Jorge Cândido de Sena nasceu em 2 de Novembro de 1919, em Lisboa.
Depois de concluir os estudos do liceu, ingressou na Escola Naval (curso que não concluiu por impedimentos vários), vindo a formar-se em Engenharia Civil na Universidade do Porto.
Ainda durante os estudos universitários, publicou sob o pseudónimo Teles de Abreu, as suas primeiras composições poéticas em periódicos como a "Presença" e foi nessa altura que travou conhecimento com um grupo de poetas que viriam a reunir-se em torno de "Cadernos de Poesia", convivendo então, com José Blanc de Portugal, Ruy Cinatti, Alberto Serpa e Casais Monteiro, entre outros.
Foi no âmbito das edições de "Cadernos de Poesia" que em 1942 foi publicada a sua primeira obra poética: "Peregrinação".
Ainda durante os anos 40, colaborou com "Aventura", "Litoral", "Portucale", "Seara Nova", e "Diário Popular", encetando ainda uma actividade importante na sua actividade literária como tradutor de poesia ("90 e Mais Quatro Poemas de Constantino Cavafy", "Poesia de Vinte e Seis Séculos: I de Arquiloco a Calderón, II – de Bashó a Nietzsche", "Poesia do Século XX", entre outros).
A partir de meados dos anos 40, intensificou, paralelamente à actividade profissional como engenheiro, a sua actividade de conferencista, proferindo comunicações que incidiam frequentemente sobre dois dos seus temas preferidos: Camões e Fernando Pessoa (de quem editaria, em 1947, as "Páginas de Doutrina Estética").
Durante os anos 50, afirmou-se como uma das presenças mais influentes da cultura e literatura portuguesas e foi durante essa década que publicou algumas das suas mais conhecidas obras poéticas ("Metamorfoses", "Evidências", "Fidelidades"); que publicou a sua primeira tentativa dramática, a tragédia "O Indesejado"; que colaborou com publicações como a "Gazeta Musical e de Todas as Artes", "Árvore", "Notícias do Bloqueio", "Cadernos do Meio Dia"; e que organizou a terceira série da antologia "Líricas Portuguesas".
A sua postura contra a ditadura fascista levou-o em 1959, após o envolvimento numa tentativa falhada de golpe de Estado militar contra o regime salazarista, a optar por um exílio voluntário no Brasil, onde exerceu funções de docência nos domínios da Literatura Portuguesa e da Teoria da Literatura, nas Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras de Assis e de Araraquara, em S. Paulo. Publicou então, uma série de obras ensaísticas como "Da Poesia Portuguesa" e desenvolveu uma intensa actividade como congressista, não deixando ainda de, como redactor no jornal "Portugal Democrático", participar em acções de denúncia da ditadura a partir do exterior. Em 1960 publicou o seu primeiro livro de ficção, a colectânea de contos "Andanças do Demónio".
No ano seguinte publicou o primeiro volume da sua obra poética completa. Face aos obstáculos que sistematicamente eram levantados à sua progressão na carreira académica (a sua naturalidade e a inadequação curricular entre a sua formação e o que leccionava), em 1965 transferiu-se para a Universidade do Wisconsin, Madison, nos Estados Unidos da América, em cujo departamento de Espanhol e Português seria nomeado professor catedrático de Literatura Portuguesa e Brasileira. Em 1970 transferiu-se para a Universidade de Califórnia, em Santa Bárbara, onde viria a ser nomeado dois anos depois, chefe do Departamento de Literatura Comparada e, em 1975, chefe do Departamento de Espanhol e Português. Entretanto, participou em inúmeros congressos internacionais; tornou-se membro da Modern Languages Association e da Renaissance Society of America, nunca interrompendo a edição, quer de títulos de teoria e história literária e estudos literários clássicos, modernos e contemporâneos, quer a obra poética pessoal, publicando, antes e depois da primeira visita autorizada a Portugal em nove anos de exílio, entre 1968 e 1969, os livros de poesia "Arte de Música" e "Peregrinatio ad Loca Infecta".
Após o 25 de Abril recebeu várias homenagens públicas em Portugal, tendo sido condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique e, a título póstumo, com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago e Espada.
No ano da sua morte, em 1978, vieram a público, revistos pelo autor, os volumes "Poesia II" e "Poesia III", a que se seguiriam, postumamente, os volumes "40 Anos de Servidão" e "Post Scriptum II".
Obras: "Perseguição" (1942), "Coroa da Terra" (1946), "Pedra Filosofal" (1950), "As Evidências" (1955), "Fidelidade" (1958), "Poesia I" – inclui os volumes anteriores e "Post Scriptum" (1961), "Metamorfoses" (1963), "Quatro Sonetos a Afrodite Anadiómena" (1963), "Arte da Música" (1968), "Peregrinatio ad Loca Infecta" (1969), "Exorcismos" (1972), "Trinta Anos de Poesia" – antologia (1972), "Poesia II" – "Fidelidades", "Metamorfoses", "Arte da Música" (1978), "Poesia III" – "Peregrinatio ad Loca Infecta", "Exorcismos", "Camões Dirige-se aos Seus Contemporâneos", "Conheço o Sal... e Outros Poemas", "Sobre Esta Praia" (1978), "Quarenta Anos de Servidão" (1979), "Sequências" (1980), "Visão Perpétua" (1982), "Post Scriptum II" (1985), "O Indesejado" (1951), "Amparo de Mãe e Mais Cinco Peças em Um Acto" (1974), "Andanças do Demónio" – contos (1960), "Novas Andanças do Demónio" – contos (1966), "Os Grão-Capitães" – contos (1976), "O Físico Prodigioso" – novela (1977), "Sinais de Fogo" – romance (1979), "Génesis" – contos (1983), "Uma Canção de Camões" (1966), "Os Sonetos de Camões e o Soneto Quinhentista Peninsular" (1969), "A Estrutura de Os Lusíadas e Outros Estudos Camonianos e de Poesia Peninsular do Século XVI" (1970), "Dialécticas da Literatura" (1973), "Maquiavel e Outros Estudos" (1974), "Sobre Régio, Casais, a "Presença" e Outros Afins" (1977), "Dialécticas Aplicadas da Literatura" (1978), "Trinta Anos de Camões" – 2 vols. (1980), "Fernando Pessoa e C.ª Heterónima" (1982), "Estudos de Literatura Portuguesa I" (1982), "Estudos de Literatura Portuguesa II" (1988), "Teixeira de Pascoaes – Poesia" (1965), "Líricas Portuguesas" – 2 vols. (1975, 1983).
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