domingo, 10 de janeiro de 2010
Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia
Arquitectura do Silêncio
Ruy Ventura
Difel, 2000
embora dentro de casa
permaneçam acesas as lâmpadas
a da entrada a da pequena sala de jantar
apenas o interior da luz
atravessa a rama dos pinheiros
entre os prédios e a estrada nacional
entrega em cada instante o pão o sangue
tão sós quanto um campo desolado perante o amanhecer
a agitação da luz
entre o inverno que desaparece
e a tempestade que nos corta as veias
detém-se alcança a paragem a qualidade de
objecto a vida ou a semente
o secreto murmúrio de um ramo de macieira
será preciso dizer?: não apenas luz
inquietação.......a sombra dos automóveis
registando na estrada sua qualidade de astros
destruindo a própria órbita
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