domingo, 11 de fevereiro de 2007

Saul

Ao Cavaleiro Azul Franz Marc,
príncipe de Caná

O grande rei está de olhos postos em Judá.
Um camelo de pedra sustenta-lhe o telhado e há
Gatos, tímidos, esgueirando-se entre colunas rachadas.

A noite desce à cova, as tochas não se acenderam,
Os grandes olhos redondos de Saul minguaram.
Sobe o tom das carpideiras, em pranto lavadas.

Mas já a cidade pelos Cananitas foi cercada.
– Ele vence a morte, primeiro soldado a forçar a entrada –
E há cinco vezes cem mil homens de clavas levantadas.

Else Lasker-Schüller

(Baladas Hebraicas)
(tradução de João Barrento)

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