segunda-feira, 2 de outubro de 2006

o soneto encontrado na garrafa

é a ti que eu quero nesta ilha deserta:
livro nenhum, quadro nenhum, nem disco
(gosto de tanta coisa que faísco
mas a escolher assim nunca se acerta).

quero trazer-te a ti, ágil, desperta,
despenteadamente a cada risco,
e viver de algas, peixes e marisco
e nunca mais fazer sinais de alerta

e os navios ao longe ver passar,
enquanto a roupa seca na palmeira
(esta ilha tem uma, de maneira
que não é só rochedo e à roda o mar).

e tu entre corais, náufraga e nua,
a boiar no meu peito à luz da lua.

Vasco Graça Moura
in "Poesia 2001/2005"
(laocoonte, rimas várias, andamentos graves)
Edição de Setembro de 2006 da Quetzal Editores


3 comentários:

Anónimo disse...

Que te parece a ideia de convidares o Luís a ler este poema?!.
É bom, não é?
Luís (passo a omitir o Pinto).

Inês Ramos disse...

Boa ideia! Vou falar com ele.
E, Luís, não omitas o "Pinto", senão, não sei que és tu. Há mais do que um Luís a comentar aqui.
:-)
Inês

Anónimo disse...

Faça-se a tua vontade.
Ámen.
Luís Pinto.