Na sombra Cleópatra jaz morta.
Chove.
Embandeiraram o barco de maneira errada.
Chove sempre.
Para que olhas tu a cidade longínqua?
Tua alma é a cidade longínqua.
Chove friamente.
E quanto à mãe que embala ao colo um filho morto –
Todos nós embalamos ao colo um filho morto.
Chove, chove.
O sorriso triste que sobra a teus lábios cansados,
Vejo-o no gesto com que os teus dedos não deixam os teus anéis.
Por que é que chove?
Fernando Pessoa
(Cancioneiro - Episódios / A Múmia)
Na voz de Luís Gaspar:
1 comentário:
Comecei a ler e pensei: "Eh! pá, isto é bom!".
Cheguei ao final e vi a assinatura.
Bate certo.
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