
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Rui Costa (1972-2012)

Autobiografia
Não preciso mas tu sabes como eu sou
Encaminho-me pouco divirto-me assim nas copas
Das árvores soprando pensamentos para o mundo que há de noite.
As pessoas quando acordam são outras, já sabias,
Essa névoa contemporânea do medo miudinho
Que perdemos nas cidades e nos corpos, tu entraste
Antes de mim nos jogos, o enxofre da música e o
Lago do feitiço, inocente homem breve que sonha
Tu bem sabes.
Depois aluguei a bruxa por uma vasta noite.
E a minha vida mudou, a noite cresceu.
A vertigem ardeu-me nos braços até à sangria
Do tédio quando para sempre julguei que te perdia.
Na luta perdi um ou dois braços,
Mais do que o que tinha. Mas esta memória é um palácio,
São corais no pensamento. Jardins e fantasmas.
O gume nas mãos sorvendo, criança estratosférica
E profunda: sem braços e agora sem mais nada,
Não me percebeste, enchi-me de fúria.
É uma arte, queria eu dizer, matar sem retrocesso e
Atraso – ah aqueles braços para apoiar as mãos -,
Ceifando. Saturno e o vento na proa erguendo.
Parado como dizer? Não dizer, eu sou uma vida
Medonha e múltipla. E agora descanso
Deitado nestas mãos que mexem
Sem apoio, sabes, nascendo dos teus olhos
P’la manhã.
Rui Costa
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
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Senhora de Londres escolhendo Limões
Não, nem todo o limão é amarelo quando
A mão de alguém o toca e humaniza, pequeno deus
Aos tombos do céu de um pensamento manual e
Exigente. Às vezes, quando a sede não é muita,
Um do fundo é erguido à altura do olhar e então,
Por mágica rotação da sorte que nos astros se reflecte,
Encontra uma outra luz na mão que o recebe e deposita
Em morada assaz prosaica e de plástico. Na vida,
A caminho do futuro que ele nunca saberá onde fica,
O limão continuará a ser inteiro
E o seu sumo continuará a ser sumo,
Pela mesma sábia razão por que a história dos homens
É sempre muito maior do que eles.
Rui Costa
in «O Pequeno-Almoço de Carla Bruni», 2008
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Senhora de Londres escolhendo Limões
Não, nem todo o limão é amarelo quando
A mão de alguém o toca e humaniza, pequeno deus
Aos tombos do céu de um pensamento manual e
Exigente. Às vezes, quando a sede não é muita,
Um do fundo é erguido à altura do olhar e então,
Por mágica rotação da sorte que nos astros se reflecte,
Encontra uma outra luz na mão que o recebe e deposita
Em morada assaz prosaica e de plástico. Na vida,
A caminho do futuro que ele nunca saberá onde fica,
O limão continuará a ser inteiro
E o seu sumo continuará a ser sumo,
Pela mesma sábia razão por que a história dos homens
É sempre muito maior do que eles.
Rui Costa
in «O Pequeno-Almoço de Carla Bruni», 2008
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domingo, 15 de janeiro de 2012
António Gedeão no Noites com Poemas

Cristina Carvalho vai conversar sobre poesia e sobre a figura e obra de António Gedeão (seu pai).
Estará presente nesta sessão o actor, encenador e escritor André Gago que recitará alguns poemas.
O grupo dramático Oeiras Verde interpretará 3 poemas sob o tema "Gedeão, uma voz forte na violência da crise".
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
"Nunca o Mar" de Minês Castanheira

Haverá uma performance às 18H00, na Exposição ILHAS, de Catarina Rocha, patente na Galeria Projecto, e uma festa com os DJs Blablabla, na Tasca do Cais, a partir das 23H00.
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Fernando Cabrita em Olhão

Os seus livros, as relações entre a escrita e a advocacia, os prémios literários que têm distinguido a sua obra, a poesia, o desenho e a história, numa sessão em que também se abordará o seu último título, ODE À LIBERDADE, Prémio Internacional Poesia Ibérica 2010.
domingo, 8 de janeiro de 2012
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
CABO VERDE: V Feira do Livro de Poesia

Da parte da tarde (a partir das 15H00) haverá uma sessão de autógrafos com o poeta Tinudu, autor do livro “Kaubersu”.
À semelhança das feiras anteriores, para além dos Livros de Poesia (que serão a grande maioria), haverá também uma pequena mostra de Banda Desenhada (álbuns e fanzines), entre outros.
Quanto à Poesia, a V Feira tem livros dos seguintes autores:
Abraão Vicente
Armando Teixeira Moreira
Casimiro de Brito
Fernando Cabrita
Fernando Saiote
Gabriela Rocha Martins
Graça Magalhães
Graça Pires
João Silveira
João Tomaz Parreira
Jorge Bicho
Lídia Borges
Maria Azenha
Mike Silves
Paulo Afonso Ramos
Paulo Eduardo Campos
Pedro S. Martins
Pedro Tiago
Raymond Farina
Tatiana Faia
Tinudu
Não faltem!
http://feiradolivrodepoesia.blogspot.com/
Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia

O Segundo Aceno
Rui Tinoco
Edições Sempre-em-Pé, 2011
gostei muito de te conhecer,
de não te conhecer, de
qualquer coisa, desde que
fosse contigo. o pôr do sol
acontece a um canto
da minha janela, enquanto
tento descobrir o outro nome
do branco. percebo que o dia
é algo que arde sempre
de modo diferente: o laranja
deita-se ao lado das palavras.
era inevitável. vejo-o
a morrer e também a esperança
me morre: dizes que
o meu rosto era apenas um pretexto
para o verão se rir.
eu sei demasiado bem como o outono
se debruça, friamente, sobre o tempo.
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
As imagens de “Marias Pardas” em exposição na Fabula Urbis

A obra inclui imagens (também da autoria de António Ferra), em tons de sépia, que o autor conjugou com o texto em fragmentos.
Os originais estarão em exposição na livraria “Fabula Urbis”, a partir do dia 7 de Janeiro (inaugura às 18H00).
A exposição estará patente até 2 de Fevereiro.
A livraria “Fabula Urbis” situa-se junto à Sé de Lisboa, na Rua Augusto Rosa, 27.

LISBOA: Conferências na CFP

25 de Janeiro (18H30):
Dirk-Michael Hennrich (Alemanha) - Hölderlin e Pessoa e a pergunta pelo fundamento da consciência.
Rui Lopo (Portugal) – Fernando Pessoa e Raul Leal: Amigos da Vertigem.
Duarte Drumond Braga (Portugal) – O “Opiário” e o Orientalismo em Fernando Pessoa.
26 de Janeiro (18H30):
Daniel Moreira Duarte (Portugal) - O «ideal ascético» e a «ceifeira».
José Almeida (Portugal) - Fernando Pessoa e a Tradição Hermética.
Bruno Béu (Portugal) - Isto não é isso — o discurso tautológico como procedimento apofático na poesia de Alberto Caeiro.
27 de Janeiro (18H30):
Teresa Rita Lopes (palestra de encerramento).
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