quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia



Duplo Poço
Nuno Brito
Hariemuj, 2012








Animais que brilham

Amar é perder a cara para ganhar a do outro
a de todos os outros, múltiplo: o espasmo
Na linha das zebras que se espalha até à loucura
Perde-se, entra nos teus olhos, procura um fio condutor
Feito só de energia quente, até à elegia última
Ao mais perfeito abraço, ao beijo mais puro,

Procurar é ter sede, gastar todas as línguas, entrelaçá-las
Até à loucura, ganhar uma nova e única, em tudo fluorescente
sobe pela medula a febre dos girassóis, o seu caule
Cheio de leite quente e gordo de baleia, cheio de espera condensada e marítima;
Só o amor permite ver mais longe:
cão guia cego que procura uma vontade nova
Os olhos são o espelho da alma e os amigos são o espelho de deus

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