferência José Afonso nas Escolas, por Joaquim Pessoa, Helena Afonso e Miguel Gouveia
- Recital de guitarra por Sebastião Antunes
- Actuação do Grupo Coral Discantus
Capricho 43 de Carlos Vaz
A terceira obra da trilogia da experiência de Carlos Vaz será apresenta na próxima quarta-feira, dia 18, pelas 21h30m, na Feira do Livro de Braga
Com Capricho 43, Carlos Vaz recebeu recentemente o prémio da literatura António Paulouro, e é, segundo o mesmo, a última obra da Trilogia da Experiência (juntamente com Seres de Rã e A Casa de Al’isse). Como o nome indica, a trilogia denomina-se desta forma, por nas obras referidas o autor procurar gerar novas experiências de leitura através de encontros com personalidades reais ou imaginárias. Na obra Capricho 43, Carlos Vaz procurou, desta vez, originar experiências com o encontro da série Caprichos, de Goya, principalmente com aquela que é intitulada de Capricho 43 e que deu origem ao título da obra. Por razões que têm a ver com este desenho, o autor confessou-nos que, de início, o livro estaria para se chamar O Sonho da Razão Produz Monstros. Na verdade esta é a verdadeira fórmula de leitura para todo o enredo da obra. Logo nas primeiras páginas do livro, o texto dá-se ao diálogo com o seu leitor, sugerindo que este prenda, à ponta do dedo, o fio de todo o enredo da obra, para que assim não se perca ao longo da viagem e dos estranhos encontros com Goya. Para além deste pintor, encontramos experiências causadas pelo texto quer originadas pelo prisma que Isaac Newton traz para a história, quer com o aparecimento final da figura mitológica de duas caras, Janus. Estranhamente, o fio é desenrolado à medida que avançamos na obra e embarcamos num pesado tanque de cimento com a figura materna, e ao mesmo tempo de conforto, em toda a obra, a Mãe.
Segundo a autora do posfácio, Maria Teresa Dias Furtado:
O romance Capricho 43, de Carlos Vaz, é um texto surpreendente, muito original, inovador e rico em conteúdo (…) Estamos perante um texto em movimento, por vezes alucinante. O tanque onde a mãe lava roupa torna-se barco, nele embarcam mãe e filho, Goya e Newton. O narrador tem consciência explícita de que há um movimento textual, algo que acontece para além do real quotidiano, para depois a este regressar na parte final, em que se explicitam ilações acerca do que aconteceu até então (…) Mas, independentemente destes suportes literários, Carlos Vaz ata os seus próprios nós no fio que escolhe, dialoga com as “cabeças” convocadas para a sua viagem textual, longe e perto do mundo, unindo razão e sonho, “arquitectando ilhas” com pontes de sentido entre si. A busca é textual, mas o mundo fica enriquecido.
Para além do posfácio de Maria Teresa Dias Furtado, a obra Capricho 43 conta ainda com um trabalho de capa do pintor Júlio Cunha.
Carlos Vaz nasceu em 1970, no concelho de Caminha e é licenciado em Filosofia e Humanidades. Tem ainda o mestrado em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea. Publicou livros de poesia, romance e ensaio, para além de participar em diversas antologias de conto e poesia. Autor de obras como: “Laivo”, “Seres de Rã”, “A Casa de Al’isse”, e o premiado ensaio “Diários de um Real-Não-Existente”. Em 2005, foi lhe atribuído o Prémio Nacional de Literatura Vergílio Ferreira (Gouveia) e mais recentemente, o Prémio Literário António Paulouro.
Para saber mais:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Vaz
www.editoralabirinto.com
www.carlosvaz.net
www.carlosvaz.blogspot.com
quarta-feira, 11 de abril de 2007
Sugestão da Andante para esta semana
Grammatica Rudimentar
Aquelle Manuel do Rego
É rapaz de tanto tino
Que em lirio põe sempre y grego,
E em lyra põe i latino!
E como a gente diz ceia
Escreve sempre ceiar;
Assim como de passeia
Tira o verbo passeiar!
Nunca diz senão peior
Não só por ser mais bonito,
Mas porque achou num auctor
Que deriva de sanskrito.
Escreve razão com s,
E escreve Brasil com z:
Assim elle nos quizesse
Dizer a razão porquê!
Também como diz — eu soube
Julga que eu poude é correcto:
Temo que a morte nos roube
Rapazinho tão discreto!
É um gramático o Rego!
É um purista o finorio...
Se Camões fallava grego,
E o Vieira latinorio!
João de Deus
Interpretado pela Andante:
Voz: Cristina Paiva; Música: Pascal Comelade; Sonoplastia: Fernando Ladeira
A Andante vai estar estar nos Açores, em Angra do Heroísmo, nos próximos dias 13, 16, 17, 18 e 19 de Abril de 2007 com o espectáculo de Poesia:
"Às escuras, o amor"
Na Biblioteca Pública de Angra do Heroísmo
Centro Cultural de Angra do Heroísmo, sempre às 10h00 e 14h30
Mais informações sobre este espectáculo, aqui.
Aquelle Manuel do Rego
É rapaz de tanto tino
Que em lirio põe sempre y grego,
E em lyra põe i latino!
E como a gente diz ceia
Escreve sempre ceiar;
Assim como de passeia
Tira o verbo passeiar!
Nunca diz senão peior
Não só por ser mais bonito,
Mas porque achou num auctor
Que deriva de sanskrito.
Escreve razão com s,
E escreve Brasil com z:
Assim elle nos quizesse
Dizer a razão porquê!
Também como diz — eu soube
Julga que eu poude é correcto:
Temo que a morte nos roube
Rapazinho tão discreto!
É um gramático o Rego!
É um purista o finorio...
Se Camões fallava grego,
E o Vieira latinorio!
João de Deus
Interpretado pela Andante:
Voz: Cristina Paiva; Música: Pascal Comelade; Sonoplastia: Fernando Ladeira
A Andante vai estar estar nos Açores, em Angra do Heroísmo, nos próximos dias 13, 16, 17, 18 e 19 de Abril de 2007 com o espectáculo de Poesia:
"Às escuras, o amor"
Na Biblioteca Pública de Angra do Heroísmo
Centro Cultural de Angra do Heroísmo, sempre às 10h00 e 14h30
Mais informações sobre este espectáculo, aqui.
sexta-feira, 6 de abril de 2007
Lançamento de livro de Poesia e Fotografia

Lançamento do Livro "Simbiose"
14 Abril, sábado, pelas 18h30
Na Biblioteca Municipal de S. João da Madeira
Autores:
Adriana Silva, Ângela Almeida, Daniel Camacho, Débora Regadas, Fátima Morão, Filipe Santos, Filomena Tavares, Linda Neto, Marco Tavares, Nuno Domingues, Patrice Almeida, Pedro Bastos, Ricardo Tavares, Rosa Familiar, Salomé Pinto, Susana Moura, Vítor Zarro
Poetas e fotógrafos de S. João da Madeira e arredores juntaram-se a outros autores de Norte a Sul de Portugal e concretizaram o sonho de editar uma colectânea de poesia e fotografia. "Provocação poética ou insubmissão fotográfica", como se lê no prefácio da obra, [Simbiose] reúne poemas e fotografias unidos pelo aroma subjectivo de quem contempla as páginas, intercaladas com versos e imagens captadas pela objectiva.
Do realismo ao abstracto, passando pelo surrealismo, texto e imagem mergulham numa profusão de estilos e tendências, que navegam ao sabor do escritor e do fotógrafo. Em contradição ou harmonia, cabe ao leitor encontrar o clímax desta relação de opostos que se atraem.
quinta-feira, 5 de abril de 2007
The Garden of Proserpine
Here, where the world is quiet;
.....Here, where all trouble seems
Dead winds’ and spent waves’ riot
..... In doubtful dreams of dreams;
I watch the green field growing
For reaping folk and sowing,
For harvest-time and mowing,
..... A sleepy world of streams.
I am tired of tears and laughter,
..... And men that laugh and weep;
Of what may come hereafter
..... For men that sow to reap:
I am weary of days and hours,
Blown buds of barren flowers,
Desires and dreams and powers
..... And everything but sleep.
Here life has death for neighbour,
..... And far from eye or ear
Wan waves and wet winds labour,
..... Weak ships and spirits steer;
They drive adrift, and whither
They wot not who make thither;
But no such winds blow hither,
..... And no such things grow here.
No growth of moor or coppice,
..... No heather-flower or vine,
But bloomless buds of poppies,
..... Green grapes of Proserpine,
Pale beds of blowing rushes
Where no leaf blooms or blushes
Save this whereout she crushes
..... For dead men deadly wine.
Pale, without name or number,
..... In fruitless fields of corn,
They bow themselves and slumber
..... All night till light is born;
And like a soul belated,
In hell and heaven unmated,
By cloud and mist abated
..... Comes out of darkness morn.
Though one were strong as seven,
..... He too with death shall dwell,
Nor wake with wings in heaven,
..... Nor weep for pains in hell;
Though one were fair as roses,
His beauty clouds and closes;
And well though love reposes,
..... In the end it is not well.
Pale, beyond porch and portal,
..... Crowned with calm leaves, she stands
Who gathers all things mortal
..... With cold immortal hands;
Her languid lips are sweeter
Than love’s who fears to greet her
To men that mix and meet her
..... From many times and lands.
She waits for each and other,
..... She waits for all men born;
Forgets the earth her mother,
..... The life of fruits and corn;
And spring and seed and swallow
Take wing for her and follow
Where summer song rings hollow
..... And flowers are put to scorn.
There go the loves that wither,
..... The old loves with wearier wings;
And all dead years draw thither,
..... And all disastrous things;
Dead dreams of days forsaken,
Blind buds that snows have shaken,
Wild leaves that winds have taken,
..... Red strays of ruined springs.
We are not sure of sorrow,
..... And joy was never sure;
To-day will die to-morrow;
..... Time stoops to no man’s lure;
And love, grown faint and fretful,
With lips but half regretful
Sighs, and with eyes forgetful
..... Weeps that no loves endure.
From too much love of living,
..... From hope and fear set free,
We thank with brief thanksgiving
..... Whatever gods may be
That no life lives for ever;
That dead men rise up never;
That even the weariest river
..... Winds somewhere safe to sea.
Then star nor sun shall waken,
..... Nor any change of light:
Nor sound of waters shaken,
..... Nor any sound or sight:
Nor wintry leaves nor vernal,
Nor days nor things diurnal;
Only the sleep eternal
..... In an eternal night.
Algernon Charles Swinburne
Hoje nasceu...

5 de Abril de 1837
Algernon Charles Swinburne
Poeta inglês
Artigos relacionados:
Biografia
Poemas: Deitado ; The Garden of Proserpine
Algernon Charles Swinburne
Algernon Charles Swinburne, nasceu em Londres, Inglaterra, no dia 5 de Abril de 1837. Filho de almirante e neto de condes, passou a infância na ilha de Wight e estudou em Eton e Oxford, mas abandonou a universidade (1860) sem se formar, para se dedicar à sua obra poética.
Autor de extensa obra, caracterizada pelo abuso de efeitos como a aliteração e as rimas e considerado como precursor do simbolismo, Swinburne abandonou a tradição vitoriana para abraçar a corrente decadentista. Nos seus versos o aspecto formal da riqueza vocabular, da musicalidade e do ritmo prevalece sobre o conteúdo que reflecte uma concepção panteísta da natureza.
Obras:
"Atalanta in Calydon" (1865), "Poems and Ballads"(1866), "Songs Before Sunrise" (1871), as peças "Chastelard" (1865), "Bothwell" (1874) e "Mary Stuart" (1881) e monografias críticas sobre Shakespeare (1880), Victor Hugo (1886) e Ben Jonson (1889).
Faleceu em 1909.
Autor de extensa obra, caracterizada pelo abuso de efeitos como a aliteração e as rimas e considerado como precursor do simbolismo, Swinburne abandonou a tradição vitoriana para abraçar a corrente decadentista. Nos seus versos o aspecto formal da riqueza vocabular, da musicalidade e do ritmo prevalece sobre o conteúdo que reflecte uma concepção panteísta da natureza.
Obras:
"Atalanta in Calydon" (1865), "Poems and Ballads"(1866), "Songs Before Sunrise" (1871), as peças "Chastelard" (1865), "Bothwell" (1874) e "Mary Stuart" (1881) e monografias críticas sobre Shakespeare (1880), Victor Hugo (1886) e Ben Jonson (1889).
Faleceu em 1909.
Deitado
Deitado a dormir entre os afagos da noite
Vi o meu amor debruçar-se sobre o meu leito triste,
Pálida como a mais escura folha do lírio ou corola
De pele macia e escura, o pescoço nu para ser mordido,
Transparente de mais para corar, tão quente para ser branca,
Apenas de uma cor perfeita sem branco nem vermelho.
E os lábios abriram-se-lhe amorosamente e disseram
Nem sei bem o quê, excepto uma palavra Deleite.
E a face dela era toda mel na minha boca,
E o corpo dela todo pasto a meus olhos;
Os braços longos e lentos, as mãos quentes de fogo,
As ancas frementes, o cabelo a cheirar a Sul,
os pés leves luzentes, as coxas esplêndidas e dóceis
E as pálpebras fulgentes com o desejo da minha alma.
Algernon Charles Swinburne
Na voz de Luís Gaspar:
Vi o meu amor debruçar-se sobre o meu leito triste,
Pálida como a mais escura folha do lírio ou corola
De pele macia e escura, o pescoço nu para ser mordido,
Transparente de mais para corar, tão quente para ser branca,
Apenas de uma cor perfeita sem branco nem vermelho.
E os lábios abriram-se-lhe amorosamente e disseram
Nem sei bem o quê, excepto uma palavra Deleite.
E a face dela era toda mel na minha boca,
E o corpo dela todo pasto a meus olhos;
Os braços longos e lentos, as mãos quentes de fogo,
As ancas frementes, o cabelo a cheirar a Sul,
os pés leves luzentes, as coxas esplêndidas e dóceis
E as pálpebras fulgentes com o desejo da minha alma.
Algernon Charles Swinburne
Na voz de Luís Gaspar:
Oficina poética por Pedro Sena-Lino

Alargar o conhecimento teórico-prático sobre a linguagem poética e criar ferramentas para a leitura e comunicação são os principais objectivos do ateliê de escrita criativa "Processo e oficina do poema", que a editora Cosmorama organiza no Clube Literário do Porto a partir de hoje.
O poeta e crítico literário Pedro Sena-Lino vai dinamizar um conjunto de sessões divididas em três partes, que versam temas tão distintos como os constituintes e a estrutura interna de um poema (ritmo, sintaxe, imagens, formas), metáforas ou a revisão e aplicação dos conceitos utilizados na revisão de poemas dos participantes.
Horários: 16h - 17:30h; 21:30h - 23h
Dias: 5, 12, 19, 26 de Abril e 3, 10 e 17 de Maio (7 sessões de 90 minutos)
Preço: 70 euros
As inscrições para o curso podem ser feitas no Clube Literário do Porto ou através do correio electrónico (andreia_f@hotmail.com )
Mais informações em: http://www.clubeliterariodoporto.org
Poetas portugueses nos transportes públicos de Washington

Numa iniciativa enquadrada nas comemorações do cinquentenário dos Tratados de Roma, que fundaram a UE, organizada pela representação da Comissão Europeia na capital norte-americana com a colaboração dos 27 estados, serão lidos durante o mês de Maio, poemas de autores dos 27 estados membros da União Europeia.
De Portugal, serão lidos excertos de «Os Lusíadas», de Camões, «Mar», de Sophia de Mello Breyner Andresen, «Coração Polar», de Manuel Alegre, «Chuva Oblíqua», de Fernando Pessoa, e «Áspera Vida», de Vitorino Nemésio.
Ao longo do mês serão lidos cinco poemas de cada país na língua original e numa tradução inglesa, no metropolitano e nos autocarros de Washington.
As participações dos restantes países ainda não são conhecidas.
Estarão em breve disponíveis mais informações em: europeanpoetryinmotion.eu.
A Comissão Europeia considera que esta é «uma grande oportunidade para os Estados-membros divulgarem a sua língua e literatura e ao mesmo tempo apoiarem os Estados Unidos no seu esforço para promover a literacia».
Neste projecto, a Comissão Europeia conta com o apoio da Autoridade dos Transportes de Washington, a Comissão para as Artes e Humanidades da capital dos Estados Unidos e da Sociedade Americana de Poesia, entre outras entidades.
quarta-feira, 4 de abril de 2007
Novidades Quasi
Grande Prémio de Poesia APE/CTT para António Ramos Rosa

António Ramos Rosa recebeu ontem, pelo seu livro «Génese», o Grande Prémio de Poesia APE/CTT 2005, que classificou como «um dos prémios mais valiosos» com que foi distinguida a sua extensa obra.
O poeta recebeu pela segunda vez este galardão (a primeira foi em 1989, ano em que foi criado, pela recolha «Acordes») criado pela Associação Portuguesa de Escritores e patrocinado pelos Correios de Portugal numa cerimónia que decorreu no auditório da sede dos CTT, em Lisboa.
No valor de 5.000 euros, o prémio destina-se a distinguir anualmente um livro de um autor português publicado integralmente e em primeira edição no ano a que respeita o concurso, não sendo admitidas obras póstumas.
Na edição de 2005, o galardão foi atribuído a Ramos Rosa por unanimidade de um júri composto por Ana Gabriela Macedo, Ana Paula Arnaut e Manuel Gusmão.
O seu livro «Génese» já tinha sido anteriormente distinguido com dois outros galardões literários: o Prémio de Poesia Luís Miguel Nava e o Prémio PEN Clube de Poesia, ambos referentes a obras publicadas em 2005.
Novidades Campo das Letras

ZECA AFONSO - O Andarilho da Voz de Ouro
José Jorge Letria (texto); Evelina Oliveira (ilustração)
José Afonso foi um grande cantor e um grande poeta português, e é essa memória que deve ficar presente e projectar-se para o futuro, vinte anos depois da sua morte.
Neste livro, José Jorge Letria, que foi um dos companheiros do cantor antes do 25 de Abril, conta aos mais novos o que foi a vida do homem que escreveu e cantou "Grândola, Vila Morena", senha musical do 25 de Abril. Ouvir José Afonso, o Zeca, é a melhor homenagem que lhe podemos prestar, hoje e sempre. "O Andarilho da Voz de Ouro" é uma história poética sobre um grande músico-poeta, que pode ser lida por crianças e adultos, se possível com as suas canções em fundo. A importância da sua obra vai muito para além da intervenção política. As canções que escreveu são uma parcela importante da cultura portuguesa do século XX. Tudo isso é dito neste livro com as palavras do afecto e da poesia partilhada. Porque o Zeca continua a cantar para todos nós, como só ele sabe.
Uma edição Campo das Letras a sair em Abril.
segunda-feira, 2 de abril de 2007
Dia Internacional do Livro Infantil
O Dia Internacional do Livro Infantil comemora-se a 2 de Abril, data do nascimento do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen. A celebração deste dia é uma iniciativa da IBBY (International Board on Books for Young People), que se realiza anualmente desde 1967, com o principal objectivo de promover o livro infantil e o prazer da leitura nas crianças. O patrocinador de 2007 é a secção nacional do IBBY da Nova Zelândia.
Deixo-vos com duas sugestões. A primeira é a audição de um poema de Sidónio Muralha interpretado pela Andante.
A segunda é que visitem a Casa da Leitura, onde poderão encontrar mais poemas de Sidónio Muralha e de outros poetas que escreveram poesia para os mais novos.
A caminhada
Nessa mata ninguém mata
a pata que vive ali,
com duas patas de pata,
pata acolá, pata aqui.
Pata que gosta de matas
visita as matas vizinhas,
com as suas duas patas
seguidas de dez patinhas.
E cada patinha tem,
como a pata lá da mata,
duas patinhas também
que são patinhas de pata.
Sidónio Muralha
Voz: Cristina Paiva; Sonoplastia: Fernando Ladeira
Deixo-vos com duas sugestões. A primeira é a audição de um poema de Sidónio Muralha interpretado pela Andante.
A segunda é que visitem a Casa da Leitura, onde poderão encontrar mais poemas de Sidónio Muralha e de outros poetas que escreveram poesia para os mais novos.
A caminhada
Nessa mata ninguém mata
a pata que vive ali,
com duas patas de pata,
pata acolá, pata aqui.
Pata que gosta de matas
visita as matas vizinhas,
com as suas duas patas
seguidas de dez patinhas.
E cada patinha tem,
como a pata lá da mata,
duas patinhas também
que são patinhas de pata.
Sidónio Muralha
Voz: Cristina Paiva; Sonoplastia: Fernando Ladeira
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