segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Morreu o poeta Alberto de Lacerda

Alberto de Lacerda, um dos fundadores da revista Távola Redonda, com David Mourão Ferreira, morreu ontem em Londres.
Nascido em Moçambique, Alberto de Lacerda viveu em Portugal durante poucos anos. Em 1951 fixou-se em Londres trabalhando como locutor da BBC. Nos anos seguintes viajou pela Europa e esteve no Brasil em 1959 e 1960. Viveu nos Estados Unidos entre 1967 e 1969, onde deu aulas.
Alberto de Lacerda é autor de uma vasta obra (parte desta ainda inédita) e está traduzido em várias línguas.
Colaboração sua, de poesia e prosa, encontra-se dispersa em Unicórnio, Tetracórnio, Botteghe Oscure, The Times Literary Supplement, Encounter, The Listener, Cahiers des Saisons, Diário de Notícias, Diário Popular, Diário de Lisboa, A Voz de Moçambique, Jornal do Brasil, Tribuna da Imprensa, O Estado de S. Paulo, Colóquio-Letras, Colóquio-Artes, etc.
Obra editada (Poesia):
1955 - 77 Poemas
1961 - Palácio
1963 - Exílio
1969 - Selected Poems
1981 - Tauromaquia
1984 - Oferenda I
1987 - Elogio de Londres
1988 - Meio-dia (Prémio Pen Club)
1991 - Sonetos
1994 - Oferendas II



Tese e antítese

Nunca mais
E arrasto comigo pelo braço da esperança
As horas marejadas as pedras do desgosto
A fome de amor
A cavernosa rouca diamantina
Fome de amor

Nunca mais e sobre os altos silêncios
No tumulto insensato
À beira do abismo
Ressuscito
Os rostos bem amados
Traiçoeiros
Dou-lhes andas
Dou-lhes palhaços
A infância que não tive
E que perdi
A paz que não é minha

Nunca mais

Agora só há abismos não há rostos

Passem duendes príncipes Antinos
Mas de largo

Alberto de Lacerda

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