terça-feira, 4 de maio de 2010

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AvRYl
Dinis H. G. Nunes
200 páginas
Abril, 2010






POETA-MILITANTE DA PALAVRA DADA

sou um poeta-militante de causas perdidas
um eterno exilado infante
porque não suporto novos campos de concentração
nem elevadores sociais – causam-me claustrofobia
e comigo estou sempre em guerra
podes não acreditar mas não me vendo
estou mesmo fora do mercado
mas se me deres rosas do cabo
talvez nas tormentas desse amor me dê e rende

mas não me interessa só comer os teus frutos
e limpar a minha boca amarga na tua
quero roubar a tua alma dulcineia
a galope contra novos moinhos de opressão
para resgatar quixote toda a minha militância
que reside renitente nesta pança de loucura.


***

SMS AO CHICO BUARCOS DA BRASILÂNDIA

sei que já não estás em festa, pá
e é uma pena, pá
tanto mar, tanto mar
e ficámos tão atados ao cais do sodré
que caimos na real
agarrados a um ramo seco na rua do alecrim

diz-me chico, quem tem medo de navegar?
quem meteu medo à gente?
quem nos tirou a terra toda
furtou-nos fortuito o sonho virtual
e agora ficámos sem-mar?

nós navegadores atrevidos do medo
cavaleiros da terra-santa
templários de avis rent-a-car
em demanda do santo graal
bandeirantes dos confins da utopia
nós queremos é uma pátria perdida nunca vista
sob um Império de sangue, sal e conquista
nasça um montemor-novo-além-tejo em mato-grosso
e se cumpra um grande putogalp, pá!

1 comentário:

Paula Raposo disse...

Um Poeta que me está a fascinar...beijos.