sexta-feira, 30 de setembro de 2011
LEIRIA: Lançamento do livro de Paulo José Costa
Gulbenkian organiza conferências sobre Ruy Belo

Colóquio Internacional
3 e 4 de Novembro de 2011, das 10H00 às 19H00, no Auditório 2 da Fundação Calouste Gulbenkian
Celebrando o cinquentenário da publicação de Aquele Grande Rio Eufrates (1961), este colóquio destina-se a homenagear a obra de um dos poetas centrais da segunda metade do século XX. Aberto a estudiosos da obra de Ruy Belo, mas também a especialistas da poesia portuguesa do século XX e da teoria e crítica literária, este encontro pretende pôr em relevo os múltiplos problemas que a sua poesia coloca, os universos de referência e o seu lugar no panorama da poesia contemporânea.
Mais informações aqui.
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
VILA REAL: Amadeu Baptista recebe hoje o Prémio Literário António Cabral

Eis o poemas de abertura:
ARQUITECTURA
Estas paredes levantam-se para o céu
para que a casa de Deus tenha as medidas
da Sua omnipotência
e seja o templo alicerçado nas alturas,
entre as nuvens e o silêncio,
entre a pálpebra azul do firmamento,
e um rarefeito cômputo de passos,
porventura de homens, porventura
do que do divino aos homens
se aproxima, e os cinge
à Sua imagem e semelhança,
haja ou não haja remissão ou indulgência.
O céu é indiviso, e indivisas as luzes,
os seus enigmas, a sua arquitectura.
E monolíticos são os arcos que o suportam,
as suas sombras e anjos,
o seu farfalhar magnífico e aterrador,
sob o qual tudo arde, de repente,
sobrevindo ao infinito da casa,
na sempre eterna solidão salvífica
o princípio de tudo e o seu fim.
É esta casa ampla, como é amplo
Deus, e omnipotente, tal como serão
os homens que O olham desde o chão,
de súbito altíssimos, mas prenhes
de humildade e indefesos, inacabados,
assim que a Sua Voz lhes sulca
o coração, ou Deus prolonga o silêncio
no Seu verbo, que os calcina.
Felizes os cativos, felizes
os que se devotam aos rumores do templo,
felizes os que põem as mãos na sua ara,
os que confrontam a matéria
e pelo sonho aguardam, os que fendem
a terra e colocam pedras nos Seus furos,
e amassam nas mãos o Seu cimento,
a Sua argila cálida, a Sua água ardente,
o Seu fermento. Felizes os que levantam
andaimes nas paredes, os que usam
a roldana, a grua, o cabrestante, felizes
os que suam, os que usam vigas de cedro
na casa do Senhor, e Lhe propõem
um tecto e uma cama, e lhe dão uma porta
para que nunca parta.
É esta casa alta porque ao cimo
se constroem as casas onde Deus mora,
onde vivem os vivos que imploram
que ao seu templo se una outro templo
mais afeito à claridade que aos enigmas,
fulgente, porque nele embebe Deus
os homens em sabedoria, enquanto
ao seu redor as calamidades grassam
e os profetas erguem ao sol as suas mãos
secas como palha e escutam trombetas
no deserto, sangrando dos ouvidos,
e balbuciam a vinda do que há-de vir
e em Jerusalém, pressagiam, será o templo
caído e levantado num pestanejar.
Felizes os que sabem escutar os rumores
do templo, os que sobem escadas,
os que gizam esboços, os que preparam
as tábuas, e os que talham arestas,
os que abrem compassos e adestram réguas,
os que moldam o ferro, os que manejam
garlopas, e goivas, e espátulas,
os que afinam o gesso, os que limpam
as pedras, e os que carregam baldes,
e carros, e mosaicos,
e blocos de mármore, e gamelas
de reboco, e os que afagam soalhos,
e aplicam ladrilhos, e os que apertam os tornos,
os que puxam o fogo e instalam as águas,
os que estabelecem as cordas
e, no estaleiro, dormem ao relento,
os que debuxam, os que montam,
os que revestem, os que limpam,
os que vazam, os que cozinham, os que rebitam,
os que laminam, os que esculpem,
e os que rezam no fim, pela obra feita.
É esta casa o esplendor de Deus, lugar
de guardar as arcas e os mistérios,
e de recolher os homens
e os clarões que o escuro desvanece,
a casa onde as sombras iluminam
por intervenção divina,
e se abriga a paz que há-de reinar para todo o sempre,
porque é próprio da paz poder reinar,
mesmo que Sisto IV no templo se reveja
como Deus proibiu, tal como a David
proibiu Deus de construir na eira, porque
era esse um lugar sangrento
e só Deus sabe o preço que há no sangue,
o tanto que o sangue subverte,
o nosso sangue,
o sangue das ovelhas e dos pastores,
o sangue dos canteiros e dos pintores,
o sangue dos que sofrem e dos pacíficos.
Ah, felizes os que sabem escutar os rumores
do templo, sob a espessa pálpebra do firmamento.
Amadeu Baptista
LISBOA: Private Z(oo)M - Tempo de Bichos no Museu de São Roque

Integrando a programação AFRICANDO da semana Africana no Museu São Roque em Lisboa, Mito Elias & Trio Majina apresentam Private Z(oo)M - Tempo de Bichos - Celebrando a Poesia de Arménio Vieira, uma performance dedicada ao animalário na poesia de Arménio Vieira.
«Eis o incansável exercício de todo o percurso artístico do engenhoso e perspicaz artista Mito Elias. “Private Z(oo)m, Tempo dos Bichos” ou 15 poemas de Arménio Vieira, não lidos nem recitados, mas representados, 10 Mantras Sonoras ou então um pouco disto e daquilo da tradição musical universal, 400 Imagens fotográficas a que Mito chamaria recolha selectiva da poluição visual das urbes. 1 Vídeo, claro. Um vídeo que é um golpe de sorte… embora para se ter sorte, diria o outro, é preciso estar no momento certo por onde ela passa. Esse vídeo é, em suma, Arménio Vieira autobiogrando-se numa entrevista por telefone no dia em que recebeu a notícia de ter sido galardoado com o prémio Camões. Tudo isto é muito, mas mesmo assim perguntamo-nos sem pudor: que nome dar à performance de Mito Elias. VIDEOPHONEMA, responde ele mesmo. Neste caso em homenagem ao nosso prémio Camões e às cidades povoadas de sinais, marcos, texturas e… arte.»
Abraão Vicente
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Nota: Assisti a uma performance do Mito Elias, aqui na Praia (em Cabo Verde) na semana passada e o que vos posso dizer é: não percam!
LISBOA: Curso de Poesia na CFP

Datas das sessões: 17 e 24 de Outubro; 7, 14, 21 e 28 de Novembro e 5, 12 e 19 de Dezembro
Dia da semana: segundas-feiras
Horário: das 18H00 às 19H30
Custo de inscrição: 40 euros
Inscrições: de 28 de Setembro a 15 de Outubro, na Casa Fernando Pessoa
Mínimo de inscrições: 30
Máximo de inscrições: 80
Mais informações aqui.
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
LISBOA: Lançamento na Buchholz

O livro inclui um CD com poesia interpretada por Michales Loukovicas.
No lançamento haverá um momento musical assegurado pelo autor e por Amélia Muge (autora da tradução, a partir da versão inglesa dos textos).
A apresentação estará a cargo de Eugénio Lisboa e Nuno Pacheco.
Prémio Literário Maria Amália Vaz de Carvalho

O prazo de entrega dos trabalhos concorrentes termina no dia 3 de Dezembro de 2011.
Mais informações aqui.
Prémios de Revelação APE/BABEL 2010

Os Prémios – até ao máximo de três, em cada modalidade – traduzem-se na garantia de publicação das respectivas obras, pelo grupo de editoras que os patrocina, o qual também pagará os direitos de autor.
As obras deverão ser entregues entre 21 de Setembro e 25 de Novembro de 2011.
Mais informações aqui.

Um blogue livre de estilo, onde 4 poetas escrevem com fúria.
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Novo livro de Nuno Dempster

Nuno Dempster acaba de editar um novo livro de poesia, pelas Edições Sempre-em-Pé.
Tem o título "Pedro e Inês: Dolce Stil Nuovo" e estará em breve nas livrarias.
Eis o poema de abertura:
Posso ver, inclinados sobre Inês,
os vultos que na noite de outro tempo
escreviam com forma e tom diversos,
porque deste futuro não sabiam
o modo e sua cor, nem o ruído
de máquinas velozes a marcar
a urgência da denúncia que me bate
nas têmporas, aviso para a luz
nascente das palavras irreais
do palimpsesto, em cujo pergaminho
os vultos escreviam sem ter dúvidas,
pois nada se mudava nos seus anos.
Novo livro de Tatiana Faia

Chama-se «Lugano» e terá a sua primeira sessão de apresentação no próximo dia 15 de Outubro, pelas 18H00, na Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul (Av. D. Carlos I, n.º 61 - 1º, em Lisboa).
O livro será apresentado por Fernando Guerreiro.
PAROS
There is a great heart-break in an evening sea
Lawrence Durrell, "Finis"
ILawrence Durrell, "Finis"
paros noite caída no mármore
um rumor de mar intranquilo e preso
à sua profundidade silenciosa e salgada
luzes morrendo de um estrépito contra a água
na baía recurva que lembra nau ou sabre
queria que tivesses visto paros o claro
mar de paros e suas brancas ruas arquíloco
de paros em paros mas nada só silêncio
II
paros e as suas ruas claras de agosto
onde fixamente se recorda a tua
austeridade felina cortada por
branco brinco de pérola esquecido entre
o negro dos cabelos noite no mármore
descalço no saibro sandálias da mão pendendo
não um homem apenas o apontamento
de uma hora uma canção bêbada
a mesquinhez quase meiga que guardamos
para estarmos vivos e fechados do mundo
surdos na noite de paros quase ilesos
os cabelos restolhando nos ramos baixos
das oliveiras queria que tivesses visto paros
III
a pobreza de uma ilha fechada na noite
e fechada no mar a sua apolínea face
um rosto de estátua que um gesto de mão
dizendo de ternura talvez pudesse amparar
se um lugar nos pudesse guardar amparo
se o merecêssemos o conquistássemos sem
a frieza amarga de um golpe de garras seria
paros e o seu sorriso de sabre junto ao mar
IV
na íris de azul e púrpura da primavera
perduram os lugares a sul da tempestade
com seus cântaros de barro em limiares
de paredes de cal tenho espera
posta à chuva e há-de encontrar-te
em qualquer estrada distante
um café onde entres a tempestade entre
as oliveiras em paros repete a cena do filme
de ermanno olmi uma cabine de telefone
e algumas moedas a alegria de estar vivo
é uma coisa dispersa se a quiséssemos
enumerar nem tudo seria recordado
V
porque pensámos que seria errado
à vida querer cobrar alguma coisa
mas a verdade é que cobramos sempre
pequenas coisas a tua voz assobia
entre pedras e é um fio cortante
alguém no meio do caminho te chama
e tu viras o rosto pertences a cada coisa
que seja um laço nas cidades da noite
já muito longe do mar contra a tua fronte
quebra-se a distância desarticulada
o que está entre nós e entre nós e as coisas
VI
longa noite no manto da cidade sobre
os ombros estendido algo que está
sobre a mesa uma caneta
esquecida numa lata de chá um livro
um copo vazio na janela coada luz de
azul e prata te traz seguro pela raiz
dos cabelos assim mais uma vez
fitarás a aurora de homero, a de róseos
dedos que em pétalas as horas entreabrem
e o teu olhar mais interrogativo fixa-se
aos pilares da manhã à ideia da primeira
palavra que te força a abrir
as mãos o gesto que falasse de uma pobreza
clara e simples esse desprendimento que
apenas ao de leve nos une ao mundo
LISBOA: Poéticas Contemporâneas na FCSH

1º Encontro:
Revistas literárias do século XXI
Moderador: António Guerreiro
Com a participação de:
Ana Salomé (GOLPE D’ASA)
André Simões (ÍTACA)
Fernando Guerreiro (PIOLHO)
Gastão Cruz (RELÂMPAGO)
Manuel de Freitas (TELHADOS DE VIDRO)
Mariana Pinto dos Santos (INTERVALO)
Paulo Tavares (ARTEFACTO)
30 de Setembro • 18H00
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - Edifício ID (Lisboa)
Atenção, poetas!

Contou-me um grilo falante que, como primeira obra, a Hariemuj está prestes a editar uma antologia de poesia. Mas sobre isso, aqui falarei um destes dias.
Dirigida por Maria Quintans e Vítor Marques da Cruz, esta nova editora tem como objectivo a publicação de obras originais de poesia, prosa poética, ficção e ensaio, nacionais e estrangeiras.
Visitem-na aqui.
Luís Felício vence Prémio Literário Cidade de Almada

A decisão do júri, constituído por Liberto Cruz, em representação da Associação Portuguesa dos Críticos Literários, José Correia Tavares, vice-presidente da Associação Portuguesa de Escritores, e Fernando Pinto do Amaral, em representação da Câmara Municipal de Almada, foi tomada por unanimidade.
A este prémio, no valor de cinco mil euros, concorreram 219 originais.
Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia

Poèmes au secret
Bruno Doucey
Prefácio de René Depestre
Le nouvel Athanor, Paris, 2008
Chemins du vent
Carnets nomads
Dans l’attente
de l’éblouissante splendeur minérale
face aux rivages de la nuit
je pense à vous
et me rejoins
Calligraphie du vent
sur la page des dunes
sur la page des dunes
Je ne connais de l’autre
que l’étendue du soir
et le peu de sa nuit
mais l’autre me regarde et me parle
à travers une forêt de gestes et de larmes
que le vent de l aplaine assèche
Dans l’échancrure des lointains
avant le sable
si proche enfin de la lumière
avant le sable
si proche enfin de la lumière
Traces de l’autre
trace des larmes
dans la poussière des lendemains
Calligraphie des dunes
Sur la page du vent
Sur la page du vent
Que
Le serpente
Des mots
S’enroule
Dans le sable
Et s’y dévore
Le serpente
Des mots
S’enroule
Dans le sable
Et s’y dévore
***
Caminhos do vento
Cadernos nómadas
Na espera
do ofuscante esplendor mineral
diante das margens da noite
eu penso em vós
e junto-me convosco
Caligrafia do vento
Sobre a página das dunas
Sobre a página das dunas
Eu não conheço outra coisa
que a extensão da tarde
e o pouco da sua noite
mas o outro olha-me e fala-me
através de uma floresta de gestos e de lágrimas
que o vento da planície seca
Na baía do longínquo
antes da areia
tão próximo enfim da luz
antes da areia
tão próximo enfim da luz
Vestígios do outro
Vestígio das lágrimas
Na poeira dos amanhãs
Caligrafia das dunas
Sobre a página do vento
Sobre a página do vento
Que
A serpente
Das palavras
Se enrole
Na areia
E aí se devore
A serpente
Das palavras
Se enrole
Na areia
E aí se devore
(Tradução de Maria João Cantinho)
domingo, 25 de setembro de 2011
Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia

Bio grafia
António Ferra
Europress, 2010
6.
Em certos sábados, atirava a bola contra a parede e esperava o ricochete para lhe acertar de novo com o pé esquerdo. Mas ao fim de três ou quatro toques, desistia desse jogo repetido.
Preferia interrogar as aves, soltar o cão do cadeado e correr com ele para aprisionar o arvoredo, nas mãos pequenas onde guardava o segredo de um ninho violado.
sábado, 24 de setembro de 2011
Novo livro de Amélia Vieira

GABRIEL
Amélia Vieira
Cavalo de Ferro, 2011
«Para que servem poetas em tempo de indigência? Talvez evitem o despenhar nas costas, os naufrágios abruptos, talvez desviem as rotas das tormentas – Faroleiros Vigilantes – e, se evitarem um que seja, a sua participação já é válida.»
Amélia Vieira (da Introdução)
Depois de "Fim" (2004) a Cavalo de Ferro volta a editar poesia de Amélia Vieira com "Gabriel", um conjunto de poemas escritos entre 2009 e 2010, em que a autora pressente no século XXI uma passagem conturbada e em colapso, mas para a qual antevê um futuro redentor.
(...)
“...............Olha então Babel, a dinastia, o pranto, olha o engano, olha a vontade. Olha. Como foi tanto!
Quero uma casa à beira dos abismos onde possa tanger a minha lira.
E um efebo em cio, na tarde quente, todo por dentro, sabendo a mirto.
Uma força sem hábito. Um nu. Um nada que chegue e que cumpra a natureza.
Tal qual deus a fez, e seja, o cumpridor cego da presa.
O ser que vou comendo
Durante o tempo, sempre por dentro. E,
Indefesa.
PORTO: Lançamento na Poetria

A publicação será apresentada por Ana Catarina Marques que, juntamente com Susana Guimarães, lerá poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen, Hilda Hilst, Ana Cristina César, Friedrich Hölderlin, Miguel Torga e Jorge Luís Borges.
A sessão realiza-se nas instalações da Poetria, à Rua de Sá de Noronha,157, Porto.
Nesta coletânea de “road stories” Danyel Guerra evoca a sua travessia a pé do Muro de Berlin, misturando uma realidade pungente com uma fabulação luminosa. O livro integra ainda mais nove (pré)textos de viagens, crónicas encenadas em cidades espanholas como Getaria, terra natal do estilista Cristobal Balenciaga. E ainda uma ode poética à escritora brasileira Hilda Hilst.
PORTO: Lançamento do livro de José Maria Almeida
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Amanhã há livros à borla

Amanhã, sábado 24 de Setembro, vão ao Miradouro da Penha de França, levem livros de poesia e tragam outros livros de poesia. Está lá (mais uma vez) o José Mário Silva com a banquinha montada...
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
ESTORIL: Poesia Republicana

Dia 23 de Setembro, pelas 18H00, no Espaço Memória dos Exílios (polo cultural da Câmara Municipal de Cascais): Av.ª Marginal, 7152-A, Estoril (antigo edifício da Estação dos Correios, frente à Estação de comboios).
Coordenação de David Zink e Isabel Lousada.
Leitura de poemas: Antónia Pereira, Estefânia Estevens, Francisco José Lampreia, Jorge Castro, Júlia Lello e Rita Soares.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia
As Raízes Diferentes
Fernando Guimarães
Relógio d'Água, 2011
Relógio d'Água, 2011
Refiro-me à tranquilidade que existe nos jardins. Sem pressa,
principiamos agora a caminhar pelos passeios que separam
os tufos das plantas, os arbustos. Podíamos dizer que eles se tornaram
semelhantes ao tempo, à água que corre perto. Sentíamos
mais o seu movimento que o nosso, porque estamos cansados,
e, próximos de um portão de ferro, tínhamos ao entrar recebido
o seu peso. Depois seguimos pelos corredores, atravessamos
as salas. As paredes eram como fendas, delicadamente cercadas
por molduras. Dentro delas cabiam as imagens
que passavam a ser como os nossos olhos. Era assim que a luz
vinha ter connosco só para ensinar-nos que a sua origem
estava lá fora, misturada com as flores entreabertas, as folhas
caídas, os arbustos que foram tocados levemente pelo vento
ou o que podia ser ali uma recordação: os cães. Eles tinham percorrido
outrora as mesmas salas, as escadarias, os caminhos com saibro,
as lajes. Era aí que esperavam pacientemente que a sua dona
os viesse alagar. Agora já não existem. Mas à volta há-de sentir-se ainda
os odores que eles conheciam, a maneira como o espaço se tornou
mais vazio. Estão nos canteiros espalhadas as suas cinzas.
LISBOA: Uma exposição diferente
LINK é o título de uma exposição que reúne obras de três artistas que praticam uma forma de abstracção baseada em símbolos, letras ou expressão escrita:
• Ana Hatherly, artista plástica, poeta e ensaísta, pioneira na combinação do desenho com a escrita, com obra reconhecida internacionalmente.
• Fernando Aguiar, que trabalha com poesia experimental e visual desde 1976 associada à pintura, instalações e performances.
• ISU, um robô criado por Leonel Moura, em 2006, que gera pinturas com letras e palavras.
Esta exposição estabelece uma relação entre a obra de artistas, poetas visuais e letristas, com a produção de máquinas capazes de gerar uma expressão pictórica com base na inteligência artificial.
Inauguração: 22 de Setembro, pelas 18H30. Patente até 23 de Outubro.
No Robotarium da LxFactory (Rua Rodrigues Faria, 103, H02, Lisboa)



Esta exposição estabelece uma relação entre a obra de artistas, poetas visuais e letristas, com a produção de máquinas capazes de gerar uma expressão pictórica com base na inteligência artificial.
Inauguração: 22 de Setembro, pelas 18H30. Patente até 23 de Outubro.
No Robotarium da LxFactory (Rua Rodrigues Faria, 103, H02, Lisboa)
terça-feira, 20 de setembro de 2011
RÉGUA: Poesia à la carte

Textos: Vários autores de língua portuguesa
Encenação, pesquisa e selecção de textos: Cristina Paiva e Fernando Ladeira
Textos ditos por: Cristina Paiva
Produção: Andante Associação Artística
Performance construída a partir de uma ideia original de Rosetta Martellin e da sua Jukebox di Poesia
Mais informações aqui: http://www.andante.com.pt/a_la_carte.html
VILA FRANCA DE XIRA: Lorca e Manuel da Fonseca
Piolho: e vão 6!

Este sexto número, coordenado por Sílvia C. Silva, Meireles de Pinho (capa e arranjo gráfico), Fernando Guerreiro e A. Dasilva O., traz textos de Inês Dias, Golgona Anghel, Marta Chaves, Ana Dias, Mariana Pinto dos Santos, Oliveira Martins Roxo, Renata Correia Botelho, A. Maria de Jesus, Sílvia C. Silva, Rui Caeiro, José Carlos Soares, Miguel Martins, Vitor Nogueira, António Barahona, manuel a. domingos, Fernando Guerreiro, Diogo Vaz Pinto, Rui Miguel Ribeiro, Jorge Roque, Luís Manuel Gaspar, A. Pedro Ribeiro, António S. Oliveira, Pedro Calcoen, Rui Pires Cabral, Rui Azevedo Ribeiro, Ricardo Álvaro, Manuel de Freitas e Charles Bukowski.
As ilustrações são de Sandra Filipe.
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia

Kaubersu
Tinudu
Dada Editora
Cabo Verde, Novembro 2010
Vadu
Vadu
nha lágua pa bo
sen txoru, sen kor, má xeiu di dor
disprindan d'odju
n modja nha dedu na el
n skrebeu es omenaji
kabuverdi txora
di riba kutelu ti dixi rubera
lágua ta kori
ta kanba baxu
Vadu
lua ta soma
la riba seu
ta trazebu lus
pa limiau kaminhu di seu
lua ta soma
sol raia
speransa na manhan
ta fika ku nos, bu armun kabuverdianu
***
Vadu
Vadu
As minhas lágrimas por ti
Sem choro, sem cor, mas com muita dor
Desprendem-se dos meus olhos
Com ela molhei os dedos
Para escrever esta homenagem
Cabo Verde chora
Do alto do monte até às ribeiras
As lágrimas correm
Até se perderem nos seus leitos
Vadu
A Lua está aí
No céu
Para te trazer luz
E iluminar o caminho
Está aí a Lua
O Sol nasceu
Esperança no amanhã
Fica connosco, teu irmão cabo-verdiano
(Tradução de Vlademiro Osvaldo Marçal)
domingo, 18 de setembro de 2011
Novo livro de Miguel Martins
Palinopsia de Pedro S. Martins

A capa é uma reprodução de uma aguarela de Ana Ulisses. O livro é composto em tipografia de caracteres móveis.
Da janela
observo o homem
que passeia
pelo Boulevard du Montparnasse
em roupão.
Sobressaltado
fuma cachimbo como
se tivesse
uma seara
de fogo à frente
dos olhos.
Desaparece entre
o espelhar
da Gare e o algodão
do céu da minha boca.
Sempre fui eu
a única figura
que reconheço
nestas alucinações
líricas.
Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia

La Neuvaine D'Amour
Bruno Doucey
Éditions de l’Amandier, Paris 2010
6.
Femme des antipodes et des marées secrètes
Femme du loup-cervier et des pierres d’alun
Femme qui viens le soir ravauder le silence
Et livrer ton tumulte aux neiges boréales
Femme des baies sauvages et des battements d’ailes
Que les forêts primaires en ont fleuré l’haleine
Je suis le grand nómade qui traverse tes nuits
Tandis qu’un feu dévore son arrière-pays
***
6.
Mulher dos antípodas e das marés secretas
Mulher lince e de pedras lunares
Mulher que chegas pela noitinha consertar o silêncio
E entregar o teu tumulto às neves boreais
Mulher das baías selvagens e do batimento de asas
Mulher cujo tesouro veio de tão longe
Que as florestas primárias lhe floriram o hálito
Eu sou o grande nómada que atravessa as tuas noites
Enquanto o fogo devora o país que deixou para trás
(Tradução de Maria João Cantinho)
sábado, 17 de setembro de 2011
LISBOA: Nemésio homenageado no CCB

Vitorino Nemésio (1901-1978), nasceu na ilha Terceira, nos Açores, e foi poeta, ficcionista, biógrafo, ensaísta, cronista, professor universitário, conferencista, homem da rádio e da televisão.
Outro Testamento
Quando eu morrer deitem-me nu à cova
Como uma libra ou uma raiz,
Dêem a minha roupa a uma mulher nova
Para o amante que a não quis.
Façam coisas bonitas por minha alma:
Espalhem moedas, rosas, figos.
Dando-me terra dura e calma,
Cortem as unhas aos meus amigos.
Quando eu morrer mandem embora os lírios:
Vou nu, não quero que me vejam
Assim puro e conciso entre círios vergados.
As rosas sim; estão acostumadas
A bem cair no que desejam:
Sejam as rosas toleradas.
Mas não me levem os cravos ásperos e quentes
Que minha Mulher me trouxe:
Ficam para o seu cabelo de viúva,
Ali, em vez da minha mão;
Ali, naquela cara doce...
Ficam para irritar a turba
E eu existir, para analfabetos, nessa correcta irritação.
Quando eu morrer e for chegando ao cemitério,
Acima da rampa,
Mandem um coveiro sério
Verificar, campa por campa
(Mas é batendo devagarinho
Só três pancadas em cada tampa,
E um só coveiro seguro chega),
Se os mortos têm licor de ausência
(Como nas pipas de uma adega
Se bate o tampo, a ver o vinho):
Se os mortos têm licor de ausência
Para bebermos de cova a cova,
Naturalmente, como quem prova
Da lavra da própria paciência.
Quando eu morrer. . .
Eu morro lá!
Faço-me morto aqui, nu nas minhas palavras,
Pois quando me comovo até o osso é sonoro.
Minha casa de sons com o morador na lua,
Esqueleto que deixo em linhas trabalhado:
Minha morte civil será uma cena de rua;
Palavras, terras onde moro,
Nunca vos deixarei.
Mas quando eu morrer, só por geometria,
Largando a vertical, ferida do ar,
Façam, à portuguesa, uma alegria para todos;
Distraiam as mulheres, que poderiam chorar;
Dêem vinho, beijos, flores, figos a rodos,
E levem-me - só horizonte - para o mar.
Vitorino Nemésio
Interpretado pela Andante:
Voz: Cristina Paiva; Música: Dirty Three; Sonoplastia: Fernando Ladeira
LISBOA: Lançamento do livro de Fernando Esteves Pinto

A apresentação do livro estará a cargo de Tiago Nené.
Leitura de textos por Gisela Ramos Rosa.
Será servido um porto de honra.
A Livraria Leya da CE Buchholz fica na Rua Duque de Palmela, 4, em Lisboa.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Revista Culturas ENTRE Culturas dedicada a Fernando Pessoa

Inclui ainda Os Orientes de Fernando Pessoa, de Jerónimo Pizarro, Patricio Ferrari e Antonio Cardiello, um desenho inédito de António Ramos Rosa, poesia inédita de Casimiro de Brito e a fotografia de Mariis Capela, além de ensaios de António Cândido Franco, Luiz Pires dos Reys e Paulo Borges, entre muitas outras colaborações nacionais e internacionais.
A apresentação será no dia 20 de Setembro, pelas 18H30, na Casa Fernando Pessoa, e estará a cargo de Miguel Real e António Cândido Franco. Estarão presentes Paulo Borges, director da revista, e Luiz Reys, director artístico.
A Casa Fernando Pessoa fica na R. Coelho da Rocha, 16, em Lisboa.
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia
Cancioneiro da Trafaria
Nunes da Rocha
&etc, 2008
DO GRAÇA, O ORFEU DA REBOLEIRA, EM 26/11/06
Já não lembro a musa
(Quando noite havia
À conversa com o Pessanha,
Anha, anha,
Pedrinhas, conchinhas...),
Entre Chinas e Pavias.
Com o Cinatti lembro mais,
E era sempre noite
(O vinho, os excessos de tabaco
E o St.º Agostinho,
"Poesia há só uma", podes ir embora).
Já o Mário,
O Cesariny,
E o Vasconcelos,
Conheci cada um deles à vez,
E era muita & variada a poesia.
(Volta sempre,
Quando voltar o dia).
Se algum deles morreu, isso não sei.
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
PORTO: Lançamento
terça-feira, 6 de setembro de 2011
CASCAIS: Noites com Poemas
LISBOA: Agenda poética da CFP para Setembro

15 Setembro • 18H30
Inauguração da exposição de fotografia Orphelia Reclinada de Caseirão.
20 Setembro • 18H30
Miguel Real apresenta o Nº 3 da revista ENTRE Culturas dedicado a Fernando Pessoa.
23 Setembro • 18H30
Eduardo Lourenço apresenta Poemas Novos e Velhos (ed. Presença) de Helder Macedo.
27 Setembro • 18H30
2ª sessão de Pessoa em Diálogo com Eunice Muñoz e Pedro Lamares e dedicada a Pessoa & Sophia.
A Casa Fernando Pessoa fica na Rua Coelho da Rocha, 16, em Lisboa.
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