terça-feira, 20 de julho de 2010
Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia
Movimento Marítimo
Eduardo Paz Barroso
Edição do Autor, 2008
POEMA DE AEROPORTO
Dou por ti a voar
no teatro de papel em serpentina;
o festival continua,
outros actos
nos pacatos pactos que fazes
com o destino travesti;
disfarce incapaz
para o diagnóstico de ter sido.
Jejum: a certeza pequena
dessa voz estar aí,
apesar de tudo, apesar de ti,
sobrevoando Cáceres
como quem não quer a coisa
(a hospedeira deu-me papel).
Em Genéve representam
a melancolia de Hamlet,
pequeno purgatório da infanta,
mil vezes protegida do seu dizer porquê...
Não fora assim a despedida do romance enevoado,
miragem desfibrada,
retorno, lápis, banheira,
(três litros para o caminho),
comboios que apitam não partem
deste lado madrepérola.
O vidro de uma bilheteira
da estação de caminho de ferro de Zurique
reflecte agora
a expressão vaga daquele que não partiu...
O pó cai-lhe da cara,
borrada no retrovisor.
E no entanto a fome,
a infanta a emagrecer
e o lápis a riscar
a banheira do naufrágio...
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