sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia
Recôndito
António Salvado
Livraria Amato Lusitano, 1972
(2ª edição)
O astro
Onde se queima a luz, translúcido, no astro
o horizonte surge do seu curso —
e alucinado, amorfo, enquanto o grito
em vento se traduz, o gesto apaga
lúgrube e fresco a força do infinito.
Eu fico entre a surpresa e o desânimo,
pois entreguei meus dedos inseguros
à lucidez da véspera: toldou
assim meu ser a cicatriz das horas
e o dia que esperava não soou.
Quebro na sombra aquela dor longínqua
como recordação em chaga revivida...
O astro se perdeu: dentro de mim o vejo,
ele permuta o sol e a escuridão
envolto no silêncio em que rastejo.
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