segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia
Adélia Prado
Bagagem
Livros Cotovia, 2002
Para perpétua memória
Despois de morrer, ressuscitou
e me apareceu em sonhos muitas vezes.
A mesma cara sem sombras, os graves da fala
em cantos, as palavras sem pressa,
inalterada, a qualidade do sangue,
inflamável como o dos touros.
Seguia de opa vermelha, em procissão,
uma banda de música e cantava.
Que cantasse, era a natureza do sonho.
Que fosse alto e bonito o canto, era sua matéria.
Aconteciam na praça sol e pombos
de asa branca e marron que debandavam.
Como um traço grafado horizontal,
seu passo marcial atrás da música,
o canto, a opa vermelha, os pombos,
o que entrevi sem erro:
a alegria é tristeza,
é o que mais punge.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário