sábado, 2 de janeiro de 2010
Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia
Odes de Mitilene
Orlando Neves
Prémio Literário Oliva Guerra 1989
Câmara Municipal de Sintra, 1990
O primeiro fogo vela este claro azul
onde o coração de uma ave
é no meu corpo compasso de cadência.
Chegasse a luz e ele saberia
quão breve é a morada do sol
nas mãos abertas ao espaço,
limpo de tudo o que foi dito,
a eternidade da admirável calma
do tempo para viver. Outra é,
além do fogo e do azul, da linha
turva do voo, a inocência que demora
no odor da névoa ou no olhar manso
do falcão pousado no cume
da duna. Como o pão que se come,
sob a magoada música do vento,
no rebordo de uma pedra, quando
o verão cai, entre as folhas e o pó,
tu existes como se o tempo fosse
presença pura do erro de sermos
palavra viva na terra núbil.
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