domingo, 7 de março de 2010

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


Em trânsito
Carlos Bessa
&etc, 2003








o desemprego à janela numa ilha

Um silêncio d'alma nós à janela
Uma janela sobre Angra
Com o seu casario maioritariamente branco.
À janela o território, pão e vigilância
Advém moldura onde se fecha a memória
Com a luz coada de uma folhagem que
Até ao mar cai em íngremes socalcos.
Uma espuma negra e industrial
De restos e contentores
Cheios de gatos vagarosos e cães que rangem
Ao sol, ao tanto sol do pátio da alfândega
Onde, com o salário por um fio
Andam homens e mulheres à deriva
Enquanto nós, sopa pão sumo de laranja
Sorrimos, sorrimos.

1 comentário:

Joaquim Alves disse...

Curiosamente, este nao consta na minha colecÇâo ETC!