Pela velha porta
Rangendo que é um gosto,
Entra o carvoeiro
Com muitas canecas pretas
Tão tristes como cartas pretas.
Hm – que quererá o carvoeiro?
Virá ele oferecer
As últimas gotas aos velhos beberrões?
O carvoeiro tem pernitas curtas;
O seu corpo é uma grande pedrinha quadrada.
E sobre a pedrinha assenta uma cabeça de cera –
Que naturalmente se desfaz toda,
Porque o fogão está quente.
E as canecas pretas caem
Das mãos pretas e velhas
Deste velho carvoeiro
Sobre o soalho branco e mudo.
E o vinho molha as tábuas.
Os velhos beberrões acham muita graça.
As pernitas do carvoeiro
Partem-se ao meio.
E o fogão
Continua encostado à parede – como sempre.
Paul Scheerbart
(1909)
(tradução de João Barrento)
1 comentário:
Não conhecia...mais um poeta a descobrir.
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