segunda-feira, 18 de maio de 2015

«A Chama Eterna, o Cântico dos Cânticos na Poesia de Amor e na Cultura de Língua Portuguesa» de Gonçalo Salvado e Maria João Fernandes


No contexto da segunda edição do Festival Literário da Gardunha Gonçalo Salvado e Maria João Fernandes apresentam, no dia 23 de Maio, pelas 16H30, a sua obra, produto de uma década de investigação: A Chama Eterna, o Cântico dos Cânticos na Poesia de Amor e na Cultura de Língua Portuguesa. Esta obra, no prelo, dá continuidade ao projeto de reconstituição de uma Arte de Amar genuinamente portuguesa, profundamente influenciada pelo Cântico dos Cânticos, já iniciada por Gonçalo Salvado com a sua transcriação da poesia amorosa de Camões: Camões Amor Somente (1999) e por ambos os autores no livro: Cerejas - Poemas de Amor de Autores Portugueses Contemporâneos (2004) que se tornou numa obra de referência da região do Fundão.

O Cântico dos Cânticos celebrado livro de amor do Antigo Testamento, atribuído a Salomão, datado por especialistas entre entre o 8º e o 6º século A.C. (período do florescimento da literatura amorosa do Egipto), de extraordinária irradiação mundial, recolheu a tradição da poesia de amor do Oriente antigo e tem vindo a inspirar alguns dos maiores criadores da humanidade em todas as expressões da arte, desde há vários séculos, nas artes plásticas, na literatura, na dança, na música e no cinema.

Esta obra “alucinante de tão exaustiva”, nas palavras do Professor Eduardo Lourenço, e “uma obra-prima” na avaliação do investigador e ensaísta Pinharanda Gomes, foi saudada pela grande especialista francesa Julia Kristeva autora de uma obra de referência sobre o Cântico dos Cânticos. Trata-se essencialmente de uma antologia de poemas de amor em língua portuguesa inspirados no Cântico dos Cânticos e que o citam. Tem como título: A Chama Eterna, O Cântico dos Cânticos na
Poesia de Amor e na Cultura de Língua Portuguesa
. O livro reúne ainda as principais expressões do Cântico dos Cânticos na cultura internacional.

Estão documentadas as mais importantes referências na poesia e nas artes plásticas portuguesas, do século XIII à atualidade, sendo incluídos numerosos inéditos de poetas e de artistas contemporâneos que responderam à solicitação dos autores. Destaca-se a preciosa tradução/versão inédita do texto em castelhano de Sóror Maria do Céu (grande poetisa do Barroco português) efetuada por Ana Hatherly. A obra inclui todas as traduções e versões dos poetas de língua portuguesa, a presença na lírica amorosa medieval e na poesia e na prosa de inspiração mística e religiosa, (séculos XIII a XX), terminando com a primeira tradução conhecida, para português, datada de 1606. O livro conta na capa com uma pintura inédita realizada para o efeito por mestre Júlio Resende, com dois extensos estudos dos autores, com um texto de abertura de Agustina Bessa-Luís e com numerosos originais de conceituados artistas, entre os quais se destacam, entre muitos outros, José de Guimarães, Graça Morais, João Vieira, Teresa Magalhães, Roberto Chichorro e Noronha da Costa.

A expressão do Cântico dos Cânticos na cultura portuguesa está na raiz do seu lirismo e como demonstra este livro-tese, tem uma importância e um relevo excecionais, mesmo se considerada no contexto internacional. Entre nós é particularmente importante, desde os sermões de Santo António e as cantigas de amigo, passando por Camões, Padre António Vieira, João de Deus, Antero de Quental, Camilo Pessanha, Eugénio de Castro e mais recentemente é presença marcante em conhecidos poetas como Herberto Hélder cuja poesia amorosa é claramente influenciada pelo Cântico dos Cânticos.

Na escultura Barroca é magnífica expressão o Escadório do Bom Jesus de Braga e na representação no azulejo são soberbos exemplos os azulejos do Convento de S. Paulo da Serra d’Ossa, ou os dos claustros da Sé do Porto (século XVIII, de Mestre Valentim de Almeida). A sua presença na pintura portuguesa dos séculos XVII é caso único no contexto europeu na obra de Bento Coelho da Silveira (1610-1708) e Josefa de Óbidos (1630-1684).

O Cântico dos Cânticos tem vindo a afirmar-se, como um arquétipo estruturante do imaginário português, de que dá esplêndido testemunho a nossa literatura, neste livro que constitui um serviço prestado à cultura do nosso país, reunindo um legado de inestimável valor para a definição das coordenadas do lirismo português e a sua valorização num contexto internacional. Está prevista uma grande exposição de artes plásticas sob o signo do Cântico dos Cânticos, numa dimensão mundial.

Apresentação inserida no 2º Festival Literário da Gardunha: A Viagem, Lugares Imaginários a decorrer a 23 e 24 de Maio. Programa de Margarida Gil dos Reis, organização da Câmara Municipal do Fundão, da Editora A23 e da Grande Turismo.

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