as aves surgem,
acende-se uma chama
eis a mulher.
sem nomes nem laços, nem véu
errando de olhos fechados
a mulher sob a frescura do mar.
mas bruscamente voltam as aves
e alonga-se esta chama
mais do que entreapercebida
no fundo do quarto.
e é o mar.
o mar de braços adormecidos
transportando o sol,
nem oriente, nem norte, nem obstáculo nem barra,
o mar.
nada, a não ser o mar tenebroso e doce
caído das estrelas, testemunha das mutilações do céu,
solidão, pressentimento, sussurros.
nada a não ser o mar.
os olhos extintos
sem vaga, nem vento, nem vela.
bruscamente de novo as aves,
e eis a mulher
nem estrela nem sonho, nem géiser, nem roda, a mulher.
as aves voltam
e nada mais que o mar.
Mohamed Dib
4 comentários:
Pode por gentileza me informar de quem é a tradução deste poema? Obrigado e parabéns pela página.
Daniel
Caro Daniel, não sei. Este post foi publicado há muitos anos. Terei de investigar.
Cara Inês, penso que encontrei: o tradutor, ao que parece, é Adalberto Alves. Veja só:
http://oestadodaeducacao.blogspot.com.br/2010/06/as-quartas_09.html
Obrigada! É com certeza do Adalberto Alves.
Um abraço,
Inês
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