quarta-feira, 3 de março de 2010

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


Essa História
António Salvado
Portugália Editora, 2008







Companheiro


O almo fogo – não duma lareira
crepitando agitado,
mas antes o fragor que no meu peito
alucina arrepios e nortadas
e que faz, como treva de cegueira
em babel, desvairado
intimidar o sangue que salteia
de veia para veia.

Eversão e conquista em solo arável:
o almo fogo, eufema labareda,
que há tanto me acompanha tão solícito –
companheiro de azáfamas e sonhos,
ele penetra vívido:
se de repente frio
cinge-me, embora turvo, embora lívido,
p'ra lá de mim transpondo
o que ainda de mim, durando, vibra.

1 comentário:

Psy disse...

Óptima escolha para todos os dias !