sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Papoilas em Julho

Pequenas papoilas, pequenas chamas do inferno,
Vocês não fazem mal?

E tremeluzem. Não posso tocar-vos.
Ponho as minhas mãos entre as chamas. Nada queima.

E fico exausta ao olhar-vos
A tremeluzir assim, pregueadas e de um vermelho vivo, como a pele de uma
boca

Uma boca que acabou de sangrar.
Pequenas bainhas ensanguentadas!

Há fumos que não posso tocar.
Onde está o vosso ópio, essas cápsulas que dão náuseas?

Se eu pudesse esvair-me em sangue, ou dormir –
Se a minha boca pudesse casar com uma ferida assim!

Ou se os vossos venenos pudessem penetrar em mim, nesta cápsula de vidro,
Para me entorpecerem e aquietarem.

Mas sem cor. Sem cor nenhuma.

Sylvia Plath

1 comentário:

bolas de sabão disse...

vem mesmo a propósito... :)