Francisco Xavier Cândido Guerreiro nasceu em Alte no dia 3 de Dezembro de 1871.
Saiu de Alte com nove anos de idade, quando o seu pai foi nomeado Juiz de Paz em Estói, para onde foram viver. Frequentou a escola primária de S. Brás de Alportel e mais tarde entrou para o liceu de Faro onde não finalizou o curso, pois em 1889, os pais obrigaram-no a abandonar o liceu de Faro para se matricular no seminário Diocesano de Faro.
Em 1891 morreu o seu pai e Cândido Guerreiro, por não sentir vocação, abandonou o seminário e voltou para Alte com a sua mãe, (onde tinham uma pequena propriedade) para a casa da sua professora.
Em 1892 atingia a maioridade e, não tendo condições materiais para ficar em Alte, foi para Loulé. Foi escrivão do Juiz de Paz em Estói e presidente do posto meteorológico de Faro.
Em 1899 foi dirigir a Casa Pia de Beja. Teve um filho que também se distinguiu no mundo das letras: Cândido Xavier Guerreiro da Franca.
Em 1900 foi fiscal de impostos em Faro e, mais tarde, aconselhado pelo poeta João Lúcio, foi para Coimbra tirar o curso de Direito.
Em 1909 casou com Margarida Sousa Costa que conheceu em Coimbra.
Concluído o curso de Direito, em 1910 foi nomeado notário da Comarca de Loulé. Entre 1912 e 1918 presidiu à Comissão Administrativa da Comarca de Loulé.
Em 1921 foi nomeado adido da delegação de Portugal em Haia, mas não aceitou o cargo.
Em 1935, a Casa do Algarve convidou-o a publicar uma monografia e um cancioneiro sobre o Algarve, que também recusou.
Cândido Guerreiro faleceu em 1953, com 82 anos, deixando uma vasta obra literária. Cultivou todos os géneros poéticos mas foi, sobretudo, um mestre do soneto. É também considerado um grande paisagista literário com uma atitude particularmente dramática.
Incêndio
Daqui, desta falésia, cor de lava
Dum amarelo, rútilo e sangrento
Outrora debruçava-se um convento
Sobre a maré tumultuosa e brava…
E, à noite, quando no clamor do vento,
Ao largo, o temporal, se anunciava
E a voz das águas, soluçante e cava
Punha um trovão nas furnas, agoirento
Logo piedosamente, cada monge
Suspendia uma lâmpada à janela
E tangia a sineta para o coro…
E, no mar alto, o navegante, ao longe
Via um farol luzir em cada cela
E cada rocha a arder em sangue e ouro!
Cândido Guerreiro
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