O Café Martinho da Arcada corre o risco de encerramento devido à escassez de clientela.
Bocage, Fernando Pessoa, Almada Negreiros, Mário de Sá-Carneiro, Cesário Verde, Carlos Queirós, António Botto, António Ferro, José Régio, António Gedeão, Teixeira de Pascoaes, David Mourão-Ferreira, Sophia de Mello Breyner (para só citar poetas), foram frequentadores deste café que é actualmente o mais antigo de Lisboa.
Local de tertúlias e encontros de intelectuais, o espaço foi inaugurado a 7 de Janeiro de 1782, com o nome “Casa da Neve”. Dois anos depois passou a chamar-se “Casa de Café Italiana” e, em 1795, “Café do Comércio”. Em 1823 passaria a chamar-se “Café da Arcada do Terreiro do Paço” e só em 1829 seria baptizado de “Café Martinho” pelo proprietário da altura, Martinho Bartholomeu Rodrigues. Em 1845 Bartholomeu Rodrigues abriu outro café em Lisboa, o “Martinho do Camões” e foi nessa altura que resolveu mudar o do Terreiro do Paço para “Café Martinho da Arcada”, nome que mantém até hoje.
Em 1910 o Martinho da Arcada foi considerado Monumento Nacional. Em 1978 foi-lhe atribuída a classificação de Interesse Público. E em 1985 mereceu a designação de Interesse Concelhio.
Tendo-se tornado um local de culto, o Martinho da Arcada tem recebido anualmente a visita de milhares de estrangeiros admiradores da obra de Pessoa. Nas paredes do Martinho, a passagem de Pessoa por ali está profusamente documentada num historial fotográfico que revela aspectos da sua vida e da sua obra. Pessoa foi, durante muitos anos, cliente quase diário do Martinho e aí escreveu muitos dos seus poemas. A mesa e a cadeira onde se sentava habitualmente mantêm-se intactas.
Agora, por falta de clientela motivada pelas obras e recentes alterações ao trânsito no Terreiro do Paço, corre o risco de encerrar.
A pergunta que fica é: não tem Lisboa o dever de preservar, amar e até promover este local histórico da nossa cultura? Não faz o Martinho da Arcada parte do património da cidade e dos lisboetas?
3 comentários:
Eu acho que sim. O que não faz sentido nenhum é deixar que se feche! Beijos.
Perguntem ao costa e ao santana. Cambada de gentinha oportunista.
Apelo veemente-mente que se actualize e se torne um bar alternativo, onde haja comida alterada, whiskies marados e senhoras de bom porte, isto é , de alterne; uma vez que a clientela supra mencionada faleceu, excepto o carlos queirós que ainda treina, apesar de miseravelmente a selecçõa nacional, e eu que raramente frequentava, pois tinha a estulta ideia inculcada na minha sombria mente, que era muito mau frequentado, tipo bancários, logistas e guard~-freios reformados. Assim, desde já lavro o meu protesto de cima do tractor e juro solenemente trocar o elefante branco, caso preencham os requisitos atrás mencionados (mensagem criptografada de Ricardo Reis) pelo Dinis H. G. Nunes, poeta nas horas vagas
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