Estranha Condição
António Salvado
Revista «Estudos de Castelo Branco», 1977
Ogiva
A Carlos Nejar
De par em par a porta da janela:
a distensão do tecto, a morta ogiva:
o mundo que lá fora imenso grita
na raiva consentida: o coro, a letra.
Vento suão da fome, da submersa
rixa das coisas: a charneca seca.
O azul da esperança, o limitado nilo
por entre a confusão, o desafio...
E os passos que se evolam na distância
como ruídos soltos: passadeira
até ao outro lado; almas sem corpo,
corpos sem alma: o grude, o esforço, areia
batida e rebatida nesta mansa
praia de encontro a desvendar o sopro.
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