domingo, 29 de agosto de 2010
Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia
A Realidade Inteira
Ángel Crespo
Selecção e Tradução de José Bento; Prefácio de E. M. de Melo e Castro
Teorema, 1995
As coisas
Pelos caminhos encontramos bois.
Vamos contando testas de animais cornudos.
Nos caminhos encontramos árvores.
Vamos contando ramos de altos vegetais.
Vamos pelos caminhos e contamos ervas.
Mas os bois também contam presenças de homens.
E as árvores contam robustos braços de homem.
E as ervas contam as nossas pestanas.
Todas as coisas têm
olhos para fitar-nos,
língua para falar-nos,
dentes para morder-nos.
Vamos andando como se ninguém nos visse,
mas as coisas estão a fitar-nos.
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1 comentário:
Obrigada!
Aprendi este caminho ontem!
De facto, as coisas estão sempre a fitar-nos.
Poema belissimo.
Gostava de saber escrever assim!
Não sei, mas vou-me deliciando com o saber dos outros!
Bj.
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