sexta-feira, 16 de julho de 2010
Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia
Em cidade estranha
seguido de
Retratos de Mulheres
Daniel Francoy
Artefacto, 2010
Garota do escritório
Primeiro interessou-me o seu ar espiritual,
as suas ideias, a sua percepção do mundo.
Depois notei o perfume, doce e delicado,
as marcas de batom nos copos descartáveis,
os seios que eram como pêras maduras.
E foi num debate – ela sentada, eu de pé –
sobre a existência ou não existência de Deus
– ela citando o Evangelho, eu Mersault –
que o telefone tocou e para atendê-lo
ela revelou a espantosa delícia
que eram as suas coxas grossas e rijas.
Estremeci e concluí que Deus ou a alma
são coisas distantes e sem propósito.
Quero fodê-la, penso e afirmo
com toda a vulgaridade que permite a poesia.
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