quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


Poemas
Paul Bowles
Tradução de José Agostinho Baptista
Assírio & Alvim, 2008






MENSAGEM


Ninguém gritou no Verão
Os dias eram quartos quentes
Pelos irrespiráveis corredores das noites
Um dragão atravessou as pontes do som
Com o brilho das suas escamas e arrastando a cauda
Através dos soluçantes parques, assustando os ratos

Tropeçando desceu as ruas e afastou-se da colina
O seu riso percorreu o serpenteante rio
Todas as cúpulas da cidade estremeceram no seu alabastro
E junto às árvores dos subúrbios do sul
As ervas mais secas quebraram-se e enrugaram-se

1929

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