quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Na estante de culto









Há muitos e muitos milhares de anos, a poesia aproximou-se do homem e tão próximos ficaram, que ela se instalou no seu coração.
«Rosa do Mundo - 2001 Poemas Para o Futuro» é uma obra colectiva feita por muitas dezenas de pessoas com sensibilidades diferentes, mas tendo em comum o grande amor pela poesia. Trata-se de uma obra ambiciosa, procurando abarcar a poesia conhecida ao longo da História, desde as civilizações mais remotas até aos autores nascidos em 1945.
Como o leitor constatará ao longo do livro a rosa atravessa a poesia universal de todas as épocas. E Rosa do Mundo foi a expressão que propositada e silenciosamente veio ter connosco para dizer Poesia.»
(Manuel Hermínio Monteiro, Abril de 2001)

Ao editor da Assírio & Alvim Manuel Hermínio Monteiro falecido em Junho de 2001 — que tinha a arte de falar de livros e o desejo de editá-los — se deve a publicação de "Rosa do Mundo - 2001 Poemas Para o Futuro".

A Rosa do Mundo é o Mundo num livro. 2001 poemas em 1920 páginas. É um livro para abrir de vez em quando e partir à descoberta das palavras dos outros. Um livro que se levaria para uma ilha deserta.

Uma edição da Assírio & Alvim, numa iniciativa conjunta com a Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura.
Um livro universal e imprescindível. Ainda disponível nalgumas livrarias.

Rosa do Mundo - 2001 Poemas para o Futuro
Direcção editorial: Manuel Hermínio Monteiro
Organização: Manuela Correia
Coordenação editorial: Sara Oliveira, com a colaboração de: Gil de Carvalho e José Alberto Oliveira
Colaborações principais:
Adalberto Alves (poesia árabe contemporânea)
Ana Paula Guimarães (poesia portuguesa de tradição oral)
Cecília Rego Pinheiro (poesia inglesa)
Doina Zugravescu (poesia árabe pré-clássica e clássica, romena e turca)
Ernesto Rodrigues (poesia húngara)
Ernesto Sampaio (poesia italiana)
Filipe Jarro (poesia francesa)
Gil de Carvalho (poesia chinesa)
Halima Naimova (poesia persa)
Irene Freire Nunes (poesia provençal)
João Barrento (poesia de língua alemã)
Jorge Henrique Bastos (poesia brasileira e latino americana)
José Alberto Oliveira (poesia norte-americana)
José Bento (poesia de língua espanhola)
José Domingos Morais (poesia da cultura celta)
José Tolentino Mendonça (textos bíblicos)
Manuel Hermínio Monteiro (poesia portuguesa)
Manuel João Magalhães (cosmogonias)
Manuel João Ramos (cosmogonias)
Maria Aliete Galhoz (Cancioneiro e Romanceiro Português)
Maria Helena da Rocha Pereira (clássicos gregos e latinos)
Nina Guerra e Filipe Guerra (poesia russa)
Stephen Reckert (poesia japonesa)
Teresa Amado (poesia galaico-portuguesa)

Edição Assírio & Alvim, 2001


A ROSA DO MUNDO

Quem sonhou que a beleza passa como um sonho?
Por estes lábios vermelhos, com todo o seu magoado orgulho,
Tão magoados que nem o prodígio os pode alcançar,
Tróia desvaneceu-se em alta chama fúnebre,
E morreram os filhos de Usna.

Nós passamos e passa o trabalho do mundo:
Entre humanas almas, que se agitam e quebram
Como as pálidas águas em seu fluxo invernal,
Sob as estrelas que passam, sob a espuma do céu,
Vive este solitário rosto.

Inclinai-vos, arcanjos, em vossa incerta morada:
Antes de vós, ou de qualquer palpitante coração,
Fatigado e gentil alguém esperava junto ao seu trono;
Ele fez do mundo um caminho de erva
Para os seus errantes pés.

W. B. Yeats
(tradução de José Agostinho Baptista)
(pág. 1163)

9 comentários:

Menina Marota disse...

Um livro obrigatório na minha mesa de cabeceira. Todos os dias, antes de dormir, abro-o ao calha e leio uma passagem dele. Tal como o fiz agora, para te ofertar este poema que aqui deixo.

"Amanhecer Primaveril

Meu sono primaveril esqueceu a aurora -
Já de toda a parte as aves cantam.
O vento e a chuva pelejam esta noite -
Quem sabe agora quantas flores tombaram?"

(Meng Hao Jan (680-740)- China-pág.547-Rosa do Mundo)

Um abraço e bom 2007

(espero que não se importe que tenha linkado o seu blogue)

Anónimo disse...

Só um reparo: esqueceste de dizer o nome do tradutor: José Agostinho Baptista (que, por acaso, aparece ali na barra direita...)... É que o tradutor, em poesia, é um segundo autor... Mais que na prosa.

Inês Ramos disse...

É verdade, sim senhor, Manuel. Foi puro esquecimento. Vou já reparar essa omissão!

Anónimo disse...

Só para dizer que te arranquei de entre os gladíolos... ;)

Anónimo disse...

Inês, minha alma, alma minha.
Uma das grandes obras da Assírio, ou, se me permites, do Hermínio.
Este homem, que recordo com imensa saudade, dedicou uma vida inteira à "epopeia da escrita".
"É que eu gosto muito das pessoas", disse ele.
Leia-se "Urzes" e fica-se a saber porquê.
E para variar mando-te um beijo.
Luís Pinto

Anónimo disse...

Bem, agora lá tive paciência para esperar que a caixa de comentários abrisse. Este bichinho cá de casa está um nadinha lento...
E então cá fica o comentário que já era para fazer quando saiu o post.

Antes de mais, um grande obrigado ao Hermínio Monteiro, que soube dar tudo de si na feitura da obra, numa altura em que a sua vida estava a chegar ao fim.
Que belo presente ele nos deixou!
Que belo exemplo de generosidade.

Eu comprei um dos últimos exemplares da primeira edição, de 10 mil. As pessoas perceberam o alcance da compilação e corresponderam, apesar do preço alto, como não podia deixar de ser, dadas as características do volume.
Na reedição, as vendas já não foram as mesmas.

Num dos "Jornal Falado da Actualidade Literária", promovido pela Gulbenkian e pelo Pen Clube de Portugal (iniciativa entretanto terminada, por questões financeiras de pouca monta, o que se lamenta), ganhei mais um exemplar no sorteio. Sorte do Pedro Mexia, que estava ao meu lado e ainda não tinha a obra.

Anónimo disse...

Uma descoberta bem recente.
Um dos poemas incluídos na antologia de Manoel Bandeira (Relógio D'Água) intitula-se "O Major".

O major morreu.
Reformado.
Veterano da guerra do Paraguai.
Herói da ponte do Itororó.

Não quis honras militares.
Não quis discursos.

Apenas
À hora do enterro
O corneteiro de um batalhão de linha
Deu à boca do túnel
O toque de silêncio.

Ora, sabendo-se que um dos teus links, Inês, é "O Major Reformado", dedicado a Fernando Pessoa, levanta-se a questão: mera coincidência ou homenagem do criador de "O Major Reformado" a Manoel Bandeira?
Uma questão com busílis para te deixar curiosa.

Inês Ramos disse...

Já veio a resposta:

"Interessante coincidência.

Mas o Major Reformado é mesmo uma citação do Pessoa do Livro do
Desassossego."

O Major Reformado - O site sobre Fernando Pessoa
http://omj.no.sapo.pt

Carol disse...

OI pessoal!Onde encontro esse livro?Sou brasileira e não o encontro em parte alguma!Preciso saber apenas em que pagina fica o poema A fonte romana de C.F.Meyer para fazer uma citação em um texto acadêmico.Gosto muito da traduçao realizada por Paulo Quintela nesse poema. Vocês podem me ajudar?Obrigada!