terça-feira, 17 de agosto de 2010

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


O Poema Incompleto
Cristina Maria da Costa
Ardosia, 2005







XXIII

A palavra que habita em mim habita em mim...
Acampa no sobrolho do eu...

.....................................a que me sobra é a que me falta.

A palavra é a torre de babel do meu sentir

........................
desmorona-se
........................desfragmenta-se
para que eu revolva os destroços à procura dos alicerces do edifício do meu eu.


Habita em mim.

É o hábito do meu corpo,

.....................................
que já nem se dá a mim,
.....................................nem nada me deixa.
Vem de destroços,

vai para quedas...

Inclina-se no quadro do nascimento da palavra filha,

..................................................................a mais nova,
desagua sobre mim

e a intempérie leva o que quiser...

Depois, abandono-a!

Já saí faz tempo.

2 comentários:

Isis disse...

sons altivos bem vestidos aprumadamente masculinos vontade de quereres gravidezes altivas a palavra o feminino veludos harmonias pedregulhos sangue propriedades injustiças pontuações admissões impedimentos rituais magias voos cavernas choros para fora meu corpo em primeiras ou últimas ceias tais vezes sim e não no certo que é a primeira interrogação ao espelho de quem sou deste ser onde habito.
Gosto deste blog. Obrigada

Karine Melo disse...

Inês, adorei o poema, lindo, lindo!

Beijão e uma otima terça feira!