quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Novidades 4Águas

Santiago Aguaded Landero
Sortilégio de Silêncio
Tradução de Liliana Filipe Pereira


Santiago Aguaded Landero nasceu em Lepe (Huelva) em 1962. É formado e Doutor em Biologia pela Universidade Politécnica de Madrid. Actualmente é professor na Universidade de Huelva, dando aulas na formação de professores. A sua relação com o mundo académico é contraditória e ambígua.
Publicou uma dúzia de livros de poesia entre os quais se destacam “O livro dos mendigos” (Baile del sol, 2007), “O livro dos perfumes” (Islavaria Editorial, 2008), “Agência do Medo” (Prémio Internacional de Poesia Palavra Ibérica, 2009) e “Salário” (Prémio Granada, 2009). Além disso ganhou o III Prémio de Poesia Cidade de Lepe e foi finalista do Primeiro Prémio Artífice de Loja (Granada, 2000) com a obra “Coral Preto”, publicada na obra colectiva “Proemio Um”. Também foi antologiado em numerosas publicações com destaque para “Vozes do extremo” (Moguer); “Carne Picada”, Antologia da Poesia Onubense; “Poesia viva de Andaluzia” (Universidade de Guadalajara, México) e “Vida de Cachorros” (Editorial Buscarini, 2007). Este livro “Sortilégio de Silêncio” é a sua segunda tradução no espaço literário português.


O PERFUME DE LILITH

......................................A Guadalupe,Teresa e Louise,
......................................triângulo poético impossível.

OUTRAS depois de ti suportaram a amorosa hostilidade do homem. Mas tu escapaste-te antes de se consumarem triângulos impossíveis e agora reinas como Semíramis ou Salomé num mundo sem homens nem filhos. Mas fugir é regressar ao naufrágio eterno. A noite ascende no jardim de Adónis quando vejo a estrela profanada da tua púbis. Respiro o vermelho dos teus seios e “la belle dame sans mercy”, prisioneira de um conveniente pudor, sela os meus lábios num verdadeiro enigma.

(O bosque das certezas ardeu ininterruptamente por sete noites...)

O medo é a minha bússola. Conspiras com a dermoestética para incrustar esquírolas de plástico no meu coração de homem. Primeiro morrem os loucos da ternura; seguem-se-lhes os operários da beleza, e do que foi uma perfeita aliança nada mais resta do que o azougue de um espelho. Rainha das mulheres, filhas de Lilith: que sobra dos dias que fogem? Quando a espada oxida e os inimigos crescem? Eu vi a beleza de uma mulher consumir-se em chamas e nos sulcos do seu rosto nunca germinou a semente da dúvida.

Sem comentários: