quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

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Senhora de Londres escolhendo Limões


Não, nem todo o limão é amarelo quando
A mão de alguém o toca e humaniza, pequeno deus
Aos tombos do céu de um pensamento manual e
Exigente. Às vezes, quando a sede não é muita,
Um do fundo é erguido à altura do olhar e então,
Por mágica rotação da sorte que nos astros se reflecte,
Encontra uma outra luz na mão que o recebe e deposita
Em morada assaz prosaica e de plástico. Na vida,
A caminho do futuro que ele nunca saberá onde fica,
O limão continuará a ser inteiro
E o seu sumo continuará a ser sumo,
Pela mesma sábia razão por que a história dos homens
É sempre muito maior do que eles.

Rui Costa
in «O Pequeno-Almoço de Carla Bruni», 2008
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