quarta-feira, 19 de maio de 2010

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


As Casas Pressentidas
Luís Serrano
Edição do autor, 1999








As mãos e a casa


As mãos tocam o frio
das paredes
deixam na casa
uma réstea de luz
a memória inexpugnável
de um gesto

Agora a casa
pode ruir
transformar-se de repente
numa lembrança
de pedra
de madeira rasgada
pelo vento

ou as mãos
regressarem à terra
a voz
perder-se nas arquivoltas
do coro

que nada nem ninguém
apagará o silêncio desse gesto
o rasto discreto
de um tal signo

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