sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Novidades POPSul


Simbiose Telúrica de Fragmentos do Ser
Reflexos e Reflexões Poéticas
Manuel Madeira
POPSul, Julho 2010






Genealogias

II

São corpos convergentes que se multiplicam
as células reproduzindo-se por cissiparação
conservando no tempo o impulso inicial
a caminho de atingir a unidade sonhada,
como as letras unindo-se em sílabas e palavras
adquirindo sempre novos significados
na direcção de formarem o corpo do poema
que se afirma em nome da multiplicidade
unindo esforços divergentes para formar a unidade.

Enquanto nas células toda a evolução é sistemática
para atingir o fim imprevisível no princípio,
no poema tudo é medido e pesado pelo construtor
num jogo ponderado atento às variáveis para alcançar um fim
nem sempre implícito no inicial impulso.
Por outro lado, pode dizer-se que as células não falam
nem as palavras falam
mas fazem-nos falar,
dizendo a sorrir o que as células fazem a sério,
porque elas somos nós próprios sem sabermos que são elas
que estão onde estamos dizendo o que elas dizem
com a voz do silêncio palpitante nos núcleos.

2 comentários:

Sonia Parmigiano disse...

Inês,

Grata por sua visita...ótima e interessante postagem!Parabéns!!!

Um beijo e tenha um lindo final de semana!

Reggina Moon

Visite:
www.versoeprosapoemas.blogspot.com

Lua Nova disse...

O texto é singular e muito bem feito, mas esta frase é formidável: "...no poema tudo é medido e pesado pelo construtor
num jogo ponderado atento às variáveis para alcançar um fim
nem sempre implícito no inicial impulso."
É isso mesmo... sem tirar nem por.
Um fds delicioso.
Beijos.