sábado, 26 de dezembro de 2009

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


Mais Tarde
José Alberto Oliveira
Assírio & Alvim, 2003








Sábado

Esta não seria, Júlia, a música
prometida; o pouco chá que sobrou
está frio. É como se fosse sábado:
longo como sala de espera, leve
como a solidão que te aconchega.

Como esta mosca que resiste
à proclamação do inverno,
banal e absurda, o mal existe
– o que te fez chorar nos filmes
em que era punido, aquela
veia escura que pulsa no coração,
onde estás escondida.

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