Revólver
Rui Lage
Quasi, 2006RevólverAgradeço-te a lembrança, avô:
deixaste-me o revólver na mão,
está empenado o gatilho,
tem ferrugem o cão,
o serviço, com balas deste calibre,
não é garantido
(escusavas de o ter comprado ao cigano
que bebia contigo),
mas criança alguma poderá estragar
o pessimismo deste poema,
ou vir a tempo de evitar o seu desfecho
– rindo, por exemplo, no recreio da escola.
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