sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Ainda recordando Rimbaud

Acerca do post publicado neste blogue no dia 20 de Outubro passado (data do nascimento de Jean Arthur Rimbaud), Joaquim Cascais, “habitué” cá da casa enviou-nos, para nosso deleite, esta preciosa informação:


«Rimbaud é, como soe dizer-se em relação às palavras, como as cerejas, começa-se procurando os seus poemas, entra-se na biografia e aos poucos vai-se descobrindo variadíssimas manifestações em torno da sua obra acabando por encontrar-se Léo Ferré.
Foi assim que descobri uma versão do “Les Assis” dita por Léo Ferré, um libelo contra os bibliotecários que se recusam a deixar suas poltronas para atender os leitores e, a partir dela, encontrar a história do amor que Ferré nutria por Rimbaud e Verlaine.


Em 10 Outubro de 2004, um apaixonante CD duplo foi lançado pela editora discográfica (um editora familiar) “La Mémoire et la Mer” sob o título “Maudits soient-ils” dedicado a Rimbaud e a Verlaine e cantado ou dito pelo terceiro poeta “maldito” Léo Ferré.
É constituído, em parte, por registos encontrados nas cassetes de trabalho do cantor: ao que consta registos que o próprio Ferré fazia para o seu gravador pessoal muitas vezes deambulando pelo apartamento enquanto “dizia” para o suporte magnético. Posteriormente viria, por vezes, a musicar alguns dos poemas. Grande parte dos incluídos neste álbum são inéditos (21 poemas de Rimbaud e 24 de Verlaine) uns cantados à capela outros acompanhados ao piano. Pode-se dizer que este álbum surge graças ao filho de Ferré, Mathieu, que depois da morte do pai veio a descobrir estas gravações.



Não era a primeira vez que surgia um álbum de Ferré sobre estes dois poetas, bem pelo contrário, desde 1964 que eles apareceram. O primeiro editado pela Barclay em 01-06-64 era um LP de 33 rotações “Verlaine et Rimbaud chantés par Léo Ferré” - contendo apenas 24 poemas no total dos dois poetas, contudo, muito material de preparação do disco ficou por gravar, tendo sido já algum aproveitado numa reedição em 1991 e outra parte nesta edição de 2004.
Para além destes Ferré dedicou a Rimbaud, que eu me recorde, pelo menos outro dos seus álbuns “Une Saison en Enfer” e musicou vários poemas dele (La Maline; Le Bateau Ivre; etc) dispersos por outros álbuns.








Vários poemas ditos à capela ou acompanhados ao piano, para ouvir ou para telecarregamento, estão à disposição de quem consultar o site www.leo-ferre.com»

Joaquim Cascais

3 comentários:

Anónimo disse...

Muito obrigado ao Joaquim Cascais por estas descobertas.
Vi uma magnífica interpretação do actor brasileiro Onivaldo Dutra (no Instituto Franco-Português) da vida de Rimbaud. Um monólogo de cerca de hora e meia.Há uns bons anos.
E comprei o meu primeiro livro de poemas de Rimbaud na Corunha, mesmo ao pé do Ayuntamiento. Uma edição da Hachette, da colecção "Pages Coisies", de 1955.
Outra preciosidade.

Anónimo disse...

Sabe sempre bem, sensibiliza, receber o comentário de um poeta do qual ainda por cima gostamos e lemos com um prazer fora do comum. Obrigado, Luís Graça e, mais ainda, por lembrar, esse sim, uma preciosidade, o primeiro livro de poemas que comprou do Rimbaud, era/(não sei se ainda é), uma colecção (“Pages Choisies) onde muito se aprendia sobre um autor, sobre uma corrente literária, sobre uma peça de teatro e o seu dramaturgo mormente quando em Portugal muito pouca informação se conseguia obter...veja lá onde foi comprar esse livro!!!!

Patrick disse...

Si vous ne connaissez pas Léo Ferré, découvrez-le grâce au nouveau coffret réunissant 3 concerts au Théâtre libertaire de Paris en 1986, 1988 et 1990 (6 CD et 1 DVD).
Uniquement en vente sur http://www.leo-ferre.com